24.6.10

Laranjas e Samurais mecânicos

Se sobrou emoção e dramaticidade na partida entre Itália e Eslováquia, os jogos que definiram os classificados pelo Grupo E foram marcados pela praticidade e mecânica. Mesmo na classificação japonesa – até certo ponto, surpreendente, ainda que com a vantagem do empate – a equipe do técnico Takeshi Okada foi extremamente prática e bateu os dinamarqueses por 3 a 1, igualando a sua melhor campanha da Copa de 2002, quando também chegou às oitavas, jogando em casa.

O Japão povoou o meio-campo com cinco jogadores e deixou o habilidoso meia Honda improvisado como único atacante, recuando o atacante Okubo, e esperou a Dinamarca atacar. Decisivo nos contra-ataques, os Samurais Azuis conseguiram sua vantagem ainda na primeira etapa nas bolas paradas – com Honda e Endo – e só administrou a vantagem, diante do arsenal desordenado de bolas alçadas na área por parte da Dinamarca.

Destaque para Marcus Tulio Tanaka, que fez uma partida segura na defesa e para os meias Hasebe e Endo, que auxiliaram a excelente partida de Honda. Além do golaço de falta, o camisa 18 deu bela assistência para o terceiro gol, marcado por Okazaki. Se atuar dessa forma diante do Paraguai, o confronto de oitavas tem tudo para ser disputadíssimo, já que os paraguaios - com um leve favoritismo - mostraram muita solidez na defesa. Contudo, ainda não mostraram todo o potencial de seu ataque, formado por Santa Cruz, Valdez e Barrios.

Já os holandeses fizeram como nas outras duas partidas: jogaram o necessário para vencer - desta vez, os já eliminados camaroneses por 2 a 1, em outra partida sem brilho. Ou melhor, com uma fagulha de talento: Robben estreou nesta Copa, ao entrar em campo na metade do segundo tempo. Neste pouco tempo, fez ótima trama que resultou no segundo gol, quando arriscou de fora da área em bela jogada e a bola foi no poste, sobrando limpa para Klaas-Jan Huntelaar marcar o gol que garantiu a campanha 100% para a Oranje (além da Argentina, só Brasil e Chile podem igualar o aproveitamento máximo nesta primeira fase). E o camisa 11 mostrou que ainda pode ser um dos grandes nomes deste Mundial, ao lado de Messi, Kaká, Cristiano Ronaldo e Villa, por exemplo.

Camarões se despede da Copa como o pior dos africanos em 2010 e mostrando que não é um time: é o talento de Eto’o cercado por jogadores limitados e individualistas por todos os lados, sem qualquer compromisso com uma mínima estrutura tática.

Com Robben recuperado, a Holanda é amplamente favorita no confronto diante da Eslováquia – que surpreendeu uma confusa Itália na manhã desta quinta. Adormecida, a equipe laranja pode deixar o pragmatismo de lado na fase de mata-mata, diante de um adversário perigoso, mas frágil. E fazer exatamente ao contrário da Eurocopa de 2008, quando a equipe deu show no torneio inteiro, mas parou com pífia atuação diante dos russos nas quartas de final.

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