
Na história contemporânea da Juventus é contada a carreira de Alessandro Del Piero. Há 14 temporadas ostentando a camisa bianconera, o habilidoso meia-atacante italiano não se sente acanhado ao declarar amor incondicional pela equipe alvinegra de Turim. Essa espécie de “perpetuação” do jogador com o clube, algo impensável no seio de um futebol globalizado e cada vez mais profissional, não é algo incomum nos times italianos. Além de Del Piero na Juventus, temos os casos de Paolo Maldini no Milan, Javier Zanetti na Inter e de Francesco Totti na Roma.
Na vitória deste sábado da Juventus sobre o Bari (4 a 2 pela Série B italiana), além do bom resultado que garantiu a liderança para a Vecchia Signora, Del Piero teve outro motivo pra comemorar: completava o seu jogo de número 500 com a camisa bianconera. Homenageado antes da partida com um carro e a réplica de uma placa “ALE 500”, referente aos 500 jogos pela Juve, os presenteados foram os torcedores bianconeros – na partida, Del Piero marcou um e deu assistência para outros dois gols. Vamos contar um pouco mais sobre essa história, contada até aqui por 500 jogos e 204 gols, que fazem de Alex o maior artilheiro da história do clube.
Início de Carreira
Nascido em Conegliano, filho de Bruna e Gino Del Piero, cresceu no meio rural, praticando o futebol com alguns amigos de infância. Começou a carreira pela equipe local do San Vendemiano, mas aos 16 anos foi contratado pelo Padova, que atuava na Série B italiana. Franzino, habilidoso e com uma excelente visão de jogo, faz com que sua estréia pela equipe profissional do Padova acontecesse com apenas 16 anos, em 1991. Entre 1991 e 1993 ele ficou transitando entre o time juvenil e o principal. No total, foram 14 jogos pela equipe principal do Padova, com um gol anotado. Na época de sua chegada ao Padova, o treinador da equipe Mauro Sandreani afirmava que ver Del Piero jogar era como apreciar uma “obra de arte”. O promissor futebol de Alex chamou a atenção da Juventus, que tratou de contratá-lo rapidamente, mediante o interesse de outras equipes italianas nele, dentre elas, o Milan.
Na Juventus

A Era Lippi, como ficou conhecido o período entre 1994 e 1999, além de formar um dos elencos mais vencedores da Itália, colocou o ascendente Del Piero ao lado de grandes jogadores da época, como Gianlucca Vialli e Roberto Baggio. Eles ajudaram a conquistar, na temporada seguinte, o scudetto – o último havia sido durante a temporada 1984/85. O presidente da Juve na época, Gianni Agnelli, deu ao meia o apelido de Pinturicchio, famoso pintor renascentista do século XV. Afirmava que a relação entre Del Piero e Baggio era semelhantes a dos artistas Pinturrichio e Caravaggio na pintura renascentista do século XV, ou seja, entre pupilo e mestre. Mas durante a campanha, Del Piero ganhou mais espaço na equipe, atuando mais que o cerebral Baggio durante a temporada, pois o experiente meia italiano ficou fora dos jogos por conta de uma contusão. Alex anotou 10 gols em 50 partidas, dando seu primeiro passo concreto rumo ao estrelato no futebol. Era o pupilo começando a ocupar o espaço do mestre no coração da equipe.
Recuperado, Baggio não conseguiria recuperar o espaço deixado por ele e por isso, deixou o clube. Com isso, Del Piero, então com apenas 20 anos, assumiu a parte de criação da Juve e ficou responsável por municiar os atacantes Vialli e Ravanelli. E foi o que aconteceu. Numa temporada mágica, a Juve conquistou o bicampeonato do Cálcio e a Copa da Itália, sob a batuta de Alex – 32 jogos, sete gols. Mas a Itália não era o limite para a Juventus de Del Piero e Lippi. A equipe ia muito bem na Liga dos Campeões daquela temporada. Após eliminar Real Madrid e Nantes, a Vecchia Signora de Del Piero fazia a final da Copa dos Campeões da temporada 1995/96 com a fabulosa equipe do Ajax, que contava com jogadores do quilate de Van der Sar, os irmãos Frank e Ronald de Boer, Kanu e Litmanen. A grande final, disputada em Roma, acabou

Alex foi o quarto colocado do prêmio Bola de Ouro (96 e 97) e chegou a um patamar incrível na temporada 1997/98: marcou 21 gols em 32 jogos pelo Calcio e 10 gols em 10 jogos na Liga dos Campeões, a qual ele terminou como artilheiro da competição. Nesse mesmo ano, formou o chamado “tridente”, o ataque formado por ele e Filippo Inzaghi, além de Zidane na meia.
Mas o prenúncio de dias difíceis viria para Alex a partir de uma denúncia do técnico tcheco Zdenek Zeman (na época treinador da Roma), de que jogadores da Juventus – entre eles, Del Piero – de terem tomado substâncias irregulares e dopantes com o objetivo de ganharem massa muscular. O caso arrastou-se até a Corte de Turim e a Corte Internacional do Esporte, que inocentaram os jogadores e profissionais responsáveis pela preparação física do time.
Após o imbróglio, veio a contusão mais grave de toda a sua carreira. Em 8 de novembro de 1998, durante partida da Juventus contra a Udinese, Del Piero rompeu os ligamentos cruzados do joelho, o que o obrigou a parar por cerca de nove meses. Na temporada seguinte, Alex só atuou em 14 jogos, anotando três gols. Mesmo recuperado, era evidente que ele precisaria de toda a paciência possível, pois seu jogo e sua velocidade não eram as mesmas de antes da contusão. A saída de Marcello Lippi do comando técnico da Juventus coincidiu com esse período de recuperação de Alex. Apesar da enorme confiança depositada nele pelo novo treinador, Carlo Ancellotti, Alex não conseguia ser constante em campo. Agora adaptado definitivamente a função de atacante, havia marcado 12 gols em 45 partidas, pouco perto da capacidade real de seu futebol.
A volta de Lippi, em 2001, fez renascer toda sua capacidade técnica. Como capitã

Mesmo perdendo espaço no time, Del Piero exercia uma liderança natural sobre o elenco. A presença cada vez mais constante de Alex na reserva não fez com que ele deixasse de lado o profissionalismo e principalmente, a paixão pela Juve. E mesmo não sendo o principal protagonista em campo, ele sempre dava um jeito de decidir as partidas. Entrava bem e quase sempre mudava a cara do time. Nos scudettos caçados pelo escândalo do Calciocaos (2004/05 – 2005/06), que manipulava entre outras coisas resultados e transações entre clubes da Série A do Campeonato Italiano, Del Piero teve papel importante, mesmo não sendo a principal estrela dentro de campo.

E 2006, apesar da queda do seu clube de coração, foi um excelente ano para Alex. No dia 10 de janeiro, superou o recorde de gols do atacante Giampiero Boniperti, ídolo da Juve que atuou entre 1946 e 1961 e que detinha a marca de maior artilheiro da equipe de todos os tempos, com 182 gols marcados. Em 28 de outubro do mesmo ano, marca o gol de número 200 com a camisa bianconera, contra o Frosinone. Fora a Copa do Mundo que ele havia conquistado pela Azzurra, na Alemanha.
Na Azzurra
Del Piero também é um dos maiores jogadores que defenderam a camisa da tetracampeã Itália. Veste a camisa da Azzurra desde o sub-17. Na equipe sub-21, comandada por Cesare Maldini, foi bicampeão europeu da categoria, em 1994 e 1996. A estréia na Seleção principal ocorreu na vitória de 4 a 1 sobre a Estônia, em 25 de março de 1995. Seu primeiro gol pela Azzurra aconteceria em Novembro do mesmo ano, na vitória contra a Lituânia por 4 a 0, durante as eliminatórias para a Eurocopa de 1996. Não teve muitas oportunidades de atuar durante a Euro, disputada na Inglaterra, mas na Copa de 1998 já era um dos principais jogadores da seleção, mesmo não tendo anotado nenhum gol naquela Copa, em que a Itália foi eliminada pela campeã França nos pênaltis, nas quartas-de-final.
Na Euro de 2000, disputada na Holanda e na Bélgica, a Itália teve a oportunidade de dar o troco à França. Na final, que foi muito disputada, Del Piero perdeu duas boa

Jogador de técnica refinada, de pensamento rápido e exímio batedor de faltas, Del Piero detém diversos tipos de recordes na Juventus e na Azzurra. Provavelmente baterá o recorde de número de jogos pela Juventus, pois ele é o terceiro jogador em número de jogos pela Vecchia Signora, perdendo apenas para Gaetano Scirea (552 jogos) e Giuseppe Furino (528 jogos), além de ser o quarto maior artilheiro em atividade da Série A italiana. Como Del Piero completou 32 anos recentemente, ele ainda terá uma boa lenha para queimar na Juventus.
Prêmios como esses são mais do que merecidos por Del Piero, que optou em algo mais que ser apenas um profissional de futebol. Optou por ser uma grande referência de toda uma nação. Optou por amar a Juventus, e mais do que amar, de fazer parte da história do clube. E para quem se sente “apenas uma pequena malha” do pano que forma a bandeira da Juve, ajudar a construir a história recente do clube não tem preço. Nesse futebol profissionalizado e versátil, esse quê de “amadorismo” é uma atitude rara e muito louvável. Acompanhe alguns dos mais belos gols de Alex na Juve e na Azzurra no vídeo abaixo.
4 comentários:
não é à toa que a Itália, que com um craque desses é a segunda força do futebol mundial. Eu não consigo entender como eles não conseguem repetir esse mesmo desempenho nas quadras de futsal...
olá!
muito obrigada pela visita! Volte sempre!
não tenho muito conhecimento em futebol... só sei quer torço para o Palmeiras, desde criancinha! (e nem me pergunte porquê!)
rsrsrsrss
Beijão
Oi André, excelente esse perfil sobre a carreira do Del Piero, um dos meus ídolos. Tenho a camisa da Juve com a qual a Vecchia Signora conquistou a Liga dos Campeões contra o Ajax. Acho até que ele sofre um pouco com a falta de reconhecimento, talvez se ele não tivesse se contundido, ahistória fosse diferente. E a Copa de 1998 poderia ser muito diferente com o ele em forma!
Ah, e claro que podemos ser parceiros
Grande abraço e parabéns!
Fala André tudo bem, muito boa essa matéria sobre o Del Piero, esse grande craque, até mais que um jogador, um exemplo de profissional, me inspiro muito nele quando estou batendo minha bolinha, infelizmente o Lippi dificilmente o chamará para o Mundial da África em 2010, o Lippi quer fazer uma renovação na seleção, se ele não convocar o Del Piero, o Totti e o Perrotta pra montar campo, a minha querida SQUADRA AZZURRA não passará da primeira fase, acorda Lippi.
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