27.4.07

26 de abril - Dia do Goleiro

Quem são esses loucos? Aonde eles pisam, mal nasce grama...

No dia 26 de abril, comemoramos o dia do goleiro. Esse jogador, que pode chegar de herói a vilão em poucos segundos, é fundamental em qualquer elenco. A velha máxima de que “todo grande time começa com um bom goleiro” mostra a importância desse profissional. É o único dentre os onze jogadores que pode utilizar as mãos no futebol, e todo bom goleiro deve fazer bom uso delas para evitar o grito de gol entalado na garganta de atletas e torcedores.
Um bom goleiro, além de uma boa estatura, deve ter reflexos muito apurados, sangue frio e um pouco de loucura também. Não deve temer se jogar aos pés do atacante que deseja violar a sua baliza. E normalmente, os goleiros são os "excluídos" das peladinhas, ou seja, se é pereba na linha, vai pro gol. E muitas vezes dá certo.

A personalidade de um goleiro pode variar bastante. Podem ser frios e calculistas como o brasileiro Dida ou Kahn, que primam pela ausência de expressões e pela solidez, intimidando os jogadores adversários que pretendem balançar as suas redes. Ou podem ser loucos, como Jorge Campos, Higuita ou Chilavert, que brindavam seus torcedores com muita vibração e jogadas inusitadas e também espetaculares. Qual apaixonado pelo futebol não se lembra das coloridas roupas e as idas ao ataque de Campos? Ou dos dribles e saltos espetaculares de Higuita? Ou das faltas cobradas por Chilavert? Talvez esses goleiros não se destacaram tanto pela sua técnica, mas pelo seu jeito irreverente de ser, que tanto alegravam os gramados desse Planeta Bola.

Mas ser goleiro pode se tornar uma profissão ingrata. Todos eles, sem exceção, temem o frango. Essa ave, aparentemente tão inofensiva, é o maior pesadelo na vida de um bom guarda-metas. Apenas um já basta para que o goleiro desça ao inferno futebolístico e seja o maior vilão de todos os tempos. Grandes goleiros têm que conviver com esse animal, que está a espreita sempre que entram em campo. Que o diga o alemão Oliver Kahn, na final da Copa do Mundo de 2002, disputada na Ásia.

Mas os goleiros também têm o seu momento de consagração: a cobrança de pênalti. Virtualmente, é quase um gol marcado. Mas é nessa hora que o goleiro transfere toda a responsabilidade do momento ao batedor. E quando o gol é evitado, chega o momento de glória para qualquer arqueiro. A defesa da cobrança dá motivação aos outros jogadores ou até mesmo decide títulos. É o paraíso.

E recentemente, surgiu um novo tipo de goleiro: o goleiro artilheiro. É o goleiro que arrisca sua ida à area adversária quando tudo parece perdido, como Lauro, Hiran, o italiano Amelia, por exemplo. Ou aqueles que além de aprimorarem seus reflexos defendendo a sua meta, se aperfeiçoam nas cobranças de falta e pênalti, marcando gols com frequência. Principalmente na América do Sul, surgiram goleiros artilheiros como o mexicano Campos (que também jogava de atacante) Chilavert e suas faltas venenosas, além do sãopaulino Rogério Ceni, aclamado como o maior goleiro artilheiro de todos os tempos, com cerca de 70 gols. E Ceni já faz escola no Brasil, pois nas categorias de base dos times brasileiros, muitos aspirantes arriscam suas primeiras cobranças. O goleiro Thiago, da Lusa, vai surgindo como sucessor de Ceni no quesito goleiro-matador.

Ídolos no único lugar do campo que não nasce grama? São muitos: Lev Yashin, Sepp Maier, Gilmar dos Santos Neves, Dino Zoff, Peter Schmeichel, Gianluca Pagliuca, Taffarel. São muitos ao longo dos anos. Hoje, o bastão dos grandes goleiros está nas luvas de Gianluigi Buffon, Petr Cech, Van der Sar, Dida, Júlio César, entre outros.
Por isso hoje, é o dia desse profissional tão distinto no futebol. Goleiro, arqueiro, guarda-metas, guarda-redes, goalkeeper, portero, portieri, não importa a denominação. O goleiro tem que ser diferenciado dos outros jogadores. Porque no fundo, o goleiro é egoista e não gosta de ouvir o grito de gol, mas o de "uuuuuu"...

26.4.07

O Verdão Praiano

Semana passada, o Brasil conheceu o seu segundo campeão estadual. Trata-se do desconhecido, porém eficiente, Coruripe.
Para quem não sabe, a recente história da Associação Atlética Coruripe está repleta de triunfos. Em Alagoas, ninguém entende como um time do interior do estado fundado em 1º de março de 2003 pôde alcançar um prestígio local tão forte.
Logo em seu primeiro ano de futebol profissional, o time alvi-verde já conquistou o acesso à divisão principal quando, comandado por Roberval Davino, (experiente técnico que é bem conhecido nos gramados do interior paulista) venceu o Campeonato Alagoano da Segunda Divisão batendo na final o também desconhecido Sete de Setembro.
No ano seguinte, o Coruripe era um dos fortes candidatos ao descenso, indubitavelmente. Porém, em campo, a equipe surpreendeu e terminou o campeonato na segunda colocação, conquistando vagas na Série C do Brasileiro – 2004 e na Copa do Brasil – 2005.
Em 2005, apesar da eliminação frente ao Fortaleza ainda na 1ª fase da Copa, o Coruripe manteve seu bom trabalho e mais uma vez surpreendeu a todos, repetindo o vice-campeonato alagoano do ano anterior. O título parecia ser questão de tempo...
Ano passado, o clube desistiu de sua vaga no torneio nacional para concentrar suas forças no Estadual. A estratégia deu certo. No final, empate contra o ex-bicho-papão CSA e vitória de 6 a 5 nos pênaltis.
Com o status de último campeão, o Coruripe esteve imbatível no torneio deste ano. Ganhou o 1º turno (Taça Alagoas) com extrema facilidade, e tornou-se bicampeão alagoano ao levantar o título do 2º turno (Taça Maceió) com duas rodadas de antecedência. No jogo decisivo, derrotou o vice-líder Corinthians por 2 a 0, fora de seus domínios.
As estatísticas comprovam que o Hulk do Nordeste veio para ficar. Afinal, após 26 jogos, o time soma 61 pontos, com 19 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas.
Ok, ok. Ainda falta muito para o Coruripe virar uma potência nacional, Afinal, na Copa do Brasil deste ano, foi presa fácil do América carioca quando jogou no Maracanã e perdeu por 3 a 1. Convenhamos também, que tornar-se uma potência em um Estado em que os principais clubes, o CSA (desde 1999 sem títulos) e o CRB (desde 2002), vivem uma crise financeira absurda, não é algo tão difícil assim.
Mas sonhar não custa nada. Por que não podemos acreditar que um novo time do Nordeste comece a ganhar destaque no cenário esportivo nacional, assim como apareceram o Paulista de Jundiaí, o Ipatinga, o Brasiliense ou o São Caetano?

25.4.07

Vesti-me de azul e minha sorte, então...












Azul. O último final de semana do futebol brasileiro não poderia ser definido de melhor forma. Literalmente azul.
Bom, vamos ao Campeonato Paulista, que certamente trouxe uma das maiores zebras da rodada, afinal, nem o são-paulino mais pessimista poderia imaginar que o Tricolor faria uma partida tão medíocre e que cairia de 4 diante do São Caetano.
Souza não acertou um passe sequer, o infalível André Dias cometeu um erro inacreditável, Jadílson estava sem pique, enfim, tudo parecia estar errado. O time dirigido por Muricy foi apático e não mostrou poder de reação após o primeiro gol e aceitou a marcação do time do interior.
Melhor para o encardido Azulão, que vai para a final contra o Santos, equipe que jogou apenas o suficiente para segurar o empate nas duas partidas e garantir sua classificação. E, diga-se de passagem, que é melhor o Peixe ficar atento, pois se estas últimas apresentações repetirem-se, talvez Douglas, Somália, Canindé e companhia compliquem o já aclamado caneco praiano.
Outra surpresa da rodada coube ao Grêmio. Apesar de ter a vantagem de jogar por dois resultados iguais, poucos acreditariam que o Tricolor gaúcho conseguiria reverter a derrota para o Caxias por 3 a 0.
Uma bela partida da dupla Lucas - Tcheco garantiu algo que parecia impossível: vitória gremista por 4 a 0 e vaga na final. Quem apostava num clássico Ca-Jú terá de se contentar com apenas um time de Caxias do Sul na partida derradeira: o Juventude. E o massacre só não foi pior porque a trave ainda salvou o time grená em duas oportunidades.
Em Minas, nenhuma surpresa, mas nova goleada. Se o Atlético conseguiu segurar o Democrata de Governador Valadares e apenas administrou o resultado que o levaria para a final, não foi isso que seu rival e próximo adversário fez.
Os azuis do Cruzeiro não tiveram dó do Tupi e enfiaram sonoros 4 a 0 no time de Juiz de Fora. Destaque principal para o bom jogador Guilherme, que marcou seu segundo gol entre os profissionais e já vem mostrando porque aparecera tão bem na última Copa São Paulo. Se os inconstantes comandados de Paulo Autuori ganharem mais equilíbrio e maturidade, não resta dúvidas que a Raposa é favorita contra o Galo de Levir Culpi.
Até mesmo no Paraná, quem tinha mais azul no uniforme se deu melhor. O Paraná foi até a Arena da Baixada e passou por poucas e boas contra o rival Atlético. Embora o Furacão tivesse saído na frente, o Tricolor paranaense teve forças para virar o placar e superar o rival.
Os ares estavam tão bons para o Paraná, que mesmo quando todos imaginavam uma suposta decisão contra o Coritiba, algo de estranho aconteceu no Couto Pereira e o coxa não foi além de um simples empate com o modesto Paranavaí. Alguém aposta que a zebra do interior continuará tão solta?
Não, eu não sou supersticioso nem nada, mas convenhamos: quem esteve de azul, conseguiu se dar melhor...

24.4.07

Cabo de Guerra

Por André Augusto e Jota Assis

Uma parte não consegue viver sem a outra. É impossível pensar em um sem ter o outro como intermediário. Trata-se de uma relação de amor, ódio e dinheiro entre a imprensa esportiva e o futebol, na qual não se pode definir onde acaba um e começa outro. Muitas vezes, interesses antagônicos estão em jogo, pois um time de futebol depende da exposição na mídia, tanto quanto essa mesma mídia precisa do time para gerar vendas e índices no ibope. A mais pura verdade é que a mídia esportiva precisa do futebol tanto quanto o futebol precisa da divulgação e do dinheiro gerado pela mídia. Então, como conciliar lados tão conflitantes, apesar do meio em comum? Para Leonardo Bertozzi, jornalista e colunista do site Trivela, seria impossível o esporte viver sem a cobertura midiática. “Hoje, o esporte é parte indissociável da cultura de massa. Como criar ídolos, gerar interesse, manter o público informado, tudo isso sem a mídia?” No entanto, para atingir os objetivos comuns a cada lado, as partes devem trabalhar juntas, como afirma o editor do Globo Esporte produzido pela TV Tem de Bauru, Jarbas Soares. “O futebol é um dos carros-chefes da indústria do entretenimento. Por isso, não é nada anti-ético que as duas partes possam trabalhar juntas para se chegar a um denominador comum”.

Mas na busca pela notícia e a transmissão da informação, os meios de comunicações podem passar o que chamamos de interesse público para os interesses particulares do atleta, o que acaba atrapalhando a sincronia entre a mídia e o futebol. Essa dependência entre o meio midiático e o esporte de adoração nacional forma uma linha muito tênue e os veículos de comunicação direcionam seus discursos com a intenção de não ultrapassa-la, como explica Jarbas em relação à postura da Globo e suas afiliadas. “A TV Globo tem como política não invadir a vida pessoal dos atletas, como por exemplo, os recentes casos de indisciplina do atacante Adriano, da Internazionale de Milão. Já em um caso como o do atacante Guilherme (ex-Atlético/MG, São Paulo e Corinthians), no qual se envolveram outras pessoas por conta de um acidente de transito (onde pessoas faleceram), a imprensa tem por dever noticiar os fatos”. Leonardo endossa a importância de notícias que sejam relevantes ao futebol ou a sociedade como um todo e ainda rechaça as notícias da esfera privada dos atletas. “Notícias tipo "Caras" como a nova namorada do Ronaldo ou a ida do Roger ao Fashion Week são fora de propósito”. Nesses casos, o jornalista ultrapassa o limite da informação e passa a não noticiar apenas o que é interesse público, mas fatos da vida particular dos jogadores.

Quando isso acontece, a frágil relação entre a imprensa-jogador-clube por vezes se rompe ou fica abalada, como no caso da greve de silêncio ocorrida dentro do Corinthians. Durante o Campeonato Brasileiro de 2006, por conta dos maus resultados da equipe, foram veiculadas pela imprensa acusações de corpo mole para derrubar o treinador da equipe na época, Émerson Leão. A partir dessas notícias, seguiu-se um boicote por parte do elenco alvinegro contra a imprensa, sendo que esta era acusada de ser anti-ética, por estar faltando com a verdade aos torcedores. Houve muitas acusações dos dois lados, mas nessa briga não se procura um vencedor ou quem realmente está com a razão, mas sim transformar o ambiente entre os profissionais das duas áreas o mais instável possível. E quem são os prejudicados? Respondendo a essa questão, Jarbas é enfático: perde o público, por causa da impossibilidade de se ouvir as fontes, mas quem mais sai prejudicado é o clube. “O clube perde marketing, divulgação, vendas, o torcedor deixa de ouvir a palavra dos jogadores, mas a TV trabalha com outros modos de tratar a informação, onde a sonora do jogador não é imprescindível.”

20.4.07

União que faz a força

Um ar de surpresa tomou conta do mundo do futebol. Na decisão da sede da Eurocopa 2012, relaizada em Cardiff, País de Gales, venceu a candidatura conjunta de Polônia e Ucrânia, a frente da tradicional Itália e de outra candidatura conjunta, entre Croácia e Hungria. Mas a surpresa não foi a vitória de dois países-sede, e sim o fato da representatividade que eles têm dentro da UEFA não levava a crer que venceriam a tradicional e tetra-campeã mundial Itália. Podemos considerar esa escolha como o marco inicial da adminstração Platini à frente da UEFA. Como já foi comentado neste espaço, Michel Platini teve como uma de suas plataformas de candidatura dar mais representatividade as federações menores. O questionamento em toda a Europa é sobre a infra-estrutura dos dois países, que ainda estão sob processo de crescimento e afirmação após o fim da União Soviética, em 1991.

Mesmo com todos os problemas, poloneses e ucranianos conseguiram obter oito votos, o dobro dos italianos, o que mostra a influencia de Platini nos bastidores. Além disso, os problemas recentes na Itália, como o Calciocaos e a morte do policial Filippo Raciti, por conta da violência nos estádios italianos, contribuiram para a escolha.

As candidaturas conjuntas estão cada vez mais comuns no mundo do futebol. A primeira experiência do tipo aconteceu em 2000, quando Holanda e Bélgica sediaram a Eurocopa. O sucesso inicial animou os organizadores da Copa de 2002, sediada por Japão e Coréia do Sul. A mania pegou e a próxima Euro vai acontecer na Áustria e na Suiça, em 2008.

Independente das articulações nos bastidores, os investimentos proporcionados pela realização de uma Eurocopa são visíveis. Sendo a Euro considerada a terceira maior competição esportiva do mundo (atrás apenas das Olimpíadas e da Copa do Mundo), as melhorias em diversos serviços dentro dos dois países, tais como comunicações, transporte e estádios, arregalam os olhos de governantes e cartolas. “Dentro de cinco anos construiremos um novo país e não teremos uma oportunidade melhor do que esta”, afirma o presidente da federação ucraniana, Grygoriy Surkis. Como exemplo disso, podemos usar Portugal, que sediou a competição em 2004. Os principais estádios do país foram reformados, o incentivo ao futebol cresceu e houve uma grande mobilização de todo o país, o que contribuiu para o sucesso do torneio, vencido pelos gregos.

Sedes da Euro 2012: A última Eurocopa realizada no Leste Europeu aconteceu em 1976, na ex-Iugoslávia.

As sedes para a Euro 2012 estão definidas: Gdansk, Poznan, Chorzow, Varsóvia e Wroclaw, na Polônia, enquanto Dnipropetrovsk, Donetsk, Kiev, Odessa e Lviv sediarão os jogos na Ucrânia. O Estádio Nacional de Varsóvia receberá a abertura do torneio e a final da Euro será no Estádio Olímpico, em Kiev. Tratam-se de países sem tanta tradição dentro do futebol (a Polônia conseguiu um terceiro lugar na Copa de 1982 e a Ucrânia chegou às quartas de final em sua primeira Copa, em 2006) tentando provar que são capazes de sediar um grande torneio como a Eurocopa - uma Copa do Mundo sem Brasil e Argentina - como muitos dizem. Como afirmou a ministra Italiana dos Esportes, após perder a disputa pela Euro: "é a comunidade européia crescendo". E quem sabe uma candidatura como essa pode incentivar ainda mais a realização de uma Copa no Mundo no Brasil, que também é uma nação com diversos problemas sociais e de estrutura, mas que está no hall dos países emergentes.

18.4.07

Deus, salve a Rainha!!

Um recente debate nos últimos 5 anos questiona qual é o principal e mais competitivo campeonato europeu interclubes. E atualmente, não restam dúvidas, entre as 3 ligas mais badaladas, (Itália, Inglaterra ou Espanha) a Premier League leva vantagem.
Faltando poucas rodadas para o final, a liga inglesa pega fogo! O título está totalmente indefinido, as vagas para a Champions estão abertas e a briga contra o rebaixamento permanece incessante. Até mesmo o West Ham de Tevez, que amargou uma seqüência de mais de 10 jogos sem vitórias, ainda pode escapar da queda!
Italianos e espanhóis vêem poucas emoções em seus torneios. No Calcio, a Internazionale lidera de ponta-a-ponta, sem perder sequer uma partida. Se a Roma alterna entre bons e maus jogos, o Milan acordou para a competição somente em 2007. Os admiradores da boa disputa, já estão com saudades da Juventus.
Alguns dirão que La Liga tem disputa pelo caneco, já que Barcelona, Real Madrid e Sevilla revezam-se na liderança. Mas convenhamos que se algum destes três times conseguisse impor uma seqüência de bons resultados consecutivos, o torneio já conheceria seu vencedor. A incompetência espanhola decepciona.
O sucesso dos clubes ingleses vem de sua boa fase econômica. Até mesmo times mais modestos investem pesado para conseguir, ao menos, 3 ou 4 estrelas em seu plantel. Equipes medianas conseguem jogadores que se destacam ou já se destacaram em suas seleções. Exemplos do Portsmouth de Kanu, Campbell e James, do Manchester City de Vassell e Mpenza ou do Bolton de Anelka e Diouf.
A fase é tão boa que nas quartas-de-final da Copa da Uefa, o oitavo colocado da Premier, o Tottenham, quase eliminou o Sevilla, um dos candidatos ao título espanhol. Já na Champions League, o futebol inglês foi recompensado com 3 das 4 vagas para as semi-finais. Nada mais justo.
O Chelsea, apesar de não praticar um futebol muito vistoso, traz um toque de bola envolvente. Qualquer vacilo adversário transforma um lance inocente em arma mortífera para o matador Drogba. Além disso, o meio-campo do técnico José Mourinho (Mikel, Ballack, Lampard e Essien) sabe marcar a atacar com qualidade, permanecendo muito tempo com a bola e dificultando qualquer forma de pressão em sua compacta defesa.
Nas semi, os Blues encaram o Liverpool, time que muitos consideram zebra. Ledo engano. Os Reds, apesar de tecnicamente e individualmente limitados conseguem complicar qualquer partida. Têm uma defesa muito forte e gostam de jogar pelas pontas para abrir a marcação rival. Um chute de Gerrard ou um cruzamento de Riise ou Finnam para o não tão limitado Crouch pode surpreender os londrinos.
Do outro lado, o melhor time europeu, o Manchester United, deve confirmar seu favoritismo diante do Milan e chegar a finalíssima. Os Red Devils estão em grande fase e contam com um quarteto fantástico: Giggs, Scholes, Rooney e Cristiano Ronaldo, certamente o melhor jogador da atualidade. O time de Sir Fergunson atua de forma ofensiva, atacando com qualidade tanto pelo meio quanto pelas laterais do campo. Veteranos milaneses, como Maldini, Cafu e companhia dificilmente terão pique para acompanhar o rival.
O único problema dos Red Devils é a bruxa que anda solta em sua defesa. Silvestre, Vidic, O’Shea e Neville estão lesionados e por pouco, Ferdinand não engrossou a lista. A ausência dos titulares pode ser o segredo para Kaká e Ronaldo fazerem a festa. Mas é melhor os rossoneri, não animarem-se. Que diga a Roma de Doni e seus 7 gols sofridos...

17.4.07

Estranhos no ninho

















A temporada européia vai chegando em seus momentos decisivos e um fato curioso chama a minha atenção: na Copa da UEFA e na Liga dos Campeões, três dos quatro semi-finalistas são de um mesmo país - na UEFA, os espanhóis (Osasuna, Sevilla e Espanyol) e na Liga dos Campeões, o domínio é inglês (Man United, Chelsea e Liverpool). Será que esses domínios regionais se concretizarão?

Como a Copa da UEFA reúne as equipes do segundo escalão dos principais centros da Europa, podemos dizer que o Werder Bremen, o intruso na armada espanhola, é o time de ponta em questão, junto ao Sevilla. O Werder, a exemplo do Sevilla, briga em duas frentes (tem chances de título na UEFA e em seus campeonatos nacionais) e isso pode se converter em uma desvantagem contra seus adversários, Espanyol e Osasuna, respectivamente. Essas equipes não aspiram mais chances em chegar a próxima Liga dos Campeões e vêem essa Copa como a única chance de titulo na temporada. Olho nos brasileiros envolvidos nesses confrontos: Diego e Naldo (Werder), Jônatas (Espanyol), Dani Alves, Adriano e Luis Fabiano (Sevilla).

E na Liga dos Campeões, domínio inglês, com os três primeiros colocados do campeonato local disputando o posto de melhor da Europa. O intruso, no caso, tem muita tradição na Europa e está com moral por arrancar a vaga para as semis na casa do Bayern: o Milan promete ser a "pedra no chá" inglês.

Muitos dão como certa a final entre Manchester (que enfrentará o Milan) e o Chelsea (que jogará contra o Liverpool). Mas esse prognóstico pode se converter numa enganadora miragem. O Liverpool tem grande tradição na Champions e já eliminou o Chelsea em 2004/2005, quando o time de Abramovitch também era dado como favorito no confronto. Nesse ano, os Reds fizeram a final contra o Milan, onde se sagraram campeões. Milan esse que está bastante envelhecido para o confronto contra o badalado Manchester de Cristiano Ronaldo, Giggs e cia., considerado por muitos a melhor equipe na atualidade. A tradição do Milan não deve ser ignorada, mas é impossível não ver o Manchester como o grande favorito para chegar ao topo da Europa, não só pela impecável exibição contra a Roma (onde os Red Devils aplicaram 7 a 1 na boa equipe da Roma), mas por toda a campanha da equipe no restante da Liga e no Campeonato inglês.

Só que a exemplo dos dois favoritos da UEFA, os dois favoritos da Liga dos Campeões tem sua atenção dividida. Manchester e Chelsea estão no limite de seu preparo físico, pois disputam o campeonato inglês, vão decidir a Copa da Liga Inglesa e podem chegar à final da mais importante competição de clubes do planeta. Contusões e desfalques não permitem a Mourinho e Ferguson pouparem seus principaos jogadores como gostariam (ou deveriam), para não facilitar o triunfo do rival.

Curiosamente, os brasileiros desse confronto estarão todos no Milan (Dida, Cafú, Serginho e Kaká) e o tempero tupiniquim pode ser a diferença dos milanistas nos jogos decisivos. Gerrard e o ascendente Crouch prometem tentar levar os Reds ao topo. Drogba, Lampard e o cão de guarda Essien são as armas dos Blues, enquanto o atual melhor do mundo "por direito", Cristiano Ronaldo, as rápidas investidas do experiente Giggs, além da força e precisão de Rooney podem desequilibrar para o Manchester United.

Glasgow, na Escócia e Atenas, na Grécia, são os destinos dessas verdadeiras armadas. Mas será que haverá uma pedra no meio do caminho? E convenhamos, Milan e Werder são verdadeiros pedregulhos a serem batidos. Quem vencerá? O domínio maciço ou os "estranhos"?

13.4.07

Ano novo, problema velho...

O Campeonato paulista chegou a sua última rodada neste meio de semana e o resultado não surpreendeu aqueles que fizeram previsões no início do certame. Santos e São Paulo fizeram suas partes e lideraram com folga toda a competição. Já Palmeiras e Corinthians alteraram bons e maus momentos, mas no final, pagaram mais uma vez pela falta de estrutura fora dos gramados.

O torcedor alvinegro não teve motivos para sorrir nesse primeiro semestre. Mais uma vez assistimos de camarote às guerras de egos e as lavações de roupa-suja em plena praça pública. Prato cheio para os críticos de plantão e para os oportunistas. Atletas foram embora, mais um treinador saiu pelas portas dos fundos e o resultado todos já sabem...

O que o Corinthians mais precisa nesse momento é a construção de uma identidade dos jogadores sem a necessidade de grandes estrelas, dentro e fora dos gramados. O nome de Abel Braga parece ser uma boa opção para construir essa realidade. O problema é que a própria torcida vai ter que ter muita paciência com o time nessa nova fase. A cobrança excessiva por parte da mídia e dos torcedores é uma das explicações para o Timão estar sempre envolvido em furadas, como a MSI.

No caso do Palmeiras, a diretoria ainda obteve bons êxitos nas apostas do técnico Caio Junior. O fato da equipe ter sua classificação bastante dificultada para as semifinal do torneio não esconde as evoluções vistas dentro de campo. O ex-treinador do Paraná conseguiu devolver um padrão de jogo ao time. As variações táticas envolvendo Edmundo e Valdivia trouxeram algumas alegrias ao torcedor, como a série de vitórias na reta final do paulistão e a boa vitória sobre o arqui-rival Corinthians. De qualquer maneira, o Verdão ainda sofreu com limitação técnica da maioria dos atletas e com os problemas organizacionais do departamento de futebol – a saída de Paulo Baier por falta de pagamento ilustra bem esse raciocínio. O Palmeiras é hoje o que o Corinthians deve se tornar amanhã. Mas qual será o futuro dessas equipes?

Talvez a resposta esteja na análise da trajetória de outro grande. O Flamengo é um exemplo de time que baixou a bola e apostou as fichas na força de um conjunto limitado, porém determinado. O resultado? Há um bom tempo não ouvimos rumores de crise na gávea. O time vive uma verdadeira lua-de-mel com os torcedores e com os bons resultados. É claro que não estamos diante de um esquadrão fenomenal, que deverá fazer história. No entanto, para a atual conjuntura do futebol nacional, o time do Flamengo pode ser considerado um destaque bastante positivo, e acredite, um exemplo a ser seguido.

A impressão que tenho é de que, finalmente, algumas coisas óbvias passaram a ser assimiladas pelos dirigentes. Um exemplo é a manutenção dos treinadores. Os times que mais fizeram sucesso nos últimos anos continuam com o mesmo comandante. São os casos de Grêmio, Internacional, São Paulo, Santos e Flamengo.

Será que os outros vão demorar muito para perceber isso?? O jeito é esperar...

Já que temos que se acostumar com a ausência de craques em nossos campos, nós, cronistas esportivos, temos a obrigação de cobrar e vibrar com as grandes jogadas que acontecem fora dele... os exemplos estão ai!

11.4.07

A volta do Leão do Nordeste?

17 jogos. 16 vitórias e 1 empate. 39 gols marcados e apenas 6 gols sofridos. Bons números, não? Essa bela campanha vem do primeiro campeão estadual de 2007: o Sport Recife, que semana passada conquistou seu 36º título pernambucano a duas rodadas do término da competição.
Muitos dirão: “Poxa, é o Campeonato Pernambucano, o Sport não fez nada mais do que sua obrigação...” Será? Tenho lá minhas dúvidas...
Que o nível técnico do Pernambucano é baixo todo mundo sabe. Mas de qualquer maneira, a facilidade com que o Leão levantou o caneco impressiona. Afinal, em sua trajetória o rubro-negro bateu o rival Náutico duas vezes (1 a 0 nos Aflitos e 2 a 0 na Ilha do Retiro), segurou o empate com o Santa Cruz em 1 gol e chegou a aplicar sonoras goleadas, como 6 a 0 no Ypiranga e 5 a 1 no Vera Cruz.
Faz tempos que uma equipe não garante um título no Brasil com tanta supremacia diante de seus adversários. Isso mostra o trabalho sério que a diretoria pernambucana faz desde o ano passado quanto alcançou o acesso para a divisão principal do Campeonato Brasileiro.
O jogo contra o Ipatinga pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil será um verdadeiro divisor de águas. Enfim, descobriremos se a equipe poderá ser um grande adversário no Brasileirão ou se tudo não passou de um sonho. Bem, não em minha opinião...
Primeiramente, desde que se iniciou o Campeonato Brasileiro há 26 anos atrás, todo mundo sabe que enfrentar o Sport na Ilha do Retiro é osso duro de roer. A torcida comparece em massa e faz a equipe superar-se. Com o nível técnico demonstrado por outras equipes neste primeiro semestre, acredito que o Leão será um dos times com melhor desempenho em seus domínios.
Além disso, seu elenco modesto, mas razoável. No ataque conta com a dupla ex-palmeirense Washington e Rosembrick. Se ambos fracassaram no Verdão, no Nordeste, ao contrário, sempre mantiveram boa fase. A armação fica por conta do tarimbado Fumagalli e de Diego, ex-Santos, eterno candidato a promessa.
No setor defensivo o time conta com o lateral Osmar, que se destacou no Brasileiro de 2006 jogando pelo Santa Cruz, com os volantes Everton e Heleno, ex-Macaca e ex-Peixe, respectivamente e com a dupla vinda do Atlético-PR formada pelo zagueiro Durval e pelo volante Ticão. No gol, a experiência de Magrão, ex-Portuguesa e Fortaleza é importantíssima. Isso, sem falar do astro do time, o matador Carlinhos Bala (foto), que após passagem frustrante pelo Cruzeiro voltou ao Nordeste.
No banco, o técnico é o ex-volante Gallo, treinador discípulo de Luxemburgo, que já passou pelo Santos e pela Portuguesa e que atualmente tem várias propostas de times do eixo Rio-São Paulo.
Com isto, não estou falando que o Sport é um dos grandes favoritos a conquista do Brasileirão. Longe disso... Mas nessa época de vacas magras onde times que se dizem grandes, como Palmeiras, Corinthians, Fluminense, Internacional, entre outros, mal conseguem garantir sua supremacia estadual, é melhor ficarmos de olho. Do mesmo jeito que no ano passado, uma vaga na Libertadores surgiu para o Paraná, pode ser que desta vez ela fique lá em Recife. E disso, eu não duvido.

3.4.07

O rugido (ou miado) derradeiro!

Chega ao fim o trabalho de Leão no Corinthians. O técnico permaneceu 7 meses no cargo, onde salvou a equipe do rebaixamento no brasileirão, mas fez uma das piores campanhas do alvinegro no Paulistão dos últimos anos.

A era Leão chegou ao fim nesta terça-feira. E qual o legado que o polêmico técnico deixa o Timão? Um time em frangalhos, psico e tecnicamente. Mas discordo quando o elegem como "o grande vilão" da equipe alvinegra. A ingerência administrativa na qual o Corinthians está mergulhado colaborou decisivamente para o fraco desempenho de Leão e seus pupilos no Paulistão. Mas Leão tem sim uma boa parcela de culpa nesse episódio. Sua política de "caça as estrelas" (vide os casos Tevez, Mascherano e Carlos Alberto) começaram por minar a imagem do treinador dentro do clube. Aliado a isso, há o episódio das perseguições a árbitros, jornalistas e até mesmo torcedores. Além de arrogante, os jornalistas acusavam a falta de um padrão tático na equipe. A formação do elenco de 2007 prova isso, já que a equipe começou com oito atacantes no plantéo e terminou com o excesso de volantes (nove). Enquanto isso, nas laterais, Leão indicou a contratação de dois jogadores desconhecidos - Wellington e Tamandaré sendo que o primeiro estava retornando de uma contusão - ao invés de jogadores tarimbados, como o lateral-esquerdo Triguinho, do São Caetano, o qual se mostrava uma bela opção para o setor, que perdeu César e Gustavo Nery. Isso sem contar o longo "caso Nilmar"e as brigas com a MSI, "parceira" da equipe.

Com a debandada dos atacantes e dos laterais, Leão começou uma fase de experimentação no elenco. Mesmo precisando vencer, Leão colocava volantes e mais volantes no time (só no jogo contra o Santos, foram cinco), deixando-o extremamente defensivo e sem armação alguma.

A indisciplina e o nervosismo dos jogadores também prejudicaram o desempenho da equipe em campo. Foram quase 40 expulsões que fizeram com que o time perdesse pontos preciosos, nos jogos contra o Paulista e o Santos, por exemplo.

Não havia mais clima para a permanência de Leão, que se demitiu hoje do cargo com um cartel de 46 jogos, com 22 vitórias, 13 empates e 11 derrotas (um aproveitamento de 57,2%). O bom percentual foi conquistado principalmente pela campanha de recuperação do Timão no Brasileirão de 2006, onde o técnico foi uma das principais figuras da equipe para salvá-la do rebaixamento. De unanimidade ao coro de "fora Leão". O técnico sai sem deixar saudades em muitos setores do clube e da torcida.

Só que a saída de Leão acarretará outro problema: quem será seu sucessor? Autuori, do Cruzeiro, Luxemburgo do Santos e até mesmo Abel Braga rejeitaram assumir o barril de pólvora que se tornou o Corinthians, onde tantos jogadores almejavam jogar um dia e que hoje é motivo de chacota de muitos setores da imprensa e de outros torcedores. Onde jogadores preferem ir para Rússia ou outro lugar de pouca expressão futebolística. Onde reina o caos, em todos os segmentos. O rugido final de Leão no Timão soou como um miado, de um gato muito acuado, mas que tem culpa por essa perseguição contra ele.