26.9.10

Um técnico de extremos

*Redigido originalmente para o Olheiros
Polêmico, Raymond Domenech teve participação na geração mais vitoriosa dos França

Um defensor versátil e viril, conhecido como “Le Boucher” (o açougueiro, em francês). Ator amador de teatro, já assumiu a culpa por ter lesionado um adversário em sua época de jogador, por achar vantajoso aparecer na mídia. Declarou que o mundo seria melhor se não existisse a imprensa. Contudo, casou-se com uma jornalista em 2008, pedindo sua mão em rede nacional, pouco após a eliminação humilhante da França na Euro. Foi preso nos Estados Unidos em 1994, por vender ingressos daquela Copa no mercado negro. Este ser humano paradoxal é Raymond Manuel Albert Domenech, certamente, o técnico mais complexo e odiado da história do futebol francês.

Polêmico, nunca escondeu que era adepto da astrologia na hora de escolher seus atletas. Excêntrico, foi o que por mais vezes comandou a França, na era profissional. Mas, de alguma forma, se fez presente nos melhores e piores momentos dos Bleus, em sua fase mais vitoriosa da história. Além do vice na Alemanha e do fiasco desportivo e moral na Eurocopa de 2008 e na Copa da África do Sul, ajudou a revelar os jovens talentos integraram os elencos do inédito título de 1998 e da conquista da Eurocopa de 2000. Esse é o indecifrável Domenech.

De açougueiro a astrólogo

Como jogador, o descendente de catalães atuou principalmente como lateral – tanto na direita, quanto na esquerda. Apelidado de “Açougueiro” por Aimé Jacquet (que comandaria os Bleus em 1998), comandou Domenech no Lyon e no Bordeaux. Teve relativo sucesso como jogador, ao conquistar a Copa da França, em 1973 (Lyon) e 1982 (Paris Saint-Germain), além de dois Campeonatos Franceses (pelo Strassbourg, em 1978/79 e Bordeaux, em 1983/84).

Após a transferência para o FC Mulhouse, em 1984, pendurou as chuteiras pouco depois e logo assumiu o comando da equipe, oscilante da segundona francesa. Na equipe da região da Alsácia, o técnico teve seu primeiro e arrebatador contato com a astrologia. Após uma série de maus resultados, Domenech se consultou com um astrólogo local, que fez um mapa astral do elenco. Detectado o “problema”, o Mulhouse voltou à boa fase, fato suficiente para convencê-lo a usar o artifício ao longo de sua carreira.

Começou a deslanchar ao quase conduzir a modesta equipe à elite, sendo eliminado em uma espécie de playoff pelo Lyon por duas vezes seguidas (1986/87 e 1987/88). Os resultados chamaram a atenção de Jean-Michel Aulas, empresário bem sucedido do ramo de informática que havia adquirido o controle financeiro do OL em 1987 – do qual é presidente até hoje. Com um projeto ambicioso em mãos chamado de “OL – Europe”, Aulas queria tirar a equipe do ostracismo da segunda divisão francesa para torná-la como uma das forças europeias em 20 anos. E chamou o ex-jogador do Lyon para dar o pontapé inicial do projeto, na temporada 1988/89. Pouco mais de 11 anos após deixar Gerland, Domenech, então com 36 anos, aceitou o convite.

Faísca para a ascensão do Lyon

Aulas deu carta branca ao novo treinador e o Lyon conseguiu o acesso com o terceiro título da segunda divisão em sua história. E até hoje, a equipe permanece na elite francesa.

Apesar de não ter conquistado títulos pelo OL, Domenech plantou a semente idealizada por Aulas: em sua segunda temporada à frente do time, conseguiu conduzi-lo para disputar a Copa da Uefa de 199/92, após 16 anos de ausência em torneios continentais. Depois de cinco anos, resolveu deixar a equipe, aceitando convite da Federação Francesa de Futebol (FFF) para assumir os Bleuets, a seleção sub-21.

Pedras fundamentais

Foi semifinalista do Europeu da categoria, em 1994 e 1996. Nos elencos, surgiram atletas como Zinedine Zidane, Lilian Thuram, Patrick Vieira, Vincent Candela e Robert Pires (os dois últimos de escorpião, o signo proibido pelo técnico). Além deles, jogadores como Claude Makélélé e Sylvain Wiltord, frequentadores assíduos dos Bleus na última década. A geração pós-Olimpíadas de 1996 trouxe Henry e Trezeguet. Foi campeão do Torneio de Toulon em 1997 e 2004, alcançou o vice europeu em 2002 e também dirigiu outras seleções de base, como o Sub-20 no Mundial da categoria, em 2001. Com os principais nomes da França na última década passando pelo seu crivo.

Com o fracasso francês na Copa de 2002 (eliminada na primeira fase) e na Euro 2004 (eliminada pela campeã Grécia nas quartas) a FFF resolveu apostar no único técnico que poderia mesclar a geração de 1998 com os novos valores franceses. Domenech assumiria o posto de técnico da França em julho de 2004, substituindo Jacques Santini.

Do vice a vergonha da Copa

Após anunciar que não jogariam mais pela França, Domenech convenceu Zidane, Thuram e Makélélé a retornarem, ainda em 2005. As eliminatórias para a Copa de 2006 foram relativamente calmas. A polêmica veio durante o período pré-Copa, quando barrou o lateral Anthony Réveillère, o meia Robert Pires e o volante Benoit Pedretti. Coincidentemente, todos escorpianos. “Escorpiões sempre terminam matando uns aos outros”, Domenech já havia declarado, quando ainda treinava o Sub-21. Outra polêmica aconteceu na substituição ao atacante Djibril Cissé, contundido às vésperas da competição. Afirmando que preferia um jogador com as características do centroavante (que era de Leão), convocou Sidney Govou, do mesmo signo. Giuly, que estava em ótima fase no Barcelona, foi novamente preterido.

Antes do Mundial da Alemanha, o lado midiático do comandante voltou à tona. Ele “marcou” um encontro com os torcedores do país no dia 9 de julho de 2006, data da final da Copa. A promessa foi cumprida, mas a primeira fase foi dura. Após empates com Suíça e Coréia do Sul, a classificação só veio na vitória sobre o Togo. O segundo lugar na chave deixou a equipe no caminho da Espanha, sensação do torneio até então. Foi quando a estrela de Zidane voltou a brilhar e o time, a melhorar seu desempenho. Vitórias importantes sobre a Fúria, o Brasil e outra sensação, Portugal. Na final parelha com os italianos, o chute de Trezeguet no poste na disputa por penais enterrou o sonho do bi. Mas os Bleus sairiam de cabeça erguida, bem diferente da situação que viveriam quatro anos depois.

Na Eurocopa de 2008, um desempenho pífio: apenas um gol nos três jogos da fase de grupos e a eliminação precoce na primeira fase. Era o início do inferno astral (literalmente falando) com os medalhões da França. A classificação ao Mundial da África do Sul foi árdua e cheia de desentendimentos. Críticas da imprensa local, de Zidane (já aposentado) e de jogadores de seu próprio elenco, como Henry e Trezeguet, que raramente atuavam juntos na seleção. O gol controverso proporcionado pela mão de Henry, diante da Irlanda nas eliminatórias, colocou mais lenha na fogueira.

O fracasso no continente africano foi só mais um ingrediente no caldeirão borbulhante que se tornou a seleção. A crise explodiu após a derrota por 2 a 0 sobre o México, onde Domenech e Anelka se desentenderam, ainda no intervalo da partida. Após o episódio, o treinador cortou o atacante do Chelsea em meio à Copa. Um verdadeiro motim se instaurou no elenco, que se negou a treinar antes do jogo diante dos sul-africanos, liderados por Evra e Henry. A derrota para os donos da casa mostrou o último ato de Domenech: ao final da partida, recusou-se a cumprimentar o técnico adversário, o brasileiro Parreira. Massacrado pela mídia, foi demitido por carta. Comandou a equipe por seis anos e 79 partidas.

Zidane afirmou que Domenech não era um treinador, não tinha pulso. É fato que as vaidades e excentricidades fizeram com que o foco fosse perdido. Mas a geração campeã do mundo tem contribuição do técnico, que familiarizou muitos novos talentos às seleções de base. O Lyon de Aulas é uma realidade no continente, quase 20 após a passagem de Domenech, que deu o pontapé inicial do projeto Europa. “Só o resultado interessa. No final, serei Deus ou Diabo”, disse ele, antes da Copa de 2010. Uma declaração emblemática.

24.9.10

Luxemburgo em xeque

Desde que explodiu no futebol brasileiro, em 1990, nunca o técnico Vanderlei Luxemburgo viveu um momento tão negativo em sua carreira, de muitas conquistas no geral. A goleada sofrida por 5 a 1 para o Fluminense mostrou um time nervoso, sem comando, e principalmente, sem o comprometimento daquelas que deveriam ser as suas referências em campo: Diego Souza, Diego Tardelli, Daniel Carvalho e até mesmo o destemperado Fábio Costa – que apesar dos abismos mentais, sempre foi bom goleiro embaixo dos três paus. Excetuando Tardelli, uma das estrelas do Galo no Brasileirão de 2009, todos os outros foram indicações do técnico ao presidente do clube, Alexandre Kalil - outro que ajuda a derrubar o time, com seus constantes destemperos.

Com elenco qualificado que deveria passar longe da zona de rebaixamento, parece faltar pulso e o mínimo de padrão de jogo ao time, que emocionalmente também mostra-se em frangalhos. A parcela maior do fracasso recai sobre o treinador, que sai do time falando em “se reciclar”. Será que ele será capaz de mudar o seu modo de gerir os times, quase sempre regados a jogadores caros e poquíssimo aproveitamento de jogadores da base?

O último grande trabalho de Luxemburgo foi com o Santos, onde conseguiu levar a equipe até a semifinal da Libertadores de 2007, eliminado pelo Grêmio. Dali em diante, sua carreira vem em declínio. O último título de expressão foi o campenato nacional de 2004, também com o time da baixada. O Palmeiras, que foi campeão Paulista de 2008, tinha tudo para explodir naquele mesmo Brasileirão. Mas o técnico acabou fracassando, saiu em atrito com os dirigentes alviverdes e praticamente expulsando um dos destaques daquele time, o então promissor Keirrison. Voltou ao Santos do ex-presidente Marcelo Teixeira. Mas não conseguiu emplacar aquele time, que já tinha as pérolas Neymar e Ganso. Após sua saída – ocasionada pela vitória do candidato de oposição, Luiz Álvaro de Oliveira Ribeiro - , Dorival Júnior, seu sucessor, conduziu um time baseado no talento dos garotos à dobradinha Paulista/Copa do Brasil. Os mesmos garotos que não renderam o que podiam nas mãos do antigo técnico.

Foi campeão mineiro de 2010, é verdade. Mas venceu um estadual praticamente desprezado pelo Cruzeiro, focado na Libertadores. Reformulou o elenco, com a saída de 17 atletas. E deixa o lado alvinegro de Belo Horizonte com 29% de aproveitamento no Brasileirão, com o maior número de derrotas no torneio (15) e como a pior defesa do campeonato (45 gols), mesmo diante de times como Goiás – que vive crise política aguda – e o “sem identidade” Grêmio Prudente, ainda mais frágil após perder os poucos destaques da equipe no começo da temporada. Presente na zona de degola desde a décima rodada. Um fracasso abissal e o pior trabalho de sua carreira dirigindo uma equipe grande.

A crise de Luxa é ainda pior que a de 2000, quando foi demitido da Seleção Brasileira e teve seu nome envolvido em problemas com a receita e falsidade ideológica (ou seja, extracampo). O impasse do técnico – que até a perna quebrou este ano, durante um rachão descontraído – é exclusivamente na área técnica. Se o São Paulo não tentar colocá-lo no cargo (a menina dos olhos do Morumbi atualmente é Dorival), Luxemburgo só deve voltar ao futebol em 2011. E tudo indica que não será para uma equipe de ponta, como as que disputam uma Libertadores, por exemplo. Até porque, mesmo em baixa, Luxemburgo ainda custa caro aos clubes, salarialmente falando.

A pergunta é: será que ele conseguirá dar a volta na carreira dirigindo uma equipe média, sem tantos recursos para trazer grandes jogadores (ou jogadores de sua confiança), já que sempre trabalhou com ampla gama de possibilidades? Caso não haja nenhuma reviravolta, essa será a grande reciclagem em sua carreira. E que pode decidir que rumo tomará o técnico de 58 anos.

22.9.10

"Neymargate": mais do mesmo

No mar de dirigentes ruins/péssimos que assola o futebol brasileiro, pensou-se que o presidente do Santos, Luiz Álvaro Ribeiro de Oliveira, fosse diferente. Suas entrevistas e atitudes desde que assumiu o Santos no lugar do “eterno” Marcelo Teixeira mostravam isso - principalmente nos planos de renovação de contrato de Ganso e Neymar, meninas dos olhos do clube. Porém, o “Neymargate” mostrou que na hora em que precisou ser mais racional, o cartola agiu igual a todos os outros que presidem clubes brasileiros: com excesso de paternalismo e passionalidade. Parece uma característica intrínseca a todos eles. Assim como já havia ocorrido com o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo à frente do Palmeiras, principalmente na reta final do Brasileirão de 2009.

No episódio em que todos erraram (Neymar, Dorival Júnior e Santos), o maior perdedor é o clube da Baixada Santista. Perdeu um técnico de qualidade e interrompeu um trabalho vencedor, quase que impossibilitou que o clube tentasse voltar à briga pelo título nacional e colocou uma pressão absurda sobre os ombros de sua maior estrela, que mostrou imaturidade no estopim dos fatos, de apenas 18 anos.

No comunicado oficial, o Santos fala em “crise de autoridade excessiva”, “atitude intempestiva” e “quebra da hierarquia”. Mesmo que o técnico não tenha cumprido/comunicado com aquilo que havia sido acordado entre ele e a direção santista – na minha visão, o único equívoco de Dorival no episódio – o tato do clube com o erro de Dorival não foi o mesmo em relação ao da atitude de Neymar. Algo óbvio, dado que os interesses mercadológicos sobre Neymar são gigantes, principalmente após a recusa de transferência ao Chelsea. A disparidade de julgamentos não leva em conta que Neymar só começou a se apresentar como aspirante a craque exatamente pelas mãos de Dorival. Ou seja, mesmo para os tais “investidores” do atacante, a saída de uma das pessoas que melhor lidou com Neymar, falando estritamente no campo de jogo, também pode ser prejudicial ao jogador.

Algumas perguntas ficarão para o futuro incerto do jogador e do próprio Peixe. Como o elenco passará a tratar de Neymar no futuro? Ele suportará a enorme pressão que foi depositada em seus ombros ao fim deste episódio? Até que ponto o novo treinador poderá ser flexível com Neymar? A base de dois títulos em 2010 - algo que o Santos não conquistava desde a era Pelé, em 1968 - está se desfazendo. André, Wesley, Robinho, e agora, Dorival. Na troca de acusações que se seguiu nesta quarta entre as duas partes, o maior perdedor foi o próprio Santos, que sai muito enfraquecido do episódio. E perdendo a oportunidade de mostrar que seu comando era ocupado por um cartola de mentalidade diferente do lugar-comum que impera há muitos anos no futebol brasileiro.

19.9.10

Profissionalismo para Neymar

Nos últimos dias, inevitavelmente, o assunto mais falado na imprensa esportiva é o comportamento destemperado de Neymar para com seu técnico, Dorival Júnior, o capitão de sua equipe, Edu Dracena e outros fatores que (supostamente) aconteceram já nos vestiários da Vila Belmiro, após a partida da última quarta, diante do Atlético-GO.

Como toda polêmica, um festival de besteiras tomou conta da mente de alguns (famosos) membros da imprensa esportiva nacional. Houve um jornalista (que não vou citar o nome) que disse, mais ou menos nessas palavras em um programa esportivo da TV por assinatura: “Ele é craque, pode fazer o que quiser. É um exagero o que estão fazendo com o menino”. E o erro - de parte da imprensa e de muitos que cercam Neymar, inclusive o próprio Santos, em certos momentos – foi essa “carta branca”, para não contrarirar o talento do atleta, que apesar de jovem, está longe de ser uma criança. Exemplo disso são declarações de seu empresário, Wágner Ribeiro, que achou “exagerada” a punição pelo desrespeito e indiferença do camisa 11 logo após o episódio. "Não estou defendendo o Neymar apenas por defender. Tenho minhas convicções por conhecê-lo bem. Não estou pondo lenha. Mas não posso ficar quieto ao ver alguém usar uma criança confessa e o pegar para Cristo", escreveu em seu twitter.

O próprio Dorival, um dos pivôs do episódio, poderia ter repreendido Neymar por outros erros (mais irrelevantes, é verdade). Como aplicar chapéus com a bola parada nos adversários, o que aconteceu nas partidas contra o Corinthians, no primeiro semestre, e contra o Avaí, pelo Brasileirão. Porém, o fato dos xingamentos gratuitos fere algo muito mais latente no mundo do futebol: a hierarquia nas quatro linhas. Ofendendo o capitão e o treinador – que sempre defendeu o atacante -, a diretoria santista não tinha outra alternativa senão puní-lo com multa e uma suspensão provisória.

Há de se elogiar a postura do técnico, o elo mais fraco. De contrato recém-renovado ao recusar proposta do Chelsea, Neymar se vislumbrou de vez. Ao exigir a punição para a estrela do Peixe, Dorival não pediu que ele seja maduro de um hora para outra. Exigiu profissionalismo, que é o correto a se cobrar do aspirante a craque, que sacudiu todo um elenco por conta do episódio. E foi o erro na condução de muitos jornalistas ao caso: exigir que Neymar tenha a cabeça de outros jogadores aspirantes ou considerados craques como Ganso, um Kaká ou um Alexandre Pato, por exemplo. O episódio, espera-se, dará uma sacudida em seu mundo. A maturidade e experiência, para a maioria dos adolescentes (imagina os milionários em apenas um ano!) é árdua. Cabe ao Santos olhar a estrela sem conivência, mas dando o suporte que ele precisa.

Neymar é ótimo jogador, goleador desta temporada e fez bem em ficar no Brasil neste momento. Se desculpou e logo poderá ser protagonista pelas belas jogadas, não pelo mimo e máscara exageradas. Precisa repeensar algumas atitudes, "humilhar" seus marcadores/persegudores jogando bonito e objetivamente. Mas principalmente, encerrar a terrível fama de “cai-cai” que já lhe foi dada, acertadamente. Certas coisas virão apenas com o tempo. Mas bem que o talentoso jogador pode fazer uma forcinha para que seu caminho na carreira seja menos árduo.

15.9.10

Especial Champions League 2010/11 - Grupo H

Arsenal
Meninos de Wenger


Depois da novela envolvendo a transferência de Fábregas para o Barcelona - o jogador queria, forçou a saída, mas o clube inglês não liberou (na minha opinião, decisão correta tanto tecnicamente como profissionalmente - se o Barça e jogador queriam tanto, por que não se pagou a multa recisória?), o técnico Wenger manteve a sua espinha dorsal das últimas temporadas.

Se não perdeu a sua estrela e capitão, alguns veteranos, como Silvestre, Gallas, Senderos e Mérida, ou mesmo o brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva, deixaram o Emirates, e nenhuma contratação de impacto foi feita para reforçar a equipe. Ou seja, o treinador francês terá que continuar a trabalhar com os seus jovens talentos, e lapidar mais alguns, para buscar alguma coisa no torneio.

O que não é suficiente. Apesar de contar com bons jogadores, não tem um time tarimbado o suficiente para enfrentar os grandes. Prova é a edição passada da Liga dos Campeões. Em um grupo com equipes menores, como agora, passeou e classificou-se sem problemas, o mesmo acontecendo nas oitavas, contra o Porto. Nas quartas, contra o Barcelona, foi goleado. A tendência é que o filme se repita.

Arsenal Football Club
Status: Fase final
Melhor resultado na UCL: vice-campeão, em 2005/06
Time Base: Almunia; Sagna, Koscielny, Squillaci e Clichy; Diaby (Wilshere), Denilson, Nasri (Walcott), Fábregas e Arshavin; van Persie (Bendtner). Técnico: Arsene Wenger
Ele é o cara! Capitão e líder da equipe, Fábregas é o maior astro do Arsenal. Habilidoso, técnico e bom finalizador, também pode jogar mais recuado, ajudando na marcação, ou servindo os atacantes na frente.
Olho nele: Num time com tantos jovens, é difícil escolher um. Mas meia Aaron Ramsey, de apenas 19 anos, é uma das grandes promessas de Wenger. Em fevereiro, no entanto, sofreu uma entrada criminosa e quebrou a perna. Resta saber se voltará a jogar com a mesma desenvoltura que vinha apresentando.
Tem brasuca aí? Denilson (meio-campista)
Pontos fortes: É um time jovem, técnico e muito veloz. Os jogadores se movimentam bastante e jogam de forma vistosa, trabalhando bem a bola, principalmente pelas laterais do campo.
Pontos fracos: Faltam jogadores mais experientes, principalmente em uma competição como a Liga dos Campeões. Além disso, o sistema defensivo não tem o mesmo destaque do ataque.


Shakhtar Donetsk
Agora é a vez do torneio principal


O Shakhtar Donetsk foi o vencedor da Copa Uefa da temporada 2008/09, que passou a se chamar Liga Europa na edição seguinte, com um time recheado de brasileiros. Para este ano, essa situação não mudou: Jadson, Willian, Alex Teixeira, Luiz Adriano, Douglas Costa e Fernandinho (os dois últimos convocados por Mano para a Seleção - Fernandinho quebrou a perna e só deve retornar aos gramados em 2011), além de Marcelo Moreno (ex-Cruzeiro) e Eduardo da Silva, que protagonizará um reencontro com o Arsenal pouco mais de três meses depois de deixar o time londrino.

É um time que gosta de jogar no ataque e conta com jogadores velozes. A língua acaba facilitando no entrosamento, já que a base é tupiniquim. Como já estão há bastante tempo no país, a comunicação com os companheiros não é um problema. Apesar de nao disputar o principal torneio do continente há dois anos, acostumou-se a jogar a Liga Europa e adquiriu uma boa bagagem e experiência. Em boa fase, está invicto no campeonato nacional: tem sete vitórias e um empate, e está no topo da tabela. Tem potencial para ficar com a segunda vaga do grupo.

Football Club Shakhtyor Donetsk
Status: Fase final
Melhor resultado na UCL: terceiro lugar na fase de grupos, em 2008/09
Time Base: Pyatov; Srna, Rakitskiy, Kucher e Rat; Gay, Hubschman, Jadson (Alex Teixeira), Willian e Douglas Costa (Moreno); Luiz Adriano (Eduardo). Técnico: Mircea Lucescu
Ele é o cara! Com a lesão de Fernandinho, Willian, ex-Corinthians, passa a ser o principal jogador e articulador das jogadas ofensivas do time ucraniano. Mais experiente, o meia é habilidoso e capaz de deixar os companheiros em condições de marcar.
Olho nele: o meia-atacante Douglas Costa, 20 anos, surgiu com grande destaque no Grêmio, mas não manteve as boas atuações e passou a entrar pouco na equipe. Negociado com o futebol ucraniano, tem a chance de mostrar que não foi bem aproveitado na equipe gaúcha.
Tem brasuca aí? Jadson, Willian, Alex Teixeira, Douglas Costa e Fernandinho (meio-campistas), Luiz Adriano e Eduardo da Silva (naturalizado croata) (atacantes)
Pontos fortes: Willian é o organizador da jogadas, mas conta com o apoio dos outros brasileiros. Utiliza bastante as jogadas em velocidade e costuma atuar bem em casa. Tem relativa experiência em torneios continentais.
Pontos fracos: o nível da competição europeia é diferente do Ucraniano, ou seja, a equipe precisa aprender a jogar mais defensivamente, sem deixar muitos espaços com as constantes subidas dos jogadores mais defensivos.


Sporting Braga
O "Brasil" na Liga dos Campeões


Sem nenhum medo, podemos dizer que o Braga é o Brasil no nobre torneio europeu. Nada menos que 17 jogadores da aquipe nasceram deste lado do Atlântico - "apenas" 13 foram inscritos. O goleito Felipe, depois de polêmica negociação com o Corinthians para sair do clube, é titular. O pequeno Braga está na competição depois de ter surpreendido na temporada passada, ao terminar com o vice-campeonato português, deixando de fora o Porto. Pelo 2º lugar, precisou passar pelas fases eliminatórias, e voltou a mostrar que a campanha de 2009/10 não foi questão de sorte.

Primeiro, passou pelo tradicional Celtic, ganhando a primeira partida por 3 a 0, em casa, e administrando o duelo da volta, perdendo por 2 a 1. Na fase seguinte, passou pelo favorito Sevilla com duas vitórias: 1 a 0, em Portugal, e 4 a 3 na Espanha. O destaque nas partidas foi os brasileiros Lima e Matheus, com três gols cada nas quatro partidas. Para a fase de grupos, pode surpreender, mas é mais provável que dispute com o Partizan um lugar na Liga Europa.

Sporting Clube de Braga
Status: Liga Europa
Melhor resultado na UCL: estreante
Time Base: Felipe; Miguel Garcia, Rodríguez, Moisés e Echiejile; Viana, Vandinho, Paulo Rosales, Alan e Luis Aguiar; Matheus. Técnico: Domingos Paciência
Ele é o cara! O atacante Matheus nunca teve destaque no Brasil. Começou a carreira no Itabaiana, do Sergipe, e foi cedo para Portugal. Mas foi nesta temporada, com os decisivos gols na fase de classificação para o torneio, que chamou atenção. Rápido e oportunista, o jogador é a esperança no ataque do time luso.
Olho nele: Élton foi o destaque do Vasco na Série B em 2009, sendo um dos artilheiros da competição. Neste ano, não repetiu as boas atuações e ainda se envolveu com problemas extra-campo. Em Portugal, tem a chance de dar a volta por cima.
Tem brasuca aí? Artur e Felipe (goleiros), Paulão, Moisés e Léo Fortunato (defensores), Mossoró, Leandro Salino, Alan e Vandinho (meio-campistas), Paulo César, Lima, Élton e Matheus (atacantes)
Pontos fortes: Clube pequeno, o Braga nem esperava chegar à fase de grupos da competição. Agora que chegou, atua sem grandes responsabilidades, podendo surpreender. Sabe jogar fechado esperando a hora certa para sair nos contra-ataques.
Pontos fracos: Inexperiente e sem tradição, tem que tomar cuidado para não virar "presa" fácil para os adversários. Limitado tecnicamente, o time luso não tem muitas variações táticas para mudar o panorama de uma partida.

Partizan
Hora de vencer fora de casa


Dono de uma das torcidas mais fanáticas do continente europeu, o clube da capital sérvia retorna à fase de grupos da Copa dos Campeões após seis anos de ausência, graças ao título nacional. Na fase eliminatória, precisou passar por Pyunik Erevan, da Armênia, e HJK Helsinki, da Finlândia, com quatro vitórias. Na última fase, derrubou o tradicional Anderlecht nos pênaltis: foram dois empates por 2 a 2 e vitória nas penalidades máximas disputadas em território belga.

Em sua segunda participação na fase de grupos da Liga dos Campeões, o Partizan não entra com as expectativas muito altas. Uma vaga na Liga Europa já seria um feito. A campanha do título da equipe no Campeonato Sérvio foi marcada pelos muitos gols marcados e poucos sofridos. Transforma o seu estádio em um caldeirão - na sua única participação, em 2003/04, não perdeu nenhum jogo em casa - foram três empates com Real Madrid, Olympique de Marselha e Porto (viriam a ser os campeões), o que pode ajudar bastante na busca pela inédita vaga na fase final.

Fudbalski klub Partizan
Status: Azarão
Melhor resultado na UCL: quarto lugar na fase de grupos, em 2003/04
Time Base: Stojkovic; Miljkovic, Krstajic, Savic e Lazevski; Petrovic (Jovic), Tomic, Almami Moreira e Ilic; cléo e Iliev (Bogunovic). Técnico: Aleksandar Stanojevic
Ele é o cara! O atacante Cléo o principal atleta do time sérvio. Fez oito gols nos seis jogos eliminatórios para a fase de grupos. No Brasil, teve algum destaque no Atlético-PR, em 2005. Já foi convidado a se naturalizar para defender a seleção da Sérvia.
Olho nele: O lateral esquerdo Aleksandar Lazevski, 22 anos, é um bom jogador, principalmente na parte defensiva. Já foi chamado para a seleção da Macedônia.
Tem brasuca aí? Cléo (atacante)
Pontos fortes: Em Belgrado, é um adversário difícil de ser batido.
Pontos fracos: Se joga bem em casa, não costuma impor dificuldade jogando longe da Sérvia - em 2003/04, perdeu as três partidas como mandante.

13.9.10

Especial Champions League 2010/11 - Grupo G

Milan
Aposta na ofensividade

Após passar três temporadas sem levantar um título sequer, a diretoria decidiu reformular boa parte do elenco. Robinho e Ibrahimovic, que tiveram um ano em que renderam abaixo do esperado, encabeçam a lista de reforços, que ainda conta com outros bons valores como Boateng, Amelia e Papasthatopoulos.

Dentre os nomes que deixaram Milanello, nenhuma grande perda. Huntelaar, Mancini, Kaladze ou até mesmo Borriello nunca foram unanimidades para os tifosi rossoneri. No banco, mais mudanças. Sai o inexperiente Leonardo e chega o promissor Massimiliano Allegri. Bela aposta. O desafio de Allegri será encontrar um esquema balanceado que faça com que o poderoso quarteto ofensivo formado por Pato-Gaúcho-Ibra-Robinho não sobrecarregue o veterano meio-campo, deixando a defesa totalmente exposta a contra-ataques.

Por sua tradição e pelo peso de sua camisa, il Diavolo sempre será favorito. Mesmo assim, encontra-se em um nível abaixo de outros rivais, como Barcelona, Internazionale ou Manchester United. Prova disso é a defesa milanesa, setor que está longe de passar confiança, principalmente na ausência de Nesta (que se lesiona com frequência).

Associazione Calcio Milan
Status: Fase Final
Melhor resultado na UCL: Heptacampeão (1962/63, 1968/69, 1988/89, 1989/90, 1993/94, 2002/03 e 2006/07)
Time Base: Abbiati (Amelia); Bonera, Nesta, Thiago Silva e Antonini (Papastathopoulos); Ambrosini, Seedorf (Gattuso) e Pirlo; Ronaldinho (Robinho), Ibrahimovic e Alexandre Pato. Técnico: Massimiliano Allegri.
Ele é o cara! Andrea Pirlo é o dono do meio-campo rubro-negro. Inteligente e capaz de bater na bola com imensa categoria, o camisa 21 é o termômetro da equipe. Quando está nos seus melhores dias torna-se decisivo.
Olho nele! Kevin Prince Boateng destacou-se pela seleção ganesa na Copa por sua virilidade, força física e bons chutes de média distância. Inicialmente reserva, não seria surpresa se ganhasse uma vaguinha no lento setor italiano.
Tem brasuca aí? Thiago Silva (zagueiro), Alexandre Pato, Robinho e Ronaldinho (atacantes)
Pontos Fortes: Possui um ataque muito forte que, mais entrosado, tem tudo para dar certo. Conta com mais de 5 atletas que podem desequilibrar qualquer panorama adverso. A mescla nesta e Thiago tem grandes chances de êxito.
Pontos Fracos: O meio-campo possui muitos veteranos e isso diminui a fluência de jogo da equipe. Os laterais não são confiáveis e apoiam muito mal. O ego dos centroavantes pode rachar o elenco e causar impactos no elenco.

Real Madrid
A síndrome do mata-mata

Maior campeão continental, o Real Madrid não consegue alcançar às semifinais do torneio há seis anos. Para quebrar esse incômodo tabu, mais uma vez os Galácticos abriram os cofres e gastaram cerca de 60 milhões de euros com as vindas do experiente Ricardo Carvalho e dos jovens Khedira, Özil e Di Maria. Isso sem falar da maior estrela de todas: José Mourinho.

Conhecido por realizar um futebol por vezes burocrático, mas muito competente, o português (atual campeão da Champions), ao menos por enquanto, mantém o esquema testado que rendeu o caneco à Inter: um 4-2-3-1, com alas que avançam menos do que atacam, dois volantes que sabem sair para o jogo e um envolvente meio que colabore na marcação. Talvez, após o retorno de Kaká, Mourinho mude de ideia e dê uma maior liberdade para Cristiano Ronaldo avançar, aproximando-se do perigoso Higuaín, utilizando uma espécie de 4-3-3 em que um dos volantes ficaria mais preso. Ambos são excelentes opções.

Talentoso o time é. Mesmo com as perdas dos renomados Metzelder, Raúl, Guti e Van der Vaart não resta dúvidas de que Los Blancos possuem um grande elenco. Só resta saber se desta vez, o Real saberá lidar a pressão de vacilar na hora dos jogos eliminatórios.

Real Madrid Club de Fútbol
Status: Favorito
Melhor resultado na UCL: Eneacampeão (1955/56, 1956/57, 1957/58, 1958/59, 1959/60, 1965/66, 1997/98, 1999/00 e 2001/02).
Time Base: Casillas; Sergio Ramos, Pepe, Ricardo Carvalho e Marcelo; Khedira (Lassana Diarra) e Xabi Alonso; Benzema (Di Maria), Özil (Kaká) e Cristiano Ronaldo; Higuaín. Técnico: José Mourinho.
Ele é o cara! Apesar de ser contestado por alguns críticos, o talento de Cristiano Ronaldo é inquestionável. Ataca com rapidez, auxilia na armação e aparece com eficiência pra finalizar. Peca apenas por exagerar em alguns lances individuais.
Olho nele! Destaque da seleção alemã na Copa, Mezut Özil terá a responsabilidade de substituir Kaká, durante o período de recuperação do brasileiro. Habilidoso, será o principal articulador do meio-campo merengue.
Tem brasuca aí? Marcelo (lateral) e Kaká (meia)
Pontos Fortes: Possui um meio-campo fantástico que alia marcação, velocidade e criatividade. Casillas passa por excelente fase e tem feito grandes defesas. José Mourinho dispõe de atletas polivalentes; ele pode mudar o esquema do time, sem realizar nenhma substituição.
Pontos Fracos: Pepe é psicologicamente fraco e pode colocar um jogo a perder num lance mais violento. Poderá ter dificuldades de entrosamento. Em momentos decisivos Ronaldo, Higuaín, Benzema e companhia cosumam ausentar-se da partida.

Ajax
Os favoritos que se cuidem

Após permanecer 4 anos sem atingir a fase de grupos, o Ajax retorna à UCL com o objetivo de não fazer feio. Com a exceção dos veteranos Gabri, Rommedahl e Pantelic, o elenco não teve nenhuma baixa de maior importância.

Apesar de não investirem tanto, os Godenzonen trouxeram bons nomes, como Ooijer, Tainio e El Hamdaoui, avante marroquino que faz uma parceria mortal com Suárez. Aproveitando-se da qualidade destes atacantes, Martin Jol monta duas linhas com 4 atletas e força seu ataque pelos flancos do gramado, hora com Van der Wiel e Enoh, hora com Emanuelson e Eriksen.

Isso, sem falar de Stekelenburg, goleiro que voltou aos seus melhores dias e passa muita segurança ao time. Ou seja, o elenco holandês não é ruim. Com melhor sorte, até poderia almejar uma vaga na fase final. Mas, num grupo tão forte, o jeito será bater o Auxerre e contentar-se com a terceira colocação mesmo.

Amsterdamsche Football Club Ajax
Status: Europe League
Melhor resultado na UCL: Tetracampeão (1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1994/95)
Time Base: Stekelenburg; Van der Wiel, Alderweireld (Ooijer), Vertonghen e Emanuelson; De Jong, Enoh, De Zeeuw (Lindgren) e Eriksen; Mounir El Hamdaoui e Luís Suarez. Técnico: Martin Jol.
Ele é o cara! Desde que a Copa acabou, “Luisito” Suárez vive uma fase infernal. Artilheiro da Eredivisie com 6 gols é o típico atacante que une oportunismo, senso de posicionamento e qualidade nos arremates.
Olho nele! Com apenas 18 anos, Christian Eriksen é uma das maiores promessas europeias dos últimos anos. Titular da seleção dinamarquesa destaca-se por sua habilidade, visão de jogo e qualidade nos passes. Dita o meio-campo dos holandeses.
Tem brasuca aí? Não tem
Pontos Fortes: A dupla de ataque é muito perigosa e difícil de ser marcada. Stekelenburg encontra-se em ótima fase. Bom goleiro. O time tem muita “pegada” no meio-campo e quando recupera a bola encaixa bons contragolpes.
Pontos Fracos: A zaga é alta, defende-se bem nas bolas aéreas, mas é demasiada lenta. Emanuelson não é lateral de ofício e deixa espaços na defesa. Sem Rommedahl, Eriksen ficará sobrecarregado na articulação do time.

Auxerre
Sem nada a perder

O Auxerre pode até não ter começado a Ligue One com o pé direito, após acumular quatro empates e uma derrota em cinco partidas. Mas a classificação na Champions em cima do encardido Zenit mostra que o time francês não é tão frágil.

A base da equipe permanece intacta. Saem Niculae e Capoue (que retorna de empréstimo), ao modo que a eterna promessa Le Tallec é contratada. Só. Parece pouco, não? Diante dessas limitações, Jeán Fernández fecha sua equipe com praticamente quatro zagueiros e um cabeça-de-área fixo, escalando atletas com maior técnica a partir do meio-campo.

Nesse sentido, a linha formada por Pedretti, Birsa e Le Tallec é vital pra criar chances de gol à dupla de centroavantes. Mesmo assim, o futebol do AJA não convence. Mecânico, tem dificuldades quando fica muito tempo com a bola e sente a falta de um atacante menos pesado. Não dá para acreditar que os franceses surpreenderão. Candidato à saco de pancadas.

Association de la Jeunesse Auxerroise
Status: Zebra
Melhor resultado na UCL: Quartas-de-finais (1996/97)
Time Base: Sorín; Hengbart, Grichting, Coulibaly e Mignot (Berthod); Ndinga; Pedretti, Le Tallec e Birsa (Contout); Oliech (Quercia) e Jelen. Técnico: Jean Fernandez
Ele é o cara! Capitão do time, Benoit Pedretti é um verdadeiro meia-central. Ajuda na marcação, sai jogando com tranquilidade, ajuda na armação e, às vezes, até marca os seus golzinhos. Lídera a equipe.
Olho nele! No meio de vários compatriotas mais sabiam destruir do que construir, o esloveno Valter Birsa mostrou uma técnica apurada e um chute muito potente. Apesar de inconstante, merece ser marcado de perto.
Tem brasuca aí? Não tem
Pontos Fortes: O trio Pedretti-Birsa-Le Tallec pode surpreender numa jogada individual isolada ou num chute de fora da área. É uma equipe entrosada. A zaga é muito forte e dificilmente sofre muitos lances de perigo.
Pontos Fracos: Sente a ausência de um atacante renomado, que faça o adversário sentir-se pressionado. Sorín não passa confiança à equipe. Possui uma defesa que não sabe sair jogando com a bola. Haja chutões!

11.9.10

Especial Champions League 2010/11 - Grupo F

Chelsea
Agora vai?


O Chelsea dá início, mais uma vez, à sua busca pela tão sonhada taça da Champions, competição que é uma obsessão em Stamford Bridge. Há anos batendo na trave, é difícil dizer o que mais pode ser feito para que a equipe atinja o seu objetivo. Tem uma estrutura excelente, o elenco é grande e qualificado e o treinador, experiente e vencedor. Certamente atributos não faltam. Talvez apenas aquele que o dinheiro não compra: tradição, peso na camisa.

A base é a mesma que conquistou o inédito "double" na temporada passada, com a conquista da Premier League e a Copa da Inglaterra. Todos os setores da equipe contam com bons jogadores - nos últimos anos, no entanto, o clube sofreu com a lesão de muitos atletas, o que prejudicou o seu desempenho na reta final das competições, caso do meio-campista Essien. Alguns veteranos foram liberados, como Joe Cole, Michael Ballack, Ricardo Carvalho e Deco, mas que não devem fazer falta, enquanto o jovem brasileiro Ramires foi contratado - na única contratação de impacto.

E o início da temporada é promissor. Foram três jogos pela liga doméstica, com três vitórias, sendo duas goleadas por 6 a 0, e nenhum gol sofrido. Na última edição do torneio continental, teve o "azar" de enfrentar a futura campeã Inter de Milão logo nas oitavas de final, o que acabou custando ao Chelsea uma eliminação muito precoce.

Chelsea Football Club
Status: Favorito ao título
Melhor resultado na UCL: vice-campeão, em 2007/08
Time Base: Petr Cech; Paulo Ferreira, Terry, Alex e Ashley Cole; Obi Mikel, Lampard, Essien e Malouda; Drogba e Anelka. Técnico: Carlo Ancelotti
Ele é o cara! Mesmo entre tantos excelentes jogadores, o atacante Drogba se destaca. Alto, forte e técnico, o marfinense é goleador e oportunista. Em grande fase, já fez quatro gols em três jogos na atual temporada.
Olho nele: Sturridge é atacante da seleção sub-21 da Inglaterra e mostrou que tem faro de gol. Na temporada passada, correspondeu à confiança de Ancelotti balançando as redes nas oportunidades que teve.
Tem brasuca aí? Alex (zagueiro) e Ramires (meio-campista)
Pontos fortes: É uma equipe forte, com bons jogadores em todas as posições e experientes. Sabe utilizar as jogadas pelas laterais, principalmente pelo lado esquerdo, com Cole e Malouda. Tem um goleiro que passa tranquilidade ao time e vai muito bem nas jogadas pelo alto.
Pontos fracos: A ansiedade por nunca ter vencido a Liga dos Campeões ainda assombra o clube. Seu dono, o russo Roman Abramovich, não esconde de ninguém que o maior objetivo do time londrino é o torneio continental, o que só faz aumentar a já intensa pressão.


Olympique de Marselha
Que os títulos continuem


Depois de 18 anos de jejum, o Olympique de Marselha voltou a conquistar a Ligue 1 na temporada passada. Comandado por Didier Deschamps, ex-jogador da equipe campeã da Champions em 1992/93, o clube de maior torcida na França quer ir mais longe do que na edição passada, quando do ficou em terceiro num grupo que tinha Real Madrid e Milan. O sorteio para este ano foi mais generoso, e a expectativa é grande.

O argentino Lucho González continua a ser o maestro do Olympique, que perdeu o jovem Ben Arfa para o futebol inglês. Para compensar a sua saída, chegaram os atacantes André-Pierre Gignac, jogador que disputou a Copa do Mundo da África do Sul pela França e Loic Rémy, que se juntam ao brasileiro Brandão para compor o setor ofensivo. Conta em seu elenco com atletas experientes, como Heinze, Cheyrou, Cisse, além do jovem Ayew, grande destaque da seleção de Gana no Mundial africano. Briga com o Spartak pela segunda vaga na chave.

Olympique de Marseille
Status: Fase final
Melhor resultado na UCL: campeão, em 1992/93
Time Base: Mandanda; Azpilicueta; Heinze, Hilton e Taiwo; Cisse, Cheyrou e Lucho González; Rémy, Brandão (Gignac) e Ayew. Técnico: Didier Deschamps
Ele é o cara! Lucho González é um meia completo: defende e ataca com a mesma qualidade. Joga com a cabeça em pé e pega muito bem na bola. É o cérebro do time francês.
Olho nele: Filho da lenda africana Abedi Pelé, Ayew é um atacante muito rápido e habilidoso. Campeão mundial sub-20, foi um dos três indicados ao prêmio de melhor jogador jovem da Copa do Mundo (o prêmio ficou com o alemão Thomas Müller).
Tem brasuca aí? Elinton Andrade (goleiro), Hilton (zagueiro) e Brandão (atacante)
Pontos fortes: Deschamps conseguiu montar um time coeso, que sabe se defender com segurança. Possui uma boa mescla de jogadores jovens e experientes. Na frente, com boas opções, o treinador poderá escolher a melhor formação, dependendo do adversário.
Pontos fracos: É um time pouco tarimbado, principalmente para a segunda fase do torneio. O nível do Campeonato Francês é muito inferior ao da Liga dos Campeões, o que pode iludir o torcedor.

Spartak Moscou
Hora de voos mais altos


Maior vencedor do Campeonato Russo, o Spartak Moscou não levanta a taça desde 2001 - na temporada passada ficou com o vice, atrás do Rubin Kazan - mas teve o artilheiro da competição: o brasileiro Welliton, de apenas 23 anos, autor de 21 gols. Na atual temporada, o atacante já soma 15 gols - fez oito nas últimas quatro partidas. Aliás, é no setor ofensivo que a equipe tem a sua principal arma, que ainda conta com Alex, ex-Internacional, para auxiliar no ataque.

Como sempre, os times da Rússia têm um importante aliado na hora de jogar em casa: o frio. Constantemente as temperaturas beiram o 0ºC, com muita neve, o que certamente dificulta para o adversário, ainda que estejam acostumados a baixas temperaturas. Deve brigar com o Olympique pela segunda vaga, mas não pode contar apenas com os resultados no Estádio Luzhniki, em Moscou. Com as mudanças na Uefa, não precisou disputar as eliminatórias e entrou direto na fase de grupos do torneio continental.

Футбольный клуб «Спартак» Москва (Football Club Spartak Moscou)
Status: Liga Europa
Melhor resultado na UCL: semifinal, em 1990/91
Time Base: Sergei Pesyakov; Parshivlyuk, Stranzl, Suchy e Ivanov; Shyeshukov, Ibson, Kombarov, Alex e Bazhenov (Ari); Welliton. Técnico: Valery Karpin
Ele é o cara! Welliton começou a carreira no Goiás mas foi cedo para o futebol russo, onde mostrou seu potencial goleador. Tem 44 gols em 65 jogos pelo clube. Rápido e técnico, não joga fixo, movimentando-se por todo o campo.
Olho nele: O meia georgiano Jano Ananidze completa 18 anos apenas em outubro, mas já chamou a atenção dos clubes europeus, como o Arsenal. É o jogador mais jovem a fazer um gol no Campeonato Russo (tinha 17 anos e 8 dias na ocasião), e é uma das pérolas da equipe.
Tem brasuca aí? Aelx e Ibson (meio-campistas) e Ari e Welliton (atacantes)
Pontos fortes: Tem no setor ofensivo a sua principal arma, sendo o brasileiro Welliton o principal jogador. Equipe veloz, costuma se movimentar bastante para criar espaços para os homens da frente marcarem os gols.
Pontos fracos: Se o ataque é um trunfo, a defesa deixa a desejar. Situação que pode custar uma vaga na próxima fase, já que a equipe precisa conquistar pontos fora de casa se quiser a classificação.

Zilina
Oportunidade para ganhar experiência


O Zilina, atual campeão da Eslováquia, é uma equipe relativamente nova - somente em 1995 chegou ao nome atual, e é mais um time a fazer a sua estreia na fase de grupos da Champions. Para chegar nesse estágio, precisou passar pelo tradicional Sparta Praga, da República Tcheca, vencendo as duas partidas. Antes, já havia eliminado o Birkirkara, de Malta, e o Litex Lovech, da Bulgária.

Não deve impor muitas dificuldades aos rivais do grupo, mas pode ser tornar o fiel da balança para a classificação do Olympique e do Spartak. No campeonato local, mostrou ser uma equipe que ataca e defende com a mesma qualidade - foram 59 gols marcados e apenas 17 sofridos na conquista da temporada passada. Nessa primeira participação, jogam sem nenhuma responsabilidade. Ou seja, o que vier é lucro.

MŠK Žilina
Status: Zebra
Melhor resultado na UCL: estreante
Time Base: Dúbravka; Guldan, Pečalka, Piaček e Mraz; Rilke (Zosak), Baba'de, Jež e Majtan (Poliacek); Ceesay e Oravec. Técnico: Pavel Hapal
Ele é o cara! Róbert Jež é o capitão e líder incontestável do time, tendo sido considerado pela imprensa local o jogador mais importante na conquista do nacional. Meia de 29 anos, é um dos mais experientes da equipe.
Olho nele: Momodou Ceesay, nascido em Gâmbia há 21 anos, é um atacante alto e veloz, e já mostrou seu poder de fogo na competição. Nas fases eliminatórias, marcou gols contra o Litex Lovech e Sparta Praga, sendo que contra este último balançou a rede nas duas partidas.
Tem brasuca aí? nenhum
Pontos fortes: Por ser desconhecido e entrar sem nenhuma pretensão, pode acabar surpreendendo os adversários.
Pontos fracos: A inexperiência é um fator que pesa na Liga dos Campeões.

10.9.10

Especial Champions League 2010/11 - Grupo E

Bayern de Munique
Mesmo time, mais moral


Os bávaros cresceram na hora certa durante a última temporada e quase coroaram um ciclo perfeito. Campeões da Bundesliga e da Copa da Alemanha, faltou justamente o título da Champions, perdido sem contestação na final para a Inter. Porém, a filosofia do Bayern está praticamente intacta, já que a equipe pouco se movimentou na janela de transferências e ainda segurou suas principais peças, o que seguramente deixa o time no rol dos postulantes ao título continental.

Se o francês Franck Ribéry ainda está em baixa por conta do fiasco de seu selecionado na última Copa do Mundo, outros jogadores chegam com o moral elevado após o Mundial da África do Sul: o lateral e capitão da Alemanha, Phillip Lahm; o volante Bastian Schweinsteiger e o meia Thomas Müller aclamados como alguns dos melhores em suas respectivas posições durante a Copa, além de Robben. Mesmo não sendo tão participativo na campanha holandesa, esteve na final do torneio, que escapou por pouco da Oranje. Quando se recuperar da lesão - ficará fora dos gramados até o final de 2010 -, deve voltar a ser protagonista da equipe do técnico Louis Van Gaal, outro responsável pela ótima fase da equipe.

Apesar do mérito em manter a base, o Bayern deixou de se reforçar naquela que é a sua posição mais carente desde a aposentadoria de Oliver Kahn: o gol. Após o fiasco de Rensing, dispensado nesta temporada, a camisa 1 está a cargo do velho Butt, 36 anos, e que é apenas um arqueiro mediano. Na volta de jovens emprestados estão o zagueiro Breno, ex-São Paulo e que ainda não estourou no exterior, e o promissor Toni Kroos, 20 anos e que fez ótimo papel com a camisa do Bayer Leverkusen, do qual foi titular durante quase toda a última temporada na Alemanha.

Fußball-Club Bayern München e. V.
Status: Favorito
Melhor resultado na UCL: Tetracampeão (1973/74, 1974/75, 1975/76 e 2000/01)
Time Base: Butt; Lahm, Van Buyten, Demichelis (Badstuber) e Contento; Van Bommel, Schweinsteger, Ribéry e Müller; Klose (Gómez) e Olic (Kroos). Técnico: Louis Van Gaal
Ele é o cara! Em alta após a Chuteira de Ouro na Copa, Thomas Müller volta ao clube em boa fase. Já havia feito boa temporada em 2009/10 pelo clube bávaro. O meio-campo é técnico e tem muita qualidade na finalização ao gol.
Olho nele: Cria da base do Bayern, Toni Kroos foi emprestado ao Leverkusen para ganhar experiência. O saldo foi altamente positivo, já que o meia foi o quarto melhor assistente da última Bundesliga e escolhido para o time da temporada (12 assistências e nove gols em 33 partidas).
Tem brasuca aí? Breno (zagueiro)
Pontos fortes: Fortíssimo, do meio em diante. Muitos jogadores que tem o poder de resolver uma partida, como Ribéry, Robben, Müller e Schweinsteiger; possui diversas opções de goleadores natos (Klose, Gómez, Olic); o equilíbrio do lateral Lahm, que ataca e defende com qualidade.
Pontos fracos: Goleiro pouco confiável; poucas opções de segurança na zaga e nas laterais no elenco.

Roma
Chance para o imperador

Após uma temporada de ausência da competição europeia, a Roma retorna credenciada a segunda vaga nesta chave. E pode incomodar o poderoso Bayern. Na primeira temporada de Claudio Ranieri no comando da Roma, o técnico tirou a equipe de um desempenho irregular e colocou a equipe nos eixos, em campanha que culminou com o vice-campeonato. Apesar de ainda sofrerem da “Tottidependência”, outros jogadores conseguem segurar a barra quando o capitão e mito romanista está ausente. O lateral Riise se encaixou muito bem na equipe, que tem um meio campo técnico e brigador, com jogadores como De Rossi, Brighi, David Pizarro, Perrotta e Taddei. Vucinic, apesar de não ser brilhante, é um atacante muito útil. A maior perda para esta temporada foi o lateral direito Marco Motta, contratado pela Juventus.

Além de adquirir o zagueiro Burdisso em definitivo junto a Inter, a Roma trouxe bons reforços: o grandalhão Borriello, opção para o ataque, e os brasileiros Fábio Simplício e Adriano. Simplício é uma realidade no Calcio e evoluiu muito desde que deixou o Brasil, tornando-se um jogador mais completo, que sabe a hora de atacar e ajudar na defesa - mostrou isso no Parma e Palermo. Já Adriano vem credenciado pela temporada que fez no Flamengo, em 2009, na qual conduziu os rubro-negros ao título nacional, após 17 anos. Porém, o comportamento fora de campo coloca o retorno do Imperador ao futebol italiano em xeque. Outro que perdeu espaço na equipe foi o goleiro Doni. Queridinho de Dunga, o arqueiro se contundiu e viu Júlio Sérgio, ex-Santos, tomar o seu lugar e brilhar, sendo eleito como um dos melhores de sua posição na última Série A.

Status: Fase Final
Melhor resultado na UCL: Finalista, em 1983/84
Time Base: Júlio Sérgio; Cassetti, Mexes, Juan e Riise; Pizarro, De Rossi, Perrota (Fábio Simplício) e Totti; Menez (Adriano) e Vucinic
Ele é o cara! Aos 33 anos, Totti segue firme como referência da Roma. Em 2009/10, Il Capitano foi o artilheiro giallorossi, com 25 gols. Como quarto homem do meio ou como atacante, sempre se pode esperar uma jogada improvável ou um chute de qualidade do camisa 10.
Olho nele: Em um time com poucos jovens talentos, o atacante italiano Stefano Okaka pode, eventualmente, ganhar algumas chances no concorrido ataque romanista. Opção de velocidade, o jogador de 21 anos registra passagens pelas seleções de base da Itália.
Tem brasuca aí? Doni e Júlio Sérgio (goleiros), Cicinho (lateral), Juan (zagueiro) Taddei, Fábio Simplício e Júlio Baptista (meias) e Adriano (atacante)
Pontos fortes: Tem bom elenco, com opções para quase todas as posições, principalmente meio-campo e ataque; Totti é fator de desequilíbrio de uma partida.
Pontos fracos: Por vezes, dependem demais dos feitos de Totti; perderam boa opção na lateral direita com a saída de Motta.

Basel
Mes
cla que funciona

A exemplo da Roma, o campeão suíço volta ao torneio após uma temporada de ausência. Porém, o fato não fez com que a equipe investisse em reforços substanciais, mantendo a base campeã. Apesar do ataque doméstico avassalador (90 gols em 36 jogos), na Champions, o nível sobe. E os RotBlau pintam neste Grupo E como favoritos a seguir para a Europe League. Mas a briga com o Cluj parece nivelada. Inserido na competição desde a terceira fase pré-grupos, o Basel se classificou sem maiores problemas: nove gols em quatro jogos, todos vencídos pelos suíços diante dos húngaros do Debrecen e da surpresa Sheriff Tiraspol, da Moldávia.

Destaques para a dupla caseira formada pelos experientes Marco Streller a Alexander Frei. No meio, o Basel se reforçou com o volante marfinense Yapi-Yapo, para reforçar o sistema de marcação. O sangue jovem está na armação de jogadas, a cargo de Xherdan Shaqiri, 18 anos, e Valentin Stocker, 21 anos, titulares em grande parte da campanha da última temporada e autores de alguns dos gols na fase eliminatória deste torneio. Um dos destaques de Gana no último Mundial, Samuel Inkoom é um lateral voluntarioso no apoio e que defende razoavelmente bem. A boa mistura entre experiência e juventude é o maior trunfo do Basel.

Fussball Club Basel 1893
Status: Vaga na Europe League
Melhor resultado na UCL: Quartas-de-Final, em 1973/74
Time Base: Costanzo; Inkoom, Abraham, Atan e Safari; Huggel, Yapi-Yapo, Shaqiri (Fwayo) e Stocker; Streller e Frei. Técnico: Thorsten Fink
Ele é o cara! Desde que retornou do futebol alemão ao país natal, Marco Streller é o homem-gol do Basel. Foi o vice-artilheiro da última Swiss Super League, com 21 gols. Grandalhão (1,95m), tem como virtudes a força física e a eficiência na bola aérea.
Olho nele: Cria do clube, Valentin Stocker foi uma das peças-chave do Basel em 2009/10. O suíço de 21 anos marcou 12 gols na liga local, atuando tanto como meia aberto pela esquerda, quanto como primeiro atacante. Disputa sua segunda Champions – a primeira como titular.
Tem brasuca aí? nenhum
Pontos fortes: Além de uma base entrosada, conta com vários jovens talentosos no elenco; é forte na jogada aérea, com Streller e Frei.
Pontos fracos: Carece de um meia armador de ofício; a inexperiência dos jovens pode pesar na competição.

Cluj*
A volta do Drácula

Em sua segunda participação na Champions, o Cluj volta a cair no grupo da Roma, como em 2008/09. Na oportunidade, os Feroviarii - que além dos italianos encararam Chelsea e Bordeaux - chegaram a dividir a liderança da chave após as duas primeiras rodadas, ao segurar um empate com o Chelsea e bater a Roma em pleno Estádio Olímpico. Porém, o sonho virou fumaça com as quatro derrotas posteriores, que não serviram nem para uma vaga na então Copa da Uefa.

A experiência pode servir como aprendizado para os romenos, que vem se consolidando no país ao arrebatar seu segundo título nacional em três anos. A equipe, baseada na região da Transilvânia (famosa pela história do vampiro Drácula), tem condições de brigar pelo terceiro posto da chave, apesar de estar em desvantagem em relação ao Basel. Mas mãos do técnico italiano Andrea Mandorlini – com passagens por equipes médias/pequenas do Calcio – reforçou seu elenco com base em jogadores de passagem discreta pelo futebol na terra da bota: o meia De Zerbi (ex-Milan) e os atacantes Sforzini (ex-Udinese) e Bjelanovic (ex-Torino). Ex-Rosário Central e Porto, o meia argentino Tomás Costa é outra das novidades mais “conhecidas”. Porém, há 48 horas do início de sua participação nesta edição do torneio, os maus resultados no campeonato romeno derrubaram Mandorlini, substituído Sorin Cârtu. Uma mudança inoportuna, que certamente dificultará ainda mais o caminho do Cluj.

Fotbal Club CFR 1907 Cluj
Status: Zebra
Melhor resultado na UCL: fase de grupos, em 2008/09
Time Base: Nuno Claro; Panin, Piccolo, Cadu e Edimar; Muresan, Culio e Kivuvu; Bjenalovic; Hora (Costa) e Traoré (De Zerbi). Técnico: Andrea Mandorlini
Ele é o cara! Pouco aproveitado no Porto, o argentino Tomás Costa chega para ser o maestro que a equipe necessita. É a chance de recomeçar para o meia de 25 anos.
Olho nele: O holandês naturalizado angolano Dominique Kivuvu chegou nesta temporada ao Cluj tendo a versatilidade como sua maior qualidade. O meio-campo é importante na marcação e também na saída de bola com qualidade ao ataque. Só que Kivuvu começou sua passagem de forma curiosa: titular na disputa da Supercopa romena, marcou um gol contra e outro a favor na final vencida sobre o Unirea Urziceni, em julho.
Tem brasuca aí? Hugo Alcântara, Léo Veloso (zagueiros), Edimar (lateral), Anselmo Ramon e Rafael Bastos (meias)
Pontos fortes: Reforçou o setor mais carente da equipe para 2010/11: o ataque.
Pontos fracos: Novos jogadores ainda não se entrosaram e poucos jogadores que já disputaram competições europeias

*Texto modificado às 18:09 do dia 14/09, por conta da demissão do técnico do Cluj, Andrea Mandorlini.