29.7.10

A salvação passa pelo rival

Nesta 12º rodada do Brasileirão, marcada por quatro grandes rivalidades, ao menos em três delas, a salvação passa em derrotar o maior rival - já que o Vasco vem fazendo boa campanha pós-Copa. Para Atlético-MG, Grêmio (ambos na zona de rebaixamento) e Palmeiras (Felipão ainda não venceu após retornar ao clube), o clássico vale um pouco mais do que o usual.

Em má fase e com o técnico contestado, o Grêmio é o que vive a situação mais delicada. Há cinco jogos sem vencer, o Tricolor pode ter o trabalho “facilitado” pelo fato de o Inter poupar jogadores para a segunda partida da semifinal da Libertadores, diante do São Paulo, na próxima quinta. Ainda assim, o time vem atravessando série de culmina na pouca confiança de boa parte da equipe, externada principalmente na má fase do capitão e goleiro Victor nas últimas partidas. A suposta briga nos vestiários da Arena do Jacaré no domingo – negada por Silas e a diretoria – mostra que o clima no elenco está longe do ideal.

O Atlético-MG fez muitas contratações interessantes – como Diego Souza e Daniel Carvalho, por exemplo – mas o técnico Vanderlei Luxemburgo não conseguiu achar a forma ideal de encaixá-los no esquema do Galo. São três jogos sem vencer e uma amarga penúltima colocação diante de um Cruzeiro mais entrosado e que ainda briga para entrar no G4 do campeonato.

Dentre os clubes brasileiros, o Palmeiras é o que vem fazendo os investimentos mais volumosos. Primeiro, a repatriação de Kleber e Felipão, depois o retorno de Valdívia – que ainda não foi regularizado e não atua no clássico. Ainda assim, o Palmeiras ainda não venceu na “era Felipão”(três partidas). Em contrapartida, enfrenta o rival líder do campeonato e que estreará o novo treinador – fator que pode ser vantajoso para o Verdão, além dos desfalques de Roberto Carlos e Dentinho. Mesmo com mando palmeirense no clássico do Pacaembu, o Corinthians tem retrospecto favorável atuando no estádio: mão perde desde a derrota para o Náutico, válida pelo Brasileirão de 2009, em novembro.

Por isso, mais do que nunca, vencer o rival pode dar um gás extra para as equipes no Brasileirão, que ainda está em seu primeiro quarto de duração. Uma reação a essa altura é importante para as pretensões desses clubes no prosseguimento do campeonato.

27.7.10

Marco zero

A tão esperada renovação começou a ser feita na Seleção Brasileira. Na primeira convocação de Mano Menezes como treinador do Brasil, apenas quatro jogadores que estiveram na Copa do Mundo da África do Sul (Daniel Alves, Thiago Silva, Ramires e Robinho) foram chamados para o amistoso contra os Estados Unidos, derrubando a média de idade de 29 (elenco da Copa) para 23 anos. Mas ao mesmo tempo que essa convocação mostra muita coisa – como a tal renovação e o olhar mais atento aos jogadores que atuam no país -, ela também não mostra que o treinador irá descartar totalmente todo o elenco do último Mundial. Afinal, atletas como Júlio César, Maicon, Juan e Kaká, por exemplo, serão ponte importante para os novos e mais inexperientes convocados que virão.

Diria que a convocação do ex-técnico do Corinthians para o selecionado canarinho teve acerto de 90%. Mano acertou em testar futuros valores da equipe olímpica (os garotos do Santos, o lateral Rafael e o goleiro Renan), além de chamar algumas figuras que mereciam ser lembradas (David Luiz e Hernanes) ou deficientes em relação ao time de Dunga (como os laterais esquerdos). Contudo, pecou na chamada de dois goleiros longe de seu melhor momento na carreira (Jefferson e o capitão gremista Victor, que atravessa má fase), além da estranha preferência por Jucilei – polivalente, mas reserva no Corinthians – em lugar de Elias, que o técnico conhece tão bem e que atravessa boa fase há muito tempo.

Há de se destacar também a escolha dos volantes: ao contrário dos engessados Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué e Kléberson, os eleitos de Mano se destacam pela versatilidade. Sandro (o único primeiro volante de ofício), além de Hernanes, Lucas e Jucilei, que podem exercer a função. Ganso surge como o “Kaká” da equipe, atuando mais centralizado.

No mais, foram boas escolhas. Sempre lembrando que o time deve começar a tomar forma na última parte desse ano – com o Campeonato Brasileiro caminhando para o fim e o início da temporada europeia - já se pensando na base que disputará a Copa América de 2011, disputada no mês de julho, na Argentina, o primeiro grande desafio do novo comandante.

Os convocados de Mano:

Goleiros:
Jefferson (Botafogo)
Renan (Avaí)
Victor (Grêmio)
Laterais:
André Santos (Fenerbahçe)
Daniel Alves (Barcelona)
Marcelo (Real Madrid)
Rafael (Manchester United)
Zagueiros:
David Luiz (Benfica)
Henrique (Racing Santander)
Réver (Atlético-MG)
Thiago Silva (Milan)
Meio-campistas:
Carlos Eduardo (Hoffenheim)
Éderson (Lyon)
Hernanes (São Paulo)*
Jucilei (Corinthians)
Lucas (Liverpool)
Paulo Henrique Ganso (Santos)
Ramires (Benfica)
Sandro (Internacional)*
Atacantes:
Alexandre Pato (Milan)
André (Santos)
Diego Tardelli (Atlético-MG)
Neymar (Santos)
Robinho (Santos)

*O vencedor do confronto entre São Paulo e Inter, pela semifinal da Libertadores, não cederá seu respectivo atleta, em detrimento da final do torneio, um dia antes do amistoso.

25.7.10

Ciclos de Mano

O anúncio de Mano Menezes como o novo técnico da Seleção não pegou ninguém de suspresa, e de um ponto de vista geral do mundo do futebol brasileiro, foi bem aceito. E mesmo com um currículo no futebol inferior ao de Muricy Ramalho, achei a escolha do ex-técnico do Corinthians mais acertada que a do comandante do Fluminense, neste momento.

Mano fracassou em seu maior desafio no Corinthians em 2010: a conquista da Libertadores. Porém, guardadas as devidas proporções entre Corinthians e Brasil, ele é mais qualificado para comandar uma reestruturação, como fez no clube de Parque São Jorge e no Grêmio, em 2005.

Depois do rebaixamento da elite do futebol brasileiro, a base do Corinthians foi construída a partir do desempenho abaixo do esperado no Paulistão de 2008 – ficou fora da fase final – e do vice-campeonato da Copa do Brasil daquele ano. Com o time consolidado, passeou na Série B e trouxe, com folgas, o Corinthians de volta à primeira divisão.

Em 2009, mostrou que foi capaz de fazer o time jogar bem e obter bons resultados, com o time que conquistou o Paulistão e a Copa do Brasil, que tinha como características a dinâmica do meio-campo formado por Cristian, Elias e Douglas e o ataque operário formado por Dentinho, Jorge Henrique e Ronaldo, com os dois primeiros também ajudando na marcação.

No Grêmio, fez trabalho semelhante. Assumiu a equipe pouco após o rebaixamento para a Série B, em 2005 e a conduziu até uma final de Libertadores em 2007. Um trabalho de dois anos e nove meses no tricolor gaúcho e outro de dois anos e meio no alvinegro paulista, com resultados satisfatórios e clubes reerguidos.

Em relação ao trabalho com os jovens, Mano mostrou mais tato que Muricy durante a carreira. Já o técnico do Fluminense sempre apostou em times de solidez defensiva, compactos e eficientes. Só utilizava jovens valores da base quando era estritamente necessário, principalmente no São Paulo, que mesmo com uma das melhores estruturas de categorias de base, só lançou o zagueiro Breno pelas mãos do treinador.

No trato com a imprensa – uma das marcas negativas da era Dunga – Mano é conhecido pelos jornalistas pelos discursos diretos e sem rodeios. Algo que, de certa forma, é importante para o técnico de Seleção Brasileira: tranquilidade para trabalhar. Apesar de ter adotado uma postura mais tranquila no Flu, Muricy sempre foi conhecido pelo trato explosivo com a imprensa. Muitas vezes com gratuidade, assim como aconteceu com Dunga, em várias oportunidades.

Mano deixa o Corinthians pela porta de frente. Ironicamente, tudo terminará para o técnico exatamente como começou: em uma partida contra o Guarani. Em 17 de janeiro de 2008, esteve em seu primeiro jogo no comando do Timão, na vitória contra o Bugre por 3 a 0, pelo Paulistão. Neste domingo, 25 de julho, o mesmo Guarani marcará sua despedida.

Para trás, Mano deixará um Corinthians muito diferente do que encontrou. Um time que deu a volta por cima no futebol e voltou ao seu lugar de direito, com o treinador como um dos principais arquitetos desta mudança. E o bastão foi passado para outro bom técnico da nova geração: Adílson Batista, de longo e bom trabalho realizado em mais de dois anos de Cruzeiro. Corinthians e Seleção estarão bem comandados. Resta saber até onde ambos vão neste novo desafio em suas carreiras.

24.7.10

Sonolência no quarteto paulista

O zagueiro Leandro marca no empate contra o São Paulo
O Grêmio Prudente ainda não perdeu no pós-Copa

Após a parada do Campeonato Brasileiro para a realização da Copa do Mundo, o futebol dos grandes clubes do Estado de São Paulo definitivamente piorou. Juntos, os quatro grandes acumulam neste retorno um pífio desempenho: 2 vitórias, 3 empates e 7 derrotas. Não à toa, o clube do Estado que mais pontuou nestas três primeiras rodadas, foi o Grêmio Prudente...

Seguindo a tabela, a situação menos alarmante é a do Corinthians. Atual vice-colocado, o Timão encontra-se apenas um ponto atrás do líder Fluminense e certamente está na briga pelo título. A surpreendente derrota para o Atlético Goiano, porém, acendeu a luz amarela no Parque São Jorge.

Sem Felipe no gol, a defesa corintiana não passa a mesma segurança já que nem Júlio César, nem Bobadilla apresentam o mesmo nível técnico. E se no meio, Elias não mostra os encantos de outrora, as coisas ficarão ainda piores com a ida de Mano Menezes para o comando da Seleção. Afinal, as coisas andam tão estranhas, que até Chicão já perdeu dois penaltis...

O Palmeiras também apresenta defeitos crassos. Apresentando zagueiros lentos e laterais (Vitor, Gabriel Silva e Armero) com bom poder ofensivo, mas que deixam muitos espaços nas costas, felipão terá muito trabalho para reerguer o Verdão. Isso, sem falar da presença da “bomba-relógio” Kleber, que mesmo sendo um grande atacante pode colocar tudo a perder num momento decisivo. O cruzeirense que o diga.

Pior ainda encontram-se Santos e São Paulo, clubes que realizam um dos dérbis da 11ª rodada. Donos das piores campanhas dentre os 20 competidores desde o retorno, ambos desconversam afirmando que encaram o torneio numa espécie de “aquecimento” para os derradeiros duelos na Copas do Brasil e Libertadores, respectivamente. Mas com esse futebolzinho, é melhor o torcedor não empolgar-se...

Os atuais campeões paulista não conseguem repetir o sucesso do primeiro semestre já que os Meninos da Vila parecem muito mais vislumbrados com a oportunidade de sair do país do que jogar bola. Até Robinho parece ter esquecido o bom futebol em algum lugar da África do Sul. O Tricolor, por sua vez, consegue o que parecia impossível: mostrar um estilo de jogo pior do que o do primeiro semestre. A fase é tão ruim que até a aclamada e “intransponível” zaga do time do Morumbi recebe críticas.

Na contramão dos paulistas, Internacional e Avaí são os grandes protagonistas do momento. Retornaram muito bem, atuando com personalidade e mesmo nos momentos que não foram brilhantes, souberam arrancar bons resultados.

23.7.10

Por que levar os jovens?

O ex-técnico da Seleção Brasileira, Dunga, não levou os jovens santistas para a Copa do Mundo da África do Sul por alegar que Neymar e Paulo Henrique não haviam sido testados no escrete nacional. Sei que o Mundial já passou, mas é difícil esquecer que o fracasso poderia ter sido, se não evitado, pelo menos dificultado.

Além do fato de o próprio treinador não ter nenhuma experiência até então (como exigir a mesma coisa dos jogadores?), há inúmeros exemplos que provam que vale o risco apostar numa jovem promessa, mesmo para uma Copa do Mundo, que concordo ser o maior torneio de futebol do mundo. E não é preciso ir muito longe buscar um atleta nessas condições.

A Espanha foi campeã do mundo sem contar com Fernando Torres em forma. Para o seu lugar, Vicente Del Bosque foi testando algumas opções até que, na semifinal, colocou o barcelonista Pedro Rodriguez (18). Com 22 anos, seu primeiro jogo oficial com a camisa da Roja foi simplesmente a semifinal do Mundial, no duelo contra a Alemanha. O segundo, a final contra a Holanda.

E jogou bem, não sentiu a pressão. É claro que há riscos em se levar alguém jovem, que não tem experiência na Seleção. Mas quando eles estão arrebentando, e, mais que isso, quando não há opções melhores, eles têm que ir. Simples assim.

Enquanto isso, na equipe brasileira, tínhamos Grafitte e Kléberson, pra ficar só neles, jogadores que não estavam bem em seus clubes e que só entraram durante os jogos para dar uma espécie de resposta aos críticos de Dunga, que ainda afirmou que fechou a convocação em março, depois do amistoso contra a Irlanda, dois meses antes do anúncio oficial. O que foi feito, ou pior, o que não foi feito por alguns jogadores, não foi levado em conta na definição dos 23 escolhidos para jogar a Copa.

O resultado, todos vimos.

16.7.10

Numa fria

No processo de reformulação do elenco do Palmeiras, um duro golpe: na calada da noite, o Palmeiras anunciou a venda do bom meia Cleiton Xavier ao Metalist Kharkiv, da Ucrânia. É claro que esta é uma negociação cheia de nuances, como um dos últimos atos do desaparecimento da Traffic do futebol palmeirense – entre os titulares do atual elenco, apenas o zagueiro Danilo pertence à parceira.

Mesmo com a pressão da parceira, o jogador também tem voz em uma eventual negociação ao exterior. É fato que pesou o lado financeiro para o meia de 27 anos, que em 90 jogos pelo Palmeiras, marcou 16 gols em pouco mais de um ano e meio de clube. Mas uma ida ao time que está se consolidando na disputa como a terceira força do país é vantajosa para um jogador que se fizesse um bom Brasileirão, poderia jogar por uma equipe de mais expressão?

O jogador afirmou que havia deixado seu destino nas mãos do empresário e da Traffic, já que tinha o sonho de atuar no futebol europeu, seja onde fosse. Ao saber do time ucraniano, Cleiton admitiu até mesmo um ponta de surpresa com o destino desconhecido. Já era tarde.

O Metalist Kharkiv foi terceiro colocado nas ultimas quatro Vyscha Liha (o Campeonato Ucraniano), nunca venceu um campeonato nacional (sequer nos tempos de União Soviética) e o único título de sua história foi a Copa da União Soviética de 1988, longínquos 22 anos distantes. Apesar de ser a segunda maior cidade da Ucrânia, no cenário do futebol Kharkiv está distante de Kiev, e na última década, Donetsk. E se apresenta em um cenário que tal polarização não mudará tão cedo, já que se trata das cidades que tem as equipes mais ricas do país (Dínamo e Shakhtar).

Na teoria, a liga ucraniana é a sétima no coeficiente da Uefa, à frente de destinos escolhidos por brasileiros como Portugal e Turquia. Na prática, é um campeonato pouco visto ate mesmo na própria Europa. E o Metalist Kharkiv é desconhecido, já que apenas faz aparições esporádicas e sem brilho na Copa da Uefa (atual Europe League). Quando o atleta ruma para o Dínamo de Kiev ou o Shakhtar Donetsk, há a esperança (ou a desculpa) de títulos locais, além da aparição numa vitrine como é a Champions League.

Outra aquisição recente do futebol ucraniano foi a do atacante André, peça fundamental no Santos de Dorival Júnior, de ótima aparição neste primeiro semestre. Enquanto o Santos parece fazer de tudo para não ceder às tentações das propostas por Neymar, o Santos não hesitou em aceitar uma proposta de 8 milhões de euros do Dínamo de Kiev pelo jovem talento, que poderia ter futebol e paciência para esperar por uma proposta mais vantajosa, tanto financeiramente, quanto para sua carreira, já que André está prestes a completar 20 anos.

É difícil contra-argumentar contra valores tão exorbitantes. Mas ao contrário do futebol árabe, a maioria da mão de obra brasileira que ruma ao leste europeu é formada por jogadores de enorme potencial ou já consagrados em grandes clubes do Brasil. Lá estão jogadres como Alex, Ilsinho, William, Fernandinho, Jádson, entre outros. O que me faz pensar que poderia haver um pouco mais de paciência de empresários e procuradores, que parecem querer empurrar o jogador para a região de qualquer jeito.

Ou Cleiton e André terão que penar algumas temporadas até serem vistos por uma equipe de porte médio de um grande centro europeu ou voltam daqui um ano, provavelmente por empréstimo, a algum time do Brasil, alegando na difícil adaptação no frio da região. Não vejo alternativas diferentes.

14.7.10

A Seleção da Copa

Com um relativo atraso, graças a alguns debates entre os muitos membros do blog, o Opinião FC elegeu a seleção da Copa do Mundo. E olha que ela não contém o polvo Paul, a modelo Larissa Riquelme ou a instável Jabulani... Confira:

Goleiro: Casillas soube superar as críticas e a falha no jogo inicial para fechar a meta espanhola. Cresceu na hora certa. Sofreu apenas 2 gols durante toda a competição, agarrando um decisivo penalti cobrado por Cardozo e realizando uma finalíssima segura, sem sustos.

Laterais: Lahm talvez tenha sido o único atleta que esteve entre os melhores dos torneios de 2006 e 2010. Agora na direita, liderou a defesa alemã e mostrou eficiência tanto no ataque quanto na marcação. Sem um destaque nato no lado canhoto, o destaque foi o português Fábio Coentrão. Meia de origem, primou pela regularidade e pelo bom poderio ofensivo. Sempre aparecia para tabelar com Cristiano Ronaldo.

Zagueiros: Grata surpresa, Alcaraz exemplifica o belo desempenho da zaga paraguaia. Técnico, evita balões desnecessários, tem bom posicionamento e cabeceia muito bem. Até gol, ele marcou. Piqué foi outro jogador que mostrou grande recuperação e não se abalou com sua fraca estreia. Aguerrido, anulou os principais nomes adversários com muita raça e disposição. Muitas vezes deu o sangue pela Fúria. Literalmente.

Meio-campistas: Originalmente ponta-de-lança, Schweinsteiger atuou mais recuado como volante e não fez feio. Destruía sem cometer faltas e saía jogando com tranquilidade. Têm argentinos que devem ter pesadelos com ele. Até as semifinais, Sneijder fora o jogador mais regular da Copa. Quando caiu de produção, a Holanda tornou-se uma equipe comum. Dono de uma técnica apurada, sempre bate com maestria na bola.

Apoiadores: O Nationalelf claramente sentiu a ausência do jovem Müller na derrota para a Espanha. Veloz, a revelação do campeonato ajuda a fechar espaços no meio, contribui na articulação de jogadas e aparece na frente para finalizar. Decisivo, Iniesta sempre apareceu quando a Espanha mostrava dificuldades em superar seu rival. Chilenos e paraguaios que o digam. Esforçado, mesmo não estando 100% fisicamente, esbanjou habilidade e inteligência. Foi premiado, merecidamente, com o gol do título.

Atacantes: Sumido nas duas últimas partidas, Villa carregou o ataque espanhol nas costas. Correu, saiu da área quando preciso e mostrou muito oportunismo ao corresponder às expectativas e balançar as redes por cinco vezes. Ao seu lado, Forlán, o atacante-armador que levou o Uruguai ao incrível quarto lugar. Adaptou-se muito bem aos efeitos da Jabulani e marcou pelos gols de fora da área. Aliando criatividade, técnica e garra, não fora eleito pela Fifa consagrado como craque da Copa à toa. Genial.

Técnico: Oscar Tabárez e superou as limitações técnicas da equipe e alcançou a fase final. Teve uma incrível visão ao notar que o esquema 3-5-2 levaria seus comandados ao fracasso e adaptou sua equipe com primor, suprindo a deficiência de sua não possuir um grande armador.

Independentemente destes nomes supracitados há outros atletas que também não podem ser esquecidos pelo nível que demonstraram. Stekelenburg, por exemplo, calou a boca dos críticos que não tinham confiança em seu trabalho. Já Lúcio, salvou-se da mediocridade apresentada pelo Brasil e anulou importantes atacantes que a Seleção Canarinha enfrentou. A mobilidade de Xavi também foi importantíssima para a Espanha chegar ao caneco. Assim como Honda, que mostrou muita agilidade e disciplina tática para liderar os japoneses. Isso sem falar em Asamoah Gyan, Özil, Boateng, Vittek, Rafa Márquez, Sergio Ramos, Benaglio, Kuyt... enfim, destaques não faltaram.

13.7.10

A hora e a vez do Brasil

POR SHEILA MOREIRA

A Copa do Mundo da África do Sul terminou e todos os brasileiros se mostram muito empolgados com o fato de sediarmos o próximo Mundial. As expectativas são múltiplas, mas o fator realmente preocupante é que ninguém parece se lembrar de que a Copa de 2014, na verdade, já começou em outubro de 2007, quando a Fifa anunciou que o Brasil sediaria o próximo Mundial.

Assistindo ao documentário "Fahrenheit 2010" (2008), sobre os preparativos para a Copa da África do Sul, parei para pensar nos prós e contras de sediar um evento de tão grande porte. A questão é que somos o próximo da fila e muitos elefantes brancos serão criados. Na África, muitas pessoas foram retiradas de suas habitações para a construção de estádios em um país em que o futebol não é a preferência nacional. Ponto para nós, já que aqui é “o país do futebol” e não vamos questionar o evento do ponto de vista esportivo. No entanto, não podemos deixar de pensar nas questões econômicas e políticas que há por trás da Copa.

O que vemos até o momento é uma grande festa, como foi visto no lançamento do logo da próxima Copa , quando Ricardo Teixeira disse para o mundo se preparar para "sair de 2014 um pouco mais brasileiro". Não é isso que queremos, pois a onda Bafana Bafana será esquecida logo, talvez já na semana que vem, quando não houver mais Copa do Mundo. Mais do que ninguém, o povo brasileiro quer o Mundial, porém, infelizmente, pouco saberá dos bastidores. O governo já disse que projetos previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderão ser adiantados para ajudar na preparação do torneio - tomara que esse dinheiro seja utilizado de forma justa.

Por esse e por outros motivos, recomendo "Fahrenheit 2010", para reflexões sobre o antes, o durante e o depois da Copa, afinal também temos Olimpíada pela frente.

11.7.10

Estrela no peito, corações em Fúria

Sem amarelar, Espanha se impôs e ratificou a condição de melhor equipe do mundo, iniciada com a conquista da Euro 2008

Acabou o estigma. Apesar do amarelo em sua bandeira, o título da Copa do Mundo é vermelho. De paixão, de aplicação, de bom futebol. Campeã europeia e do mundo. Com justiça, a Espanha entra no restrito grupo das seleções campeãs mundiais. Um trabalho realizado com planejamento, sem mudanças bruscas – mesmo com a mudança de treinador após a Eurocopa de 2008. A vitória da técnica sobre a força. É importante ter um elenco de jogadores aplicados (ou "guerreiros", como se vende por aí). Mas não é necessário se pautar apenas nisso, quando há um montante de jogadores técnicos e talentosos. E o título da Espanha provou isso.

Na Copa do Mundo da África do Sul, a Espanha foi constante, desde a inesperada derrota diante da Suíça, que atiçou os críticos da Fúria, que precocemente viram na derrota diante do anti-futebol do ferrolho suíço um prenúncio de uma nova “amarelada” espanhola, que nos últimos mundiais chegava com bons nomes, mas que não conseguiam produzir em prol da equipe, como um todo.

Na finalíssima disputada no belo Estádio Soccer City, cada um jogou como vinha atuando na Copa: a Espanha tomava as iniciativas ofensivas sem afobação, tocando a bola e pensando o jogo, como em um tabuleiro de xadrez; a Holanda, pragmática, esperava o adversário no campo de defesa, apostando na dinâmica de Robben e Sneijder. E só. E mesmo tardia, a vitória premiou quem mais procurou vencer a partida, como mostraram as boas entradas de Jesus Navas e Fàbregas na partida - apesar do equívoco na substituição de David Villa por Fernando Torres.

Com a bola nos pés, como sempre, a Espanha começou com a iniciativa da partida e a Holanda parecia cometer o erro da Alemanha na semifinal: ficar acuada na defesa, vendo a Espanha tocar e achar uma brecha na defesa adversária. Porém, a Holanda viu que tal tática a condenaria na partida e passou a diminuir os espaços desde a defesa espanhola. Mas para isso, deixou aflorar o jogo violento de seus defensores. De Jong e Van Bommel devem agradecer ao árbitro Howard Webb por terminarem a final em campo. Até o habilidoso Sneider saiu de suas características e cometeu diversas faltas durante a final

Na segunda etapa, a Espanha permanecia com a iniciativa de atacar e a Holanda adotou os contra-ataques, com a volúpia gradual da Fúria em resolver a partida. Robben perdeu chance incrível, defendida por Casillas - um dos personagens desta final. A Espanha pecava em hesitar na finalização ou no preciosismo com a bola, como Iniesta fez em algumas oportunidades. Robben tentava algumas ações, enquanto Sneijder, sumido em boa parte da partida, era perigoso apenas executando passes no miolo de zaga adversário.


A pressão espanhola, finalmente, deu resultado com a expulsão de Heitinga, já na prorrogação. Com as três substituições feitas, a Holanda ficou com um buraco na defesa e não suportou ao ímpeto ibérico. Tanto que no gol do título, quem afastou o cruzamento de Fernando Torres e tentou bloquear o chute heróico de Iniesta foi o meia Van der Vaart.

Em meio ao mix de emoções por um inédito título mundial, uma emocionante homenagem do elenco espanhol ao defensor Dani Jarque, do Espanyol, que morreu de um mal súbito em agosto de 2009. Jogadores de Barcelona, Real Madrid, Valencia e Sevilla, entre outros, lembravam o colega. Outra prova do coração pulsante deste elenco, onde Casillas já chorava copiosamente com o gol, que viria a ser o da primeira Copa do Mundo vencida pela Fúria.

A vitória da Espanha reflete um pouco o encantamento que muitos de nós tivemos com o Barcelona campeão de tudo em 2008/09. Seis jogadores daquele time fantástico foram titulares neste domingo (o sétimo culé era o recém-contratado David Villa). Tal fato mostra que uma seleção campeã, primordialmente, tem que se basear em jogadores que estão em bom momento, em detrimento de se montar um elenco apenas com jogadores de confiança. A Espanha é, de fato, a merecida e comprovada campeã do mundo.

Bola dentro: Forlán melhor da Copa

Candidatos a melhor da Copa, Robben, Sneijder e Villa pouco apareceram na grande final. Iniesta teve ótima participação e foi eleito como o melhor em campo, mas pecou em muitos momentos por não fazer o trivial.

Em decisão surpreendente – considerando os padrões Fifa – o atacante Diego Forlán foi eleito o melhor jogador da Copa. Decisão acertada da entidade, em minha visão, se considerarmos que o uruguaio foi o principal jogador da equipe mais limitada tecnicamente entre as quatro finalistas e que jogou bem e com versatilidade. Ora como atacante, ao lado do bom Luís Suárez, ora como enganche (armador de jogadas), deixando Cavani em seu lugar no comando de ataque. Thomas Müller, também com justiça, foi eleito como a revelação, além do prêmio Bola de Ouro concedido ao artilheiro. Mesmo empatado em cinco gols na tabela de artilheiros da Copa com Villa, Forlán e Sneijder, dos pés do camisa 13 saíram três assistências para gols do ataque mais positivo deste Mundial.

Por um lugar no clã dos campeões mundiais

Finalmente, após 63 partidas conheceremos o novo campeão mundial. Novo em todos os sentidos, já que Espanha x Holanda trata-se de uma final entre duas equipes que jamais foram campeãs da Copa, fato que não acontecia desde 1978, quando Argentina e a própria Oranje – ainda com boa parte da base da Laranja Mecânica de 1974 – decidiam quem entraria para o restrito rol de campeões mundiais, que atualmente conta com apenas sete seleções: Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, Inglaterra e França.

A Espanha, caloura em finais, tenta ratificar que o seu bom futebol não morrerá na praia – estigma parcialmente dissipado nos últimos anos. Já a Holanda, muito menos brilhante que a geração de quase quatro décadas atrás, pode dar ao país um título que já poderia estar na prateleira de uma das seleções que sempre é bem cotada nas competições em que participa.


Espanha
Cartada final

A Espanha chega ao fim de sua caminhada, que começou na Europa há pouco mais de dois anos atrás: a campanha da Eurocopa, que culminou com o título merecidíssimo diante da Alemanha – derrotada novamente nas semifinais da Copa. Mesmo não praticando um futebol tão vistoso quanto na época da Euro, a Fúria evoluiu. Agora comandada por Vicente Del Bosque, a equipe tem uma zaga mais fortalecida com a entrada de Piqué e a proteção de Sérgio Busquets, ao passo que ficou mais frágil com a não renovação na ala esquerda, que mantém um Capdevilla não tão eficiente quanto o voluntarioso lateral da campanha continental.

No meio campo, que se dá ao luxo de ter Fàbregas como opção no banco, Busquets e Xabi Alonso – este com mais liberdade – carregam o piano para que a afiada dupla do Barcelona possa brilhar: Xavi e Iniesta resumem técnica, obediência tática e eficiência na armação de jogadas. O ataque é menos letal, mesmo com Villa em ótima fase. Torres vive mal momento físico e técnico, enquanto Pedro, talentoso atacante e que deve entrar como titular, ainda peca pelo preciosismo em alguns momentos. Ainda assim, a posse de bola da Espanha (sempre superior a do adversário nas seis partidas espanholas até aqui) mantém o adversário mais longe da meta de Casillas.

Campanha na Copa: 5V e 1D – 7 gols marcado e 2 sofridos
Time base: Casillas; Sérgio Ramos, Pique, Puyol e Capdevilla; Busquets, Xabi Alonso, Iniesta e Xavi; Villa e Torres (Pedro)
Destaques: Candidato a artilheiro do Mundial, David Villa é o maior arrematador da Copa, até aqui: 16 chutes ao alvo, cinco gols.
Olho nele: A má fase de Torres pode dar nova chance para Pedro Rodríguez. O atacante infernizou a vida da defesa alemã na semifinal e pode ser de grande valia para desarticular a rígida linha defensiva holandesa com sua velocidade, abrindo espaço para Villa, Xavi e Iniesta.
Pontos fortes: Além da segurança do trio defensivo Ramos/Pique/Puyol, bem guardados por Busquets, Villa atravessa grande fase. Ao lado de Pedro, pode desequilibrar o confronto contra uma eficiente Holanda.
Pontos fracos: Como time que mais arrematou ao gol (103 vezes em seis jogos), a pontaria espanhola mostra-se péssima. Dos sete gols na competição, cinco foram de Villa, o que mostra a ineficiência dos outros membros da equipe nesse quesito. Capdevilla terá que avançar pouco, já que o perigoso Robben deverá atuar naquele setor.
História: Na história, apenas em duas oportunidades uma seleção ganhou uma Eurocopa e uma Copa do Mundo consecutivamente: a Alemanha Ocidental (campeã europeia em 1972 e do mundo em 1974) e a França (campeã do mundo em 1998 e da Europa em 2000). A Espanha pode repetir o feito, já que conquistou a Euro de 2008.
Curiosidade: Na briga pela artilharia da Copa, David Villa quebrará recordes caso marque gols na final: com um tento, já terá se tornado o maior artilheiro espanhol em uma edição de Copa, superando o consagrado Emílio Butragueño, que marcou cinco tentos na Copa de 1986. De quebra, igualará a marca de Raúl como o maior artilheiro de todos os tempos da Fúria, ao chegar aos 44 gols.


Holanda
Eficiência premiada

Se os holandeses haviam encantado o mundo na década de 70 com a “Laranja Mecânica” do técnico Rinus Michels e de Cruyff e Neeskens, a equipe que chega à final da Copa de 2010 também pode ser considerada “mecânica”. Mas não pelo perfeito funcionamento do esquema de “Futebol Total”, característico dos vice-campeões de 1974 e 1978, e sim pela eficiência do time no campo de jogo. A Holanda não encheu os olhos, mas sempre se manteve fria nos momentos capitais de sua campanha no Mundial, como na partida diante do Brasil, após rever o placar adverso do primeiro tempo, após os piores 45 minutos holandeses no torneio.

Auxiliado por ídolos recentes da história, como Phillip Cocu e Frank de Boer, o técnico Bert van Marwijk criou uma equipe eficiente e pragmática. A competitividade holandesa nos últimos anos não pode ser ignorada: a equipe emplaca uma sequência de 10 vitórias consecutivas, iniciada no amistoso contra os Estados Unidos, em março. A última derrota, foi em um amistoso contra a Austrália, em setembro de 2008, o que significa uma invencibilidade significativa de 25 partidas.

Nesta Copa, se não tinha defensores tão confiáveis ou a segurança de Van der Sar no gol, do meio-campo em diante, a Oranje mesclava eficiência e talento. Operários, Nigel de Jong e Mark Van Bommel “carregam o piano” para que Robben e Sneijder – que já haviam brilhado na temporada europeia antes da Copa com Bayern de Munique e Inter de Milão, respectivamente – possam se destacar. Dirk Kuyt é o “faz tudo” da equipe, que peca por improvisar Robin Van Persie como centroavante. Mesmo não reeditando boas jornadas em campo, a volta de Robben no final da primeira fase - ao lado de Sneijder (candidato a melhor jogador da Copa) são os maiores trunfos deste time, de frieza impressionante

Campanha na Copa: 6V – 12 gols marcados e 5 sofridos
Time base: Stekelemburg; Van der Wiel, Heitinga, Ooijer e Van Bronckhorst; De Jong, Van Bommel, Sneijder, Robben e Kuyt; Van Persie
Destaques: Fato incomum, o meia Sneijder briga pela artilharia da Copa com Villa. Um dos melhores deste torneio, está com a sorte ao seu lado: o gol contra de Felipe Melo veio de um chute despretensioso seu, assim como o segundo gol contra o Uruguai, no qual Muslera colaborou. Na faixa central de campo, arremata bem e é capaz de dar passes precisos de média e longa distância.
Olho nele: Caso precise de mais velocidade nas jogadas de segunda etapa, a Holanda pode recorrer a Eljero Elia. O jovem meia de 23 anos entrou em cinco das seis partidas da Oranje na Copa. Van Marwijk pode adiantar Kuyt como centroavante e deixar Elia aberto em um dos flancos, dando mais qualidade na parte ofensiva da equipe.
Pontos fortes: A variabilidade de jogadas com o meio campo, com Kuyt, Robben e Sneijder é a maior força da equipe, que isola como centroavante um ineficiente Van Persie. Nesta Copa, a falta de pontaria que falta aos meias espanhóis sobra nos holandeses. Dos 12 gols na Copa, oito são do trio.
Pontos fracos: A zaga sofre com jogadores mais dinâmicos, como no primeiro tempo do jogo diante do Brasil, onde Robinho e Luís Fabiano infernizaram a defesa laranja.
História: Seleção que mais convocou irmãos na história dos mundiais (René e Willy van de Kerkhof, em 1974 e 1978; Frank e Ronald de Boer, em 1994 e 1998 e Erwin e Ronald Koeman, em 1990), a Holanda de 2010 pode ser campeã com outro tipo de relação familiar: o técnico Bert van Marwijk é sogro do volante Mark van Bommel.
Curiosidade: Sneijder pode ser o primeiro europeu a conquistar os quatro títulos mais importantes que um atleta pode vencer em uma única temporada: Copa do Mundo, campeonato continental (Libertadores ou Champions League), campeonato nacional e copa nacional/campeonato regional. Entre os sul-americanos, os jogadores do Santos de 1962 (Pelé, Pepe, Gilmar, Mauro Ramos, Zito e Coutinho conseguiram o feito, ao conquistar o Paulista, Taça Brasil (análogo ao Brasileiro), Libertadores e Copa do Mundo.

10.7.10

Alemanha, com méritos, é a 3ª da Copa

Apesar do abatimento por não ter conseguido a vaga na final e da disputa pelo 3º lugar servir praticamente como prêmio de consolação, Uruguai e Alemanha fizeram um bom jogo neste sábado, no Estádio Nelson Mandela, em Porto Príncipe. E os europeus confirmaram o favoritismo, vencendo por 3 a 2.

Destaque para os gols de Forlán e Müller, que deve ficar com o prêmio de melhor jogador jovem da Copa, com justiça, que chegaram a cinco gols e se juntam a Sneijder e Villa no topo da artilharia. Klose, com dores nas costas, não pôde jogar - realmente deve estar lesionado, pois é impensável que não tentaria ao menos igualar o recorde de 15 gols em Copas, que fica com o aliviado Ronaldo.

Merece menção também, mas negativamente, o goleiro uruguaio Muslera, que falhou nos dois primeiros gols alemães. Tivesse num dia melhor, os sul-americanos poderiam ter tido um resultado melhor. Como era esperado, a Alemanha começo melhor, dominando a bola, dando os contra-ataques ao adversário, e fez um gol relativamente cedo. Depois, no entanto, parou de jogar, e o Uruguai melhorou, passou a controlar a partida, e chegou ao empate e virada com justiça, com um belo gol de Forlán, melhor do time na Copa, sem dúvidas.

O segundo gol uruguaio acordou os tricampeões, que voltaram a pressionar e a não deixar o rival respirar com a bola. Parecido com o que a Espanha havia feito na semifinal: marcação por pressão, no campo do adversário, o que deixa a bola mais perto do gol. Sem conseguir sair para o jogo e com mais uma falha de Muslera, os bicampeões tomaram a virada, e quase empataram no último lance do jogo, quando Forlán, sempre ele, bateu uma falta na entrada da área, mas a bola caprichosamente explodiu no travessão.

A campanha alemã, de melhor ataque do Mundial, com 16 gols, deixa uma certeza: vão dificultar, e muito, a conquista do hexa brasileiro na Copa do Brasil, em 2014. É um time muito jovem, com muitos jogadores bons e que têm tudo para melhorar ainda mais. Mostrou um futebol que ninguém imaginava que o time europeu pudesse apresentar - leve, criativo, goleando - responsabilidade, principalmente, de Schweinsteiger e Özil. Ballack deveria evitar uma situação chata e se aposentar da seleção, já que claramente não fez nenhuma falta e já não parece ter clima com os companheiros, como ficou claro com a declaração de Lahm, que não quer deixar de ser o capitão.

O desempenho uruguaio, por sua vez, pode ser comemorado. Depois de se classificar na repescagem, surpreendeu na competição - saiu como líder de um grupo difícil e valorizou a vitória holandesa na semifinal, além de proporcionar talvez o lance mais emocionante - e controverso - da Copa, com a defesa de Suárez que impediu o gol de Gana e a consequente eliminação sul-americana.

8.7.10

10 coisas que devemos saber sobre as vuvuzelas

Amadas e odiadas ao mesmo tempo. Se há um legado que a Copa do Mundo deixará às pessoas, a vuvuzela certamente será um deles. Presente há algum tempo na cultura sul-africana, não houve quem não falasse, ao menos uma vez, sobre seu uso. Quando os amantes de futebol em geral foram apresentados à ela, na Copa das Confederações de 2009, não se tinha a menor ideia do que seu impacto causaria. E o objeto ultrapassaria nossa compreensão de apenas ser um zumbido contínuo para ganhar o mundo. No bom e no mau sentido. Veja algumas das coisas que talvez, você não soubesse que uma simples corneta pudesse ser/causar:

A origem
Apesar de sua evidência na Copa do Mundo de 2010, a vuvuzela remete ao folclore e a antiguidade do continente africano. Sua “parente” era feita com o chifre de kudu (uma espécie de antílope nativo da África) e era usado para convocar os membros da tribo para uma reunião, anúncios ou o sinal para o início de uma batalha.

O nome
Outra controvérsia sobre a vuvuzela é quanto ao significado de seu nome. Alguns dizem que vem do zulu (fazer vuvu, uma onomatopéia para barulho). Já o “disseminador moderno” do instrumento na África do Sul, o empresário e ex-zagueiro Neil Van Schalkwyk – proprietário dos royalties sobre o nome – disse que o significado para o nome é “borrifar e lavar você com barulho”. No período de Copa do Mundo, o Google registrou aumento na procura do termo “vuvuzela” em 650%.

O som
Quando tocada, uma vuvuzela produz um som monocórdico (constante, invariável, monótono). Segundo a revista New Scientist, ela produz uma frequência de 235 Hertz – o que quer dizer que o lábio vibra 235 vezes por segundo. A intensidade do barulho pode chegar a 120 decibéis, equivalente a um show de rock, uma sirene de ambulância ou uma turbina de um jato. O volume que o ouvido humano suporta sem chances de causar problemas de audição está entre 80 e 90 decibéis. A analogia ao som produzido por várias vuvuzelas em campo vai de um enxame de abelhas até o estouro de uma manada de elefantes

Popularização
Mesmo com controvérsias da disseminação da “vuvuzela moderna”, ainda se atribui a sua criação ao torcedor do Kaiser Chiefs, Freddie Maake, na década de 1960. Maake afirma que adaptou a parte metálica de uma buzina de bicicleta, retirando a parte de borracha na qual se aperta para fazê-la tocar. Achando o novo instrumento muito curto, ele prendeu um cano ao objeto de metal. Porém o objeto começou a ser barrado em estádios, já que poderia machucar outras pessoas. Assim ela começou a ser produzida em larga escala pela Masincedane Sport, no início da década, toda em plástico – a empresa produz a vuvuzela “oficial”, licenciada pela Fifa para o Mundial de 2010.

Defensores
O uso de um dos símbolos da Copa da África do Sul não é apenas alvo de críticas. Muitas personalidades defendem ou elogiam a atmosfera de festa que a vuvuzela proporciona ao mundo do futebol. Entre eles, o atacante Peter Crouch classificou o instrumento como “brilhante”; o técnico Carlos Alberto Parreira disse “amá-las”; o zagueiro ganês John Pantsil comemorou seu aniversário com bolo, cerveja e vuvuzelas; o meia Wesley Sneijder afirmou que não se incomoda com o barulho e pediu respeito à tradição, assim como o presidente da Fifa, Joseph Blatter; o atacante nigeriano Ogbuke Obasi apelou para a diversão que o objeto traz.

Críticos
Em número bem maior em relação aos defensores e amantes do instrumento, os críticos alegam, entre outras coisas, o barulho ensurdecedor e a dificuldade de comunicação entre atletas e técnicos dentro de campo. Pelé a classificou de “terrível”; Cristiano Ronaldo a acha “irritante”; jogadores da Argentina a culparam pelo gol sofrido diante da Coreia do Sul, quando o zagueiro Demichelis não ouviu os colegas lhe avisarem que vinha um adversário em sua direção para roubar a bola; o zagueiro suíço Senderos acha o ruído do objeto “incômodo”; o shopping da cidade de Bloemfontein, na África do Sul, proibiu que o objeto foi tocado em seu interior; em Pamplona, terra da festa de San Fermín (aquela da famosa corrida de touros) foi proibido o uso, visando o bem estar dos turistas e da população local.

Tecnologia a serviço da vuvuzela
A popularização da vuvuzela fez com que seu som fosse ouvido ou evitado de várias formas. Desde simples protetores auriculares, passando por diversos softwares que prometiam filtrar o som da vuvuzelas das transmissões de TV. Redes de televisão como a inglesa BBC, a portuguesa Meo e a francesa Canal +, após reclamações dos telespectadores, minimizaram o impacto do barulho do instrumento sul-africano. Físicos da Alemanha e da Croácia ofereciam programas grátis que eliminavam o som e deixavam o ambiente habitual de um estádio. Na era digital, o usuário do iPhone tinha opção de baixar o iVuvuzela, aplicativo criado por holandeses que já registrou mais de 1 milhão de downloads.

Vuvuzelas podem ser prejudiciais à saúde
“Tudo demais é veneno”, já diria a sabedoria popular. Com as vuvuzelas, não é exceção. A sul-africana Yvonne Mayer teve irritações sérias na garganta após participar de um “concurso de sopradores de vuvuzela” na Cidade do Cabo. No Zimbábue, um homem brigou com três adolescentes pelo objeto e acabou perdendo a visão de um dos olhos, após ser espancado pelos jovens. Além dos exageros, os médicos alertam que “compartilhar” a vuvuzela pode fazer com que os usuários contraiam germes e bactérias causadores de doenças por via aérea ou oral.

Valor de mercado
Em média, uma vuvuzela tradicional da África do Sul pode custar de 50 a 70 rands (cerca de R$ 12 a R$ 17). Porém, o “criador” da vuvuzela moderna, Neil van Schalkwyk, alerta para a invasão de objetos fabricados na China, que chegam a custar quase 50% menos. Porém segundo o jornal sul-africano Mail & Guardian, 90% do instrumento em circulação no país da Copa tem origem chinesa, que chega a cobrar, em seu modelo mais simples, pouco mais de cinqüenta centavos de real no atacado.

Outros “usos”
Dois traficantes peruanos aproveitavam-se do formato do instrumento para algo engenhoso e criminoso: esconderam 120 papelotes de maconha dentro de diversas vuvuzelas, que seriam vendidas a estudantes de uma escola em Lima, no Peru. A polícia local descobriu o truque e pegou os gatunos no pulo. Na Áustria, um ourives local resolveu inovar, ao decorar uma vuvzela com diamantes e ouro branco, que foi vendida por 17 mil euros para um cliente russo. O objeto será dado como presente a um parceiro de negócios sul-africano do comprador. Com certeza, vai agradar. Resta saber se ela será “tocada” pelo feliz novo proprietário. E quem disse que o som monótono da vuvuzela não pode ser musical? A banda sul-africana Sergeant Fu fez uma verdadeira ode ao instrumento, com uma música homônima com clipe largamente difundido no Youtube e afins. Ainda no país-sede da Copa, a Vuvuzela Orchestra mostra que é possível “domar” o objeto e extrair melodias surpreendentes do objeto. E a iniciativa é existente muito antes da febre do Mundial: no carnaval de Johannesburgo de 2006, a trupe fazia sua primeira performance.

7.7.10

Semifinais - Parte 2

Por Alexandre Azank e André Augusto

Alemanha
Renovação é teu nome

O que dizer da surpreendente Alemanha? Uma seleção jovem, com um técnico jovem e que carrega a experiência de disputar a fase semifinal pela décima segunda vez em dezessete Copas.

Menos badalada do que Inglaterra, Itália, Espanha, Brasil e Argentina, a seleção alemã levou para a África o que tem de melhor na Bundesliga; Bundesliga que diante do Calcio, da Premier League e de La Liga pode ser considerada inferior tecnicamente.

Os alemães têm sim grandes talentos individuais, porém o conjunto se sobrepõe a eles. As peças se encaixam. De todos os jogadores, o que demonstra menos intimidade com a pelota é Boateng, uma ironia em se tratando de um descendente de africanos, que, na teoria, deveria ser um dos mais habilidosos. Schweinsteiger, volante, meia avançado, carregador de piano ou sei lá como quiseram chamar, desequilibra! Isso graças ao treinador, que encontra espaço para deixá-lo jogar sob a proteção de Khedira e o apoio de Podolski e Thomas Müller, grande desfalque desta semifinal. O atleta do Bayern de Munique tem apenas 21 anos e carrega um sobrenome comum entre os alemães, sobrenome que no futebol nos remete a Gerd Müller, um dos maiores craques germânicos e que defendeu a seleção nas copas de 1966, 1970 e 1974. Ele tem tudo para escrever o “seu”Müller na história também, caso o NationalElf avance.

Para o bem da seleção, Özil apareceu neste Mundial e deu ainda mais ritmo para a saída de bola. Ele não retém o jogo como Ballack, substituído por Khedira - mais jovem e mais tático entre defesa e ataque - e com isso o as jogadas fluem com mais facilidade.

A perspicácia de Joachim Löw em armar uma equipe rápida e que joga coletivamente surpreende. O nó tático alemão dado em cima dos argentinos contou com velocidade em contra-ataques, passes precisos e defesa bem armada. Contra a Espanha, que gosta de reter a bola, a tendência é uma Alemanha a espera do bote. Um time frio, que aguarda um erro do adversário para massacrá-lo. O interessante das vitórias alemãs é que a equipe procura o gol e busca consolidar a vitória ao invés de abrir o placar e se limitar a chutar a bola para as laterais.

O embate entre espanhóis e alemães tem tudo para ser memorável diante de duas escolas tão tradicionais e antagônicas. Nesse momento, a camisa de quem já levantou o caneco três vezes pode mais uma vez fazer a diferença, pois a Alemanha sempre será a temida Alemanha. Mesmo mais jovializada.

Espanha
Continuidade é teu nome

Há pouco mais de dois anos, Espanha e Alemanha decidiam a Eurocopa. Mas se a Alemanha manteve o técnico e (por contusão e necessidade) teve que rejuvenescer a equipe, a Espanha trocou de técnico (Luís Aragonés deu lugar a Vicente Del Bosque) e manteve a base campeã europeia em 2008. Da equipe que atuou na maior parte da competição continental, apenas três mudanças: Marchena deu lugar a Piqué na zaga, Busquets entrou no lugar de Marcos Senna na cabeça de área, além de Iniesta efetivado no meio-campo, em lugar de David Silva – Xavi passou a fazer o lado esquerdo do setor. Naquela finalíssima, Fàbregas havia entrado em lugar do contundido Villa, deixando Torres como único atacante de ofício.

Para o tira-teima, desta vez em solo sul-africano, Torres – em má fase – pode dar lugar a um meio-campista, em outra das coincidências que cercam a partida. Só que a equipe de Del Bosque valoriza ainda mais a posse de bola em relação a de Aragonés, o que às vezes torna as ações da Fúria um pouco monótonas, já que a equipe procura a menor brecha para atacar com seus talentosos atletas com paciência, por vezes, excessiva.

Além das boas investidas de Xavi e Iniesta, a ótima fase do artilheiro David Villa é a grande arma da Espanha. O lado esquerdo, guardado por Capdevilla – pior tecnicamente do que há dois anos – é a maior fraqueza da equipe, que se fortaleceu no miolo de zaga, com a boa dupla do Barcelona formada por Puyol e Piqué. A dinâmica do time alemão, muito ágil do meio pra frente e com uma zaga lenta, além dos constantes avanços de Lahm na direita, podem facilitar o trabalho espanhol, uma equipe que se porta melhor em campo quando seu adversário também se lança ao ataque – vide a dificuldade com times compactos defensivamente como Suíça e Paraguai.

*Relembre a análise tática de Espanha x Alemanha, na final da Eurocopa de 2008 clicando aqui e fazendo eventuais comparações com a semifinal desta Copa.

6.7.10

A terceira Laranja

Não deu para o Uruguai. O favoritismo se fez valer e a final da Copa é europeia. Após um jogo tecnicamente truncado com poucas chances claras de gols para ambas as equipes, os holandeses esperaram a retranca uruguaia e venceram por 3 a 2.

Mais uma vez a Oranje soube ser decisiva. Longe de mostrar um futebol que encanta os olhos do público, a equipe mostrou eficiência e frieza. Sendo mais incisiva e controlando as ações da partida, a Laranja Mecânica aproveitou o primeiro vacilo da marcação sul-americana para abrir o placar, com um petardo de Van Bronckhorst. E mesmo depois de a Celeste igualar o jogo, num chute de Forlán, também de fora da área, os europeus mantivearam a serenidade.

Daí entra o dedo do treinador. No intervalo, Bert Van Marwijk percebeu que o rival estava muito acuado e aproveitou-se disso para lançar o técnico Van der Vaart no lugar do insosso De Zeeuw. A substituição surtiu efeito. Assim, Sneijder, muito bem anulado até o momento, conseguiu arranjar mais espaços para atuar. Não à toa, fora ele o autor do segundo gol e o mentor do terceiro, no qual Kuyt aproveitou seu passe para cruzar na cabeça de Robben.

Os uruguaios, por outro lado, sentiram a ausência de Suárez. Além de Cavani ter se mostrado infinitamente mais fraco que o titular, sem Forlán um pouco mais recuado a Celeste atuou sem um homem cerebral no meio-campo. Ponto negativo para Óscar Tabárez, que poderia ter modificado a situação ainda no início da segunda etapa, promovendo a entrada de Loco Abreu no lugar dos apagados Álvaro Pereira ou Gargano. Ao ver o empate conquistado nos primeiros 45 minutos, o entrenador preferiu não arriscar. Pagou caro.

Ainda assim, a performance uruguaia foi digna de elogios. Mesmo com peças individualmente mais frágeis, nunca faltou disposição e garra aos bicampeões mundiais. Raçudos, chegaram a diminuir a vantagem com um gol de Maxi Pereira. Mas era tarde demais. Méritos para os holandeses que, apesar de não mostrarem um futebol espetacular, são decisivos, intelectualmente equilibrados e disciplinados taticamente.

Semifinais - Parte 1

Por Thiago Barretos e Arthur Kleiber

Uruguai e Holanda abrem as semifinais da Copa em situações totalmente opostas. Apesar de ser detentora de dois títulos mundiais, a Celeste chega como zebra, já que nem o mais fanático hincha suporia que a seleção chegaria tão longe. A Oranje, por sua vez, finalmente correspondeu às expectativas de favoritismo e agora, briga para levantar seu primeiro caneco.

Uruguai
O retorno do 4-4-2

Sem contar com Fucile, Suárez e Lugano (única dúvida), Oscar Tabárez promoverá a entrada de Martin Cáceres, Gargano e Godín, respectivamente. Dessa maneira, a equipe sai do 4-3-1-2 e volta ao habitual 4-4-2. Assim, Forlán, que vinha sido aproveitado como armador, retorna a sua posição de origem fazendo dupla com Cavani.

Essas substituições deverão ter impacto no estilo de jogo uruguaio. Mais compacta, a Celeste conseguirá conter o toque de bola holandês com maior eficiência. O problema é que sem o atleta colchonero mais recuado, a bola chegará ao ataque em menor frequência e pior trabalhada, já que o meio-campo sul-americano já mostrou ser muito mais brigador do que criativo.

Caso alguém contribua na marcação de Kuyt pela direita, Maxi Pereira poderá ser uma boa válvula de escape da equipe, uma vez que, pelo lado esquerdo, Cáceres limitar-se-á a marcar Robben. Na zaga, o líder Lugano fará falta. Com sua ausência, o Uruguai perde experiência, determinação e poder de intimidação.

Apesar dos desfalques, a Celeste pode surpreender. Forlán está em grande fase e precisa de apenas uma oportunidade para marcar. Além disso, a zaga adversária é lenta e suscetível a contra-ataques. Mesmo sendo tecnicamente mais limitado que Suárez, Cavani dará trabalho.


Holanda
Pragmatismo para vencer

A Holanda entrou com oito jogadores pendurados para enfrentar o Brasil nas quartas de final, mas perdeu apenas dois com o segundo cartão amarelo: o lateral Van der Wiel e o volante De Jong. Em seus lugares devem entrar Boulahrouz e De Zeeuw, respectivamente. Recuperado de lesão, o zagueiro Mathijsen deve retornar ao time titular, no lugar de Ooijer.

Mudanças que não devem alterar a forma de jogar da única equipe que venceu todos os seus jogos na Copa do Mundo. O time irá atuar da mesma forma que fez contra o Brasil - provavelmente (e esperam os torcedores) como no segundo tempo. Uma vitória sobre o Brasil sempre traz moral e confiança para uma equipe, e com os holandeses não é diferente. O duelo das quartas também deve ter mostrado que a equipe tem que entrar 100% ligada desde o começo.

Ironicamente, o uruguaio Suárez, artilheiro do Campeonato Holandês, está suspenso e não joga, o que é bom para os europeus. Como o adversário deve jogar recuado, esperando o espaço para o contra-ataque, a Oranje vai precisar de paciência. Robben deve ser bastante acionado, para tentar furar a defesa com uma jogada individual. Sneijder é o responsável por fazer a bola rodar e chegar em condições para os atacantes, ou ele mesmo, chutar ao gol. Com a defesa fechada e com um goleiro que não inspira muita confiança (Muslera), o chute de longa distância pode e deve ser explorado.

O homem a ser marcado de perto, claro, é Forlán, que deverá jogar mais adiantado. Em boa fase, um único vacilo diante do sul-americano pode ser fatal. Apesar de ainda não ter mostrado um futebol vistoso até agora, o pragmatismo tem dado certo, e é pensando assim que Bert van Marwijk vai orientar sua equipe. 1 a 0 é goleada e garante o mais importante: a vaga na grande final.