31.10.07

Noite de festa no Morumbi

Como já era previsto o São Paulo pode e deve se sagrar campeão hoje no Morumbi contra o rebaixado América. Nada mais justo que coroar um bom planejamento com o quinto título brasileiro. Foi se Mineiro e Josué, mas apareceram Hernanes e Richarlyson. O torcedor tricolor ainda pode sentir falta do uruguaio Lugano, mas o garoto Breno não deixa nada a desejar. Aliás, deve ser a revelação deste campeonato nacional.

Outro que está se revelando um ótimo conquistador de títulos é o bravo e competente Muricy Ramalho. Para falar bem verdade ele já poderia estar faturando seu terceiro título nacional se não acontecesse aquele escândalo com a arbitragem em 2005, que prejudicou o Internacional, time dirigido por ele na época.

E estou aqui destacando o trabalho do Muricy principalmente pela matéria que eu li hoje na Folha com o zagueiro Breno, que destacou o temperamento do treinador: “Ele é muito sério e dá muitas broncas”. Isso me fez lembrar um filme que assisti há um tempo atrás, Duelo de Titãs, em que o treinador (Denzel Washington) regia com mãos de ferro uma equipe de futebol americano. Aqui não é diferente, pois o Muricy vitorioso conseguiu transformar uma equipe sem grandes medalhões em aguerridos jogadores. Quem vê o São Paulo jogando pode observar que a marcação começa com Aloísio, Borges e companhia e vai terminar com as orientações de Rogério Ceni. Quando é para atacar os volantes não se fazem de rogado. Hernanes e Richarlyson são ótimas opções no ataque. O conjunto funciona, a equipe vence.

O interessante é que se conquistar o título com quatro rodadas de antecedência o tricolor paulista já começa a se planejar para a próxima temporada, ou seja, já estara um passo na frente de seus adversários.

O restante do campeonato vai ser emocionante até a última rodada, contrariando os defensores do mata-mata. Alerta máxima para a equipe corintiana, que tem cinco finais consecutivas para se livrar do rebaixamento. E a briga acirrada de Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio e Flamengo para as três vagas restantes para a Taça Libertadores da América.

30.10.07

E o preço... quem vai pagar?

Ricardo Teixeira durante a entrega do caderno de encargos para Joseph Blatter

Ontem, em Zurique, foi dado o veredito mais óbvio dos últimos cento e tantos anos de cerimônias da Fifa. O Brasil, candidato único, foi confirmado como organizador da Copa do Mundo de 2014.

A “caravana da alegria” – alegria para não ser mais enfático com termos como bandidagem, picaretagem e corrupção – assistiu de camarote ao evento, aguardando ansiosa para abocanhar sua fatia do bolo ou, no mínimo, para “roubar” a cereja do bolo do vizinho. E as disputas já estão a todo o vapor. Em jogo quatro grandes pedaços: as sedes da abertura, da final, dos jogos do Brasil e do local onde ficarão o conselho da Fifa e o centro de transmissões e imprensa. Candidatos fortes não faltam e todos já sabem o nome dos principais: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O problema é o preço que esses locais terão que “pagar” para comerem o pedaço mais "gostoso" dessa bolada... ops, quis dizer bolo.

José Serra está exigente e declara que faz questão da abertura, de uma grande participação de seu estado na Copa das Confederações de 2013, além do centro de imprensa e geração de imagens e da sede da Fifa. Pergunta interessante: será que os executivos

internacionais da entidade máxima do futebol preferem se alojar na “Paulicéia Desvairada” ou nas praias de Copacabana ou Leblon? Trabalho árduo ao governador! O que interessa mesmo é que até lá serão duas eleições nacionais (2010 e 2014) e, com elas, Copa do Mundo será muito usada nos palanques do nosso país.

O Governo - até então sob o domínio do PT, novo aliado forte de Ricardo Teixeira – promete que se encarregará da infra-estrutura necessária para receber o evento. Apesar, que isso é o mínimo que podemos esperar do Estado. Também esperamos que a população não seja conivente e não feche os olhos para a possibilidade da corrupção que isso poderá gerar. No entanto, o pior de tudo: de hoje até 2014, Ricardo Teixeira reinará absoluto.

A pior figura do futebol brasileiro será o “rei da cocada preta” e todos, isso mesmo, todos que quiserem “ganhar” algo com a Copa terão que se sujeitar ao “beija mão” do mais nefasto ditador cartola que os gramados já puderam produzir. Em declaração ao jornal “O Globo” afirmou que já espera as críticas, mesmo porque “nem Jesus Cristo escapou delas”. Porém, sobre ele não pairam apenas críticas, mas denúncias e provas contundentes de uma CPI; já nas mãos e nas ações do Ministério Público Federal. Enfim, é esperar e saber o preço que todos terão que pagar.

Pode parecer que sou contra a realização da Copa no Brasil, muito pelo contrário, sou a favor e estou muito animado como amante do futebol, mas temos que ficar atentos e de olhos bem abertos a isso e a todas as ações dos nossos políticos e as do EXCENLENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE da CBF DOUTOR RICARDO TEIXEIRA. Cabe a cada um aceitar o que acha que deve. Espero que a intolerância esteja em alta nos próximos sete anos.

29.10.07

New blood, old Devils

Nani, um dos ícones da revitalização do Manchester United, comemora mais um gol.

O Manchester United vem crescendo de produção rapidamente nessa temporada 2007/08. Após um começo duvidoso, deveras agonizante, onde os Red Devils só conseguiram marcar mais de um gol de partida apenas no oitavo jogo oficial (contra o Chelsea por 2 a 0, jogando mal), o time de Sir Alex Ferguson começa a se acertar. Nos últimos quatro jogos, a equipe atuou com apenas um volante de origem - Paul Scholes, até o jogo contra o Dínamo de Kiev, semana passada e Owen Hargeraves no jogo de sábado, contra o Middlesbrough – e o brasileiro Anderson, meia ofensivo de origem, por vezes até atacante na breve passagem pelo Porto, na meia cancha da equipe. Para muitos, um desperdício de talento numa posição tão ingrata como teoricamente é a de volante. Na prática, durante os quatro jogos em que o brasileiro atuou “improvisado”, foram 16 gols marcados e três sofridos. Uma belíssima dor de cabeça aos adeptos da volantização do futebol moderno (Dunga que o diga).

Mesmo sendo essa uma mudança tática forçada pelas contusões de Carrick e Hargreaves (e de Scholes, posteriormente), Ferguson encontrou uma função tática que servisse bem aos tipos de jogador que o Manchester possui em seu elenco. Como enfatizou o parceiro Dassler Marques em seu post a respeito do United ("Uma proposta diferente, 20/10"), Anderson se posicionou na faixa central do campo e foi o responsável pela saída de bola com qualiadade para os “homens criativos” da equipe, Cristiano Ronaldo e Giggs, ou mesmo efetuava boas chegadas próximas a área, encostando em Tevez e Rooney. Quando o adversário tinha a posse de bola, Anderson apenas compunha a linha de quatro do meio campo, não precisando ser efetivamente um marcador.

Essa experimentação, que vem dando mais do que certo até aqui, pode ser um dos diferenciais que faltaram ao Manchester United na reta de chegada da temporada passada, quando a falta de opções do elenco e as diversas contusões fizeram com que o Manchester fosse eliminado pelo Milan na última Champions League e chegasse estafado ao final da Premier League, da qual ainda conseguiu se sagrar campeão. O português Nani e Anderson, como dito acima, vem demonstrando ser ótimas opções para Ferguson, quando Ronaldo ou o experiente Giggs não puderem atuar. No ataque, em lugar do aposentado Solskaer, o arisco Tevez vem formando uma parceria quase perfeita ao lado de Wayne Rooney. De características parecidas, os dois avantes se revesam no comando de ataque, com uma propensão maior do inglês jogar em meio aos zagueiros adversários, enquanto Carlitos cava espaço pelos flancos do campo. Ainda há a opção de Saha, se este conseguir sair do departamento médico de uma vez por todas.

Aliado ao sangue novo no ataque, as boas investidas de Evra pela esquerda, a solidez da zaga com Ferdinand e Vidic (com Pique como ótima opção, em caso de contusão) o esforçado Brown fechando o lado direito e o polivalente O’Shea dão o tom deste time, que mesmo com poucas contratações impactantes e apostando em promessas, dá o tom de renovação e de sangue novo que tanto faltou a equipe nas últimas temporadas.

27.10.07

Cadê o 9?

A França tem Henry. A Itália, Toni. A Espanha, Torres. A Argentina, Crespo. A Holanda, Van Nistelrooy. A Alemanha, Klose. E no Brasil, quem é o camisa nove de ofício?

Depois da decepção na Copa do Mundo, onde Ronaldo e Adriano mostraram-se ineficientes, a Seleção está a espera do seu fazedor de gols. Dunga já testou o velocista Sóbis, o habilidoso Robinho, o folclórico Vagner e o desconhecido Afonso, mas o espírito do matador não se incorporou aos seus respectivos estilos de jogo. Dunga segue dando preferência para Love, que não corresponde à altura, marcando poucos gols, tanto por ineficiência dele próprio, quanto do meio-campo criativo.

Mas esse mal não se restringe apenas aos convocados para a seleção canarinho. O Campeonato Brasileiro mostra escassos centroavantes na tábua de artilheiros. Josiel segue nas cabeças, mas entre os primeiros aparecem muitos meio-campistas como o uruguaio Acosta, Thiago Neves e o polivalente Paulo Baier. A falta de um centroavante é tão latente que o terceiro colocado na artilharia do campeonato (até 26/10) era André Lima, que saiu do Botafogo há mais de três meses, vendido ao Hertha Berlin. Os 12 gols de Lima só foram alcançados recentemente pelo seu ex-companheiro de ataque, Dodô.

Mas o fenômeno não é exclusivo do Campeonato Brasileiro. A exceção de Kaká, que faz as vezes de segundo atacante no Milan, não há um jogador fazendo muitos gols no Velho Continente. Os melhores marcadores e mais conhecidos do grande público são Luís Fabiano (Sevilla), Liédson (Sporting) e Afonso (Heerenveen), mas que neste momento não tem nenhuma chance de figurar cantando o hino nacional junto aos titulares.

O torcedor espera um novo messias (ou mesmo o velho, como Ronaldo em forma), que nunca chega. Dunga não acena com a possibilidade de testar outros jogadores na posição e os adversários do Brasil não precisam se preocupar em marcar o atacante. Cadê o 9?

PS: Texto originalmente redigido para o Mídia Esportiva, projeto de TCC de André Augusto e Felipe Brisolla. Em breve, mais detalhes sobre o site.

25.10.07

De Queluz, eu passo

Estive acompanhando a tábua de classificação do Campeonato Brasileiro de 2007 e deparei-me com um fato no mínimo inusitado. Nesta quinta edição por pontos corridos, não vemos, pela primeira vez, ao menos uma equipe carioca seriamente ameaçada pelo rebaixamento. Ver um carioca lutando para não cair tornou-se algo comum.
Os céticos certamente não concordarão e tentarão lembrar-me de que o Vasco, atual 12º colocado, ainda tem chances de cair já que está a apenas 5 pontos da chamada “Zona da Morte”. Mas, se compararmos o razoável plantel do time da Colina com seus respectivos adversários, verificamos como esta hipótese beira o absurdo.
A ascensão do Flamengo no Campeonato Brasileiro deste ano mostra a evolução intelectual dos dirigentes cariocas. Após um pífio início na competição, os flamenguistas não entraram em desespero e ao invés de trazerem um balde de contratações duvidosas (no melhor estilo pacotão do Corinthians), preferiu investir um dinheiro maior em dois ou três nomes que chegassem com no hall de titulares. Certamente, a experiência de Fábio Luciano, o talento de Íbson e a velocidade de Max Biancucchi foram essenciais nessa melhoria de rendimento. Por acaso alguém lembra de Renato, meia que debandou para o árabe Al-Nasr no meio do torneio?
Já o Fluminense apostou na base da equipe, livrando-se de alguns jogadores-estrelas que tumultuavam a união do grupo, casos de Carlos Alberto e Lenny. Além disso, evitou propostas estrangeiras e decidiu manter seus bons nomes defensivos. Não por acaso é o segundo time que menos foi derrotado e o segundo que menos sofreu gols. Mesmo com uma vaga assegurada na Libertadores - 2008, faz um campeonato muito regular...
Botafogo e Vasco podem até reclamar da atual fase. Ao pensarmos que no primeiro turno ambos freqüentavam os quatro primeiros postos, entender a frustração de seus torcedores é totalmente plausível. Contudo, ainda há o que se ressaltar nos alvinegros cariocas, principalmente se olharmos em seus elencos. Apesar de terem muitos jogadores jovens e inexperientes, ambos conseguem encontrar-se numa situação bem tranqüila na tabela. Até os atletas-refugos que geralmente pouco rendem (leia-se Lúcio Flávio ou Perdigão), estão ficando muito mais regulares. Com isso, não quero dizer que o Rio de Janeiro é o maior exemplo de organização do país. Certos episódios como a demissão do ex-treinador flamenguista Ney Franco, a readmissão de Cuca no Botafogo ou a demora na renovação contratual de Thiago Neves ainda mostram a existência de alguns erros organizacionais na área de planejamento.
Assim, recomendo que alguns dirigentes paulistas incompetentes e pouco profissionais sigam para o Rio de Janeiro na busca por novas idéias. Afinal, se dá certo do lado de lá porque não arriscar no lado de cá?
Em tempo: Queluz é uma cidade paulista situada ao leste do Estado e que faz limite com o Rio de Janeiro.

21.10.07

Ataque de nervos nos Aflitos

Muitos volantes e pouco futebol nos Aflitos. O Corinthians segue agonizando na zona de rebaixamento do Brasileirão. (foto: globoesporte.com)

Mais uma vez, o Corinthians sai com resultado reverso neste Brasileirão. E mais uma vez, o excesso de cautela e a ineficiência ofensiva deixaram o time agonizando na zona de rebaixamento por mais uma rodada. Com o Náutico jogando na base da empolgação – já que seu principal articulador, Acosta, estava suspenso – era natural que Nelsinho pudesse escalar um time de forma mais ofensiva, evitando o efeito que se viu durante muito tempo da partida, o da “Bola na Parede”, onde a zaga corinthiana alivia o perigo, mas lá na frente, Finazzi tem que brigar com todos os zagueiros e volantes do adversário e naturalmente, perde a posse da bola.

Foi assim na vitória contra o São Paulo, onde o Timão não fez uma jogada ofensiva trabalhada, contra o Inter, em jogo que a equipe só teve lances de ofensividade a partir do gol do adversário, mesmo jogando em casa. Contra o Náutico, o que se viu era um Finazzi novamente isolado e não recebendo bolas em condição de finalização, um Lulinha perdido na transição entre o meio e o ataque, alas pouco efetivos no ataque (principalmente Gustavo Nery, que não atacou nem defendeu) e volantes que não tem a capacidade de sair com a bola dominada e fazer passes de qualidade.

Com um Corinthans engessado no meio, a zaga tirando a bola de qualquer jeito e o goleiro Felipe operando milagres novamente, uma das opções improvisadas que se viu foi a chegada do zagueiro Fábio Ferreira ao ataque, onde o camisa 25 teve duas oportunidades claras de gol, defendidas por Fabiano.

A hora é de corrigir as deficiências ofensivas. O Corinthians tem de se impor nesses seis jogos restantes e para isso, Nelsinho necessita armar o time com um pouco mais de gana pelo gol. A entrada de Bruno Bonfim, encostando com Lulinha se mostrou uma boa opção de mobilidade pela meia. E também não entendo como Arce, o único velocista do elenco e jogador de habilidade é preterido para não atuar. Perde posições até para o péssimo Clodoaldo, uma das piores contratações do clube neste ano.

Três pontos atrás da zona de salvação, o Corinthians necessita de resultado positivo contra o Figueirense no Pacaembu. Em caso de resultado negativo, é melhor o torcedor corinthiano ir começando a reservar tempo em sua agenda para as terças e sextas, dias de rodada da Série B.

20.10.07

Vã-Bretanha

Inglaterra e Escócia podem deixar a Eurocopa sem seleções britânicas, fato esse que não ocorre há 24 anos.

Tida como berço do futebol moderno, a Grã-Bretanha sempre contou com seleções tradicionais na Europa e no Mundo – mais especificamente, a Inglaterra. No entanto, efetivamente nunca foi uma potência, quando falamos em títulos. Nos torneios de futebol mais tradicionais do planeta, só a Inglaterra conseguiu conquistas importantes. As mais relevantes foram o longínquo bicampeonato olímpico (1908 e 1912) e a Copa do Mundo (1966). Mesmo assim, sempre algum time do arquipélago deu as caras em torneios como Copas do Mundo e Eurocopas, como País de Gales ou a Escócia.

Falando especificamente em Eurocopas, o papel dos britânicos na maior competição de seleções do Velho Continente não é muito animador. Em doze edições do torneio, as seleções britânicas ficaram fora de cinco fases finais (1960, 1964, 1972, 1976 e 1984) e têm como melhor resultado o vice-campeonato de 1996, quando o English Team foi batido pela Alemanha, de Oliver Bierhoff, Jürgen Klinsmann e cia.


Mas após a rodada deste meio de semana, válida pelas eliminatórias da Euro 2008 – a qual será sediada em parceria entre Áustria e Suíça – as coisas podem ficar bem pretas para as seleções britânicas. Por incrível que pareça, a que está em melhor situação é a Escócia (como mencionado no post abaixo, de Thiago Barretos). Apesar da derrota inesperada para a Geórgia, os escoceses ainda têm chances de classificação. No entanto, para carimbarem de vez o passaporte para a Euro, precisam bater nada mais, nada menos do que a Itália, atual campeã mundial. Mesmo com a Azzurra de Donadoni vivendo um momento conturbado, a camisa e a tradição dos italianos pode perfeitamente calar as gaitas de fole, em plena Glasgow.

A Inglaterra está em estado crônico. Não conseguiu segurar a vitória jogando frente a Rússia de Guus Hiddink e agora depende de uma combinação milagrosa para a classificação. Os torcedores devem rezar por um tropeço dos russos em um de seus dois jogos restantes, respectivamente, Israel e Andorra. Além disso, precisa vencer, jogando em casa, a Croácia de Eduardo da Silva, líder do Grupo e que vem mostrando bom futebol nessas eliminatórias da Euro.

Enquanto isso, País de Gales e Irlanda do Norte já ficaram pelo meio do caminho e não aspiram mais nenhuma esperança de qualificação para a fase final. Com isso, a Grã-Bretanha pode ficar sem nenhum representante na principal fase do torneio, algo que não ocorre desde 1984. Ou seja, o chamado esporte bretão pode não ver nenhum "bretão" em campo durante a Eurocopa, segundo torneio de seleções mais importante do mundo. Irônico, não?

17.10.07

Vai dar zebra?

Quando se sorteou as bolinhas do Grupo B das Eliminatórias para a Eurocopa 2008, todos os jornalistas do mundo esportivo foram enfáticos: Apresentava-se ali, um verdadeiro grupo da morte! Afinal, três equipes que haviam disputado a última Copa do Mundo da Alemanha estavam presentes: a Ucrânia, a Itália e a França, sendo estas duas últimas as atuais campeã e vice-campeã, respectivamente. O que certamente ninguém esperava era que, a duas rodadas do final, a surpreendente seleção escocesa estaria na vice-liderança da forte chave.
Mesmo sem contar com nenhum jogador brilhante, o treinador Alexander Mc Cleish conseguiu montar um selecionado coeso e compacto. A base de sustentação da equipe inicia-se pela segurança de Craig Gordon, goleiro que detém, em sua posição, o recorde de ser a transação mais cara da história do campeonato inglês! Para contar com os serviços do bom arqueiro, o Sunderland pagou ao Hearts a bagatela de 11 milhões de euros (cerca de 26 milhões de reais)...
A defesa é liderada pelo veterano zagueiro David Weir, de 37 anos, defensor do Rangers que atuou na Premier League durante 8 anos consecutivos. Ao seu lado, o capitão do Celtis, Stephen Mc Manus, além de ser eficiente na marcação, também marca seus golzinhos. Fechando o setor, Allan Hutton do Rangers e Gary Naysmith do Sheffield garantem a forte retranca azul.
No meio-campo a famosa e burocrática linha britânica de 4 atletas tem o experiente capitão Barry Fergunson do Rangers; o jovem (21 anos) Scott Brown do Celtic; o hábil Lee Mc Culloch, meia-atacante que vive a melhor fase de sua carreira no Rangers; além de Darren Fletcher, talentoso e promissor médio-volante do Manchester United.
Na frente, Kenny Miller, do Derby County, e Kris Boyd, ótima revelação do Rangers, se revezam na luta por uma vaga no ataque ao lado de James Mc Fadden, grande astro do time que se destaca por ser um exímio cabeceador e forte finalizador. Juntos, os três marcaram 11 dos 20 gols escoceses marcados na competição.
Mas por que apostar na Escócia? Atualmente, o “The Tartan Army” vive uma posição desfavorável. O inesperado tropeço contra a Geórgia fez os escoceses perderem a vantagem do empate frente à Itália, na sua última partida. Agora, para não depender de mais ninguém, somente a vitória interessa. Situação difícil, mas não impossível. Afinal, se os atuais campeões mundiais continuarem a apresentar um futebol tão medíocre, não será nenhuma surpresa vermos a Azurra morrendo na praia, ou melhor, em Glasgow...
E convenhamos que, depois de uma campanha tão brilhante, finalmente chegou a hora do selecionado escocês mostrar se esta equipe é realmente uma zebra de qualidade ou apenas mais um cavalo paraguaio.

13.10.07

Pontapé Inicial

Para os países sul-americanos, a Copa do Mundo de 2010 começa neste final de semana. Históricamente, as eliminatórias da América do Sul para o mundial se mostraram duras, apesar da evidente superioridade de Brasil e Argentina no cenário sul-americano. Sempre é difícil enfrentar os jogos duros em caldeirões como o Defensores Del Chaco (Paraguai), Estádio Centenário (Uruguai), Estádio Nacional (Chile) ou a altitude do Peru, Equador ou do temível Hernando Siles, a 3.700m de altitude e recentemente liberado para jogos internacionais pela FIFA, após toda a polêmica de realização de partidas na altitude.

Como sempre, o Brasil vem muito fortalecido, prinicipalmente após vencer a Copa América sobre os grandes arqui-rivais argentinos. Mesmo com diversos questionamentos, Dunga se utilizará, ao menos neste início, da base campeã, dos questionáveis Doni, Vagner Love e Afonso.

Já a Argentina aposta suas fichas na renovação do elenco, onde surgem belas jóias como Messi, Tevez e Agüero. Entrosando esses jovens jogadores a nomes experientes como Javier Zanetti e Cambiasso, a Argentina espera iniciar a caminhada para acabar com a fila de títulos importantes – mais de 20 anos sem vencer uma Copa e há mais de 14 sem vencer uma competição oficial.

Partindo do pressuposto que Brasil e Argentina abocanharão duas vagas, as outras oito seleções brigarão por 3 vagas (duas diretas e uma na repescagem, contra um representante da CONCACAF). O Paraguai pinta como favorito a levar uma das vagas, pois históricamente vêm se mostrando um time compacto na defesa e de bons jogadores no ataque, como Santa Cruz e Cabañas. O Equador também mostra uma grande evolução nos últimos anos, quando conseguiu se classificar para as últimas duas Copas (2002 e 2006) deixando tradicionais seleções para trás, como Uruguai e Chile. Mas a geração que conseguiu esses grandes feitos está mais velha e a renovação não acontece tão eficazmente na seleção. Os chilenos possuem bons valores individuais, mas pecam no jogo conjunto e na compactação da equipe, algo a ser resolvido pelo novo técnico da equipe, Marcelo “El Loco” Bielsa. Venezuelanos vêm evoluindo muito nos últimos anos, deixando a condição de “saco de pancadas do continente” e podem até sonhar com uma eventual quinta vaga. Colombianos entram na briga pela vaga com bons valores, mas a “irresponsabilidade tática” dos seus jogadores é algo grave a ser corrigido, para que o time cafetero não perca pontos preciosos, principalmente atuando em seus domínios.

O Uruguai é um caso a parte. As glórias passadas da Celeste Olímpica, bicampeã mundial, contrastam com o atual momento, de uma renovação que nunca vem efetivamente. Mas além da tradição, o futebol aguerrido e a força da torcida celeste fazem com que o Uruguai sempre seja favorito a uma das vagas. Outras seleções como Peru e Bolívia brigarão para não terminarem na úlitma colocação, apesar do Peru possuir alguns bons valores individuais, tais como Solano, Guerrero e Farfán. Já o futebol boliviano está em queda livre desde sua última participação em Copas, em 1994. A maior maior arma dos bolivianos realmente está na altitude de La Paz, onde o físico da equipe pode superar a eventual falta de fôlego causada pelos efeitos da altitude.

Jogos truncados, catimba, técnica e muita habilidade. Este é o futebol da América do Sul rumo à Copa da África do Sul.

PS: Por motivos de TCC e outros entraves que estão nos tomando muito tempo, estamos atualizando menos o blog.
Para análises mais completas e aprofundadas, indico as sessões "Eliminatórias Sul-Americanas", do blog Papo de Craque, do parceiro Dassler Marques, o "Guia das Eliminatórias Sul-Americanas", do site Trivela e "Os rivais do Brasil no Caminho para a Copa", do Globoesporte.com.

9.10.07

Golias, que virou Davi, que derrubou Golias...

Betão comemora o fim do tabu contra o São Paulo: Só a raça não é capaz de salvar o Timão do rebaixamento. (foto: globoesporte.com)

O carrossel do futebol gira a todo vapor. O Corinthians, destruído psicologicamente, enfrentou o São Paulo, melhor time do campeonato, disparado na ponta, com melhores jogadores, com um tabu de 13 jogos e quase quatro anos sem perder para o maior rival. Prognósticos dados: goleada, passeio, tabu mantido, nó tático...

Essa era a lógica. O racional. O aceitável. Mas termos como esses passam longe do futebol, principalmente quando tratamos de uma rivalidade tão acirrada. No entanto, mesmo depois do feito, o Corinthians continua na mesmice (entenda-se por zona de rebaixamento) e o São Paulo disparadíssimo na liderança (com a camaradagem do Cruzeiro nas duas últimas rodadas).

Mas o que me chamou mais a atenção no clássico desse domingo foi a disposição do time do Corinthians. Principalmente na parte defensiva. A total falta de técnica na parte criativa da equipe foi suprida por defensores aguerridos, que impediram que os atacantes tricolores penetrassem o miolo de zaga alvinegro, fazendo com que o São Paulo usasse das bolas paradas e dos chutes de fora da área para trazer algum perigo. Mesmo enfrentando um adversário melhor tecnicamente e dentro do campo de jogo – mesmo porque Nelsinho escalou mal a parte ofensiva do Corinthians – a raça do time foi notável.

O choro de Betão ao marcar o gol do triunfo mostra que ainda é possível jogar com algum amor por um clube de futebol dentro de um futebol tão mercadológico. Num Brasil onde empresários fazem os clubes de vitrines e os jogadores ameaçam os clubes com contratos milionários de times desconhecidos, o desabafo do defensor – que esteve no elenco do Corinthians nas 13 partidas do tabu – ainda dá um alento ao torcedor corinthiano de fugir dessa situação tão incômoda.

Mas Nelsinho tem muito trabalho a fazer. O Corinthians está carente, principalmente no meio-campo ofensivo, principalmente após a saída de Willian do meio-campo. Finazzi, que não é nenhum primor de técnica, mas não é mau jogador, não consegue receber uma bola redonda para tentar marcar. Os confrontos contra os adversários diretos pelo rebaixamento serão decisivos para os destinos do Corinthians e o time não poderá viver apenas da raça de seus zagueiros e do ótimo momento do goleiro Felipe. Mas o gatilho de incentivo psicológico já foi dado. Cabe ao Corinthians iniciar uma reação.

5.10.07

Lyon Ferido

Derrota em pleno Estádio Gerland para o Rangers, pela Champions League: A apatia do Lyon nessa jogo mostra a crise pela qual passa a equipe francesa.

Voltando quase um ano no tempo, o Lyon era o líder absoluto do Campeonato Francês. O OL fechava o mês de outubro com 11 pontos de vantagem sobre o Marseille e liderava com Grupo E da Champions League 2006/07, três pontos a frente do Real Madrid. O até então pentacampeão francês caminhava a passos largos rumo ao hexa e almejava bem mais do que as quartas-de final da Champions, atingidas em 2004/05 e 2005/06.

Mas nuvens negras rondam a cidade de Lyon, quando tratamos do OL. Gérrard Houlier, resposável por um grande salto técnico da equipe, deixou a equipe após quase dois anos de êxitos. Um dos motivos para a derrocada de Houlier foi o desgaste que se evidenciou após a eliminação do Lyon pela Roma na Champions. O Lyon também perdeu algumas de suas principais referências no elenco, casos das saídas do volante português Tiago (para a Juventus), Abidal (para o Barça), Carew (trocado por Milan Baros junto ao Aston Villa) e Malouda, eleito o principal jogador do futebol francês, vendido ao Chelsea.

Junte a essas perdas reposições que não vem dando certo, casos do atacante Kader Keita e Mathieu Bodmer, que fizeram boa temporada pelo Lille, mas até agora não corresponderam no Lyon, o lateral Grosso, destaque da Itália na Copa e que também não mostrou a que veio, além da "eterna promessa" Milan Baros, que desde que estourou pela seleção da República Tcheca na Eurocopa 2004 não mostrou mais eficiência pelos clubes que passou. Além dos problemas de adaptação de novos jogadores, jogadores importantes do elenco como Cris e o experiente goleiro Coupet se contundiram e ficarão um bom tempo de molho. Para finalizar, Juninho está indisposto com o novo técnico, Alain Perrin. Como explicita Ricardo Espina, em sua coluna no site Trivela, o brasileiro - maior astro do Lyon na caminhada rumo ao hexa francês - não faz boa temporada e não é nem sombra do grande comandante da equipe que ele se tornou.

O Resultado: O Lyon é apenas o vice-líder da Ligue One (até esta sexta, 05/10) e é o lanterna do Grupo E da Champions, após duas derrotas por três a zero, para Barcelona e Rangers. Nas duas partidas, o que se viu não foi o Lyon incisivo e organizado de outrora, mas uma equipe apática, perdida e sem comando. Infelizmente, o Lyon começa a cair no senso-comum que são os times franceses na atualidade, sem competitividade entre si e com uma das piores ligas de ponta da Europa.

Mas ainda há tempo de recuperação e o OL pode dar a volta por cima. As esperanças se concentram no único jogador da equipe que no momento está acima da média. Trata-se de Karim Benzema. O jovem atacante, de apenas 19 anos, já está se tornando uma realidade no futebol francês, pois já anotou nove gols nessa Ligue One e já desperta a atenção de Raymond Domenech, técnico da França, que já convocou o jovem avante para o elenco dos Bleus.
Tempo existe, material humano também. É esperar para ver!

RELEMBRE:

2.10.07

"Meninas de Ouro"

Mesmo com as incríveis jogadas de Marta (Bola de Ouro) e Cristiane (Bola de Bronze), na final prevalesceu a organização alemã, da capitã Prinz.

Fazendo uma analogia com o filme "Menina de Ouro", estrelado por Clint Eastwood e Hilary Swank, vou usar o exemplo da seleção feminina de futebol, vice-campeã da Copa do Mundo Feminina realizada na China. Assim como no filme, onde Maggie Fitzgerald (Swank) conseguiu convencer Frank Dunn (Eastwood) a treiná-la, apesar de ela ser mulher e velha para o boxe, a seleção brasileira segue tentando convencer os órgãos responsáveis pelo futebol para que acreditem nelas. O potencial existe. A melhor jogadora do mundo veste a 10 canarinho. Cristiane foi Bola de Bronze no Mundial. E ainda temos Aline, Formiga, Daniela Alves, Elaine...

A cultura do segundo lugar é cruel. Vice-campeãs olímpicas em Atenas, vice-campeãs Mundiais na China, um monte de promessas vazias e a interrupção do surgimento de diversas jogadoras com potencial. Afinal, se num país onde a maioria dos atletas homens que vivem de jogar futebol recebe salário mínimo - sendo que o futebol masculino já é encrustrado na cultura brasileira há quase 100 anos - como fazer com que essas atletas possam viver só do futebol, futebol esse que mal respeita as jogadoras que representam a Seleção Brasileira?

Mais uma vez, acontecem as movimentações isoladas para, finalmente, se organizar um campeonato feminino decente no Brasil. Campeonato esse que já existe em países como os EUA, países escandinavos e na Alemanha (que possui o campeonato mais forte do mundo). E coincidentemente, foram os que chegaram às semi-finais (EUA, Alemanha e Noruega), a excessão do Brasil, que assim como no filme Menina de Ouro não pede caridade ou dó, mas apenas alguém que as "treine" e acredite no seu potencial.

A final

Falando da final propriamente dita, ficou claro que o Brasil tem valores individuais muito bons, mas o que fez a diferença foi o conjunto alemão. A goleira Angerer, a zaga germânica e a liderança de sua capitã e artilheira, Birgit Prinz foram decisivas ante um Brasil que estava sem inspiração e sem a magia de Marta, sendo que a camisa 10 fez uma partida apática, que culminou com seu nervosismo antes de perder a cobrança que resultaria no empate. Também pesou muito o trabalho de preparação física das alemãs, muito mais fortes e resistentes que as brasileiras.

Mas, analisando friamente, esse é um vice que temos de comemorar. Porque, apesar de o caneco não ter vindo, essa seleção resgatou algumas coisas que julgávamos perdidas no futebol da Seleção, seja em qual categoria for: O comprometimento, o amor à camisa canarinho, a luta em prol do coletivo. Em equipes povoadas de jogadores "apadrinhados", que vêem a seleção como um grande trampolim para fazer a vida financeira na Europa, essas jogadoras nos mostraram que é possível resgatar o jogo bem jogado, disputado, mas sem deixar de lado a profissionalidade, coisa que elas querem tanto que aconteça. Realmente espero que não iludam essas e outras tantas jogadoras profissionais novamente. Porque o que elas mostraram na China, mesmo com condições precárias, foi louvável.

LEIA TAMBÉM: