30.4.08

Melhor das Américas - Parte II

CRUZEIRO X BOCA JUNIORS

A fama continua?

Talvez o Cruzeiro tenha sido o representante brasileiro que apresentou um melhor futebol. Embalado pelo goleador boliviano Marcelo Moreno, artilheiro do torneio com 8 gols, e cientes da conquista do título estadual, os mineiros tinham tudo entrar como favoritos. Tinham. Além de Moreno, a Raposa conta com os avanços de Jadílson e Apodi, a presença surpresa de Ramires e a habilidade de Guilherme. O jeito é torcer para que Adílson Baptista consiga corrigir as falhas defensivas que o time apresenta.

Enquanto isso, o Boca Juniors espera confirmar sua fama de “carrasco brasileño”. A boa fase no torneio nacional faz o atual campeão crer ainda mais no bi. O esquema de Carlos Ischia é envolvente e prioriza o toque de bola e os lançamentos em profundidade. Do meio pra frente há muita qualidade: do raçudo Bataglia ao talentoso Rodrigo Palácio e ao oportunismo de Palermo. Isso sem falar de Román Riquelme, maestro da equipe. A sorte de seus adversários encontra-se no gol: Caranta não inspira a mínima confiança.

Boca Juniors 55% Cruzeiro 45%


RIVER PLATE X SAN LORENZO

Clássico tem favorito?

Fazia tempo que o River Plate não atravessava uma fase tão boa. O líder do Clausura argentino não passou sustos e de quebra, foi o que mais marcou gols: 14. O estilo implantado por Diego Simeone faz com que Los Millionarios pressionem o adversário e tomem conta da partida. Todo cuidado com o trio gringo formado por “Loco” Abreu (vice-artilheiro do torneio, com 6 gols), Falcão Garcia e Alejandro Sánchez é pouco. O problema é a juventude e a inexperiência de sua frágil zaga.

Por outro lado, a vida para o San Lorenzo não está tão fácil. Mesmo 3º no nacional, Ramón Diaz não consegue montar um padrão tático para o time. Além disso, reforços como Andrés D’Alessandro e Bernardo Romeo não rendem o esperado. Quem anda fazendo seus golzinhos é o veterano Nestor Silvera. Aliás, o time de Almagro só assusta nos cruzamentos dos inconstantes Héctor Gonzáles e Diego Placente. Pouco? Vale lembrar que ambos já se enfrentaram em 2008 e o jogo foi 2 a 0. Para o San Lorenzo.

River Plate 50% San Lorenzo 50%

FLAMENGO X AMÉRICA

Goleiros em alta

Rumores de que o time priorizará o campeonato estadual e a provável saída de Joel Santana durante o torneio prejudica os planos do Flamengo. Para piorar, o Fla, dono das segundas melhores campanha e defesa, não está tão atuando bem e não tem peças de reposição. Porém, um time que tem Bruno, Leonardo Moura, Juan e Kléberson merece atenção. Principalmente se Renato Augusto e Ibson aparecerem mais durante as partidas. Afinal, convenhamos, a equipe ainda não passou por grandes desafios...

Último colocado no campeonato mexicano, o América utiliza esta Copa como a última chance de redenção. É um time muito difícil de ser batido em casa por causa da altitude. Mesmo tendo a defesa mais vazada dentre os 16 classificados (10 gols), possui o ótimo goleiro Ochoa. O experiente paraguaio Salvador Cabañas (artilheiro da Libertadores – 2007) e os hábeis Juan Mosqueda e José Castro são perigosos. Mas a falta de fluidez que o time apresenta durante seus jogos é preocupante. Desliga-se da partida.

Flamengo 60% América 40%

SÃO PAULO X NACIONAL

Cruzamentos para que te quero

A fase do São Paulo, atual bicampeão brasileiro, não é das melhores. Apesar de ter mexido pouco na equipe, o Tricolor não consegue demonstrar a mesma desenvoltura de 2007. Dos reforços, apenas Adriano emplacou. O time de Muricy é totalmente dependente dos cruzamentos na área e das jogadas de bola parada cobradas por Jorge Wágner. Só ataca pelo meio quando Hernanes tem seus lampejos. A esperança é que o retorno de Alex Silva e a estréia de Jancarlos façam a zaga se acertar e o time emplacar.

O Nacional, por sua vez, vive uma ótima fase. Líder do campeonato uruguaio já está invicto há 7 jogos. Graças ao tamanho pequeno do seu estádio, costuma exercer dominar as ações quando joga em casa. O problema é que esta pressão desordenada expõe a defesa da equipe. A jogada mais perigosa do time de Montevidéu são os cruzamentos para o grandalhão Richard Morales. Além do veterano atacante, destacam-se o veloz Fornaroli, o experiente arqueiro Viera e o criativo meia Liguera.

São Paulo 60% Nacional 40%

FLUMINENSE X ATLÉTICO NACIONAL

Jogo de favas contadas

Instabilidade. Não há melhor palavra para definir o Fluminense neste ano. Quando parece que o time engrena, alguma coisa acontece. Os números dos cariocas na 1ª fase enganam. Mesmo sendo a defesa menos vazada, com 3 gols, todos vêem que há espaços mal cobertos e certas falhas individuais. No papel, o leve time de Renato Gaúcho encanta com as boas descidas dos laterais Gabriel e Júnior César, a versatilidade de Arouca e os gols da dupla Washington - Cícero. Mas Thiago Neves alterna demais.

A má campanha do Atlético Nacional no fraco campeonato colombiano mostra como a equipe é limitada. Certamente só classificou-se por que estava num grupo muito fraco. O que pode mudar este cenário é a ascendência do atual bicampeão local. Os alas Juan Zuñiga e Harold Martinez são velozes e o avante paraguaio Carlos Villagra faz seus golzinhos. E só. A equipe até que tem habilidade e não toca a bola tão mal. Falta, porém, algum craque decisivo.

Fluminense 75% Atlético Nacional 25%

29.4.08

Melhor das Américas – Parte I

A partir de hoje, a 49ª edição da Copa Libertadores da América inicia a fase dos mata-matas. Quem perde está eliminado. A exemplo do que ocorreu no ano de 2007, só aqui no Opinião FC, você leitor, confere todos os detalhes de cada uma destas oito partidas. Confira os prognósticos para jogos de hoje:


ATLAS X LANÚS
Duelo da inexperiência

Sem chances de brigar pelo título do Clausura mexicano, o Atlas vem com força máxima. Surpreendeu na fase de grupos por terminar líder de uma chave que possuía Colo-Colo e Boca. Torna-se favorito, graças ao seu excepcional aproveitamento em Guadalajara (4 jogos, 4 vitórias, com 11 gols feitos e 1 sofrido). No elenco, destaque para o experiente zagueiro Collotto, os meias Jorge Hernández e Juan Medina e Bruno Marioni, avante argentino que está em ótima fase (5 tentos anotados).

Já o Lanús, apesar de ter acabado invicto a fase de grupos (2 vitórias e 4 empates), não inspira muita confiança. O atual campeão argentino perdeu pontos bobos e vacilou em partidas que a vitória parecia inevitável. Apesar de não estar em boa fase no torneio nacional (18º lugar), a jovem equipe do técnico Gabriel Cabrero tem alguns nomes promissores como Diego Valeri e Lautaro Acosta, além do já conhecido centroavante José Sand (ex-Vitória-BA), autor de 3 gols na Libertadores.
Atlas 60% Lanús 40%

ESTUDIANTES X LDU QUITO
Líderes locais em campo

Atual líder do campeonato argentino ao lado do River, o time do Estudiantes é tido como a maior surpresa do país. O técnico Roberto Sensini faz o time de La Plata jogar um futebol burocrático e sem muito brilho, baseado na raça e no bom aproveitamento de bolas paradas. Destaques para o voluntarioso craque Verón e para os esforçados Ivan Moreno y Fabianesi e Rodrigo Braña. Sente a ausência de um matador, tanto que um dos artilheiros é o zagueiro Leandro Desábato (famoso pelo “caso Grafite”).

A LDU, base da seleção equatoriana há tempos, provou que, em 2007, a suspensão de parte do seu elenco foi crucial para o pífio desempenho mostrado. Afinal, ao lado do Flu, eliminou dois ascendentes times: Arsenal e Libertad. O time de Quito consegue aliar experiência e juventude com o entrosamento da dupla Guerrón e “Kike” Vera, as perigosas bombas de Patrício Urrutía e a boa mobilidade do avante portenho Damián Manso. Se tivesse uma defesa mais confiável, a zebra poderia até pensar mais alto...
Estudiantes 65% LDU Quito 35%

26.4.08

26 de abril – Dia do Goleiro (ano II)

Planicka: mesmo com braço quebrado, salvou os tchecos da derrota

Pelo segundo ano consecutivo, faço homenagem a este atleta que tem a função mais ingrata do futebol: evitar o gol, momento de êxtase do futebol. O dia do goleiro foi criado inicialmente como uma homenagem ao goleiro Manga, nascido em 26 de abril de 1937 e considerado naquele ano de 1976 (ano que se fixou o Dia do Goleiro na atual data) como o melhor goleiro do Brasil em atividade. Manga foi bicampeão brasileiro pelo Inter/RS (1975 e 1976), além de ter tido passagens destacadas no esquadrão do Botafogo da década de 60 e pelo Nacional do Uruguai, onde se sagrou campeão da Libertadores e do Mundial Interclubes em 1971. Uma homenagem mais do que justa, representada por um dos maiores ícones das balizas tupiniquins.

Para mencionar a importância do goleiro em uma equipe, resolvi resgatar uma história antiga, de um grande goleiro que é pouco lembrado pelos admiradores de futebol. Antes de Petr Cech se tornar referência como um dos grandes goleiros da atualidade, outro conterrâneo seu, há quase 60 anos escreveu uma das páginas mais corajosas de um goleiro em uma Copa do Mundo.

Frantisek Planicka: Muito antes de Cech, melhor do mundo

Em uma época mais romântica do futebol, era possível que ele jogasse. Com apenas 1,72m, Frantisek Planicka fez história defendendo o gol da ex-Tchecoslováquia e do Slavia Praga, únicas equipes que defendeu em pouco mais de 16 anos de carreira. Foi aclamado como um dos maiores goleiros do seu tempo, ao lado de nomes como Giampiero Combi (Itália) e Ricardo Zamora (Espanha). Conhecido como “O Gato de Praga”, Planicka venceu oito ligas nacionais com os Sešívaní (1925, 1928/29, 1929/30, 1930/31, 1932/33, 1933/34, 1934/35 e 1936/37), além de ter sido vice-campeão do mundo em 1934 e conquistado o embrião da Copa dos Campeões (atual Champions League), a Mitropa Cup, em 1938. 939 jogos pelo Slavia e 73 pela seleção tcheca o credenciam como um dos maiores atletas do país em todos os tempos.

Mas esses títulos e honrarias não mostram seu feito mais herórico. Após o vice na Copa de 1934, Planicka e a Tchecoslováquia pintavam como um dos possíveis candidatos a campeão mundial, ao lado de bons times como a Hungria, França, Itália e Brasil. E após chegar às quartas, os tchecos teriam duro jogo contra o Brasil, de craques como Leônidas da Silva e Domingos da Guia. O jogo, marcado pela violência de ambas as equipes, ficou conhecido como a “Batalha de Bordeaux”. Naquele 12 de junho de 1938, o Parc Lescure, em Bordeaux, viu um jogo violentíssimo, com três expulsões (Machado e Procópio, pelo Brasil e Jan Riha, pela Tchecoslováquia) além do saldo de mais cinco contundidos ao final da partida. Com a partida empatada em 1-1, os tchecos viram a partida se complicar quando Oldrich Nejedly quebrou e perna e foi substituído. E após jogada de Perácio, Planicka se chocou contra a trave, quebrou o braço e deslocou a clavícula. Mesmo limitado pela grave contusão, Planicka permaneceu no campo no restante do tempo normal mais os trinta minutos da prorrogação, onde a partida terminou com a igualdade no placar. Relatos da época dão conta que o Gato de Praga defendeu diversos arremates com uma mão só, tornando-se o herói maior daquela verdadeira guerra. Mas para infelicidade de Planicka, a Tchecoslováquia perderia a partida-desempate por 2-1, dando adeus a qualquer chance de título, o qual posteriormente foi conquistado pela Azzurra.

O espírito guerreiro de Planicka e seus feitos com o Slavia fizeram com que ele fosse venerado em sua terra-natal como uma lenda. Eleito pela FIFA como o nono maior guarda-metas do Século XX, os feitos e a coragem do Gato de Praga são um exemplo do espírito do que é ser goleiro, que se atira sem medo em direção à bola e que estica até o último músculo do corpo para evitar o gol.

Para conferir o post-homenagem escrito em 2007:
26 de abril - Dia do Goleiro

22.4.08

Small board in South Africa?

Eu reconheço que sou suspeitíssimo para escrever este post, pois tenho restrições ao técnico Joel Santana. Mas ao saber que ele será o possível novo técnico da África do Sul, não poderia deixar de comentar. Indicado pelo seu antecessor, Carlos Alberto Parreira, Joel terá, talvez a maior oportunidade de visibilidade fora do Brasil, pois a África do Sul busca formar uma equipe competitiva para não fazer feio, já que o país será o anfitrião da próxima Copa.

Experiente no cenário de seleções, Parreira desenvolvia um trabalho de reestruturação dos Bafana-Bafana, que desde a classificação para a Copa de 2002 não desenvolvem um bom trabalho, tanto a nível internacional quanto a nível continental. Prova disso é que mesmo com Parreira à frente da equipe, os sul-africanos fizeram feio na Copa Africana de Nações, de onde saíram eliminados na primeira fase e sem nenhuma vitória. Mesmo assim, era consenso entre dirigentes e imprensa local a gradual transformação pela qual a África do Sul vinha passando. Em 21 jogos da era Parreira, 10 vitórias. A mais expressiva delas aconteceu frente ao Paraguai por 3-0, em março de 2008.

Pelo que se noticiou, problemas pessoais impediram que Parreira continuasse seu trabalho na África do Sul. E ele na titubeou em indicar o seu sucessor, o folclórico Joel Santana. Treinador de sucesso principalmente nos clubes cariocas, ao meu ver, a África do Sul pode estar dando com os burros n’água ao dar oportunidade ao popular “Joel Prancheta”. Porque? Resultados, puro e simplesmenteja, já que em currículo constam alguns títulos estaduais e uma Copa Mercosul. Também houve o fato dele ter sido uns dos principais responsáveis por ter tirado o Flamengo do marasmo e ter levado o time até a zona da Libertadores no Brasileirão do ano passado. Joel teve seus méritos, mas quando Ney Franco foi demitido, ele não tinha a disposição diversos jogadores de qualidade que foram decisivos na campanha vitoriosa do Mengo, principalmente o meia Ibson, quase sempre decisivo. Como eu disse à época, no post “O pior cego” (01/08/2007), Joel pegou o filé e Ney roeu o osso, mesmo após ter se sagrado campeão carioca. Um técnico que poderá assumir uma responsabilidade grande, mesmo sendo uma Seleção sem tanta expressão, já que a visibilidade em torno dos Bafana-Bafana está crescendo. Responsabilidade que ele poderá assumir longe de ser unanimidade dentro de seu próprio país, pois creio que Joel não está no primeiro escalão de técnicos do Brasil, de técnicos como Muricy Ramalho, Luxemburgo e Abel Braga, por exemplo. Uma coisa é a experiência internacional treinando equipes pequenas como o Vegalta Sendai, do Japão, e o Al Hilal, da Arábia.

Se for concretizada, a aposta é arriscada. Mas um alento para Joel é que ele deve manter toda a base deixada por Parreira. E é nisso que os seus defensores e dirigentes se apóiam. Resta saber se a famosa prancheta de Joel aparecerá pelos campos da África do Sul em 2010.

20.4.08

Depressão americana


“Hei de torcer, torcer, torcer
Hei de torcer até morrer, morrer, morrer
Pois a torcida americana é toda assim
A começar por mim...” (Trecho do hino do América/RJ)


A idéia original deste post era de Thiago Barretos, mas resolvi fazer um texto mostrando que os Américas do Brasil não poderiam estar em pior situação. Esses times de denominação comum no futebol das Américas, particularmente aqui no Brasil – talvez só percam em quantidade de times homenageados para as também familiares Ferroviárias – normalmente tratam-se de agremiações simpáticas. Quase sempre é o mais fraco, fazendo com que todos tenham alguma empatia por eles.

Quando Américo Vespúcio desbravou os mares do atlântico para descobrir o Novo Mundo, no qual chegou por volta de 1492, não imaginava que além da homenagem recebida por conta da nova descoberta - a qual atravessaria os séculos - passaria pela adoção póstuma ao seu nome uma nova pátria (os Estados Unidos da América) até chegar no início do século XX, nomeando clubes de desportivos por todo o continente.

E glórias não faltaram aos homônimos do navegador italiano. O mais famoso deles, o América Football Club, fundado em 1904, é o precursor da febre “americana” no futebol. Um dos fundadores do certame no futebol carioca, o Ameriquinha já deu muita dor de cabeça aos grandes. Até porque era considerado um deles, pelo menos até meados de 1960, data de seu último título de expressão, o Campeonato Carioca. Era o campeonato mais famoso e charmoso do Brasil até então. Mesmo tomando muito pau nos anos posteriores, sempre foi a pedra no sapato dos cariocas. Outro feito notável foi a classificação às semi-finais do Brasileirão de 1986, no qual o Ameriquinha perdeu a disputa para o São Paulo (1-0 e 1-1), que depois se sagrou bicampeão nacional na final contra o Guarani. Após a boa campanha, brigas com a CBF e a Federação Carioca o afastaram dos holofotes nacionais. E como uma fênix, o Mecão foi reaparecendo aos poucos durante a atual década. Até o fatídico 5 de abril de 2008, após um campeonato carioca irreconhecível, de apenas duas vitórias em apenas quinze jogos do estadual. Mesmo a vitória contra a Friburguense não salvou o clube de seu maior vexame, após 104 anos de existência e 100 participações no Campeonato Carioca: o rebaixamento à 2ª divisão.

O Coelho (ou América Mineiro, um dos únicos Mequinhas que não ostentam o vermelho no uniforme) já dominou a cena em Minas – conquistou o decacampeonato entre 1916 e 1925 – e revelou jogadores conhecidos do grande público como Palhinha, Fred, Euller e Gilberto Silva. Atualmente disputa a 2ª divisão do Mineiro após ter caído ano passado. Está fazendo bom papel para voltar, pois lidera o Módulo II de Minas, após boa vitória sobre o Araxá, neste fim de semana. No entanto, os tempos continuam difíceis para o Coelho, que como bom mineirinho, está comendo pelas beiradas.

O homônimo potiguar fez pior. Força reconhecida no Rio Grande do Norte, o América/RN fez uma das campanhas mais pífias de um clube na elite do Brasileirão 2007, quando foi rebaixado há sete rodadas do fim da competição. Uma chance de aprender com os erros e voltar forte em 2008, certo? Errado. O Diabo conseguiu fazer pior: após ficar fora das finais do primeiro turno do Campeonato Potiguar, o time chegou às semi-finais do turno seguinte nos tribunais, já que o classificado ASSU perdeu seis pontos por conta de escalação irregular de atletas. A “nova chance” deu a oportunidade da equipe salvar o semestre na final do turno, contra o Potiguar de Mossoró. Mas em casa, o Diabo fez feio e tomou uma sacolada de 3-0. A equipe depende de quatro gols fora de casa para chegar à final, resultado difícil pela má fase da equipe e pela demissão do técnico Roberto Cavalo, que entregou o boné após o mau resultado contra os mossoroenses.

O América de São José do Rio Preto, na 2ª divisão paulista, conseguiu apenas a 15ª colocação da competição em e quase amargou mais uma queda. E a situação dos outros xarás americanos pelo Brasil não é das melhores. São mais de 40 espalhados pelo Brasil e nenhuma campanha de grande destaque.

Os Américas estão sofrendo de depressão crônica e vivem um momento de ostracismo em geral. Será que essas equipes, tão simpáticas, estarão fadadas ao sumiço? Com certeza, o futebol brasileiro fica menos charmoso sem os Américas, doentes crônicos da globalização voraz do profissionalismo do futebol. Assim como aconteceu com as Ferroviárias. E assim como vai acometendo aos pequenos clubes brasileiros, que não têm condições de existir pelo descaso das federações e cartolas.

*Credito do cartoon: Blog De Fora FC

17.4.08

Maré Azul

Toni salva Bayern de vexame contra o Getafe: Menos com um a menos, " Los Azulones" mostraram fibra e bom futebol.

O Getafe chegou muito perto de alcançar sua primeira grande glória no futebol espanhol, pois se trata de uma equipe relativamente jovem dentro do cenário local. Fundado em 1976 como Peña Madridista Getafe, o Azulon se tornou o atual Club Getafe de Fútbol somente em 1983. Equipe contemporânea da primeira divisão (conseguiu o acesso apenas em 2003/04, somando quatro temporadas na elite até aqui) o Getafe tenta fincar seu nome entre os clubes médios espanhóis. Com pouco tempo de existência e de elite espanhola, conseguiu resultados expressivos: dois vice-campeonatos da Copa do Rey (2006/07 e 2007/08) e uma eliminação muito lamentada frente ao poderoso Bayern de Munique na semana passada, em partida válida pelas quartas-de-final da Copa da UEFA.

Para quem não acompanha a equipe, podemos fazer uma analogia com a ascensão do São Caetano (coincidentemente conhecido como Azulão, assim como o Getafe) no futebol brasileiro entre 2000 e 2004. O crescimento do Geta é tão perceptível que desde que subiu, dois de seus três técnicos no período de 1ª divisão acabaram rumando para equipes maiores: Quique Sanches Flores, que fez trabalho razoável no Valencia e o alemão Bernd Schuster, atual comandante do líder e maior favorito ao título espanhol, o Real Madrid.

Na partida contra o Bayern, os Azulones conseguiram arrancar um ótimo empate contra os bávaros em 1-1. Na partida de volta, com um a menos desde o início do jogo, peitaram os gigantes alemães, que só se classificaram graças a falha bisonha de “Pato” Abbondanzieri e ao inspiradíssimo Luca Toni, que conseguiu marcar dois gols na prorrogação, os quais deram o empate em 3-3 e a classificação ao Bayern para as semis da Copa UEFA no quesito gols fora de casa.

Na partida de ontem, pela final da Copa do Rey, mais uma chance de triunfar. O adversário era mais tradicional, mas atravessava uma temporada turbulenta, onde o holandês Ronald Koeman balança constantemente no cargo de treinador dos Chés. Mas novamente o Geta ficou no quase. Ironicamente, o que sacramentou o título valenciano foi uma falha do jovem argentino Ustari, alçado a titularidade da equipe justamente após a falha de Pato contra o Bayern. Este é o segundo vice consecutivo da equipe, que na temporada passada acabou sendo derrotada pelo excelente Sevilla de Juande Ramos.

Como já disse muitas vezes em outras oportunidades, a cultura do vice é cruel em um país como o Brasil, onde tudo deve dar resultados “pra ontem”. Mas para uma equipe relativamente jovem se destacar positivamente em um futebol tão competitivo como o espanhol, devemos lhe creditar algum mérito.

Comandado pelo técnico Michael Laudrup, ex-jogador dinamarquês de carreira destacada no futebol europeu e que tem sua primeira oportunidade como treinador, o Getafe vai alçando vôos mais ambiciosos dentro da Espanha. O atual elenco possui bons valores, como o jovem Ustari – o qual acredito que deverá ser titular em breve na metada seleção argentina - o polivalente Rubén de la Red, jovem volante de 22 anos que também pode atuar como zagueiro central, o incansável e experiente ala direita Cosmin Contra e os jovens avantes Manu del Moral e Ikechukwu Uche, entre outros rodados jogadores. É um time bem arrumado e que vem dando algum trabalho aos grandes (vitória e empate contra o Barcelona, vitória contra o Real) apesar da modesta 13ª colacação em La Liga.

Em um campeonato onde os tradicionais médios de outrora, como Celta, Betis e La Coruna dão sinais de fraqueza, el Geta vai preenchendo essa lacuna, aos poucos. Por isso, olho no Getafe, a onda azul que começa a surgir em Madrid.

15.4.08

Exemplo de Organização?

Briga em concentração. Desentendimento entre atletas. Divulgação na imprensa de um mesmo caso com versões divergentes e ambíguas. A cada semana que passa, a diretoria do São Paulo mostra como o comando do clube está de pernas para o ar.

O novo acontecimento da equipe é a reintegração de Fábio Santos ao elenco principal. Segundo a alta cúpula Tricolor, o volante admitiu o erro de ter abandonado a concentração momentos antes do jogo contra o Juventus e que só acabou perdoado porque pediu desculpas publicamente. Seria verdade?

Atualmente, tudo no São Paulo ocorre sigilosamente e ninguém sabe quem está certo ou errado. O retorno de Fábio é apenas mais uma demonstração de toda confusão que impera nos ares do Morumbi.

É óbvio que a decisão da diretoria são-paulina foi altamente influenciada pela atual situação do time: afinal, logo na semana que antecede o clássico contra o Palmeiras, o clube não poderá contar com seus dois volantes titulares (Richarlyson e Zé Luís).

Sem nenhum outro substituto de origem, Muricy não teria muitas opções: ou recuaria Jorge Wagner e promoveria a entrada de um meia (Hugo, Sérgio Mota ou Dagoberto recuado), ou escalaria o garoto Aislan e improvisaria um zagueiro nesta função (talvez Miranda ou André Dias).

Mesmo assim, antes da punição a Fábio Santos, convenhamos: todo mundo sabia que um caminhão de jogadores que poderiam ser suspensos brevemente. Sinceramente, por que o clube auto intitula-se como o mais organizado do país, se sequer honra sua própria palavra?

Ridículo também, foi ver todo o alarde que os diretores tricolores criaram diante daquela situação. Para quê? Para se arrependerem dias depois. Será que se, hipoteticamente, os suspensos tivessem sido Dagoberto, Adriano e Hugo, o perdoado da vez seria o “gordinho” Carlos Alberto?

Não concordo quando afirmam que o São Paulo investiu errado trazendo atletas com fama de “bad-boy”. No badalado Palmeiras, por exemplo, os problemáticos Lenny, Denílson e Leo Lima não sofrem este preconceito.

Para mim, a diretoria tricolor precisa retomar os eixos. Os recentes títulos fizeram os diretores afrouxarem e esquecerem a fórmula mais eficaz: “pulso firme”.

11.4.08

Europa em Azul e Vermelho

O cartaz da grande final da Champions seria um prenuncio?

Liverpool e Manchester, vermelhos; Chelsea, azul e Barcelona, em azul e grená, pintam o domínio europeu neste momento. O Barcelona enfrentará o seu primeiro desafio real nesta Champions. Após enfrentar times fracos na fase de Grupos e Celtic e Schalke na fase final, os catalães enfrentam um Manchester maduro, que está em seu melhor momento e anseia muito por um título europeu, já que o último data da distante temporada 1998/99. O copeiro Liverpool suou para eliminar os promissores garotos do Arsenal, enquanto o Chelsea segurou o ímpeto e toda a empolgação do Fenerbahçe. Quatro times, duas cores e um campeão. Será que o Barcelona sucumbirá diante do domínio inglês?

É inegável dizer que dentre os quatro, pelo elenco e pelo que vem apresentando na temporada, o Manchester United é favorito. A grande fase do tridente Ronaldo-Tevez-Rooney dá mostras da força dos Red Devils, tendo em vista que o ataque da equipe já marcou 88 gols em 2007/08 (contando apenas Liga Inglesa e Champions). A juventude que faltou na temporada passada foi compensada com a aquisição de jogadores versáteis como Anderson, Nani e Hargreaves, o que cria uma gama de possibilidades à equipe. O jogo contra o Barcelona será duro, mas se o ManU jogar o que está jogando nesta temporada, existe a chance da equipe de Alex Ferguson passar sem maiores sustos sobre os catalães.

Mas a segurança e toda a experiência do Liverpool – sete títulos na Champions e duas decisões somente nesta década – mostram que os Reds devem ser muito temidos. De quase eliminados na fase de grupos a semi-finalista, o caminho da equipe, atual vice-campeã do torneio, foi bastante árduo. O melhor ataque entre os quatro postulantes ao título – 26 gols em 10 jogos – demorou para engrenar. Após passar com facilidade sobre o Toulouse na fase de pré-eliminatória (1-0 e 4-0), o Liverpool viu o fundo do poço após a derrota para o fraco Besiktas – com gol de Bobô e tudo – na Turquia. Com um ponto em três jogos, os Reds se viram na obrigação de ganhar os três jogos restantes para avançar. E o fizeram com louvor. Após eliminar verdadeiras pedreiras, como a Inter e o Arsenal, o Liverpool vem com mais moral ainda pra cima do Chelsea, freguês nesta década em se tratando de Champions.

Do outro lado, um Chelsea que deseja de vez entrar no seleto hall de grandes europeus. Milionário, mas sem a glória de um título continental, o Chelsea pode creditar essa sua condição de “quase grande” ao Liverpool: foram duas eliminações em duas semi-finais 2004/05 (0-0 e 0-1) e 2006/07 (derrotado nos pênaltis). Com um Drogba não tão eficiente quanto em outros carnavais, o time depende do bom desempenho da defesa, com expoentes como Cech, Terry e Essien, aliado com a gama de opções de seu meio-campo criativo, que conta com Lampard, Malouda, Wright Phillips e lampejos de Ballack. Um gol fora de hora pode trazer graves danos ao psicológico dos Blues, já que boa parte do elenco atual ficou no quase contra o mesmo Liverpool, nas duas oportunidades.

Por fim, o Barcelona, que foi perdendo peças importantes ao longo da competição, teve o caminho facilitado ao enfrentar Celtic e Schalke, os quais não ofereceram resistência. Não podemos fechar os olhos ao potencial dos blaugranas, mas creio que em meio aos ingleses, o Barça é o “azarão”. Perdeu Ronaldinho – que já não vinha bem, mas é um jogador diferenciado – além de Messi correndo contra o tempo para poder se recuperar de uma contusão, as esperanças da equipe se depositam em Henry e Eto’o. A vitalidade e agilidade da dupla pode fazer a diferença no duelo contra os grandalhões Vidic e Ferdinand. Outros jogadores podem aparecer como heróis, como o polivalente Xavi e o garoto Bojan, 17, que foi se fixando no time devido às contusões. O jogador mais jovem a envergar a camisa do Barcelona na Champions já marcou nove gols nesta temporada (oito pela Liga Espanhola e um pela Champions) mostra personalidade, mas a experiência e o futebol envolvente dos Red Devils pode pôr fim as pretensões do Barça, campeão em 2005/06, quando também encantou a Europa com um futebol vistoso, assim como os ingleses fazem neste momento.

As evidências apontam uma final vermelha em Moscou. E é onde apostaria minhas moedinhas, neste momento.

10.4.08

Nós temos a força

Sempre é legal ter qualquer tipo de reconhecimento do nosso trabalho. Sincero, porém inesperado, nós do Opinião FC ganhamos uma indicação da Janão, do excelente blog Xô Perereca. O selinho "Total Force" é simbólico, mas por vir de um blog de linha tão diferente da nossa, particularmente me deixa mais contente e crente de que estamos seguindo no caminho certo.

Pelo que entendi, o negócio é indicar mais cinco blogs de qualidade para receber o selo. Além do Xô Perereca, excelente blog e que é nosso parceiro há um tempão, indicamos mais quatro:

9.4.08

De férias

Lamentável, Celso Roth. Quando a tabela da Copa do Brasil mostrou que o tradicionalíssimo Grêmio enfrentaria o semi-desconhecido Atlético Goianiense muitos, como eu, pensaram: “Jogo de favas contadas, Grêmio nas oitavas”.

Afinal, de um lado tínhamos um clube raçudo, atual vice-campeão da Libertadores, que sempre foi famoso por sua eficácia em jogos mata-mata, enquanto que do outro lado havia um modesto campeão Goiano, mero coadjuvante de Vila Nova e Goiás em seu próprio Estado.

Ledo engano, já que o improvável aconteceu. E não é que o time bicampeão brasileiro e tetracampeão da Copa do Brasil sucumbiu a força (?) do remendado e refugado tricolor goiano?

Pois convenhamos, o Atlético é uma verdadeira colcha de retalhos. A defesa conta com o veterano Jairo, o rodado lateral Barão e o canhoto Julinho (sim, é aquele promissor lateral do Paulista que foi para o Corinthians e mal jogou na equipe).

Já o meio-campo da equipe relembra o Gama quando rebaixado à Série B: Pituca, Robston e Lindomar, todos estavam lá. Ao lado deles, o craque do time, o habilidoso, porém instável Anaílson. O ataque tem o esquecido Adriano Magrão (ex-Fluminense) e uma dupla vinda da Bahia formada por Sorato e Neto Potiguar. É mole?

Ok, ok. A equipe do Grêmio também não é lá “essas coisas”. Pior do que perder peças importantes como Diego Souza, Tuta, Tcheco, Gavillán e o técnico Mano Menezes, foi não saber repor estes desfalques com inteligência.

Atualmente, excetuando o promissor zagueiro Leo e o experiente Eduardo Costa, salvam-se mais alguns outros bons nomes, e só. Amostra de como a diretoria tricolor investiu muito mal em suas contratações.

“Trocou” laterais com o rival Inter e levou a pior, quando ficou com o fraco Hidalgo e perdeu o perigoso Bustos. Junto com o peruano vieram mais atletas de qualidade duvidosa como Tadeu (ex-Juventude), Perea (ex-Bordeaux) ou Júnior (ex-Flamengo). Isso, sem comentar a contratação do contestado Roger “chinelinho”.

Todo este episódio também serve para mostrar como alguns Estaduais têm equipes com qualidades sofríveis e que só servem para enganar os tolos dirigentes cm resultados banais e goleadas fáceis. Vale lembrar que até a derrota para o Atlético na partida de ida, os gaúchos ainda permaneciam invictos na temporada.

Em menos de um mês o time foi do céu ao inferno. Duas derrotas, duas eliminações precoces e início de crise no Olímpico. Quem sabe assim, a direção aprenda a lição e não cometa os mesmos erros que originaram este fracasso. Erros como a inexplicável demissão de Vagner Mancini, que foi preterido pelo ineficiente Celso Roth sem ao menos perder um jogo.

E que venha o São Paulo. Sim, o São Paulo. No longínquo 11 de maio.

4.4.08

O renascer de uma zebra

Villarreal 3 X0 Atlético de Madrid: Será que dá para repetir 2006 e ser semi-finalista da Champions?

Imagine se você fosse dirigente de uma equipe mediana e perdesse a sua principal referência no ataque, às vésperas do início da temporada. Para piorar, o seu meia está desmotivado e você se vê obrigado a emprestá-lo a preço de bananas. Será que, mesmo assim, você seria capaz de enfrentar seus adversários em pé de igualdade? O Villarreal está...

Mesmo que a atual vice-liderança do Submarino Amarelo na La Liga seja algo provisório, pois o Barcelona deve retomar este posto o quanto antes, devemos admitir: a campanha do Villarreal é louvável.

Muitos comentaristas acreditavam que sem a dupla Forlán e Riquelme, o time de El Madrigal não iria oferecer resistência para rivais mais tradicionais e que investiram uma maior cifra econômica, como o Atlético de Madrid, o Valencia, o Sevilla ou até mesmo o Espanyol. Erraram feio...

Um futebol burocrático que compensa a ausência de beleza com muita garra e determinação. Inspirado no “estilo portenho”, o treinador Manuel Pellegrini conseguiu montar um conjunto que se defende razoavelmente bem e que sabe jogar em função de seus atacantes.

No gol, o seguro Diego López, eterno reserva de Casillas no Real Madrid, enfim conseguiu mostrar suas qualidades. A zaga é formada pelo promissor uruguaio Godín e por Angel, destaque do Celta em 2007. O veterano Javi Venta atua como ala mais recuado, enquanto o incansável Capdevilla ajuda na armação do setor esquerdo.

O meio-campo tem o experiente Pires (que passou toda temporada passada machucado), o hispânico-brasileiro Marcos Senna, o recém-contratado Egurén (que assumiu a cabeça-da-área ocupada no primeiro semestre pelo francês Mavuba) e Santi Cazorla, revelação do Recreativo Huelva que apóia muito bem e ainda ajuda na marcação.

Na frente, Nihat e Giuseppe Rossi dividem a responsabilidade de marcar os gols da equipe. Dos 52 gols marcados pela equipe no Campeonato Nacional, 25 saíram dos pés de um deles. No banco, ainda existem algumas opções como o experiente Tomasson, o regular Cani e o Mati Fernández, chileno que ainda não apresenta o futebol que o consagrou.

Mesmo sem grandes estrelas, o Villarreal tornou-se um time encardido. Não à toa, venceu Valencia, Barcelona e Atlético de Madrid nos dois turnos e aos poucos, conquista seu espaço. Provavelmente estará na Champions League de 2009. E há quem diga que a classificação já será direta para a fase dos grupos... Quanta confiança!

3.4.08

Título Verde?

Vitória sobre o Corinthians abriu a sequência de 8 jogos 100% do Palmeiras
(Charge: Arthur Fujii - Desenhos FC)

No início da temporada de 2008, o Palmeiras foi um dos clubes que melhor reforçou o seu elenco. Além de ter vencido o leilão de Diego Souza, o Verdão trouxe o matador Alex Mineiro, o ex-encostado Élder Granja, o problemático Lenny e o polêmico, porém competente, Vanderlei Luxemburgo.

As derrapadas nas rodadas iniciais do Paulistão (empate com Mirassol e derrotas para Noroeste, Ituano e Guaratinguetá) deixavam o torcedor com a pulga atrás da orelha. Muitos acreditavam que, mais uma vez, o time palestrino iria morrer na praia.

Os tropeços fizeram a diretoria abrir os olhos e mais quatro novos reforços desembarcaram no Parque Antártica com o aval de Vanderlei: o promissor Henrique, o esforçado Kleber e os contestados Leo Lima e Denílson. Nem mesmo assim, o elenco do Palmeiras botava medo em seus adversários.

Mas, aos poucos, o Palmeiras foi acertando-se dentro do gramado. Hoje, vemos um Palmeiras forte, ofensivo, que adianta a marcação quando necessário e domina o oponente no campo de ataque. Nem mesmo os empates com os Rios Preto e Claro desanimaram a equipe.

Afinal, Valdívia começou a criar mais jogadas, Alex Mineiro desencadeou a marcar gols, Pierre e Henrique acertaram a defesa e Luxemburgo, enfim, definiu um padrão tático para o onze palmeirense. Até mesmo Leo Lima, outrora meio-campista firulento, melhorou seu futebol quando assumiu o posto de segundo volante.

Não à toa está invicto há 13 jogos (onze pelo Paulista e dois pela Copa do Brasil). Acumula neste intervalo 10 vitórias e apenas 2 empates. No Campeonato Estadual já possui o segundo ataque mais positivo, com 32 gols anotados e a terceira melhor defesa, com apenas 16 gols sofridos.

A fase atual é tão boa que nem o Palestra Itália, considerado a alegria dos visitantes no ano passado, viu derrotas em 2008: 2 vitórias e 1 empate. Neste embalo, o Verdão já é considerado por muitos comentaristas esportivos como o principal candidato ao título do Campeonato Paulista.

Exagero? Talvez. Que o Palmeiras tem o melhor elenco e está jogando muita bola, todos sabem. O problema é que na hora do mata-mata, pode aparecer um altíssimo salto alviverde que colocará tudo a perder. E disso, eu não duvidaria. Ou será que alguém esqueceu a pipocada Tricolor em 2007?

1.4.08

Síndrome da “última rodada”

Aproveitando o ensejo do último post do amigo Alexandre Azank, vamos a mais uma síndrome que afeta ao futebol brasileiro. Essa, muito mais recente que a de Pelé. Para ser mais exato, ela deu mostra de seus primeiros sintomas no dia 2 de dezembro de 2007, dia da última rodada do Brasileirão. O Corinthians precisava vencer o Grêmio no Olímpico e torcer para que o Inter – rival mordido desde a confusão do STJD no Brasileirão 2005 – tirar pontos do Goiás, concorrente direto do Timão. O Inter não teria porque jogar duro naquele dia, pois não estava aspirando a mais nada naquele campeonato. O resto, todo mundo já sabe como ocorreu.

Pouco mais de quatro meses após o maior revés de sua história, o Corinthians chega na última rodada precisando de uma combinação dificílima: Precisa vencer o encardido Noroeste em Bauru e torce por um tropeço em casa do São Paulo frente ao Juventus – algo que parece improvável, mesmo com o Moleque Travesso brigando para não cair – ou que o Santos tire pontos da Ponte jogando na Vila, onde tem quase 90% de aproveitamento de vitória no ano. O detalhe é que, além da grande rivalidade santista frente ao Timão, o Santos não aspira mais nada no Paulistão e passa alguns apuros na Libertadores. Então, onde o Santos concentrará suas chances, caro leitor? A resposta parece óbvia.

Claro que não é o fim do mundo o Corinthians não chegar as semi-finais do Paulistão. No entanto, é inegável que a possibilidade de brigar por um título de prestígio como o Campeonato Paulista daria maior ânimo a equipe, na árdua tarefa de jogar Série B. Para completar a semana decisiva antes do jogo de domingo contra o Norusca, o Corinthians tem o jogo de volta contra o Fortaleza, válido pela Copa do Brasil, onde joga por um simples empate. Mas se tratando de Corinthians – um time forte na defesa e débil em outros setores – todo cuidado é pouco. E uma virtual eliminação para o Tricolor cearense seria catastrófica, minando não só as forças para a decisão de domingo, mas também todo um primeiro semestre.

Posto isso, temos de reconhecer que o trabalho de Mano. Tendo em vista as grandes dificuldades e o elenco limitado, ele começou bem. Mas uma semana ruim pode virar o mundo alvinegro em cima da cabeça do técnico. Algo injusto, mas muito próprio do futebol, que pede resultados imediatos. E muito mais inflados em uma equipe ferida pela queda no ano passado.