30.5.10

O sonho continua

Depois de seis meses à frente do Internacional, o uruguaio Jorge Fossati não é mais o técnico do clube. Nem mesmo a classificação para as semifinais da Copa Libertadores foram suficientes para manter o treinador no cargo. Apesar de ser contra a demissão de técnicos por causa de maus resultados, acho que foi a melhor coisa a ser feita no Inter.

Pelo menos a imagem que se passava para a mídia era a da falta de sintonia entre atletas e o uruguaio, que não estava fazendo com que a equipe jogasse com todo o seu potencial. Com o elenco que tem, o Inter ficou devendo futebol nesse primeiro semestre, tanto no Gauchão quanto na Libertadores. O início no Brasileiro, mesmo disputando o torneio continental concomitantemente, mostra isso: em foram três derrotas em quatro jogos, sendo duas para concorrentes ao título (Cruzeiro e São Paulo, em casa), e uma para o Vasco, time que brigará pela Sul-Americana, mas na parte debaixo.

O volante Sandro, apesar de evitar avaliar o trabalho do uruguaio como comandante do Inter, disse que espera que o novo treinador dê mais sequência a equipe titular, já que Fossati vinha promovendo muitas mudanças e sendo alvo de críticas por isso.

A paralisação para a Copa do Mundo virá em boa hora para o Inter: o novo treinador terá tempo para conhecer, treinar e definir a equipe para a sequencia no Brasileiro e para a decisão caseira contra o São Paulo pela Libertadores, principal objetivo dos gaúchos para a temporada.

O sonho do bicampeonato ainda se mantém. A derrota para os paulistas, no Brasileiro, não teve todos os titulares em campo desde o início. Certamente o hexacampeão brasileiro enfrentará um time muito modificado no dia 28 de julho, data da primeira partida da semifinal.

27.5.10

A isca de Agüero

Que Kun Agüero é um atacante talentoso – e muito mais do que apenas genro de Maradona, como muitos veículos preferem se referir a ele – é fato consumado. O atacante do Atlético de Madrid é cobiçado pelas maiores equipes do mundo e parece que sua saída da equipe colchonera é questão de tempo.

Prestes a completar 22 anos, o badalado atacante já é patrocinado pela Nike desde garoto. Recentemente, a empresa estadunidense fez uma campanha publicitária chamada de “A Isca de Agüero” (abaixo), onde o atacante argentino "ensina" como dar um dos dribles que, teoricamente, ele mais usaria em campo.



Mas no último amistoso em solo argentino antes da Copa do Mundo, onde a albiceleste enfrentou o frágil Canadá, Agüero entrou no lugar de Tevez na segunda etapa. Poucos minutos após a substituição, eis que numa jogada pelo lado esquerdo do ataque, o avante se utilizou de sua isca: deixou o lateral Richard Hastings na saudade e fuzilou o goleiro Pat Onstad, marcando o quinto gol na goleada por 5-0 (abaixo). O comercial não era apenas uma encenação para vender material esportivo, afinal.



Apesar dos problemas defensivos e das peripécias de Maradona como técnico, a força ofensiva dos jogadores argentinos é invejável – e nominalmente, uma das melhores dentre as 32 seleções da Copa, ao lado da Espanha: Máxi Rodríguez, Di Maria, Messi, Higuaín, Tevez, Agüero e Diego Milito.

A albiceleste, de Agüero, tem muitas chances de crescer em campo e vencer a desconfiança, já que tem tantos jogadores que podem fazer a diferença. Mais até do que o “compacto e coerente” Brasil de Dunga - um dos favoritos ao título.

22.5.10

A precisão da Inter de Mourinho

José Mourinho: maior responsável por deixar a Inter novamente no topo da Europa

Após 45 longos anos longe da “Orelhuda”, a Inter sente, novamente, o gosto de estar no topo da Europa. Além do retorno à Milão – desta vez, para os lados de Appiano Gentile -, a conquista da Champions League consagra o técnico José Mourinho. A exemplo do Porto em 2003/04 – e guardadas as devidas proporções – ele foi campeão sem contratar grandes estrelas. E foi de precisão cirúrgica quando escolheu jogadores “mais baratos” como Sneijder (o dono do meio-campo ao lado do eficiente Cambiasso), Thiago Motta (fora da final por suspensão) e principalmente, Lúcio, Milito e Eto’o – depois Pandev, na janela de transferências de inverno, em janeiro.

Enquanto o habilidoso meia holandês custou 15 milhões de euros, Milito e Thiago Motta tiveram seus preços barateados, já que a Inter envolveu outros jogadores pouco aproveitados no negócio (cerca de 24 milhões de euros). Já Eto’o e Pandev não custaram nada ao cofres nerazzurri o camaronês veio na negociação de Ibrahimovic, com mais 20 milhões de euros do Barcelona e o atacante macedônio conseguiu passe livre – enquanto Lúcio veio por apenas 7 milhões de euros, já que havia sido descartado no Bayern de Van Gaal. Trabalhando com o pouco capital disponível para contratações - considerando o padrão de uma equipe grande como a Inter -, Mourinho conseguiu montar uma equipe consolidada e eficiente.

Muitos questionam a Inter como uma antítese ao futebol bonito do Barcelona. Mas a Inter de Mourinho – que provavelmente rumará ao Real Madrid – é vencedora e um time consistente, eficiente e prático. Além dos resultados (tríplice coroa com o scudetto, Coppa Italia e Champions), Mourinho conseguiu parar Barcelona e Chelsea com vitórias respeitáveis – o primeiro jogo contra os catalães, em Milão, mostrou isso. Além disso, o mão do técnico é vista no comprometimento de todos seus atletas em campo, em especial a Eto’o, que, por vezes, vira praticamente um meia, fugindo totalmente de suas características. E esse papel do camaronês foi um dos pilares dos campeões, ao lado e jogadores como Júlio César, Maicon, Lúcio, Cambiasso, Sneijder e Il Principe” Diego Milito.

Longe de ter a moral que tem na Inter em sua seleção, o argentino fez uma temporada fantástica no Calcio. Vice-artilheiro do italiano (22 gols e 30 na temporada, em 48 partidas), Milito cresceu nas decisões: fez os gols do título do campeonato nacional (contra o Siena), da Coppa (contra a Roma) e da Champions (diante do Bayern). Resta saber se Maradona ignorará o ótimo momento do artilheiro, que merece a vaga no comando de ataque da albiceleste, mesmo com Higuaín também em boa fase no Real.

Na final propriamente dita, Mourinho anulou a principal peça do Bayern: Arjen Robben não lembrou os jogos decisivos contra a Fiorentina, Manchester United e Lyon, onde decidiu a sorte dos confrontos. Sem Ribéry, suspenso, o Bayern de Van Gaal se tornou previsível. Mesmo com a bola nos pés a maior parte do tempo (66%, contra 34 da Inter), a equipe parecia “travada”. Schweinsteiger, teoricamente um meia mais criativo, pouco se apresentou ao jogo. Ponto para Mourinho, que fez com que o time marcasse no campo de defesa bávaro, forçando o erro. Além de contar com Milito numa jornada inspiradíssima.

O futuro do técnico português é incerto, já que as especulações o levam para o Real Madrid. Uma grande perda para a Inter, que não terá vida fácil para achar um técnico à altura dele neste momento – e que caia como uma luva ao elenco. Contudo, com todos os questionamentos que possam existir ao estilo implantado por Mourinho, a Inter foi campeã europeia com todos os méritos. A eficiência também merece premiação e elogios, o que sobrou ao time nerazzurri.

20.5.10

Brasil na Copa: Favorito em campo, azarão nas propagandas

Com todas as contestações que possam existir quanto a lista de convocados por Dunga para a Seleção que disputará a Copa da África do Sul, o histórico e os resultados do técnico na equipe atestam: o Brasil entra como um grandes favoritos ao título – como já manifestei aqui, ao lado de Espanha e Inglaterra.

Contudo, se a tradição e os resultados recentes mostram o quanto o Brasil é temido em campo, em outra área que diz respeito ao Mundial de 2010, o país do futebol está sendo azarão e sofre uma verdadeira goleada: as propagandas de TV para a Copa.

Como não sou formado em Publicidade e Progandanda e tenho vagas idéias sobre marketing, não esperem análises baseadas em teorias e pilares deste segmento. São impressões. E as propagandas brasileiras para esta Copa, salvo raríssimas exceções, caem nos clichês e são pouco originais. Lembrando que sim, sei que o Brasil é respeitadíssimo no assunto, possui agências tradicionais que são referência quando falamos sobre propagandas de TV e que já ganharam inúmeros prêmios no exterior – fato que acentua minha decepção com as campanhas veiculadas até aqui sobre Copa, Brasil e futebol.

As da Brahma – patrocinadora oficial da Seleção e da própria Copa – chegam a desafiar a inteligência do telespectador/consumidor. “O Brasil contra o resto” (foto acima), que estrela Luís Fabiano, “Lista de Pedidos”, a “Seleção de Guerreiros” e "Poucas Palavras"- as duas últimas tem Dunga como maior expoente - são exemplos disso. A segunda citada tem inspiração direta de “Benditos”, da cerveja argentina Quilmes, muito elogiada no último Mundial. No entanto, a peça brasileira cai no erro de exaltar primeiro a marca (brahmeiros) e depois a Seleção, ao contrário da propaganda dos hermanos, que ainda tem texto e edição de imagens impecáveis e atinge o espectador pelo mote da emoção – não a artificialidade, que transparece na voz de Dunga –, mas baseadas em fatos reais e bem explorados.

Como contraponto, cito o comercial da própria Quilmes – que patrocina a seleção argentina – para 2010. Evoca Deus, feitos e a paixão argentina na Copa, citando o nome da cerveja apenas no fim da propaganda. Nada de “somos guerreiros ou quilmeiros”. Um papo franco da entidade divina com os hinchas da albiceleste, numa abordagem diferente, mas que não falha em fixar a marca ao telespectador.



Outro clichê muito visto nos comerciais das grandes marcas é a de ridicularizar os argentinos. Ambos da Skol, da mesma Imbev, o fato dos argentinos “torcerem redondo” e virarem brasileiros por tomarem a tal cerveja chega a soar ridículo, assim como as latinhas falantes. A bola dentro (única que vi até aqui) foi da Seara, que recentemente passou a patrocinar o escrete canarinho. Usou a irreverência dos Meninos da Vila e suas danças de comemoração de gols para parodiar com o famoso clipe de Beyoncé, “All the single ladies”. Ou na famosa promoção das "Camisas Campeãs" do Guaraná Antarctica (também patrocina a Seleção atualmente), que mostra com criatividade que "todo mundo" quer um das camisas do Brasil pentacampeão mundial.



Enquanto isso, alguns comerciais gringos primam pela irreverência. Enquanto a Directv recruta as “velhas” estrelas sul-americanas, como Batistuta, Valderrama, Zamorano, Aguinaga, Cubillas e Dudamel para um asilo, a TyC (Torneos y Competências) apela para o lado cultural de se torcer e jogar na Argentina. E sucedendo o elogiadíssimo “Benditos”, da Quilmes, "Argentinos" é um dos spots mais (bem) comentados da internet, através de blogs, twitter e afins.



O irreverente jornal Olé já mostrou, em 2007, como se parodiar os brasileiros em "Soy brasileiro". Mas na contramão da Skol, que tenta ridicularizar os vizinhos, o principal jornal de esportes dos hermanos faz a referência, com bastante humor e sem ridicularizar símbolos brasileiros presentes na propaganda como o Cristo Redentor, as bebidas, a capoeira e o futebol pentacampeão. Assim como o Guaraná Antarctica fez, ao mostrar Maradona "sonhando" em vestir a camisa do Brasil.

Já a MTN, uma empresa sul-africana de telecomunicações de telefonia, se utiliza do mote da rivalidade Inglaterra-Alemanha para arrancar risos. Valorizando a cultura africana, a Pepsi recruta seus astros, como Messi, Drogba e Lampard, além do cantor Akon em "Oh, Africa".



Mesmo sem o brilhantismo o da excelente campanha Jose+10, da Adidas, a Nike mantém o padrão de seus excelentes spots e convida seus patrocinados a reescrever o futuro. Nesta campanha, onde as histórias se interligam, Cristiano Ronaldo aparece como superstar, Rooney remoe (e tenta mudar) uma fictícia derrota para França de Ribéry, aparecendo gordo e barbudo, além de Ronaldinho, que transforma suas peripécias em campo em um DVD "Como sambar com Ronaldinho" no melhor estilo 011-1406 (só lembra desse número quem tem mais de 25 anos). Alie a essas estrelas todas, uma boa história e participações pontuais de Roger Federer, Homer Simpson, Kobe Bryant, Gael García Bernal, Drogba, Cannavaro e Thiago Silva. Enquanto isso, argentinos como Tevez, Agüero, Mascherano e Romero jogando uma partida na famosa Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, sede do Governo.



Uma Copa com o ineditismo de ser sediada no continente africano deveria ser fonte de inspiração aos publicitários que fazem chamadas para a TV. Mas a menos de um mês para a Copa, o Brasil está muito atrás de seus adversários. E sem esperanças de reverter o cenário. Quem sabe um Mundial em solo tupiniquim após 64 anos volte a inspirar os nossos renomados profissionais.

*Texto inspirado nos posts dos blogs Deixa de Nerdice, Esporte Fino, Flávio Gomes e O Certame.

19.5.10

Uma farra chamada Brasil


O presidente Lula assinou na última quarta-feira um projeto de lei que concede auxílio a ex-jogadores da seleção brasileira de futebol. Pela proposta enviada a Lula, os jogadores da seleções de 1958, 1962 e 1970 receberão prêmio de R$ 100 mil, pagos de uma única vez, além de uma pensão mensal calculada entre o que o ex-atleta já recebe e o teto da Previdência, que é de R$ 3.000. O presidente inclusive pediu urgência na votação no Congresso. O grande ministro do Esporte, Orlando Silva Jr, é claro, foi um dos que mais pressionaram para a aprovação do projeto.

É uma medida simplesmente lamentável e populista. Um absurdo. Um dos argumentos é retribuir a alegria que os ex-jogadores deram ao povo brasileiro. É notório que alguns deles estão em má condição, e que precisam de auxílio. Não se trata de não valorizar os ídolos do passado. Mas eu não acredito que, nesse contexto, sejam diferentes de outros milhões de brasileiros que passam necessidade.

E os outros atletas que disputaram uma Copa do Mundo e não foram campeões, vivendo nas mesmas condições, não merecem o auxílio? Não deram alegria ao povo, então que "se virem"? E os campeões mundiais do vôlei, judô, natação, ou ginástica? Seus feitos são insignificantes, não merecem o mesmo tratamento? E os campeões olímpicos?

Pior ainda em se tratando de futebol. Já vivemos num país que supervaloriza o futebol, em detrimento dos outros. Vivemos a pátria de chuteiras somenta a cada quatro anos. Nos outros, o interesse pelo futebol se dispersa. E o governo encabeça um projeto do tipo. Pior que isso - os atletas em atividade, campeões mundiais, já vivem atrás de patrocinadores e encontram dificuldades para continuar competindo. Diego Hipólito é um bom exemplo. Que dirá quanto à sua aposentadoria.

Enquanto isso, a Confederação Brasileira de Futebol, cujo presidente é o todo poderoso Dr (!?!?!) Ricardo Teixeira, tem um faturamento anual de US$ 98 milhões - R$ 178 milhões no câmbio desta terça-feira. A CBF hoje conta com dez patrocinadores: Nike, Itaú, Vivo , Ambev, TAM, Gillete, Volkswagen, Grupo Pão de Açúcar, Seara, Nestlé. Nenhum clube fatura tanto no Brasil. Aliás, pelo contrário, muitos estão à beira da falência.

Sendo assim, por que não a CBF, ao invés do governo, com o nosso suado dinheiro arrecadado por meio de uma das mais altas cargas tributárias do mundo, que pague a aposentadoria dos ex-atletas? Afinal, é por causa deles, dos seus explêndidos feitos e esforços, que a CBF consegue vender tão bem o seu produto. Nem salário a entidade paga aos clubes pelo tempo em que os atletas defendem a seleção. Mas lucra fabulosamente por causa deles. E, levando tudo isso em consideração, é o governo que vai arcar com o auxílio aos campeões mundiais. Esse é o Brasil. Infelizmente.

17.5.10

Fator Ancelotti

Ancelotti: maior responsável pelo Chelsea dos 103 gols na Premier e que conquistou a dobradinha inglesa pela 1ª vez em sua história

Muitos devem ter torcido o nariz quando Carlo Ancelotti topou dirigir o Chelsea, após oito anos no Milan – além de uma carreira toda como treinador no truncado futebol italiano. Apesar de não se contestar sua passagem vencedora no Milan (duas Champions, um scudetto e um Mundial da Fifa), o italiano foi muito contestado em suas últimas temporadas nos rossoneri, já que, quase sempre, primava mais por arrumar a defesa do que em jogar pra frente, e consequentemente, fazer os gols e vencer.

Depois do bom trabalho do “tampão” Guus Hiddink (semifinalista da Champions e vice campeão da Premier League), Ancelotti chegou ao Chelsea sem nenhum reforço significativo para esta temporada, já que a direção da equipe optou por manter a (forte) base dos últimos anos. E onde técnicos como o próprio Hiddink e o campeão mundial Felipão falharam, o italiano acertou a equipe, que não tinha “química” com um treinador desde a saída de Mourinho, em 2007. O resultado veio dentro de campo, com a conquista da dobradinha Premier League/Copa da Inglaterra, a primeira dos Blues na história – 10º equipe na história a conseguir tal feito.

Além do bicampeonato da Copa da Inglaterra (já havia vencido o Everton na temporada passada), a conquista do título nacional foi significativa. Além de quebrar a hegemonia do então tricampeão Manchester United, o Chelsea do “ex-retranqueiro” Ancelotti quebrou recorde atrás de recorde: melhor ataque (103 gols em 38 jogos, com sete goleadas por quatro ou mais gols de diferença) desde a temporada 1962/63, quando o vice-campeão Tottenham fez 111 gols em 42 partidas; melhor saldo de gols da história (+71); mais gols marcados em casa em uma temporada (68), entre outros recordes.

Pelas mãos de Ancelotti, que chegou a escalar três atacantes – Drogba, Anelka e Kalou - em diversos jogos (vale lembrar que Felipão pensava que o marfinense e o francês não teriam espaço na mesma equipe), Drogba fez temporada impecável: além da artilharia, com 29 gols, o camisa 11 deu 13 assistências (terceiro da liga, superado pelo companheiro Lampard, com 17). Com maestria, ajudou Terry a contornar o delicado momento detonado após a divulgação do caso de adultério com a então esposa de Bridge, fato que lhe valeu a perda da tarja de capitão do English Team. E a equipe se superou nas horas mais difíceis diante dos grandes, como no clássico decisivo da penúltima rodada contra o Liverpool, fora de casa. A vitória por 2 a 0 praticamente colocou por terra as chances do tetra dos Red Devils – o que foi confirmado com a sonora goleada na rodada derradeira diante do Wigan por 8 a 0, uma das maiores da história da competição.

Mesmo com a frustração da precoce eliminação nesta Champions, diante da finalista Inter, o trabalho de Ancelotti no Chelsea é concreto e real. E com um treinador que parece permanecer nos Blues por muitas temporadas, como já fizeram Ferguson, Wenger e, recentemente, Benítez, o sonho de conquistar a Europa – objeto de cobiça maior do Chelsea desde que Roman Abramovitch assumiu a equipe – tem fundações confiáveis, já que o elenco do Chelsea se adaptou ao técnico italiano e vice-versa. Animado, reforços podem chegar para rechear o sonho, sob a batuta de Ancelotti, que quebrou o paradigma de “defensivista” construído no Milan.

14.5.10

Campeonato Brasileiro 2010 - Parte V

Flamengo
Arrumando a casa para o Bi


No início do Brasileirão 2009 era difícil apostar no título do Flamengo. O time se superou e mostrou muito brio para levar o caneco. Só que para repetir o feito, o rubro-negro vai ter que passar por cima não só dos adversários, mas dos problemas internos também. A demissão de Andrade não caiu bem e Rogério Lourenço, sem dúvida, é inexperiente para comandar a equipe da Gávea por um longo período.

Adriano - principal nome do elenco - não vive um ano positivo. Entre problemas pessoais e excesso de peso, o atleta vai ter que administrar a ausência na Copa do Mundo da Africa do Sul e isso pode afetar seu rendimento em campo. Contudo, não dá para fechar os olhos para o fato do “Império do Amor” ter levado o clube às quartas de final da Libertadores. Juntos, Vágner Love e Adriano formam uma dupla de ataque de respeito, mas que precisa tomar jeito fora de campo.

Como peças propulsoras da máquina, o Mengo ainda conta com a genialidade oscilante de Petkovic e do entusiasmo de Kléberson, que pode render mais ainda caso faça uma boa Copa. Os laterais Juan e Léo Moura sãos outros que têm bastante vigor físico e força de ataque para manter o time em alta. Resumindo: o Flamengo têm um time forte e competitivo sim. Pode chegar ao título, mas assim como no ano passado, difícil é ver quem aposta nisso neste momento.

Clube de Regatas Flamengo
Status: Zona da Libertadores
Melhor participação: Pentacampeão* (1980, 1982, 1983, 1992 e 2009).
*A CBF atribui o título de 1987 ao Sport.
Em 2009: Campeão (67 pontos)
Time base (4-4-2): Bruno; Léo Moura, David, Ronaldo Angelim e Juan; Kléberson, Rômulo (Michael), Maldonado (Petkovic) e Willians; Vágner Love e Adriano. Técnico: Rogério Lourenço.
Destaque: Mesmo com todos os problemas extra-campo, Adriano continua sendo o “cara” na Gávea. Se ele vai mal, o time vai mal. Só que o inverso também acontece. Como qualquer craque, ele tem a capacidade de desequilibrar e isso pode levar o rubro negro longe.
Olho nele: O zagueiro David, 22 anos, tem experiência nas seleções de base e foi importante no título do ano passado. Mais estabilizado como titular, deve ser um nome importante no conjunto mais uma vez
Pontos Fortes: A dupla Love-Adriano - o “Império do Amor” - têm lampejos dentro das partidas que desequilibram e decidem jogos. Os dois são fundamentais para o time.
Pontos Fracos: No Flamengo, os problemas extra-campo chamam mais a atenção do que as imperfeições dentro das quatro linhas. Com eventuais deslizes da diretoria e dos jogadores, a tendência é o time afundar na competição.

Botafogo
No embalo do Carioca

Nada como um título para alavancar uma boa temporada. O campeonato carioca serviu para mostrar que o Fogão é competitivo e merece respeito. Com um ataque estrangeiro, composto por Loco Abreu e Herrera, o alvinegro demonstra vigor, raça, velocidade, mesmo não tendo grandes nomes. Ainda precisa de um elenco mais equilibrado para suportar uma competição longa como o Brasileirão.

No banco de reservas, o famoso “do the right” Joel Santana é um técnico que sabe ter um elenco na mão - ou melhor na prancheta. Experiente em Brasileiros, Joel é o tipo de treinador que motiva e ao mesmo tempo chama a responsabilidade para ele, fato positivo para a equipe.

O clube busca no Brasileirão uma campanha que chame atenção. Há algum tempo que o Botafogo faz campanhas medianas no torneio. Talvez em 2010, quinze anos após o único título, seja a hora de fazer as coisas acontecerem.

Botafogo de Futebol e Regatas
Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: Campeão em 1995
Em 2009: 15º lugar (47 pontos)
Time base (3-5-2): Jefferson, Fábio Ferreira, Antônio Carlos e Fahel; Alessandro, Leandro Guerreiro, Túlio Souza, Renato e Edno; Herrera e Loco Abreu. Técnico: Joel Santana
Destaque: Joel Santana é um “showman”. Têm nas mãos a chance se levar o time ao auge, caso vença o Brasileirão. Com a pranchetinha que já virou um símbolo pode mudar o esquema do time a qualquer momento de 3-5-2 para 4-4-2 ou até 4-3-3. Nas mãos dele, o Bota pode surpreender.
Olho nele: Considerado o Talismã de Joel, o atacante Caio, mesmo do banco, marcou gols importantes na campanha da equipe rumo ao título do Carioca. Em caso de má fase da dupla Herrera-Abreu, o jovem atacante estará apostos para ingressar com naturalidade entre os titulares.
Pontos Fortes: Tem na jogada aérea o seu ponto porte. Abreu e Herrera são exímios aproveitadores dessa arma.
Pontos Fracos: O time têm um banco de reservas bem inferior tecnicamente ao elenco titular. Em um campeonato longo, pode fazer a diferença.

Fluminense
Novos focos

Entre as grandes novidades do Flu para este campeonato estão Muricy Ramalho e o atacante Rodriguinho. O tricolor apostou alto, trouxe quem entende do assunto: um técnico que nos últimos cinco anos, faturou três títulos nacionais. Conhecimento para ele não falta, para acertar uma equipe que parece ter forte capital de seu patrocinador para apostar em mais reforços de peso.

O ataque liderado por Fred ganha agora a companhia de Rodriguinho, jogador habilidoso e veloz que chamou a atenção no Santo André e tem tudo para despontar em uma equipe grande. Outro reforço que chega do time vice-campeão Paulista é o lateral esquerdo Carlinhos, um dos pilares da boa campanha da equipe. Quem brigou três anos consecutivos para não ser rebaixado agora vê possibilidades de ter uma vida mais tranquila na competição. Basta as peças se encaixarem bem ao elenco.

Fluminense Football Club
Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: Campeão em 1984
Em 2009: 16º lugar (46 pontos)
Time base (3-5-2): Rafael; Mariano, Leandro Euzébio, Gum e Julio César; Diguinho, Everton, Marquinho e Conca; Rodriguinho e Fred (André Lima). Técnico: Muricy Ramalho.
Destaque: Muricy Ramalho decepcionou no Palmeiras mas ainda continua sendo o treinador mais vitorioso da década por isso que têm ele no comando pode ter a certeza de uma temporada competitiva pela frente.
Olho nele: Wellinton Silva, 17, é a jovem promessa do tricolor este ano. Com um corpo franzino, ao melhor estilo Neymar, surpreende pela habilidade e velocidade. Aos poucos deve entrar na equipe para ir se firmando.
Pontos Fortes: O ataque do Flu somado a velocidade do meia Conca é de fazer inveja a muita equipe. Fred, Rodriguinho, André Lima e Conca. Um quarteto perigoso e que sabe fazer gols.
Pontos Fracos: A zaga do Flu não inspira confiança. Embora o zagueiro Gum suba bem ao ataque e faça gols importante, lá atrás as coisas complicam.

Vasco
Série B nunca mais!

Quem voltou a elite do futebol agora tem a missão de se manter nela. O Vasco passou por maus bocado em 2008, mas soube dar a volta por cima no ano passado. Comandado pelo capitão Carlos Alberto, os vascaínos, se não foram brilhantes, pelo menos alcançaram o principal objetivo do clube. Estar na Série A em 2010.

Cá estamos agora diante de um time maduro, que passou pela provação da segundona para recuperar o prestígio e ganhar o apoio da torcida. Ainda têm muitas limitações e dos quatro cariocas é o mais fraco, o que não significa que não possa lutar para ficar entre os oito primeiros do campeonato. Recentemente o time fechou com o Zé Roberto (ex-Flamengo) e ainda corre atrás de reforços para a temporada para que o fantasma do rebaixamento não assolar o clube novamente.

Clube de Regatas Vasco da Gama
Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: Tetracampeão 1974, 1989, 1997 e 2000
Em 2009: 1º lugar da série B (76 pontos)
Time base (3-5-2): Fernando Prass; Élder Granja, Thiago Martinelli e Dedé; Nilton, Souza (Léo Gago), Zé Roberto, Carlos Alberto e Philippe Coutinho; Dodô (Caique) e Elton. Técnico: Gaúcho
Destaque: Dodô por onde passa deixa marcas. No Vasco não é diferente.Goleador, inteligente e agora, experiente. Um jogador que faz a diferença.
Olho nele: Philippe Coutinho, 17 anos, é a jóia rara da equipe. Um jogador que se for bem lapidado têm potencial para chegar muito longe no futebol e por isso merece toda a atenção neste campeonato. Isso se a Inter de Milão, dona de seu passe, não o recrutar para se juntar ao elenco nerazzurri em breve.
Pontos Fortes: O Vasco se tornou um time experiente. Carlos Alberto, Zé Roberto, Élder Granja, Dodô. Nomes que já passaram por muitos clubes, por muitas situações e que podem dar confiança para os mais novos deslancharem na competição.
Pontos Fracos. Do meio pra trás o time é limitado. A zaga e os laterais deixam a desejar e podem fazer com que o que o ataque cria seja destruído facilmente.

12.5.10

Campeonato Brasileiro 2010 - Parte IV

Atlético/GO
Em ascensão


Depois de dois acessos seguidos - campeão da Série C em 2008 e 4º colocado na Série B de 2009 -, o Atlético-GO finalmente chega à primeira divisão prometendo dar trabalho e, mais que isso, permanecer na primeira divisão. E tem time para isso. Depois de garantir seu lugar na elite, o clube se reforçou e trouxe jogadores rodados, como Rodrigo Tiuí (ex-Fluminense e que estava no xará paranaense), Thiago Feltri (ex-Atlético-MG) e o centroavante Washington (ex-Palmeiras e Vitória-BA e que estava no São Caetano).

Soma-se a eles a permanência no goleiro-artilheiro Márcio, que teve seu contrato renovado e é um dos maiores responsáveis pela excelente campanha do time goiano até aqui na Copa do Brasil - enfrenta o Vitória na semifinal, e tem futebol para avançar. A campanha no estadual, eliminando o Goiás na semi e goleando na final o Santa Helena, evidencia a boa fase do Dragão. A inexperiência na Série A, no entanto, quando irá enfrentar os grandes do futebol brasileiro em seus estádios, pode pesar. Além disso, Geninho precisa melhorar o seu retrospecto de começar bem as competições e cair no final.

Atlético Clube Goianiense
Status: Briga para não cair
Melhor participação: 23º lugar em 1980
Em 2009: 4º lugar na Série B (65 pontos)
Time base (4-4-2): Márcio; Ayrton, Welton Felipe, Jairo e Tiago Feltri; Agenor, Pituca, Ramalho e Robston; Juninho e Rodrigo Tiuí. Técnico: Geninho
Destaque: O goleiro-artilheiro Márcio já vinha se destacando desde a campanha vitoriosa na Série B do ano passado. Mas a sua atuação nos jogos diante do Palmeiras pela Copa do Brasil, somadas aos três pênaltis defendidos, colocaram o jogador sob os holofotes como o principal nome do Dragão.
Olho nele: Pouco utilizado no Atlético/MG, Tiago Feltri vem ganhando espaço pela ala esquerda do Atlético/GO. É veloz e tem técnica, apesar das falhas na cobertura da zaga.
Pontos Fortes: Vive boa fase, após os dois acessos consecutivos e a semifinal da Copa do Brasil; Jogadores como Feltri e Tiuí são boas armas no contra-ataque.
Pontos Fracos: Carece de um meia armador, além da luta para não perder seus principais destaques para equipes maiores dentro do futebol brasileiro.

Goiás
Dividindo a hegemonia do Centro-Oeste

Além de não ter mais a exclusividade de ser a única equipe da região Centro-Oeste na elite, o Goiás atravessa má fase. Após demitir o técnico Jorginho, a aposta é no experiente Leão – mas que não emplaca um bom trabalho há mais de quatro anos. Além disso, perdeu o principal jogador de seu elenco, já que Fernandão foi para o São Paulo.

O goleiro Fábio chega para substituir o contundido Harlei, sendo esta a única movimentação da equipe, que ainda tenta trazer Marcelinho Paraíba – já que Carlinhos Paraíba, envolvido na negociação com Fernandão, estava lesionado e teve que ser devolvido. Tentando se remontar e com dificuldades no meio-campo e no ataque, o Goiás pinta, inicialmente, como mero figurante neste Brasileirão.

Goiás Esporte Clube
Status: Briga para não cair
Melhor participação: 3º colocado em 2005
Em 2009: 9º lugar (55 pontos)
Time base (4-4-2): Fábio (Harlei), Douglas, Rafael Tolói, Augusto e Jadílson; Wendel Santos, Amaral, Romerito e Everton Santos; Rafael Moura e Daniel Lovinho. Técnico: Leão.
Destaque: Contratado para ser o homem gol no início de 2010, Rafael Moura ainda está devendo gols para a torcida esmeraldina em 2010. Ainda assim, o atacante tem bom aproveitamento nas bolas aéreas e prende a zaga adversária na área, podendo "desencantar" no campeonato nacional.
Olho nele: Artilheiro do último Campeonato Goiano pelo modesto Trindade, Diogo Galvão terá chance de aparecer na elite.
Pontos Fortes: Tem jogadores habilidosos no meio campo, como William e Deyvid Sacconi, além do bom zagueiro Rafael Tolói.
Pontos Fracos: Ainda precisa de atacantes confiáveis, além da crise interna que resultou na troca de alguns dirigentes da equipe; Leão tem personalidade muito instável e pode atrapalhar a equipe.

Guarani
Contra o efeito iô-iô

Apesar da ótima campanha para o acesso à primeira divisão, o Guarani sofreu um desmanche em boa parte daquela equipe, o que teve efeitos no Campeonato Paulista, do qual a equipe disputou a segunda divisão e ainda assim correu riscos de rebaixamento, o que acabou resultando na demissão do técnico Geninho, maior responsável por devolver o Guarani ao Brasileirão após seis anos.

Tentando se reconstruir para não fazer feio no campeonato nacional, trouxe o emergente técnico Vagner Mancini e um pacotão de reforços. Dentre os mais conhecidos, o zagueiro Fabão (ex-São Paulo e Santos), o veterano lateral Baiano e o atacante Roger (ex-São Paulo e Palmeiras). Resta saber quanto tempo Mancini conseguirá para entrosar o pacotão de reforços, afim de não ficar para trás neste início de campeonato.

Guarani Futebol Clube
Status: Briga para não cair
Melhor participação: Campeão em 1978
Em 2009: 2º lugar na Série B (69 pontos)
Time base (4-4-2): Douglas, Rodrigo Heffner (Baiano), Fabão, Aílson (Aislan) e Moreno; Renan, Paulo Roberto, Preto e Ricardo Xavier; Mazola e Roger. Técnico: Vagner Mancini.
Destaque: Mesmo não se firmando no São Paulo, Roger fez bom Brasileiro pelo Vitória, em 2009. Seus gols podem ajudar a equipe e se distanciar da zona de degola.
Olho nele: Tido como revelação na base do São Paulo, Aislan pode ter no Guarani a chance de emplacar sequência de jogos e confirmar a fama de bom zagueiro.
Pontos Fortes: Bolas paradas de Baiano, sempre encontrando jogadores como Fabão e Roger na área para definir na bola aérea.
Pontos Fracos: Precisa entrosar rapidamente os reforços para não perder pontos preciosos no início do campeonato.

Grêmio Prudente
Continuidade com novo nome

A boa campanha em sua estreia no Brasileirão, em 2009 (ainda como Barueri), foi confirmada com a ótima campanha no Campeonato Paulista (já como Prudente), o que mostra que a estrutura da equipe é a grande aliada para a manutenção na elite do futebol brasileiro. Estreante na vida de técnico, Toninho Cecílio, ex-dirigente do Palmeiras, não compromete. Mas a equipe perdeu um de seus principais jogadores na campanha do paulistão: o experiente Marcos Assunção, que rumou ao Palmeiras.

Por isso, a equipe – que fez poucas contratações para o Brasileirão até aqui – aposta na base do estadual e em atletas como o experiente lateral Paulo Cesar, o volante Marcelo Oliveira, o meia-atacante Flavinho e o atacante Tadeu.

Grêmio Prudente Futebol LTDA.
Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: 11º lugar em 2009
Em 2009: 11º lugar (49 pontos)
Time base (4-4-2): Márcio, Paulo César, Paulão, Leonardo e Diego; João Victor, Marcelo Oliveira, Carlos Eduardo (Fabiano Gadelha) e Flavinho; Willian e Tadeu. Técnico: Toninho Cecílio.
Destaque: Experiente, Paulo César dosa entre a boa cobertura na lateral direita e ao avanços pontuais ao ataque.
Olho nele: Destaque da equipe no campeonato Paulista, o meia Flavinho pode reafirmar seu valor na equipe no Brasileirão. Rápido e habilidoso, é a aposta da equipe para criar jogadas para os atacantes, além de desarticular a zaga adversária com suas jogadas.
Pontos Fortes: Márcio mostra segurança no gol, tem bons laterais e meias habilidosos, como Flavinho e Gadelha.
Pontos Fracos: Ataque pesado e com poucas opções de mudança.

11.5.10

Coerência e pragmatismo

Dunga optou pelo continuismo na escolha dos 23 convocados do Brasil para a Copa

A tão esperada lista dos convocados do Brasil para a Copa saiu. E apesar de todos esperarem alguma mudança signficativa, no fundo, todos sabíamos que Dunga iria fechar com os jogadores que estiveram com ele desde os momentos mais difíceis – principalmente Júlio Baptista, cuja final da Copa América de 2007 foi suficiente para sustentá-lo por três anos, mesmo não sendo titular nos clubes pelos quais passou.

Adriano foi o único acerto 100% na convocatória. Muito indisciplinado e desorientado na carreira, o Imperador deixou escapar uma Copa que lhe era certa, por conta das seguidas indisciplinas e falta de bom senso no Flamengo, que insiste em fazer vistas grossas para as extrapolações de suas regalias. A escolha de Gomes em lugar de Victor é questionável, mas não é de toda incoerente, já que o arqueiro cresceu de produção no Tottenham, que conseguiu uma vaga na Champions League da próxima temporada – feito inédito nos últimos 49 anos. A boa fase e a maior experiência internacional pesaram a seu favor em detrimento do capitão gremista.

A zaga foi o único setor que não houve grandes contestações. Liderados por Lúcio e Juan, Thiago Silva e Luisão são opções à altura dos titulares. Na lateral direita, o time também está bem servido, com Maicon e Daniel Alves fazendo uma sombra enorme sobre o lateral da Inter. Já na esquerda, dois jogadores que não jogam atualmente no setor, mas estavam “fechados” com Dunga. Enquanto Gilberto é meia armador no Cruzeiro, Michel Bastos atuou nas últimas partidas do Lyon como meia direita. O técnico se escora na falta de opções para as improvisações, que podem custar caro.

O problema mais crônico é o meio-campo do elenco canarinho. Como explicou com precisão o jornalista Paulo Vinícius Coelho, em seu blog, o problema dos jogadores do setor é a falta de capacidade para mudar uma partida. Kaká não tem um reserva – tecnicamente falando –, já que todos os outros jogadores do setor tem como primeira (ou principal) característica a destruição de jogadas. Jogadores como Elano, Ramires e Júlio Baptista são auxiliadores do ataque, e não meias natos, como Kaká. Dunga terá que improvisar, caso o astro do Real Madrid não esteja apto a jogar. Assim como o meia da Roma, Kléberson não atravessa bom momento no Flamengo. Mesmo assim, foi convocado, com tantas boas opções dentro do próprio país, como Sandro (na lista de espera), Elias ou Hernanes.

No ataque, além da esperada convocação do trio Luís Fabiano-Nilmar-Robinho, a vinda de Grafite intriga, já que o atacante - com somente dois jogos pelo Brasil - garantiu sua vaga apenas no amistoso contra a Irlanda, no início deste ano. Longe da boa fase do Wolfsburg campeão alemão na temporada passada, o atacante venceu a experiência de Fred e a boa fase do atleticano Diego Tardelli, por exemplo.

Na informalidade, muitos dizem que os sete jogadores que estão na “lista de espera” poderiam substituir com muita qualidade aos 23 convocados – criadores de jogadas, Ronaldinho e Ganso são os mais lembrados.

Dunga fechou com o grupo que, inegavelmente, chega forte à África do Sul, principalmente por conta dos últimos resultados e o bom aproveitamento de Dunga no comando da equipe. Resta saber se o comprometimento com o treinador e as poucas individualidades serão capazes de levar o Brasil ao título. E Dunga, como tem sido nos últimos quatro anos, sai contestado e com desconfianças de imprensa e torcida. Resta saber se ele reverterá o cenário desfavorável novamente, como já mostrou em outras oportunidades.

Os convocados:

Goleiros
Júlio César (Inter de Milão-ITA)
Gomes (Tottenham-ING)
Doni (Roma-ITA)

Laterais
Maicon (Inter de Milão-ITA)
Daniel Alves (Barcelona-ESP)
Gilberto (Cruzeiro)
Michel Bastos (Lyon-FRA)

Zagueiros
Juan (Roma-ITA)
Lúcio (Inter de Milão-ITA)
Luisão (Benfica-POR)
Thiago Silva (Milan-ITA)

Volantes
Gilberto Silva (Panathinaikos-GRE)
Felipe Melo (Juventus-ITA)
Josué (Wolfsburg-ALE)
Kléberson (Flamengo)

Meias
Elano (Galatasaray-TUR)
Ramires (Benfica-POR)
Kaká (Real Madrid-ESP)
Júlio Baptista (Roma-ITA)

Atacantes
Luís Fabiano (Sevilla-ESP)
Nilmar (Villarreal-ESP)
Robinho (Santos)
Grafite (Wolfsburg-ALE)

Lista de Espera:

Alex (Chelsea-ING)
Sandro (Internacional)
Marcelo (Real Madrid-ESP)
Ronaldinho (Milan-ITA)
Paulo Henrique Ganso (Santos)
Carlos Eduardo (Hoffenheim-ALE)
Diego Tardelli (Atlético-MG)


10.5.10

Campeonato Brasileiro 2010 - Parte III

POR JOTA ASSIS

São Paulo
Volta do campeão dos pontos corridos?

O tricolor do Morumbi vem de uma sequencia espetacular de resultados no Campeonato Brasileiro. O campeão da era dos pontos corridos venceu três dos últimos quatro campeonatos nacionais e, por isso, chega com certo favoritismo para 2010. No entanto, o futebol pragmático e conservador apresentado no primeiro semestre pode desaboná-lo na corrida ao título.

A defesa com Miranda e Alex Silva ainda não apresentou todo o potencial esperado, até mesmo o goleiro e ídolo são paulino, Rogério Ceni, não tem passado por boa fase – o que pode afetar toda a equipe. Cicinho é uma arma importantíssima para o elenco. Caso apresente o futebol que o fez ir à seleção e a Roma, deve incomodar. Já o meio-campo conta com um elenco razoável, com destaque para Hernanes, peça fundamental na criação tricolor.

No ataque, o goleador Washington mostrou que faz a diferença. No entanto, a inconstância e desentendimento com o restante do elenco pode ser um problema futuro. Dagoberto sempre ameaça jogar o futebol que apresentou no Atlético Paranaense - este ano o atacante teve um bom início de temporada. Marlos e Fernandinho são nomes que a torcida aposta – o primeiro mostra amadurecimento a cada jogo, o segundo tem no drible seu ponto forte, as jogadas de linhas de fundo (tão escassa pelos lados do Morumbi) podem voltar a ser uma arma importantíssima. O ataque se incrementa com a vinda do experiente Fernandão, contratado junto ao Goiás. Além de eficiente na jogada aérea, leva vantagem sobre seu concorrente Washington, já que é um jogador muito mais técnico.

São Paulo Futebol Clube
Status: Vaga na Libertadores
Melhor participação: Hexacampeão (1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008)
Em 2009: 3º lugar (65 pontos)
Time base (4-4-2): Rogério Ceni; Cicinho (Jean), Alex Silva, Miranda e Júnior César; Rodrigo Souto (Richarlyson), Hernanes, Jorge Wagner e Marlos; Dagoberto (Fernandinho) e Washington (Fernandão). Técnico: Ricardo Gomes
Destaque: Apesar dos gols de Washington e da consistência da zaga, a equipe ainda depende muito de Hernanes para tentar jogadas diferentes na armação da equipe. A versatilidade do volante é importante para que a equipe saia da previsibilidade dos cruzamentos na área.
Olho Nele: Marlos apresenta um futebol mais consistente e seguro. Dribles e arrancadas que víamos na época do Coritiba voltaram a aparecer. Um pouco mais de foco e treinamento na finalização pode transformar o atacante no destaque tricolor desta temporada.
Pontos Fortes: O São Paulo é especialista em pontos corridos. O elenco atual é experiente e acostumado à competição, fato que pode pesar contra equipes mais novas. Outro diferencial é a bola parada com Jorge Wagner e Hernanes: o São Paulo possível excelentes cabeceadores, como o repatriado Alex Silva.
Pontos Fracos: O lado esquerdo sempre é um desafio maior para o técnico tricolor: Junior Cesar ainda não jogou metade do que apresentou no Fluminense.

Santos
Meninos e favoritos

A magia do futebol bem jogado, a beleza do drible e as tabelas sensacionais: Os “Meninos da Vila” estão com tudo. A conquista do Campeonato Paulista deste ano mostra que o Santos está no caminho de glórias maiores. Dorival Junior apostou numa dosagem entre experiência, juventude e muita habilidade, que tornou o peixe um time quase imbatível e o terror de qualquer zagueiro.

O elenco conta com uma defesa sólida, um meio veloz e ataque destruidor com mais de 100 gols nesta temporada. Grande responsável disso são os pratas da casa, o atacante Neymar e o meia Paulo Henrique Ganso, já cotados para a Copa do Mundo. O repatriamento de Robinho também não fez mal ao Santos, que se torna um dos principais candidatos ao título nacional. A experiência de jogadores, como o zagueiro Edu Dracena, do meia Marquinhos e do próprio Robinho (campeão brasileiro pelo Santos 2002 e 2004) também irão pesar na balança em um campeonato longo.

Em tempos que o futebol brasileiro passava por uma escassez de craques, o Santos veio para mostrar que o celeiro está funcionando. E muito bem. Caso nada saia errado e o elenco seja mantido, os meninos da Vila podem ter mais um campeonato para comemorar este ano – e não estou falando da Copa do Brasil.

Santos Futebol Clube
Status: Favorito ao título
Melhor participação: Bicampeão (2002 e 2004)
Em 2009: 12º lugar (49 pontos)
Time base (4-3-3): Felipe; Wesley (Pará), Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Marquinhos e Ganso; Robinho, Neymar e André. Técnico: Dorival Júnior.
Destaque: Mostrando uma maturidade incomum a jogadores de sua idade (20 anos), o meia Paulo henrique Ganso é o grande maestro que faz a máquina santista funcionar. Driblador e armador, sabe acionar os velozes atacantes, além de desmontar zagas adversárias com passes milimétricos e inflitrações com a bola dominada.
Olho Nele: O atacante André começou como “quem não quer nada”, sendo apenas coadjuvante numa equipe tão badalada. No entanto, o jogador mostrou faro de gol (vice-artilheiro do santos com 13 gols), bom posicionamento e se destacou entre tantas estrelas.
Pontos Fortes: O elenco afinado (com destaque para PH Ganso e Neymar), o toque de bola refinado e a rapidez são diferenciais da equipe santista. O técnico Dorival Junior também é experiente e conhece bem os pontos corridos: levou o Vasco ao título da série B em 2009.
Pontos Fracos: A equipe, de forma geral, é nova e sem experiência em um campeonato tão disputado, o que pode pesar em um campeonato tão disputado. O provável assédio de equipes estrangeiras também pode prejudicar o desempenho do time no Brasileirão.


Corinthians
Salvando o centenário?

No ano do centenário o Timão está ávido por títulos. O time está montado com o mesmo esquema do ano passado, quando levou o Campeonato Paulista de forma invicta e a Copa do Brasil. No entanto, o futebol ainda não é o mesmo do apresentado em 2009. E a torcida, ainda ressentida com o fracasso na Libertadores, cobra o título nacional como "o presente que resta" a ser dado no centenário do clube.

O time é bem montado pelo técnico Mano Menezes com saída rápida tanto pelas laterais quanto pelo meio. O veterano Roberto Carlos impõe respeito e Alessandro é eficiente na marcação e sabe apoiar. O volante Elias - exemplo de jogador moderno que sabe desarmar, sair pro jogo e finalizar – é uma da armas do Corinthians. Já Ralf é batalhador e tem tudo para suprir o espaço deixado por Cristian (um dos ídolos das conquistas do ano passado). Danilo e Tcheco ainda não apresentaram o futebol mostrado em outros clubes, mas podem desequilibrar. O argentino Defederico é outra promessa que pode vingar durante o certame.

No ataque, o jovem Dentinho vem acumulando fãs não é de hoje – rápido, driblador e sem medo de finalizar, o atacante mostra que tem lugar entre os onze titulares. Ronaldo, responsável pela grande campanha corintiana de 2009, ainda é uma incógnita.

Porém, a cobrança excessiva da torcida, o Corinthians pode perder peças importantes durante o campeonato. Resta saber se serão supridas à altura e se poderão ser supridas por Mano, mantido no cargo pela diretoria - com justiça, diga-se de passagem.

Sport Clube Corinthians Paulista
Status: Vaga na Libertadores
Melhor participação: Tetracampeão (1990, 1998, 1999 e 2005)
Em 2009: 10º lugar (52 pontos)
Time base (4-4-2): Felipe; Alessandro (Moacir), William, Chicão e Roberto Carlos; Ralf, Elias, Jucilei (Jorge Henrique) e Danilo; Dentinho e Ronaldo. Técnico: Mano Menezes
Destaque: Com Ronaldo às turras com a forma física, cabe a Dentinho ser o responsável por desmontar os sistemas defensivos do adversário. Apesar dos "dribles desnecessários", o jovem revelado no Terrão vem evoluindo em campo e marcando os gols que a equipe precisa.
Olho Nele: Jucilei é um jogador polivalente. Forte e habilidoso, o jovem defende e ataca com a mesma precisão. Pode ser um dos destaques do Timão na temporada.
Pontos Fortes: Elias pode ser considerado a alma corintiana, com passe refinado, ainda se apresenta a frente dos atacantes desnorteando os defensores. Mano Menezes tem o time na mão e um banco razoável pra bom- diferencial em um campeonato tão longo.
Ponto Fraco: A defesa envelhecida pode não acompanhar um campeonato longo e difícil. Willian, apesar do bom posicionamento, já está muito lento. No ataque, Ronaldo pode se mostrar o ponto positivo ou negativo – pelo futebol que não apresentou este ano, a segunda alternativa parece a mais provável.

Palmeiras
Tentando juntar os cacos

A Sociedade Esportiva Palmeiras parece que ainda sofre os vestígios da decepção do Brasileirão 2009, quando um título praticamente ganho fugiu das mãos de atônitos alviverdes. Se a perda do título foi um duro golpe, a não classificação do time pala a Libertadores deste ano foi a gota d´água. O abatimento se refletiu num pífio Campeonato Paulista, onde terminou na décima primeira posição.

Para mostrar que a fase ruim são águas passadas, a diretoria aposta em nomes que, mesmo sem o tão esperado título, brilharam na temporada passada – é o caso de Diego Souza, Cleiton Xavier e o excelente volante Pierre. Contratado no início do ano, Lincoln é outro que pode surpreender, já que mostrou ter futebol pra isso. O experiente Marcos Assunção traz nova vida à saída de bola e nas jogadas de bola parada. No ataque, a contratação do ex-corintiano Ewerthon poderia acabar com a indecisão da titularidade. Mas alerta: em épocas de “vacas magras” Robert se mostrou goleador e o atacante Paulo Henrique, ex-Heerenveen-HOL, é uma incógnita.

Com um técnico contestado por boa parte da torcida e diretoria, o Palmeiras, a princípio, parece brigar para passear no meio da tabela. Principalmente se não for capaz de resolver seus problemas dentro e fora de campo. Ainda mais com a eminente perda de Diego Souza, principal peça da equipe após a saída do chileno Valdívia. Brigado com a torcida, o meia não tem mais clima no Palmeiras, o que pode fragilizar ainda mais a capacidade ofensiva da equipe.

Sociedade Esportiva Palmeiras
Status: Zona da Sul-Americana
Melhor participação: Tetracampeão (1972, 1973, 1993 e 1994)
Em 2009: 5º lugar (62 pontos)
Time base (4-4-2): Marcos; Figueroa (Márcio Araújo), Léo, Danilo (Maurício) e Armero; Edinho, (Marcos Assunção) Pierre, Diego Souza (Lincoln); Robert e Ewerthon. Técnico: Antônio Carlos Zago
Destaque: Com a possível saída de Diego Souza, Cleiton Xavier é o grande cérebro deste confuso Palmeiras. Ótimo armador, abastece com qualidade o ataque e ainda ajuda a compor a parte defensiva do meio-campo, além de boas jogadas na bola parada.
Olho Nele: Ewerthon é habilidoso e sabe finalizar. Volta ao Brasil depois de dez anos no exterior, mais experiente o atacante pode desequilibrar e lutar pela artilharia.
Ponto Forte: Apesar do fraco desempenho no primeiro semestre, o problema do Palmeiras foi mais a falta de confiança do que escassez de quem saiba jogar bola. Um meio de campo rápido e pensante com Diego Souza, Cleiton Xavier e Lincon somado à agilidade de Ewerthon pode deixar os adversários a “ver navios”; As bolas paradas de Marcos Assunção podem ser mortais também.
Ponto Fraco: A defesa pode ser um dos pontos fracos do time do Parque Antarctica. Apesar do miolo de zaga ter bons jogadores, como Léo e Danilo, o goleiro Marcos - ídolo e líder palmeirense - já não é mais o “São Marcos” de outrora. Os laterais também deixam a desejar: Figueiroa apóia bem e nos cruzamentos chega a lembrar o ídolo Arce, mas na parte defensiva é fraco. Armero é de tamanha inconstância que pode alternar entre uma ótima partida e um jogo cheio de falhas.