Inspirado, Luís Fabiano comandou a virada brasileira sobre os EUA com dois gols: O camisa nove se ratifica como jogador-chave na Seleção de Dunga
A conquista do tricampeonato na Copa das Confederações mostra que boa parte desse elenco voltará a África do Sul em 2010 para a disputa do Mundial – mesmo com o Brasil ainda não garantido oficialmente, quem duvida? E mesmo sem ser um gênio das táticas, Dunga vai formando um grupo coeso, cada vez mais comprometido com o espírito aguerrido que o treinador mostrava na sua época de atleta da Seleção. Além da lateral-esquerda, uma das maiores dificuldades desses três anos da era Dunga era encontrar um nome para a camisa nove. Em um post publicado neste espaço em outubro de 2007 (Cadê o 9?), escrevi sobre a falta de um nome confiável para o comando de ataque canarinho. Dunga havia testado Vagner Love, Rafael Sóbis e Afonso Alves, todos sem sucesso.
Em novembro daquele mesmo 2007, Luís Fabiano voltava à Seleção – não era chamado desde a Copa América de 2004 -, convocado para substituir o contundido Afonso Alves, para os jogos das Eliminatórias diante de Peru e Uruguai. As poucas chances de gol na partida diante dos peruanos – que terminou em 1-1 – e a disposição mostrada por Luis Fabiano ao entrar no segundo tempo, em lugar de Love, encorajaram Dunga a mexer no setor, na partida seguinte, contra o Uruguai no Morumbi. Palco do surgimento do centroavante para o futebol, quando de sua passagem pelo São Paulo, o novo titular da camisa nove não decepcionou: com a Celeste vencendo por um a zero, chamou a responsabilidade e marcou os gols da virada brasileira, aliviando um pouco a barra de Dunga, questionadíssimo àquela altura.
Em 2008, mesmo alternando bons e maus momentos com a equipe, Luis Fabiano foi mantido no comando de ataque. Marcou seis gols, três deles no amistoso diante de Portugal que tirou a uruca brasileira de quase um ano sem marcar um gol em campos tupiniquins, desde os dois gols do próprio Fabuloso sobre os uruguaios. E ainda sob desconfiança de alguns, foi mantido no comando de ataque. Com justiça.
A confiança de Dunga em seu futebol começa a render frutos. Neste 2009, marcou oito gols em oito partidas, cravando a impressionante média de um gol por partida. E disputando essa Copa das Confederações, Fabiano ratificou qualquer eventual dúvida que ainda pairava sobre o seu merecimento entre os 11 titulares. Artilheiro da competição com cinco gols e eleito o Bola de Prata – injustamente, perdeu para Kaká – o centroavante do Sevilla mostra que é peça primordial dessa equipe, ao lado de Júlio César e Kaká. Artilheiro do Brasil na era Dunga – 16 gols em 19 jogos - e vice-artilheiro das Eliminatórias Sulamericanas para a Copa, Luís Fabiano não prima pela técnica, é do tipo clássico do centroavante: rompedor, eficiente na jogada aérea, não tem medo de chutar e não se esconde do jogo. Como visto na partida diante dos estadunidenses neste domingo, onde seus gols trouxeram o Brasil de volta à partida, que culminou com a virada e o título, sacramentados por Lúcio.
Mesmo com um Robinho ineficiente em ajudá-lo nas ações ofensivas, Luis Fabiano e Kaká vem suprindo a falta de futebol do jogador do Manchester City. E a sombra de Ronaldo – dono da nove nas três últimas Copas – vai se dissipando ante a um matador esforçado, raçudo e com estrela, até aqui. E essa confiança e entrosamento são benéficas ao Brasil, que vai se ajustando aos poucos e mesmo com eventuais contestações, certamente chegará forte, mas com os pés no chão, para a competição de verdade em 2010. E a aposta em Luis Fabiano é mérito total de Dunga.