2.6.10

Copa do Mundo 2010 - Grupo A

No dia 11 de junho, todos os olhos estarão voltados ao Soccer City, em Johannesburgo, quando África do Sul e México entrarão em campo para dar o pontapé da Copa do Mundo de 2010. Uma Copa diferente em muitos aspectos: o ineditismo do continente africano, o barulho ensurdecedor das vuvuzelas, a alegria dos sul-africanos - mesmo diante de graves problemas sociais - e a polêmica com a bola da Copa, a Jabulani. Um Mundial na casa de um dos líderes mais carismáticos e inspiradores do último século: Nelson Mandela. Com todos os prós e contras, um torneio que jamais perderá seu glamour e a paixão do planeta bola.

São os ingredientes que darão mais sabor a esse verdadeiro suprassumo do futebol mundial, que como sempre, deve mostrar as seleções tradicionais lutando pelo título. E no Opinião FC, um raio-x das 32 seleções que farão parte da 18º edição do torneio mais emocionante e charmoso dentre todos os esportes.

África do Sul
A força das Vuvuzelas


Primeira anfitriã africana de uma Copa do Mundo, a África do Sul sonha em passar para a segunda fase. Mas a equipe comandada por Carlos Alberto Parreira ainda sofre com a inconstância e imaturidade da maioria de seu elenco, que não está acostumado a disputar grandes competições. Tanto é que boa parte do time está treinando há mais de dois meses, sem grandes resultados nos amistosos que fez – inclusive no Brasil.

A maior surpresa foi o corte do atacante Benni McCarthy da lista final dos Bafana-Bafana. Maior estrela e jogador mais conhecido do futebol sul-africano, McCarthy sofria com a má forma física e pouco atuou, tanto pelos Hammers quanto pela seleção. A invencibilidade de 10 partidas soa enganosa, dado o nível de alguns adversários enfrentados pela equipe, tais como Tailândia, Zimbábue e Guatemala, por exemplo. Tanto que a equipe não está nem qualificada para a próxima Copa Africana de Nações.

Porém, assim como a Coreia do Sul de 2002, que chegou a uma semifinal embalada pelo fato de atuar em casa, a África do Sul conta com a força dos torcedores locais e a força das vuvuzelas, - que Parreira afirmou durante a convocação da equipe ser o 12º jogador da equipe - que tem em MacBeth Sibaya, Steven Pienaar e Bernard Parker a chance de jogadas mais técnicas e surpreendentes. De resto, a seleção da casa chega ao Mundial mais como um “catadão” do que como uma equipe propriamente dita.

South Africa Football Association
Status: Zebra
Ranking da Fifa: 83º
Participações em Copas: 3 (1998, 2002 e 2010)
Melhor participação: 17º em 2002
Ídolos: Lucas Radebe Jomo Sono, Doctor Khumalo, Phil Masinga, Shaun Bartlett, Benni McCarthy
Uniforme: Adidas
Time Base (4-4-2): Khune; Gaxa, Mokoena, Thwala (Booth) e Masilela; Digacoi, Sibaya, Tshabalala e Pienaar; Mphela e Parker. Técnico: Carlos Alberto Parreira
Ele é o cara: Maior referência técnica, Steven Pienaar atua regularmente pelo Everton. Habilidoso com a bola nos pés, o meia pode fazer “algo diferente” na equipe, como um drible inesperado ou um passe para os atacantes da equipe.
Olho nele: Alçado a titular por Joel Santana, o goleiro Itumeleng Khune tomou conta da posição. Apesar de ser o mais jovem entre os goleiros do elenco (22 anos), mostra maturidade e boa técnica no gol. Fez boa Copa das Confederações em 2009.
Tem Brazuca aí? Carlos Alberto Parreira (técnico)
Pontos Fortes: Além da força da torcida, é um time que pode sair rápido para os contra-ataques, com jogadores como o lateral Masilela e os meias Pienaar e Tshabalala.
Pontos Fracos: Frágil no meio-campo defensivo, pode deixar a bomba estourar na zaga; ataque da equipe é ineficiente e perde muitos gols; falta um elenco de qualidade em diversas posições.

México
Velhas e novas apostas


Desde que Javier Aguirre assumiu La Tri, a equipe ficou mais consistente, em relação ao time que era comandado por Sven-Goran Eriksson (atualmente na Costa do Marfim). Mesmo apostando em diversos jovens, como Pablo Barrera, Carlos Vela, Javier Hernández e Giovani dos Santos, o treinador não abre mão dos seus "velhinhos". Porém, a polêmica ficou pelo corte do irmão de Giovani, Jonathan dos Santos. Aguirre preferiu a experiência (e a fase não tão boa) dos velhos conhecidos do mexicanos como os avantes Guille Franco, Adolfo Bautista e Cuauhtémoc Blanco.

O desafio mexicano é converter tantos talentos individuais em detrimento da equipe. No gol, apesar do excelente Ochoa – em má fase -, persiste a dúvida. No ataque, Aguirre ainda sinaliza em insistir com Blanco e Franco, com os garotos Vela e Hernández comendo a bola. E o México ainda sofre com a jogada aérea, apesar da zaga técnica e veloz. Em teoria, disputa vaga direta com os uruguaios e leva uma pequena vantagem, por ser uma equipe mais equilibrada em relação aos adversários sul-americanos. Mas podem ser surpreendidos, naturalmente.

Federación Mexicana de Fútbol Asociación
Status: Zebra
Ranking da Fifa: 17º
Participação em Copas: 14 (1930, 1950, 1954, 1958, 1962, 1966, 1970, 1978, 1986, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010)
Melhor participação: Quartas de final em 1970 e 1986
Ídolos: Alberto Garcia-Aspe, Luis Hernández, Hugo Sánchez, Luís Garcia, Carlos Hermosillo, Cuauhtémoc Blanco, Jorge Campos, Pavel Pardo
Uniforme: Adidas
Time Base (4-4-2): Ochoa (Michel); Osório, Magallón, Rafa Márquez e Salcido; Pardo, Torrado, Guardado e Juarez (Giovani dos Santos); Franco (Blanco) e Vela (Hernández). Técnico: Javier Aguirre
Ele é o cara: Boa opção de velocidade pela esquerda, Guardado se consolida no futebol europeu atuando com a camisa do La Coruña. Apesar da pouca idade (23 anos) é um dos que mais atuou pelo México nas Eliminatórias e amistosos preparatórios para a Copa.
Olho nele: O atacante Javier Hernández pinta como candidato a revelação do Mundial. Recentemente transferido ao Manchester United, o atacante é veloz, técnico e tem boa presença na área, apesar de franzino.
Tem Brazuca aí? Nenhum
Pontos Fortes: Time técnico e que parte com velocidade ao ataque, quando está com os seus “jovens” em campo.
Pontos Fracos: Sofre com a bola aérea, laterais apóiam pouco e Aguirre insiste no uso de ineficientes, como Franco e Blanco; Também sofre com a indefinição do goleiro titular.

Uruguai
Resgate da tradição na força do ataque


Classificado apenas na repescagem, quando bateu a frágil Costa Rica, o Uruguai briga em condições de igualdade com o México por uma vaga na próxima fase – considerando que a França terá um dos postos para a próxima fase. Oscar Tabarez tem bons atacantes à disposição, como Forlán, Cavani, Suárez e Loco Abreu (que atravessa boa fase no Botafogo), além de boas peças para a zaga, como Diego Lugano e Diego Godín.

Porém, a seleção charrúa perdeu o seu elo mais técnico no meio-campo, que serviria para alimentar esta poderosa linha de frente: o meia Cristián Rodríguez, que acabou fora da lista final, já que tinha dois jogos de suspensão para cumprir em punição dada pela Fifa – o que só o deixaria apto para a última partida do Grupo A, diante do México.

Ainda assim, os uruguaios têm condições de alcançarem uma campanha que chegue perto de suas tradições em Copas do Mundo – não se classifica às oitavas de final desde 1990, na Itália. Dentre as seleções sul-americanas, é a menos técnica. Mas vale-se da tradicional garra uruguaia para avançar no torneio.

Asociación Uruguaya de Fútbol
Status: Zebra
Ranking da Fifa: 61º
Participações em Copas: 11 (1930, 1950, 1954, 1962, 1966, 1970, 1974, 1986, 1990, 2002 e 2010)
Melhor participação: Bicampeã (1930 e 1950)
Ídolos: Alcides Ghiggia, Obdulio Varela, Juan Schiaffino, Pedro Rocha, Rodolfo Rodríguez, Diego Forlán, Alvaro Recoba, Enzo Francescoli, Rubén Sosa
Uniforme: Puma
Time Base (4-4-2): Muslera; Máxi Pereira, Godín, Lugano e Fucile (Cáceres); Gargano, Egurén, Diego Pérez, Lodeiro (Álvaro Pereira); Suárez e Forlán. Técnico: Oscar Tabarez
Ele é o cara: Um dos atacantes mais letais do Campeonato Espanhol, o atacante Diego Forlán tem faro de gol: brigador, arremata bem de média e longa distância, além de ser um centroavante que costuma se movimentar muito em campo e se coloca bem para a finalização.
Olho nele: Se Forlán é a voz da experiência no ataque, Luis Suárez é o sangue novo no setor. Com apenas 23 anos, já tem 329partidas pela seleção charrúa e dez gols. Tão letal quanto seu parceiro, além de mais técnico.
Tem Brazuca aí? Nenhum
Pontos Fortes: Ataque com diversas opções e miolo de zaga forte, além da tradicional garra e entrega de sues jogadores em campo.
Pontos Fracos: Lodeiro ainda é inexperiente para assumir o meio-campo de criação, com poucos nomes para alimentar o poderoso ataque uruguaio.

França
A mais odiada


Dentre as grandes seleções, a atual vice-campeã mundial é a menos badalada na África do Sul. Primeiro, pelos próprios franceses, que não toleram mais os métodos esquisitos e pra lá de questionáveis do técnico Raymond Domenech, que deixou o talentoso Samir Nasri fora da lista dos 23, entre outras trapalhadas que quase custaram a vaga francesa na Copa. Segundo, por conta da polêmica mão de Henry, na repescagem diante da Irlanda, que despertou a fúria da comunidade do futebol, que viu a vitória do jogo sujo, frente a uma equipe que peitava a campeã de 1998 com autoridade e talvez, merecesse mais a vaga que os Bleus.

Ainda assim, não se pode ignorar uma seleção que tem um craque como Ribéry em campo. E uma série de bons jogadores, como o goleiro Lloris e os meias Toulalan e Gourcuff. Porém, tem problemas com a má fase de seu capitão e um dos principais jogadores da equipe na última década: Henry não atravessa boa fase e Domenech já acena com a possibilidade de deixar o astro no banco – fato que o ídolo declarou aceitar sem maiores resignações, reconhecendo o mau momento. Com o nome, é a favorita a arrebatar a primeira colocação do grupo. Se os destaques individuais conseguirem jogar, também. Mas a torcida contra será enorme.

Fédération Française de Football
Status: Pode surpreender
Ranking da Fifa:
Participação em Copas: 13 (1930, 1934, 1938, 1954, 1958, 1966, 1978, 1982, 1986, 1998, 2002, 2006 e 2010)
Melhor participação: Campeã em 1998
Ídolos: Michel Platini, Jean Tiganá, Just Fontaine, Zinedine Zidane, Didier Deschamps, Marcel Desailly, Laurent Blanc, Lilian Thran, Bixente Lizarazu, Alain Giresse
Uniforme: Adidas
Time Base (4-4-2): Lloris; Sagna, Gallas (Squilacci) Abidal e Evra; Alou Diarra, Toulalan, Ribéry e Malouda; Govou (Henry) e Anelka. Técnico: Raymond Domenech
Ele é o cara: Ao lado de Robben, um dos destaques do Bayern campeão alemão e vice-europeu, Ribéry é o fator de desequilíbrio da equipe. Tanto pode servir os companheiros quanto criar jogadas improváveis que resultem em gols para a França.
Olho nele: Agarrando a vaga na reta final da preparação francesa, o goleiro Hugo Lloris já se destaca como um dos principais de sua posição na Europa. Certamente, tem condições para brigar pelo posto de melhor arqueiro na Copa.
Tem Brazuca aí? Nenhum
Pontos Fortes: O lado esquerdo é forte, com a trama de jogadas entre Evra e Malouda; tem um meio-campo forte, que alia a marcação a boa saída de bola, passando pela capacidade de desequilibrar de Ribéry; lloris é um goleiro seguro.
Pontos Fracos: A espera pelo lesionado Gallas pode trazer conseqüências para a zaga; Sem Henry, a França pode ter problemas no comando de ataque, já que Gignac e Cissé são centroavantes mais “trombadores”, enquanto Govou é um ataque bem limitado tecnicamente.

Jogos do Grupo A:
11/06 - 11h – Johannesburgo: África do Sul x México
11/06 - 15h30 - Cidade do Cabo: Uruguai x França
16/06 - 15h30 - Tshwane/Pretória: África do Sul x Uruguai
17/06 - 15h30 – Polokwane: França x México
22/06 - 11h - Rustemburgo: México x Uruguai
22/06 - 11h - Mangaung/Bloemfontein: França x África do Sul

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