26.12.06

Adiós, 2006!

Após a expulsão na final da Copa, Zidane caminha aos vestiários. A cabeçada em Materazzi foi a cena mais marcante em 2006.

Nesse período de entresafra do futebol brasileiro e mundial, nos resta lembrar dos fatos marcantes de 2006. Novas forças surgiram, equipes consolidaram as boas fases e muitas farsas ficaram pelo caminho. Não faltaram emoções e surpresas e tentaremos relembrá-las aqui, numa espécie de retrospectiva.

Na primeira grande competição de 2006, a Copa SP de Futebol Júnior nos mostrou a primeira grande surpresa do ano. Em meio a "inchada" competição, América de Rio Preto e Comercial de Ribeirão Preto fizeram a finalíssima. E o goleirão do Diabo, André Zuba, foi o grande herói da final. Dois pênaltis defendidos e um pênalti convertido por ele garantiram o título inédito ao América.

Nos estaduais, nenhuma grande surpresa. Os grandes fizeram sua lição de casa e garantiram os canecos regionais. Em São Paulo, Tricolor e Santos disputaram palmo a palmo o título, mas pesou a regularidade do time de Luxemburgo, que venceu a competição por um ponto. No Rio, o Botafogo deu um chega pra lá na zebra e derrotou o Madureira na final. O craque do Fogão era Dodô, que já retornou ao clube após seis meses no futebol árabe.
Na esvaziada Copa do Brasil, caminho aberto para as equipes cariocas. Com São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Inter na Libertadores, o nível técnico da competição caiu vertiginosamente. Vasco e Flamengo, com dois times bem parecidos, fizeram a final da competição. Depois de vencer a primeira partida por 2 a 0, o Mengo foi com grande vantagem na finalíssima. E a expulsão de Valdir Papel no início da decisão facilitou as coisas para o Flamengo, que atropelou o rival e conquistou o título. Resta saber se o rubro-negro vai fazer melhor do que sua última participação na Libertadores, quando nem passou da primeira fase.

Enquanto isso, a Europa aquecia as turbinas para a Copa 2006. E nas ligas nacionais, nenhuma grande surpresa. Barça, Chelsea, Bayern, Porto, Lyon e Juventus (título caçado posteriormente) levantaram os canecos. Mas a grande competição na Europa durante o primeiro semestre de 2006 foi a Liga dos Campeões. O futebol vistoso do Barcelona foi o foco da competição e o título dos catalães foi incontestável. Atropelando grandes forças como Chelsea, Benfica e Milan, a final entre Barça e Arsenal pois frente a frente a defesa sólida dos ingleses contra o ataque arrasador dos catalães. E o Stade de France, palco da grande final, viu a redenção do esforçado Belletti, autor do gol do título. Enquanto a estrela de Belletti brilhava, Ronaldinho, apesar do vistoso futebol apresentado durante toda a competção, falhou em se destacar nas horas decisivas, como seria de praxe neste ano de 2006.

Na Libertadores, a final colocou frente a frente as duas melhores equipes sulamericanas em 2006: o São Paulo, em busca do tetra e o regular Inter, de Abel Braga. Dois jogaços deram o clima desta disputada final. A expulsão de Josué e a vitória no Morumbi na primeira partida facilitaram o trabalho para que o Inter conquistasse o inédito título da mais importante competição sulamericana. Jogadores como Tinga, Sóbis e Fernandão comandaram a equipe ao título.

Mas a grande vedete no futebol neste ano de 2006 foi a Copa do Mundo da Alemanha. Cercada de expectativas, o Brasil surgia como o grande favorito e virtual campeão, como ocorreu com a frança e a Argentina em 2002. E o futebol mostrou novamente que título não é ganho na vespera, na lábia eufórica da imprensa. Numa Copa em que todos esperavam o futebol vistoso de Ronaldinho, Adriano, Kaká C. Ronaldo, Shvchenko e etc. vimos a consagração de defensores e volantes como Vieira, Zé Roberto, Pirlo, Materazzi, Lúcio, Lahm e Cannavaro. Comendo pelas beiradas, a Itália de Marcello Lippi conquistou o tetra na final contra a França. A Copa foi tão atípica que a cena que marcou a competição foi a cabeçada que Zidane deu em Materazzi. Quem diria...E o Brasil foi, sem dúvidas, a maior decepção dessa Copa. Badalado por toda a imprensa e patrocinado pela Rede Globo, a seleção mostrou-se um time individualista, sem comando e principalmente, sem brio algum. Era visível a "panceta" de Ronaldo, a apatia de Ronaldinho, a marra de Adriano. Esses elementos garantiram a maior decepção do futebol brasileiro desde o Maracanaço, na final de 1950. Nunca um título foi tão esperado no país.

Mas apesar do baixo nível de gols, a Copa registou os últimos suspiros de genialidade de Zidane. Cabeçadas à parte, o meia francês esteve presente quando a França precisou dele e o vice-campeonato lhe garantiu um final de carreira digno, jogando o futebol classudo que encantou a todos. E a Copa trouxe redenção à Itália, afundada na lama do escândalo do Calciocaos. Mas nem só de defesas viveu a Copa. Grandes jogos encheram os olhos dos torcedores, como Argentina X Alemanha, Itália X Alemanha, Argentina e Sérvia e Montenegro, etc. A anfitriã Alemanha fez bonito dentro e fora de campo. Com um organização impecável nos bastidores e uma seleção que cresceu dentro da competição, o NationalElf conseguiu uma honrosa terceira colocação. Antes da Copa, Klinsmann era contestado pelos maus resultados, mas cresceu junto com a equipe na hora certa. Jogadores como Klose, Lahm, Frings e Schweinsteiger comandaram a seleção, que contaminou e uniu todo um país. Coisas que só o futebol pode proporcionar.


No pós-Copa, o Brasileirão mostrava a ascensão do São Paulo. Depois de dois vices campeonatos, o Tricolor destacou-se jogando um futebol vistoso e coletivo, em uma equipe bem comandada por Muricy Ramalho. E o baixo nível técnico deste Brasileirão fez com que a organização dentro e fora de campo da equipe fizesse a diferença. Tanto que na seleção do campeonato, a maioria dos jogadores era do São Paulo. Os gaúchos fizeram bonito e garantiram boas colocações com Inter e Grêmio. Dos grandes, Corinthians, Palmeiras e Fluminense brigaram para não cair. Mas a incompetência de fracas equipes como Fortaleza, Ponte, Santa Cruz e São Caetano facilitaram as coisas aos times em perigo. Destaque também para a mobilização do Atlético/MG, que caminhou junto à sua torcida e chegou novamente a elite do futebol nacional. Sport, Náutico e América/RN garantiram a representatividade do Nordeste na elite do futebol brasileiro. A Lusa quase caiu, mais uma vitória épica deixou a equipe, que ainda está na UTI, respirando por aparelhos na Segundona.
Na última grande competição do ano, O Inter mostrou novamente, como na Copa do Mundo, que título não é ganho na véspera. O badalado Barcelona chegou ao Japão como ultra-favorito ao Mundial Interclubes. O show contra o América mexicano catalizou ainda mais o favoritismo dos catalães, frente a um Inter que jogou um futebol razoável contra o Al-Ahly. Mas o futebol-operário da equipe de Abel Braga foi o diferencial para o título. Ao invés de Ronaldinho, brilhou Iarley. E apesar da supervalorização de Alexandre Pato, bom jogador, o Inter foi uma equipe compacta, coesa, que jogou com o coração. Título merecidíssimo.

No saldo, 2006 foi um ano excepcional aos amantes do futebol em geral. Com certeza mostrou porque é o esporte mais apaixonante, por sua imprevisibilidade e competitividade. E esperamos que 2007 seja um ano melhor ainda.

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Quero aproveitar esse espaço pra desejar a todos os amigos e leitores do Opinião FC os votos de um Feliz 2007, com muita paz, prosperidade e sucesso a todos. Em apenas quatro meses de blog, foram quase 3000 visitas. A equipe do Opinião FC agradece a todos e espera que 2007 seja um ano de crescimento e maturação do blog, sempre abrindo seus canais para que todos possam participar das discussões propostas nos artigos de todos os colunistas.

21.12.06

A "Ronaldinha" de Estocolmo

18 de dezembro de 2006. Um dia para ser guardado na memória do futebol brasileiro. Um dia que mostra como a superação e a determinação de um atleta podem alcançar proporções incomensuráveis. Não estou falando do título do Internacional, nem do fracasso de Ronaldinho Gaúcho, mas sim, falo de Marta Vieira da Silva, primeira atleta brasileira a conquistar o prêmio de melhor jogadora de futebol do mundo.

Natural de Dois Riachos, interior de Alagoas, Marta abandonou as “peladas” de rua com seus amigos para tentar a sorte em algum time importante. Iniciou sua carreira em 2000, pelo Vasco da Gama, clube que permaneceu até meados de 2002. Destacando-se pela sua habilidade e pelo seu ótimo poder de finalização (poder esse comprovado quando a alagoana tornou-se artilheira do Campeonato Brasileiro Juvenil, em 2001), a atacante canhota logo foi convocada para representar o Brasil em suas categorias de base.

E Marta não fez feio. Tanto que em 2002, em seu primeiro torneio com a amarelinha, já foi eleita a revelação do Munvelação do Mundial Sub-19. No ano seguinte, Marta ascendeu para a equipe principal e surgiu como uma das grandes responsáveis pela conquista da medalha de ouro no Pan-Americano de Santo Domingos, República Dominicana. Nesse mesmo ano, a atacante ajudou o Brasil a terminar a Copa do Mundo dos Estados Unidos na 4ª colocação.

Seu desempenho em torneios com âmbito internacional fez com que os suecos do Umea IK Fotbol se interessassem pelo seu futebol e lhe contratassem no início de 2004. 2004, inclusive, foi o ano de glória para Marta. A alagoana reala Marta. A alagoana realizou uma excepcional Olimpíada e ao lado de Cristiane liderou a jovem equipe brasileira até a surpreendente final. Na decisão, o Brasil sufocou os Estados Unidos, e por pouco, não saiu de campo com a vitória.

O show de Marta rendeu-lhe uma indicação ao prêmio de melhor jogadora no ano. Era a reafirmação de que Marta realmente tinha virado uma estrela de nível mundial. A terceira colocação em 2004 e a vice-colocação em 2005 amadureceram a atleta o suficiente para que nesse ano, ela se tornasse a melhor jogadora de futebol no mundo, ficando na frente da norte-americana Kristine Lilly e da alemã Renate Lingor.

Ainda assim, muitos dirão que há certo exagero em minha colocação. Não acredito.
Afinal, todos sabem que no Brasil a mulher já é discriminada pela sociedade em seu cotidiano. Quando o assunto é futebol, então, esse preconceito toma proporções ainda maiores. Existe um grande entrave conservador entre torcedores, jornalistas e comentaristas que legitima a velha frase: “Futebol é um esporte viril, másculo, coisa para homem”.

A conquista de Marta congratula uma atleta que com apenas 20 anos de idade, lutou contra tudo e contra todos para realizar seu sonho de praticar futebol e ganhar reconhecimento mundial em uma modalidade inexistente no Brasil (sim, apesar da medalha de prata do futebol feminino nas Olimpíadas de 2004, não existe nenhum campeonato nacional para as mulheres). O descaso brasileiro faz com que percamos nossos jovens valores e deixemos de incentivar futuras promessas.

"Eu não vejo no futebol internacional, acredite em mim, ninguém melhor que ela". (Andrée Jeglertz, técnico do Umea).

"Foi bonito ver avanços de zagueiras ao ataque, jogadoras de meio-de-campo armando jogadas bem à frente, e, no ataque, uma número 10 chamada Marta, só de 19 anos de idade, só 1,61 m, zigue-zagueando e dançando no meio das zagueiras americanas". (George Vecsey, repórter esportivo do New York Times, descrevendo a final das Olimpíadas de 2004).

"Marta é uma das melhores que já vi jogar. Ela é a 'coisa real'". (Mia Hamm, lendária jogadora norte-americana que venceu o prêmio de melhor jogadora em duas oportunidades).

Atualmente Marta atravessa ótima fase: fez 33 gols no decorrer da temporada. Seu time, o Umea é bi-campeão europeu e bi-campeão sueco, sendo que este último título nacional fora conquistado com 4 rodadas de antecipação. Está há quase 50 jogos invicto. Tanto prestígio garantiu ao Umea a condição de disputar o Mundial Interclubes, em abril, contra as inglesas do Arsenal.

18.12.06

Guerra Fria

A parte de cima do planeta bola está entrando no período de inverno, mas algumas ligas européias estão fogo, ao mesmo tempo em que outras estão mais frias que o próprio Pólo Norte. A virada de ano marca também o fim da primeira metade da maioria dos campeonatos de ponta na Europa, e mesmo com alguns jogos ainda por acontecer, o Opinião FC medirá a temperatura das ligas européias afora.

Com certeza, a liga mais fria é a francesa. O Lyon, campeão do primeiro turno há tempos, não encontrou nenhum dificuldade para golear o vice-líder Lens, fora de casa por 4 a 0. São simplesmente 17 pontos à frente do segundo colocado. Vantagem pra nenhum torcedor botar defeito. Esse hexa do Lyon nem o Boca Juniors perderia. A briga agora é pra ver quem será o vice na Ligue 1, e convenhamos, esse é um campeonato à parte.

Subindo um pouco a temperatura, mas ainda um pouco congelante está a disputa do Calcio. Com a Juve fora do caminho e o arqui-rival Milan empatando ao Deus-dará, Palermo e Roma tentam perseguir a Inter. A equipe rosanera tentou fazer frente aos interistas, mas já congelaram faz algum tempo dentro do campeonato, enquanto Totti tenta aquecer a Roma para mantê-la na disputa do scudetto. Mas a Inter está impossível. Quebrou seu recorde de vitórias consecutivas no Italiano (nove consecutivas) e segue a todo vapor para conquistar a taça, desta vez dentro de campo. A fase é tão boa que, além dos sete pontos de vantagem para a Roma, o zagueiro Materazzi faz até um gol antológico de bicicleta (vídeo abaixo). Saindo da esfera de disputa do título, destaques para o surpreendente Catania, quarto colocado, e para o Milan, apenas o décimo quarto e a três pontos da zona de descenso.


Na península ibérica, a temperatura sobe gradualmente. Em Portugal, O Porto já está a cinco pontos de vantagem do Sporting. O time de Lucho González, em ótima fase, é mais favorito do que nunca para chegar ao bi. Classificados para a fase final da Champions, os portistas não estão tendo dificuldades para manter a vantagem sobre o combalido Sporting, abalado com o péssimo desempenho da Liga dos Campeões, onde perdeu a vaga na Copa da Uefa frente ao Spartak Moscou. O Benfica está longe dos líderes. Na Espanha, o Barcelona perdeu o título mundial pata o Inter gaúcho e a liderança para o crescente Sevilla, mas está com uma partida a menos. O time de Luis Fabiano e Dani Alves vai mostrando que as recentes conquistas da equipe não foram um mero acaso do futebol. Com um conjunto forte e compacto, os rojiblancos prometem uma briga pelo título cabeça-a-cabeça com os gigantes do futebol espanhol, Barça e Real. Dois pontos separam o Sevilla, líder, do Real Madrid, terceiro. La Liga vem se mostrando o campeonato mais equilibrado e empolgante da Europa.

Na terra dos Beatles, Manchester e Chelsea brigam ponto a ponto pela liderança da Premiership. O surpreendente tropeço dos Red Devils frente ao West Ham deu a pitada de calor que faltava ao campeonato. O Chelsea fez sua parte, vencendo díficil jogo contra o Everton. Mas pelos lados de Stanford Bridge, o ucraniano Shevchenko justifica as origens e continua com o futebol congelado. Longe, mas não menos disputado, Liverpool, Arsenal, Bolton e Portsmouth brigam pela distante terceira colocação.

Num dos campeonatos mais disputados e aquecidos da Europa, o Werder garantiu o simbólico título de inverno ao vencer o Wolfsburg. Com os mesmos 36 pontos do Schalke, o time dos brasileiros Diego e Naldo supera a equipe de Gelsenkirchen no saldo de gols. O Bayern, campeoníssimo alemão em outros anos tenta manter-se na cola dos líderes, na terceira colocação. Mas a Alemanha tem seu "urso polar": O Hamburgo, de boa campanha no ano passado, só conquistou uma vitória em 17 partidas no Alemão e amarga a vice-lanterna.

Mas o que está pegando fogo mesmo são as oitavas de final da Liga dos Campeões, definidas semana passada. Com as partidas sendo disputadas somente em fevereiro, o Opinião FC analisará, após o Ano Novo, todos os confrontos do maior campeonato interclubes do planeta.

Façam suas apostas, bem aquecidos, pois na maioria desse campeonatos ainda há muita lenha pra se queimar!

17.12.06

Uma Vitória Épica!!!

Um time monstruoso, jogadores gigantes e um título incontestável. Foi esse o espírito do legítimo campeão do mundo, o Sport Club Internacional. Isso mesmo! O Colorado de Porto Alegre venceu o dito “poderoso” Barcelona para entrar no seleto grupo dos times que foram até o Japão para se sagrar campeão.

O que se viu em campo foi um Inter guerreiro, aguerrido, nervoso também, mas que acima de tudo não teve medo jogar de igual para igual com o time catalão. Foi a vitória da força de um conjunto determinado, que venceu a libertadores de forma brilhante e não se acovardou em nenhum momento durante todo o brasileirão.

Hoje, jogadores tidos como comuns, como Fabiano Eller, Índio, Clemer, Edinho, Wellington, Iarley, Ceará, Luis Adriano e o autor do gol Adriano Gabiru mostraram que o futebol vencedor não é feito apenas de pedaladas inúteis, toques desnecessários e excesso de preciosismo. Jogadores esses que mostraram para o mundo o jeito brasileiro de ganhar 300,00 reais por mês e fazer da força de vontade a sua maior virtude.

Esse título é um verdadeiro presente para a garra de Abel Braga, tantas vezes criticado por induzir a violência, que hoje conduziu uma equipe que não deu um ponta-pé para segurar o Barça. Aliás, tenho certeza de que o verbo segurar não retrata o que foi a partida, pois apesar de ter dominado as ações no meio-campo, o time espanhol não demonstrou grande superioridade tática em relação ao gigante da Beira-Rio.

Ao meu ver, as únicas coisas que os catalões tiveram mais que o Inter foi o Marketing e a firula. Sinceramente, continuo acreditando que os espanhóis são uma das maiores equipes do mundo, mas é inegável que seus jogadores abusam do preciosismo e, em muitos lances, tentam enfeitar demais as jogadas. Essa não uma crítica apenas a Ronaldinho Gaúcho, e sim a toda a representação do Barcelona.

Chaves da vitória

Além da raça, da determinação e da força do conjunto, já citadas acima, pesaram as ausências de Eto´o e Messi, principalmente a do camaronês, substituído pelo esforçado, porém atrapalhado Gudjohnsen.
Soma-se a esses fatores a grande partida de Ceará, o “Willian Defoe” brasileiro, na marcação do Ronaldinho, a grande segurança e disposição tática de Índio e Fabiano Eller, a firmeza de Clemêr quando exigido, e a fibra inesgotável de Iarley, o grande nome do jogo (apesar disso, foi o Deco quem levou a bola de ouro).


O Opinião FC congratula os campões pela grande conquista, com a certeza de que os craques jogam realmente no exterior, mas os grandes campeões, em qualquer lugar do mundo, jogam com o coração, e fazem da união a sua maior estrela. A Copa de 2006 já havia mostrado isso ao mundo...

6.12.06

"A maior vitória da história"

O levantador e capitão da seleção brasileira de vôlei, Ricardinho, com a taça da Copa do Mundo.

Foi assim que Raúl Lozano, o técnico argentino que comanda a seleção polonesa de voleibol, definiu como foi a vitória brasileira na final da Copa do Mundo de Vôlei, disputada no Japão. O bicampeonato da seleção brasileira coroou toda uma metodologia e seriedade do vôlei nacional, desde a organização dos campeonatos e estrutura, passando pelas categorias de base e chegando até a seleção principal, brilhantemente capitaneada pelo técnico Bernardo Resende, o Bernardinho. O atual técnico da seleção masculina foi um dos ícones da chamada "Geração de Prata", que ganhou a medalha de prata nas Olimpíadas de Los Angeles,em 1984. Era o levantador daquele time, que abria caminho para a hegemonia do vôlei, mais de 20 anos depois.

Após a conquista em Los Angeles e comandado pelo competente José Roberto Guimarães, viria a primeira de muitas glórias da seleção brasileira: a conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992. Esse título em particular, abriu caminho para uma verdadeira "voleimania" no Brasil, que se acentuou com a conquista da Liga Mundial em 1993. O período de renovação e a hegemonia italiana que se seguiu após a ascensão brasileira na elite do vôlei levaram a seleção a uma escassez de conquistas de expressão.

Mas nos bastidores a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) fortalecia a liga nacional de vôlei. Presidida por Carlos Nuzman, atual presidente do COB, criou a Superliga de vôlei, atraiu diversos investidores para o esporte. Eles investiam na manutenção de alguns dos principais jogadores do país e que ainda injetou capital na infra-estrutura das equipes, iniciando um processo de garimpagem de novos talentos. Enquanto as equipes nacionais se fortaleciam, surgia uma nova geração de jogadores, como Giba, Ricardinho e cia. Depois de algumas trocas no comando da seleção, Bernardinho, que até então tinha comandado a seleção feminina e o time do Rexona, foi indicado para o comando da seleção Masculina, em 2001. Parceria essa que traria muitas alegrias ao vôlei nacional. Começou com a conquista de Liga Mundial de 2001, o primeiro dos 17 títulos que Bernardinho conquistou a frente da seleção. Vieram a Copa do Mundo em 2003 e o bicampeonato olímpico em Atenas, 2004. E foi mais que coroada com o bicampeonato mundial conquistado no Japão. Saldo de Bernardinho à frente da seleção: 17 títulos em 21 finais disputadas. Um aproveitamento que certamente ajudou o técnico Lozano a dizer que essa é a "maior equipe que ele já viu jogar".

Conquistas respaldadas pelo presidente da CBV, Ary Graça, que se mostrou um exímio administrador. Vislumbrou a construção do Centro de Desenvolvimento de Voleibol, localizado em Saquarema, no Rio de Janeiro. O centro é referência mundial no aprimoramento do vôlei, para todas as categorias do masculino e feminino, da infanto-juvenil até a adulta. Na conquista dessa última Copa do Mundo, o Brasil deu uma aula de voleibol. Em todos os sentidos. Com uma preparação planejada, o Brasil foi demolindo seus adversários, somando apenas uma derrota em toda a competição. Mesmo com o desentendimento momentâneo de alguns atletas do elenco, o time se uniu e mostrou porque é a melhor equipe de vôlei da atualidade e uma das maiores da história da modalidade. Na final, contra os promissores poloneses, um show. A Polônia, que até então não havia perdido uma partida e apenas três sets em toda a Copa, não resistiu ao jogo rápido e agressivo do Brasil. E foi atropelada.

Por isso, a seleção de vôlei é um exemplo de empenho no mundo esportivo brasileiro. Organização, comprometimento, dirigentes sérios e jogadores que, acima de tudo, nos fazem ter orgulho do esporte nacional. A equipe brasileira é considerada uma das melhores seleções de todos os tempos, com uma hegemonia no vôlei atual que se assemelha a outras grandes seleções da modalidade - URSS (nas décadas de 60 e 70), EUA (década de 80) e Itália (década de 90). Realmente, uma geração de ouro, na qual outros esportistas, muito populares, deveriam se espelhar.

2.12.06

Salvador Hugo Palhaço!!!

Auto-entrevista, contrações estapafúrdias, demissões obscuras, perda de jovens valores. Esses são alguns dos episódios que os torcedores palmeirenses tiveram de se acostumar nos últimos meses. Sob a batuta do polêmico Salvador Hugo Palaia (foto), o time da capital atravessa por um dos momentos mais críticos de seus 92 anos de história.
Com um elenco fraco, sem nenhum grande jogador, e sem a união do conjunto, o clube se arrastou por todo campeonato Brasileiro de 2006, e só não foi rebaixado por dois motivos: o grande esforço dos concorrentes para ficar com as 4 vagas para a segunda divisão, e a boa arrancada pós-copa que o time teve sob a tutela do injustiçado Tite (foto abaixo).

O treinador, aliás, foi um dos alvos da arbitrariedade do diretor de futebol do clube, que o criticou abertamente para a imprensa. A pergunta que fica no ar é a seguinte: De quem o Palmeiras precisava mais? Acho que a resposta apareceu dentro de campo. Bom para o treinador, que sai fortalecido e valorizado para o mercado de trabalho.
O dirigente concedeu, ontem, uma entrevista para o diário Lance na qual rasga elogios para o atual presidente Affonso Della Mônica, e ainda faz elogios a atitudes ditatoriais do ex- Mustafá Contursi. Ele também aproveitou para minimizar os protestos da torcida diante da derrota para o Inter, domingo passado, além de debochar de uma condecoração que teria recebido da própria Mancha Alviverde, meses atrás.

Essa é a mentalidade de um dos homens mais fortes do atual Palmeiras, que pode até ser mantido em seu cargo, mesmo havendo a tal reformulação que vem prometendo o Della Mônica. Os 72 anos, Palaia não se sente ultrapassado e nem velho para agüentar o tranco de sua função. Deve ser por isso que o time está na atual situação, pois seus comandantes não conseguem enxergar além de um palmo depois do nariz, e as perspectivas para 2007 são as piores possíveis...

30.11.06

Zagueiro de ouro

Finalmente um zagueiro foi premiado com a Bola de Ouro, concedida pela revista France Football. O italiano Fabio Cannavaro foi o agraciado como o melhor jogador europeu de 2006. O zagueiro italiano começou 2006 com o pé direito: conquistou o Campeonato Italiano pela Juventus (título caçado posteriormente pelo escândalo do Calciocaos). Cannavaro formou junto com Vieira, Thuram, Zebina e Emerson o pilar defensivo que caracterizou o time dirigido pelo seu xará, Fabio Capello.

O ápice do zagueiro foi durante a Copa do Mundo da Alemanha, conquistada pela Itália (foto abaixo). Em meio aos habilidosos jogadores que participariam da Copa, o capitão da Azzurra foi o maior ícone da "Copa dos Defensores". Chegou a disputar o prêmio de melhor jogador do torneio, mas foi preterido por Zinedine Zidane, injustamente, diga-se de passagem.
Após o sucesso na Copa e com o desmanche eminente na Juventus, Fabio Capello solicitou a sua contratação ao Real Madrid, combalido pelas falhas da zaga há tempos. Em Madrid, o zagueiro italiano ainda não encontrou o seu melhor futebol. Mas só a sua presença já colaborou para que o Real Madrid melhorasse o desempenho de sua defesa nessa temporada.

O experiente zagueiro, de 33 anos, se caracteriza por sua colocação em campo, já que possui estatura baixa para um zagueiro (apenas 1,76m). É um excelente marcador e ainda tem fôlego para marcar os seus golzinhos. Começou a carreira pelo Napoli, mas seu futebol de classe começou a aparecer para o mundo no Parma. Defendeu o clube de Parma por sete anos, tempo suficiente para chamar a atenção da Inter. Defendeu os nerazzurri por mais dois anos, quando se transferiu para a Juventus, sua época mais vitoriosa na carreira. Mas o escândalo que manchou o futebol italiano e que rebaixou a Juventus à 2º divisão fizeram com que ele acompanhasse o técnico Capello rumo à Madrid.

O prêmio para Cannavaro é especial, pois em 40 anos de história da Bola de Ouro, Cannavaro é o terceiro defensor a ser premiado. Se considerarmos que os outros vencedores atuavam como líberos na época da premiação (Franz Beckenbauer em 1976 e Mathias Sammer em 1996), o italiano é o primeiro zagueiro da história a faturar a Bola de Ouro. Além disso, ele entra no seleto hall dos italianos premiados: Omar Sivori (1961), Gianni Rivera (1969), Paolo Rossi (1982) e Roberto Baggio (1993).

Uma conquista e tanto para Cannavaro, que disputará no final do ano o prêmio da FIFA de melhor jogador do mundo. Concorrem com ele o brasileiro Ronaldinho e o francês Zidane. Por tudo o que apresentou esse ano, Cannavaro pode fazer história mais uma vez, pois tem grandes chances de ser eleito como o primeiro zagueiro a faturar o prêmio de melhor do planeta. Prêmio, que por ventura, seria merecidíssimo, por tudo o que realizou neste ano de 2006.

29.11.06

Lá vem o pato...

Estive acompanhando a penúltima rodada do campeonato brasileiro nesse final de semana e me entretive com um detalhe no jogo Palmeiras e Internacional.

Depois de ter perdido a chance de conquistar o título, o time gaúcho poupou alguns jogadores que não estavam 100% em suas condições físicas para priorizar a disputa do Mundial de Clubes em dezembro.

Dos vários reservas que estiveram em campo, um deles já chamava a atenção antes mesmo de se iniciar a partida. A mídia esportiva dizia para todos prestarem atenção na estréia de um atacante jovem e esguio que atendia pelo nome de Alexandre Pato (foto) (para aqueles que não sabem, o apelido Pato é uma homenagem ao município do interior do Paraná chamado Pato Branco, cidade-natal do atleta e de Rogério Ceni).

Logo que o jogo começou, Alexandre não decepcionou. Em sua primeira jogada, o atacante de 17 anos ficou cara-a-cara com Diego Cavallieri e com um leve toque, deslocou o goleiro palmeirense e abriu o placar.

Sorte de iniciante? Pouco provável. Quando a partida já estava 2 a 0, Alexandre Pato acertou uma cabeçada no travessão após cruzamento da direita. Minutos depois, Pato recebeu lançamento Fernandão e cruzou na área. Na tentativa de cortar o lance, Daniel se antecipou e fez contra.

Havia mais. Antes ainda do primeiro tempo acabar, Alexandre Pato cortou a zaga, fez Marcinho Guerreiro cair sentado, driblou o goleiro Sérgio (que havia substituído o lesionado Diego) e deixou Iarley livre para marcar o quarto gol colorado.

Tudo ia bem para o estreante, até que Élder Granja desentendeu-se com Juninho Paulista e foi expulso. Com o resultado praticamente garantido, o técnico Abel Braga preferiu compactar o time: sacou o garoto e colocou o meia Adriano em seu lugar.

Mesmo assim, os exatos 60 minutos jogados por Pato foram suficientes para glorificar o jogador. Alexandre Pato foi manchete em todos os meios de comunicação do país e elevado, inclusive, como o sucessor de Rafael Sóbis. Pato ganhou destaque até no site da FIFA sendo classificado como uma espécie de menino prodígio do time gaúcho. Em 10 dias Alexandre Pato saiu do ostracismo e virou a maior promessa do clube na atualidade.

A diretoria do Inter favorece esse alarde. Afinal, o clube do Beira-Rio já prorrogou o contrato com o atleta e aumentou seu salário em 500% (o valor subiu de R$ 2 mil mensais para 15 mil). Isso sem contar a multa contratual que já atinge US$ 20 milhões. Toda essa bagunça depois de uma partida. Apenas uma.

Acredito que a mídia esportiva precipita-se ao dar tanto destaque a um atleta que acabou de surgir. Os exemplos do passado pouco distante mostram que isso pode ser prejudicial a todos: jogador, torcedor, dirigente...

Quando surgiu no São Paulo, Thiago Ribeiro era a maior revelação paulista na posição e chegou a ser injustamente comparado com Careca, Muller e Serginho Chulapa. Hoje, Thiago tenta aos poucos, recuperar o seu bom futebol. Lenny chegou a ser comentado como possível substituto de Ricardo Oliveira, semanas antes da convocação brasileira para a Copa do Mundo da Alemanha. Lenny atualmente é reserva de Cláudio Pitbull no Fluminense... Isso, sem citar a atitude do presidente do Internacional, Fernando Carvalho (foto), que ao aumentar o salário de Alexandre dá “um tiro n’água” que pode causar futuros prejuízos financeiros ao time. Não esqueçamos que o lateral Gabriel, do São Paulo foi outro caso semelhante.

O mundo esportivo está órfão de bons jogadores no ataque. Todos que aparecem, viram astros da noite para o dia. Não quero dizer que Pato é um jogador medíocre. Mas é muito cedo para julgar o potencial do garoto e pode ser que tudo não passe de um sonho. E se tudo não passar de uma mera patacoada, no final, quem irá pagar o pato?

27.11.06

Dançando o vira-vira?

44 minutos do segundo tempo. Alex Alves (foto ajoelhado) domina a bola na quina da grande área, dribla o meia Rodrigo, mas é derrubado. Pênalti. O próprio Alex Alves vai para a bola, cobra com perfeição e desempata o jogo.

Certamente esse momento ficará na cabeça dos torcedores da Portuguesa durante muito tempo. 25 de novembro de 2006, estádio Ilha do Retiro, em Recife. Dia que a Potuguesa de Desportos livrou-se de um dos maiores vexames de sua história ao vencer o Sport e evitar o conseqüente rebaixamento à Terceira Divisão.

Quiseram os deuses do futebol que Recife fosse palco de uma grande decisão da Segunda Divisão pela segunda vez consecutiva. No ano passado, a situação do Grêmio era semelhante. O time gaúcho jogava em Recife contra o Náutico precisando de uma vitória para subir à Primeira Divisão Nacional. Assim como em 2005, os visitantes foram até a capital de Pernambuco, jogaram melhor e surpreendentemente conseguiram uma vitória dramática.

Há 10 anos atrás, a Lusa estava em uma situação completamente diferente. Em 1996, o time do Canindé era uma das sensações do Campeonato Brasileiro. A equipe encantava o Brasil com um futebol versátil: junção de uma zaga segura com um meio-campo habilidoso e um ataque veloz e envolvente.

Essa geração tinha jogadores experientes como a dupla de volantes Capitão – Gallo, o lateral Walmir e os meias Caio e Zinho. Além disso, havia grandes revelações como Clemer, César, Émerson, Zé Roberto e Rodrigo Fabbri. Fora exatamente com essa base que a Lusa fez um belo campeonato e conquistou o vice-campeonato do Brasileirão em 1996.

De lá para cá, muita coisa mudou. A Portuguesa deixava de ser apenas uma incógnita e agora era temida pelos seus adversários. O time não soube conviver com a fama e aos poucos começou a cair.

Más administrações políticas fizeram a equipe rubro-verde ter campanhas cada vez piores. Gradativamente, a Portuguesa perdeu seu posto de 5º melhor time do Estado para tornar-se um mero coadjuvante. No primeiro semestre deste ano, inclusive, o time chegou ao fundo do poço quando foi rebaixado para a 2ª divisão Paulista.

O jogo de ontem foi um marco para o time representante da colônia portuguesa. O próprio presidente do clube, Manuel da Lupa, já havia declarado que “em caso de descenso, a Associação Atlética Portuguesa de Desportos poderia ‘fechar as portas’ e abandonar o futebol”. Os torcedores lusos ficaram desapontados com a frase e recriminaram a postura do dirigente, que se retratou publicamente e declarou não ter dito nada.

A torcida para a Portuguesa é para que essa situação lamentável sirva de lição. Que a equipe deixe de lado sua incompetência política e volte ao cenário futebolístico nacional. Semelhanças com o time de 96? Poucas. Não esqueçamos, porém, que do time vice-campeão o grande matador era um garoto rápido chamado Alex Alves. O mesmo nome do atacante que salvou o Leão do Recife da queda à Terceirona...

26.11.06

Manchester x Chelsea

Quem teve a oportunidade de acompanhar neste domingo o clássico entre Manchester e Chelsea seguramente assistiu uma das melhores partidas de futebol do ano.

O jogo teve todos os ingredientes que fazem um duelo se tornar especial. Ambas as equipes vinham embaladas com as vitórias nas ultimas rodadas, a briga pela ponta do campeonato inglês e a rivalidade que existe entre Red Devils e os Blues. Além disso, a qualidade técnica dos atletas e a velocidade imprimida no jogo fizeram os amantes por futebol ficarem enfeitiçados frente ao jogo.

Num confronto que valia seis pontos, os donos da casa começaram atacando mais e após um belo passe de Wayne Rooney, o francês Luis Saha, mesmo marcado por dois zagueiros, colocou a bola no canto direito do goleiro Cudiccini com extrema categoria, abrindo o placar no Old Trafford.

Após o gol, o jogo passou a se concentrar no meio campo, lugar onde as duas equipes possuem excelência em seus elencos, com boas atuações de Carrick, Scholes e Giggs pelo Manchester e Makelele, Ballack e Lampard pelo Chelsea.

Lampard que no primeiro tempo estava um pouco apático, mas que após a volta do intervalo começou a dar mais opção com bons chutes de fora da área. Foi dele que saiu o escanteio que resultou no gol de cabeça do zagueiro português Ricardo Carvalho, aos vinte do segundo tempo.

Na segunda etapa o Manchester se resumiu a jogar na velocidade do endiabrado Cristiano Ronaldo que após várias jogadas de extrema habilidade, acabou saindo contundido depois de uma forte entrada de Ashley Cole, que foi preciso durante nos desarmes durante o jogo todo.

Luis Saha e Schevchenko não produziram muito no segundo tempo e acabaram substituídos por Fletcher e Joe Cole respectivamente. Pelo lado do Chelsea, Robben siscou, mas não foi efetivo em seus ataques, o que irritou José Mourinho.

A partida acabou ficando violenta e as jogadas de ataque acabaram esbarrando na qualidade da zaga titular da seleção inglesa composta por Terry e Ferdnand, cada um defendendo seu lado.

O empate em 1x1 foi um resultado justo para uma partida equilibrada entre as duas melhores equipes da Premier League. O Manchester se mantém líder com 35 pontos e o Chelsea vem no seu encalço com 32. Tem muito campeonato pela frente.

Em busca da credibilidade perdida

Por André Augusto e Jota Assis

Há pouco mais de um ano, assistimos a uma série de denúncias de corrupção no futebol brasileiro, que culminou com a anulação de 11 jogos do Brasileirão 2005. A denúncia foi feita pela revista Veja e o protagonista de toda essa calamitosa situação foi o árbitro Edilson Pereira de Carvalho, até então integrante do quadro da FIFA. O árbitro havia negociado com um grupo de investidores para garantir o resultado de algumas partidas. Os investidores se beneficiavam com o esquema, apostando em sites ilegais. Segundo a revista, por jogo, o árbitro recebia entre 10 e 15 mil reais. O empresário Nagib Fayad, o Gibão, confessou que fez pagamentos ao árbitro paulista, para que houvesse a manipulação de alguns jogos do campeonato brasileiro.

Em outubro do ano passado, Edilson foi julgado pela 1º Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e em decisão unânime foi banido do futebol. O arbitro paulista foi enquadrado nos artigos 241 (dar, prometer ou aceitar vantagens para influenciar no resultados dos jogos) e 275 (proceder de forma atentatória dignidade do desporto). Os dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) prevêm que, no caso de sua violação, o infrator seja banido de suas funções. O responsável pela anulação dos jogos foi o então presidente do STJD, Luiz Zveiter.

O único árbitro condenado pelo escândalo da “Máfia do Apito” foi Edilson Pereira de Carvalho, réu confesso. Outros supostos envolvidos, como Paulo José Danelon e os empresários responsáveis pelos sites continuam sendo investigados. Como os envolvidos são réus primários, a sentença tende a se abrandar acarretando o cumprimento de serviços comunitários.

Com a anulação desses jogos, o campeão brasileiro de 2005, Corinthians, pôde disputar novamente duas partidas que havia perdido antes da anulação dos jogos pelo STJD (contra Santos e São Paulo), e conseguiu recuperar quatro pontos. Com isso, o time de Parque Sâo Jorge conquistou o tetracampeonato brasileiro, ficando 3 pontos à frente do segundo colocado, o Internacional.

E de lá pra cá, o que foi feito? Pelo menos, a Federação Paulista está tomando algumas medidas que visam evitar esse tipo de escândalo. Uma delas é colocar alguns policiais administrando cargos referentes a arbitragem da federação - Coronel Marinho é o presidente da comissão de arbitragens, Coronel Silas Santana está na ouvidoria da comissão e o delegado Bento da Cunha é o corregedor. Tanto policiamento já resultou no afastamento de alguns árbitros do quadro da federação, por conta de alguma irregularidade. O jornalista André Rizek mostra em seu blog algumas das medidas tomadas pela FPF, na busca pela transparência da arbitragem.

Tímidos passos, mas que servem de exemplo para outras federações pelo mundo afora, que assiste estarrecido a proliferação de negócios sujos no futebol.

De olho no Apito

Cerca de um ano após a repercussão nacional da “Máfia do Apito”, a imagem dos árbitros ficou manchada no futebol brasileiro. É quase consenso entre jornalistas, cartolas e atletas que o nível das arbitragens, em relação ao ano passado, caiu bastante. Mesmo que indiretamente, o episódio refletiu negativamente entre a categoria de árbitros profissionais. Medidas foram tomadas, alguns dos responsáveis punidos e nesse cenário, os árbitros tentam ganhar novamente a credibilidade no meio futebolístico.

Sobre o assunto, o presidente do Sindicato dos Árbitros do Estado de São Paulo (SAFESP), Sérgio Corrêa da Silva (foto:futebol interior) explica ao Opiniao FC como foi a reação da categoria diante do escândalo que abalou o futebol nacional.

Opiniao FC - A repercussão do "Caso Edílson" foi impactante no cenário futebolístico brasileiro. Na sua opinião, o episódio manchou a classe dos árbitros? Quais as medidas que você sugeriria para evitar novos casos como esse?
Sérgio Corrêa - A repercussão foi péssima, mas devemos entender que foi algo isolado, de dois árbitros que, por motivos financeiros, deixaram-se levar por apostadores. Eles não pensaram nos companheiros, nos familiares, nos amigos, nos jogadores que trabalham de forma extenuante para vencer suas partidas, nos dirigentes de arbitragens que confiaram neles e muito menos nos torcedores, principais responsáveis por movimentar o esporte mais popular do Brasil e do mundo. Eles mereceram o cartão vermelho que receberam de todos. A medida para se evitar que isso volte a acontecer é a eterna vigilância. A CBF e a FPF tomaram várias medidas, endureceram ainda mais no controle da documentação entregue, criou-se a corregedoria e a ouvidoria dos árbitros, entre outras medidas especiais.

Opiniao FC - Também houve, neste ano, o episódio na Itália de manipulação de resultados, que puniu árbitros, dirigentes e clubes. Como o sindicato viu este episódio?
SC - Com a mesma tristeza, pois é um setor de que gostamos de estar e não podemos aceitar tais desvios. O árbitro, além de ser honesto, deve também parecer ser honesto.

Opiniao FC - O sindicato defende a profissionalização dos juízes para exercer apenas a função de árbitro, sem outras profissões paralelas?
SC - Sim, desde que haja garantias para os árbitros, pois eles estão subordinados às Federações e estas aos clubes. Não podemos correr o risco de um árbitro não ter seu contrato renovado, pois se isto ocorrer, diferentemente dos jogadores ele irá ficar sem emprego (ele não poderá mudar de Federação, pois quem vai desejar um árbitro cujo contrato não foi renovado por sua entidade inicial? A legislação trabalhista é dura, pois os encargos sociais ultrapassam 100%.

24.11.06

Opiniãofc.com



É com imenso prazer e com muito orgulho que a equipe do OPINIÃO FC comemora a compra do seu domínio “.com”, o que possibilita uma maior divulgação do nosso conteúdo pela internet e permite ao leitor visitar o blog de maneira rápida e prática.

Nossa idéia principal era apenas escrever sobre futebol, mas não imaginávamos que iríamos conseguir receber tantos elogios de leitores espalhados por diversas regiões do país.

A simples prática do blog permitiu que nós nos aproximássemos ainda mais uns dos outros, criando um vínculo muito forte de orgulho, respeito, satisfação, admiração e principalmente amizade entre os nove blogueiros: Alexandre Azank, André Augusto, Arthur Kleiber, Bruno Calixto, Erick Amirat, Felipe Brisolla, Jefferson Pacaembu, Jota Assis e Thiago Barretos (foto abaixo)
.

Sem dúvida nenhuma, possuir um endereço “ponto com” abre portas para que mais e mais leitores e admiradores possam encontrar nosso blog de forma simples e sem rodeios, gerando aquilo que é a nossa idéia principal, a opinião.

Leitores como Felipe Leonardo, Armando Teixeira, Romano, Gabriel Ruiz, Marcel, Lucas Souza, Rafael do blog DeBico Palmitex e muito outros que deixam nossas discussões ainda melhores através de comentários muito interessantes.

Agora, a meta da equipe é manter a qualidade dos posts, a atualização quase que diária e mais novidades para a plataforma blog para que, num futuro próximo, possamos transformar o nosso projeto num site especializado em futebol e com opinião de verdade, livre do “emcimadomurismo” que assola a mídia esportiva nacional.

Agora o OPINIÃO FC é opiniaofc.com!

23.11.06

Competência que garante frutos


Campeão Brasileiro! Após muito sofrimento e angústia, enfim o torcedor são-paulino desentalou esse grito adormecido em sua garganta durante 15 anos.

O título do Tricolor Paulista é incontestável e premia a equipe mais regular do país, que por obra do acaso, não havia conquistado absolutamente nada nesse ano. O Tricolor perdera o título Paulista para o Santos, a decisão da Libertadores para o Internacional e a final da Recopa Sul-Americana para o Boca Juniors. Muitos diziam que a “síndrome da pipoca” estava rondando a região do Morumbi. Em qualquer outra equipe do país, o técnico Muricy Ramalho seria demitido.

A campanha não chegou a ser magnífica, mas teve grandes méritos. Em 36 jogos, o São Paulo venceu 21 partidas e perdeu apenas 4, média de 68% de aproveitamento. Além disso, o time tem o melhor ataque da competição com 64 gols marcados e a segunda melhor defesa que levou apenas 32 gols (1 gol a mais do que a defesa do Internacional).

O time do Morumbi conseguiu, inclusive, quebrar um recorde na história do torneio. Desde 2003 que o campeonato é disputado no sistema de pontos corridos não houve nenhuma equipe que tenha ficado na ponta da tabela por mais tempo. O São Paulo permaneceu líPaulo permaneceu líder durante 25 rodadas consecutivas...

Em um campeonato tão extenso como o Brasileiro, as equipes têm que ser extremamente organizadas e competentes. Quando inicia-se a temporada européia de futebol, no decorrer do torneio, todos perdem jogadores-chaves. Peças de reposiçças de reposição são fundamentais. Nesse ponto a diretoria Tricolor serve de exemplo, pois na medida do possível, conseguiu que as ausências de Lugano e Ricardo Oliveira fossem supridas.

Os times têm que mudar sua própria consciência e descobrir que sem a manutenção de um elenco coeso capaz de disputar outros torneios simultâneos, ninguém chega a lugar nenhum. Se na época da Libertadores, o time misto do São Paulo não tivesse “segurado a barra” e conquistado várias vitórias, certamente o caneco não viria com tanta tranqüilidade.

E olha que o elenco do São Paulo não chega a ser brilhante. O segredo do tetracampeão brasileiro é o conjunto. Cada jogador entende bem o seu próprio papel na equipe e na medida do possível executa essa função.

A principal arma coletiva dos titulares tricolores é a dupla de volantes Josué-Mineiro. Os dois entendem-se muito bem em campo e conseguem aliar disposição física e alto poder de desarme com técnica e desenvoltura para sair jogando.

O astro Rogério Ceni (foto - erguendo o troféu) completa a espinha dorsal da equipe. Rogério é excepcional. Não por fazer defesas difíceis ou por repor a bola com perfeição. Nem por bater faltas e fazer inúmeros gols, vale lembrar que entre os titulares, ele foi o que mais marcou gols no Brasileiro, 7. Ceni é incrível por tudo aquilo que representa para o time, para o torcedor. Ele merecia esse título mais do que ninguém.


E que outras equipes brasileiras tomem o São Paulo como exemplo. Porque no futebol de hoje não adianta em nada você ter tradição, se você não repor jogadores vendidos de maneira inteligente, não der moral a seus atletas quando estiverem em baixa ou não ser paciente com seu técnico e não passar toda tranqüilidade suficiente para o mesmo realizar seu próprio trabalho.

18.11.06

O Major Galopante!

A morte conseguiu passar por ele. Agora, o artilheiro fará alguns de seus belos gols pelos céus. O mundo do futebol perdeu mais um grande craque do passado. Férenc Puskas morreu em decorrência de complicações do Mal de Alzheimer que o acometia.

Seu porte físico, baixo e gordo, não intimidava os zagueiros. Mas o “esquerda de ouro” deixava-os para trás e desandava a fazer gols. É um dos símbolos do fantástico time que a Hungria montou na década de 50. Vamos saber um pouco mais da vida desse artilheiro, que detém marcas impressionantes e está no hall dos melhores jogadores de todos os tempos.

A Carreira no Honved

Nascido a dois de abril de 1927, em Budapeste, Hungria, foi batizado pelos pais como Ferenc Purczeld. Começou a jogar, ainda garoto, pelo Kispesti, de Budapeste. Curiosamente, jogou até os 12 anos como Miklós Kovács, para poder atuar no time sem problemas de idade. Treinado pelo seu pai, o jovem Puskas (nome que o atacante adotou que significa atirador, em húngaro) já era titular absoluto da equipe aos 16 anos e capitão aos 19. E não demoraria para ele estrear pela seleção. Aos 18 anos, ele já vestia as cores da seleção húngara, contra a Áustria. Era a primeira de uma série de 85 partidas pelos Magiares, como era conhecida a seleção. Era também a primeira partida da seleção húngara logo após o caos da Segunda Guerra Mundial.

Em 1948, o Kispesti foi nomeado pelo governo húngaro como o time do exército e passou a se chamar Honved. Puskas tornou-se Major do exército. Daí o seu apelido mais famoso “O Major Galopante”. O Honved (foto), que depois convocaria para suas fileiras jogadores como Zoltan Czibor e Sandor Kocsis, venceu a Liga Húngara por cinco vezes e Puskas foi artilheiro dela em quatro oportunidades: 1947/48 (50 gols), 1949/50 (31 gols), 1950 (27 gols) e 1953 (25 gols).


Os Magiares Mágicos

Após sua estréia contra a Áustria, Puskas ajudaria a fazer da seleção húngara uma das mais fortes e fantásticas de todos os tempos. Ao lado de seus companheiros de Honved (Czibor e Kocsis) e outros fabulosos jogadores húngaros da época, como József Bozsik e Nándor Hidegkuti, formou a base dos Magiares Mágicos, que mantém até hoje a impressionante marca de 32 partidas consecutivas sem derrota.
A Hungria conquistou a medalha de Ouro nas Olimpíadas de 1952, em Helsinque, Finlândia. Na final, os Magiares Mágicos bateram a Iugoslávia por 2 a 0, com o gol inicial da partida marcado por Puskas, que já havia marcado outros três gols naquele torneio olímpico.

Dois jogos em particular, dessa fase de ouro da Hungria, chamam a atenção. Em 1953, a seleção húngara venceu a Inglaterra (foto), em Wembley, por 6 a 3. Era a primeira vitória de uma seleção não-britânica dentro de Wembley sobre o English Team. E em 1954, antes da Copa, os Magiares repetiram a dose: venceram, desta vez em Budapeste, por impressionantes 7 a 1.
E com o futebol vistoso, coletivo, de toques rápidos e mortais, com Puskas como o atacante cerebral da equipe e Hidegkuti como o centro-avante de ofício, a Hungria chegou como favorita para a Copa da Suíça, em 1954. Começou massacrando a Coréia do Sul por 9 a 0, em Zurique, com dois gols de Puskás. Na partida seguinte, vitória incontestável sobre a Alemanha Ocidental por 8 a 3. Apesar de marcar um gol na partida, o jogo custaria caro a Puskás: ele machucou o tornozelo em disputa com o alemão Werder Liebrich e ficou de molho até as finais do torneio. Nas quartas-de-final, a Hungria jogou contra o Brasil, ainda estigmatizado pelo fracasso de 1950. A “Batalha de Berna”, como ficou conhecida a partida, foi vencida pelos húngaros por 4 a 2, resultado que se repetiu nas semi-finais, contra os campeões de 1950, os uruguaios.

Mesmo não estando 100%, Puskas não queria perder aquela final de Copa contra a Alemanha Ocidental (foto), partida que seria a partida mais importante de sua carreira. E jogou baleado. Mesmo assim, marcou logo aos seis minutos. Aos dez, a Hungria já vencia por 2 a 0. Mas os alemães, que haviam perdido para os magiares na primeira fase, conseguiram virar a partida faltando seis minutos para o fim. Era a primeira derrota dos Magiares em quatro anos. A derrota mais dolorida na carreira de Puskas. Foram 85 partidas e impressionantes 84 gols pela seleção, dando a ele uma média de quase um gol por partida.

Cavalgando em Madrid

A ocupação soviética na Hungria, em 1956, desfez a equipe do Honved. Os jogadores da antiga equipe, base da seleção húngara, fugiram para diversos lugares da Europa Ocidental. Puskas adotou a Espanha como lar. Por conta de uma suspensão imposta pela FIFA, Puskás ficou sem jogar durante dois anos. Atuou em alguns jogos não-oficiais pelo Espanyol, de Barcelona. Gordo e fora de forma, foi levado em 1958 ao Real Madrid . Para muitos, uma contratação sem sentido, pois imaginavam sua fase áurea já havia passado.
No Real, aos 31 anos, formou um dos melhores esquadrões de todos os tempos, ao lado de jogadores como Alfredo Di Stéfano e Francisco Gento. Juntos, levaram o time merengue a conquista de cinco Ligas Espanholas e três Copa dos Campeões. E o jogo mais marcante de Puskas pelo Real foi exatamente a final da Copa dos Campeões de 1960 (foto), disputada em Glasgow, Escócia. Foram massacrantes 7 a 3 sobre o Eintracht Frankfurt, com quatro gols do matador húngaro. Foi artilheiro da Copa dos Campeões (1960 e 64) e da Liga Espanhola (1960, 61, 63 e 64).
Jogaria ainda pela seleção espanhola, na Copa de 1962, no Chile e encerraria sua carreira no próprio Real Madrid, aos 40 anos. Segundo a Federação Internacional de História e Estatística (IFFHS), Ferenc Puskas foi o terceiro maior goleador de todos os tempos. Cálculos oficiais da entidade mostram que Puskas teria marcado 511 gols em 533 jogos.

Como treinador, Puskas não obteve o sucesso da época de jogador. Sua melhor performance como treinador foi a frente do Panathinaikos, da Grécia, quando alcançou a final da Copa dos Campeões de 1970/71. O Panathianikos caiu frente ao Ájax de Neeskens e Cruyff, por 2 a 0. Retornaria a sua terra natal para assumir o cargo de técnico da Hungria, em 1993.

Acometido pelo Mal de Alzheimer, diagnosticado em 2000, Puskas é reconhecido como o maior esportista húngaro do século 20. O antigo Nepstadion, onde a seleção manda seus jogos, foi renomeado como Estádio Ferenc Puskas. As homenagens se seguiam. O Honved aposentou a lendária camisa 10, que Puskás envergou por tantos anos. O Real Madrid organizou um jogo-homenagem , em agosto de 2005, contra um combinado húngaro. A renda seria revertida ao ex-jogador, que passava dificuldades financeiras na época. Também publicou uma auto-biografia, escrita por um jornalista húngaro.

A Hungria de Puskas e cia. nunca mais foi a mesma após a Copa de 54. Mas Puskas, com certeza, escreveu seu nome na história através de seus potentes chutes de esquerda e suas jogadas cerebrais. Mais do que um jogador, Puskas representou para muitos uma geração inteira, antes do surgimento de Pelé. Uma época do futebol altamente ofensivo, de muitos gols e muito romantismo. Afirmava que seu maior amuleto era a bola. Seu amor pelo futebol e pela Hungria eram latentes e convertidos em muitos gols. Os amantes do futebol batem continência para o Major Ferenc Puskas!

No vídeo abaixo, gol de Puskas na célebre vitória de 6 a 3 sobre a Inglaterra, em 1953.


Perfil

Nome Completo: Ferenc Purczeld
Nascimento: 2 de abril de 1927, em Budapeste, Hungria
Falecimento: 17 de novembro de 2006
Apelidos: Major Galopante, Öcsi (irmão mais novo, em húngaro)
Clubes: Kispesti/Honved (1943-1956) e Real Madrid (1958-1966)
Títulos: 5 Ligas Húngaras
5 Ligas Espanholas
Campeão Olímpico
3 Copas dos Campeões
1 Mundial Interclubes

17.11.06

O último dos moicanos!!!

Como a rodada desse final de semana deve ser a definitiva em relação ao título, decidi fazer um último prognóstico, visto que os mesmo entraram em decadência no presente blog. Portanto, é com muito orgulho que digo pela última vez esse ano: Vamos aos pitacos:

Neste sábado, ás 18h10:

Grêmio x Santa Cruz: Esse é jogo para o tricolor gaúcho deitar e rolar no Olímpico. Vitória fácil do time da casa e festa pela bela campanha.

Flamengo x Figueirense: Jogo bem equilibrado no Maracanã. Díficil dizer quem vai se dar bem. Etobina x Soares. Dessa vez, apesar do Soares ser melhor, fico com a vitória do Rubro-negro.

Corinthians x Fluminense: Sem o apoio da imprensa, o Timão joga pelo distante sonho da Libertadores. Vitória do time do Pacaembu, mas as páginas dos jornais estarão voltadas para o jogo entre São Paulo e Atlético, até por uma questão de represália da mídia!

Já no Domingo...

São Paulo x Atlético-PR: O grande jogo da rodada. Os reservas do time paranaense tentarão estragar a festa dos tricolores do Morumbi. Bobagem! O time de Curitiba está com a cabeça no Pachuca, e não quer saber de esquentar a cabeça. São Paulo tetracampeão do Brasil após uma vitória fácil!

Juventude x Palmeiras: Jogo dos "quase" ameaçados no Alfredo Jaconi. Empate, sem riscos de rebaixamento para ambos os candidatos.

São Caetano x Vasco: O azulão tenta o último respiro enquanto o Vascão vai para cima da Libertadores. Prefiro acreditar que vai dar empate...

Paraná x Internacional: Se fosse no sábado, decidiria o campeonato. A vitória do Paraná mostrará que os gaúchos estão com a cabeça no Japão.

No péssimo horário das 18h10:

Botafogo x Goiás: Jogo de dois dos melhores times do segundo turno, mas o melhor vai acabar levando. Fogão neles!!

Fortaleza x Ponte Preta: Time que não quer ser rebaixado não pode pensar em perder pontos. Esse deve ser o pensamento da Ponte. A verdade aparecerá: empate.

Cruzeiro x Santos: O jogo mais importante para quem acompanha a disputa pela Libertadores. Um empate mostrará que o Cruzeiro não merece a vaga, e que o Santos não tinha time para ser campeão.

Aí estão. Lá se vai o último prognóstico do brasileirão esse ano...todos os outros serão superficiais. Ligue sua mídia no domingo e aproveite. Afinal, daqui há um mês, os campeonatos estarão de molho!!

16.11.06

Cegos, Surdos e Mudos

Dia 15 de novembro, após a derrota no Maracanã para o Flamengo, os jogadores do Corinthians decidiram iniciar uma greve de silêncio. A alegação dos atletas era a de que a imprensa estava veiculando “inverdades” sobre o plantel alvinegro. A imprensa veiculava, na época, que os jogadores estavam fazendo corpo mole para derrubar o treinador Émerson Leão. A situação do time era caótica: estava na zona de rebaixamento, jogando mal e sendo apedrejado. Era natural o receio de falar com a imprensa. Não era a primeira vez que um elenco usaria deste recurso. Uma série de vitórias faria a mordaça cair. Pelo menos era o que todos achavam.

Um mês depois do início do entrave, os jogadores (foto abaixo) anunciaram que o boicote duraria até esta quinta-feira (16 de novembro). Seguiu-se, a partir do anúncio, uma série de especulações que teriam culminado com o fim do silêncio. Uma delas seria a de que o boicote foi liderado por Leão. Segundo as notícias, liderados pelo volante Magrão, que seria uma espécie de porta-voz do técnico corinthiano, Leão teria incentivado os atletas a boicotar a imprensa, por conta de críticas recebidas na fase turbulenta do Corinthians. Outra notícia dava conta que os jogadores encerrariam a greve por causa de renegociações de contrato. A mídia seria o veículo pelo qual os jogadores conseguiriam polpudas renovações.

Segundo o elenco, representado por alguns jogadores, as “inverdades” voltaram a aparecer e que por isso a greve iria continuar. A partir daí, aconteceu uma choradeira geral, de ambas as partes. E nesse cabo de guerra, ninguém sai vencedor. Os jornalistas, porque precisam da notícia. Os jogadores, que necessitam da imprensa como canal de veiculação do ambiente do clube aos torcedores e a conseqüente aparição dos atletas na mídia. E o principal prejudicado, o torcedor, que está no meio do fogo cruzado, não consegue ter notícias precisas sobre o clube de Pq. São Jorge.

Assim como não existem vencedores e vencidos nesse entrave, não há “o lado certo”. As especulações sempre existiram no futebol e sempre existirão. Mas é preciso que o jornalista cheque a consistência da fonte, antes de jogar a notícia aos ventos. Os jogadores não podem fugir disso como ratos, mas estão certos em lutar pela correta interpretação de suas ações. Falar nesse assuntos é cutucar em um vespeiro, pois mexe demais com interesses e manipulação, de ambas as partes. Mas é fato que devem chegar a um consenso aceitável, pois a mordaça corinthiana, além de calar a voz, está vendando os olhos e tapando os ouvidos de todos.

15.11.06

Seria o futebol uma caixinha de surpresas?


Diz um velho ditado popular que o futebol é uma caixinha de surpresas. Mas ouso dizer que o Brasileirão 2006, que está na sua reta final, fugiu a essa regra. Os times, que no início do ano eram os favoritos para o título nacional, mostraram que um trabalho de base bem desenvolvido somado a um grupo unido dá resultados, como é o caso do São Paulo, Internacional, Grêmio, Santos e companhia.

A única decepção ficou por conta do atual campeão brasileiro Corinthians, que não repetiu o ótimo trabalho da temporada passada, mas, na minha modesta opinião, isso aconteceu graças à falta de união do grupo e das peças que não foram repletas à altura, por exemplo, quem faz a função do Tevez hoje? Saerá que o combalido Amoroso? Não sei.

Outro time que se prejudicou com a falta de planejamento e com as trocas bruscas de técnicos foi o São Caetano, que está tentando, as duras penas, se livrar da Segunda Divisão. Ponte Preta, Fluminense, Juventude e Palmeiras também fazem parte do “seleto” grupo ameaçado de cair para a segundona. E cada equipe das citada já estão “ruim das pernas” há algum tempo. A Ponte e o São Caetano, por exemplo, obtiveram o 18º e o 17º lugar respectivamente - O último campeonato tinha 22 times e os 4 últimos colocados caíram para a série B.

Mas agora vamos ver o outro lado da moeda. O São Paulo veio de uma ótima temporada, venceu o Paulistão e a Libertadores de 2005. Já neste ano o tricolor do Morumbi ainda não foi campeão, mas conquistou 3 vices campeonatos – Paulistão, Libertadores e Recopa. Tudo bem, tem gente que fala do vice como primeiro dos últimos, mas a realidade é que se o trabalho desenvolvido é bom, títulos virão e a segunda colocação em um campeonato é um índice de que a equipe está trilhando o caminho certo em busca de títulos. Olha o próprio São Paulo, que já está comemorando, e com razão, a chegada do 4º título brasileiro, ou mesmo o Internacional, vice do brasileirão do ano passado e atual campeão da almejada por muitos e conquistadas por poucos Libertadores da América.

Por esses e outros motivos acho que o futebol não traz tantas surpresas assim, até concordo com o “caixinha de surpresa”, que isso pode acontecer em uma ou duas partidas, sem problemas. No entanto, ao longo de um campeonato de pontos corridos o planejamento e uma ótima estrutura resultam em títulos e o contrário disso se reflete em péssimos aproveitamentos e rebaixamento. Portanto, parabéns para o São Paulo, que está prestes a conquistar o campeonato com 2 rodadas de antecedência e uma alerta para outros times citados nesta coluna, que com a desorganização e a falta de estrutura desrespeita o torcedor e até mesmo o campeonato.

13.11.06

Ah! Os dribladores...

O Futebol é um esporte contagiante por vários motivos. Ao meu ver, a grande característica que o transforma no mais popular do planeta, é a forma igualitária como pode ser disputado. O Futebol não vê cor, idade, peso, tamanho, riqueza, e muitos outros atributos que, em outras modalidades, servem apenas para promover a exclusão de atletas. Você conhece algum astro da NBA com 1,60m de altura? Já viu algum negro se destacar na Natação? E os menos privilegiados financeiramente, podem virar pilotos de formula 1? Não me lembro de nenhum...


Só essa questão já seria capaz de explicar o fenômeno da bola pelo mundo. Porém, o Futebol reserva muitos outros valores capazes de aumentar ainda mais o interesse das pessoas pelo esporte. A fantasia que envolve o momento do drible é um desses valores.

Assistir a uma partida do Chelsea, por exemplo, é bacana. No entanto, tem-se a nítida impressão de que falta alguma coisa. O time inglês é hoje o grande exemplo do futebol técnico e pragmático que toma conta do mundo. Quando falamos de Barcelona, a história muda. Não pense você que isso acontece por que o sistema tático do time Catalão é mais ousado e mais envolvente. A verdade é que jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Messi e Eto’o nos entretém muito mais do que Drogba, Lampard e Ballack.

E sabe por que isso acontece? Porque os três primeiros são muito mais dribladores do que os últimos. Atrevo-me a dizer que o Deco, que nem foi citado acima, dribla melhor que qualquer jogador do Chelsea, exceto o Robben. Ainda assim, o holandês é mero reserva no esquadrão de Mourinho.

Um jogador driblador, quando se encaixa no esquema tático de um treinador, é muito mais mortal do que os atuais tecnicistas. No Brasil e no mundo, essa tendência pode ser confirmada. O atual campeão da Champions, baseia a maior parte das jogadas nas fintas de Ronaldo e Eto’o. O resultado? Um dos mais belos e interessantes conjunto que as terras do genial Gaudi já viu jogar. Barcelona é hoje uma cidade que respira Futebol graças ao encanto que esses jogadores devolveram aos gramados.

Não estou dizendo que jogadores como Lampard e Gerrard não são fundamentais em suas esquipes. Só estou afirmando que o brilho de jogadores como os Ronaldos é muito mais forte, pois trazem a todo momento em nossa memória, a magia dos dribles desconcertantes que marcaram suas carreiras.

Vou mais adiante. Diego e Robinho formaram no Santos uma genial parceria. Naquela época, o técnico Leão sempre afirmava que se tivesse que escolher entre um dos dois, escolheria o Diego. A maioria da mídia esportiva também tinha essa opinião. Tanto que o primeiro a ser vendido foi exatamente ele, pois o time da Vila não foi capaz de segura-lo. O tempo passou e, hoje, ambos fazem sucesso na Europa, compondo o conjunto da seleção brasileira. Por que será, então, que o Robinho ficou mais famoso? A resposta deixo por conta de vocês...só dou uma dica: PEDALA ROBINHO!!!

Não gosto de saudosismos, mas minha memória recente já começa a me lembrar que em curto período de dez anos, o dribladores foram saindo do Brasil. Sinto falta de jogadores endiabrados como o Denílson, o Edílson, o Alex...e tantos outros serelepes que ajudaram a construir a imagem do Futebol Moleque da seleção canarinho. Jogadores esses que fazem muita falta aos nossos olhos...



Já que falei de drible, não poderia esquecer de citar o maior Deus que passou por essas terras neste quesito. Os trechos entre aspas abaixo foram retirados da obra de Ruy Castro:

No treino do Botafogo, um garoto franzino de pernas tortas, teve a grande chance de sua vida para mostrar seu valor. A missão: jogar como ponta direito sob a marcação de Nilton Santos, melhor lateral esquerdo Brasil na época.

“Quando aquele ponta novato dominou a bola e parou para esperá-lo, Nilton partiu tranqüilo para desarmá-lo. Tranqüilo ate demais – porque, quando se deu conta, já havia sido driblado por fora. Correu atrás dele e, quando emparelharam, o ponta freou cantando pneus. Ficaram frente a frente. Nilton entrou duro para assustá-lo e foi driblado outra vez – e do mesmo jeito. Em outra jogada, minutos depois, o pontinha enfiou-lhe a bola entre as pernas. Até então, Nilton Santos nunca permitira tal desfeita a ninguém.”

Palavras de Nilton ao fim do treino:

“O garoto é um monstro. Acho bom vocês o contratarem. É melhor ele conosco do que contra nós."


11.11.06

O cavaleiro de Manchester

Decididamente, o ano de 2006 tem sido o ano de comemorações especiais para os técnicos ingleses. Depois de Arsène Wenger comemorar 10 anos à frente do Arsenal, um outro técnico tem motivos em dobro para comemorar: Alex Ferguson está a frente do Manchester United há duas décadas! Ou seja, enquanto Wenger chegava ao Arsenal, Ferguson já estava no futebol inglês como técnico há 10 anos. Nem preciso dizer que é utopia total no Brasil, não é PC Gusmão?

A exemplo de Wenger, Ferguson é mais do que um simples treinador. É um exímio manager. Todas as contratações do United passam pelo seu crivo. E seu olhar clínico já fez estrelas brilharem no Old Trafford, tais como Eric Cantona, Paul Ince, Roy Keane, David Beckham, Ruud Van Nilsterooy, Cristiano Ronaldo, Paul Scholes, entre outros. Não é a toa que seu nome está no hall da fama do futebol inglês. Então, vamos conhecer um pouco mais da carreira desse excepcional técnico e vencedor.

A Carreira

Nascido em 31 de dezembro de 1941, em Glasgow, Escócia, Alexander Chapman Ferguson iniciou sua jornada no futebol como atacante. Ainda amador, começou a dar seus primeiros chutes pelo Queen’s Park, em 1958. Era considerado um atacante mediano, mas fez algum sucesso jogando no futebol escocês, de onde nunca saiu. Foi para o St. Johnstone, passou também pelo Dunfermline e de lá transferiu-se para o tradicional Glasgow Rangers por cerca de 65 mil libras, na época, a transferência mais cara entre dois clubes escoceses. Jogou também pelo Falkirk, onde começou a desenvolver seus primeiros trabalhos como treinador – mesmo atuando como jogador – até terminar sua carreira de atleta no Ayr United, em 1974, com apenas 32 anos.

No mesmo ano em que encerrou sua carreira de jogador, Ferguson foi dirigir o East Stirlingshire, mas não completou nem um ano à frente do clube, pois logo foi convidado para dirigir uma equipe mais estruturada, o St. Mirren.

Chegando ao St. Mirren, Ferguson desenvolveu um trabalho para levar a equipe ao acesso a primeira divisão escocesa. E conseguiu levar os Buddies até a principal divisão do país em 1977. Mas seu estilo linha dura perdurava e Ferguson começou a dar palpites até mesmo na mudança das tradicionais cores do time, o preto-e-branco. O episódio causou mal estar dentro do clube e Ferguson acabou por ser demitido em 1978. Demissão essa, que foi a única de sua carreira de treinador, que já perdura por mais de 32 anos.

No mesmo ano, ele foi contratado pelo Aberdeen, que a exemplo de hoje, mesmo com o domínio de Celtic e Rangers, era uma das principais equipes da Escócia. Logo no início de sua trajetória no Aberdeen, chegou a final de duas Copas Escocesas, mas o título lhe escapou nas duas oportunidades. Seu primeiro título não viria tarde. Ferguson levou os Dons a taça da Liga Escocesa, na temporada 1979/1980, o primeiro título de expressão da equipe em 25 anos (o último havia sido conquistado em 1955) e o primeiro da quebra de um tabu: nos últimos 15 anos, Celtic e Rangers alternaram-se na conquistas da Liga. E com Furious Fergie no comando do Aberdeen, a equipe escocesa viveu o principal momento de sua história. Até 1986, os Dons conquistaram mais duas Ligas consecutivas (de 1983 a 1985), a Recopa Européia, deixando pelo caminho tradicionais times como o Bayern Munique e o Real Madrid, na final disputada em 1983, uma Supercopa Européia, sobre o Hamburgo, também em 1983 e duas Copas da Liga escocesa. Até hoje, o Aberdeen é o único time escocês a conquistar duas competições européias.

Com a morte do técnico da Escócia, Jock Stein, Ferguson assumiu a seleção às vésperas da Copa de 1986. Após vencer a repescagem contra a Austrália, Ferguson não conseguiu levar a seleção muito longe na Copa do México. Foram apenas um ponto em três jogos (derrotas para Dinamarca e Alemanha Ocidental e empate contra o Uruguai) e Ferguson acabou deixando o comando da seleção.

Apesar do revés na Copa do Mundo, era óbvio que choveriam propostas para que ele galgasse degraus mais altos. Ferguson chegou a receber propostas do Arsenal, Tottenham, Rangers e até mesmo do poderoso Barcelona, mas Fergie optou por permancer no Reino Unido e aceitou uma proposta do Manchester United.

Mas o cenário em Manchester não era nada animador: a crise no time era grande, pois não conquistava títulos expressivos há tempos e a última crise havia culminado com a demissão do técnico anterior, Ron Atkinson. Furious Fergie tinha um clube em péssima fase, com muitos jogadores alcólatras. Apesar de recuperar alguns destes jogadores e faze-los produzir para o time, Ferguson conseguiu apenas uma modesta 11ª colocação na Liga em seu ano de estréia. Muito pouco para um time do porte dos Red Devils. Continuou a fazer campanhas modestas, salvo um vice-campeonato inglês em 1987/88. Demoraria quatro anos, como no Aberdeen, para que seu trabalho começasse a gerar frutos.

Mesmo com boas contratações para temporada 1989/90, como Paul Ince, por exemplo, o Manchester andava mal das pernas. E o trabalho de Ferguson começou a ser contestado pelos torcedores, imprensa e dirigentes. Muitos já pediam sua cabeça, pois em mais de três anos, não havia conquistado nada pelo clube. E o fundo do poço para Fergie viria em dezembro de 1989. O Manchester fechou aquele ano com oito jogos sem vitória (seis derrotas e dois empates). Ferguson afirma que “foi o período mais negro de sua carreira”.

Mas as coisas começariam a mudar em janeiro de 1990. O Manchester havia chegado a final da Copa da Inglaterra, contra o Nottingham Forrest, considerado favorito na época para papar a taça. Após empatar a primeira partida em 3 a 3, o técnico resolver sacar o goleiro titular do Manchester, Jim Leighton, por considerar que este não estava bem mentalmente e colocou em seu lugar Les Sealey. Um golpe de mestre. Sealey fechou a meta e o United levantou a taça, vencendo a segunda partida por 1 a 0. Era seu primeiro título nos Red Devils, em quase quatro anos à frente da equipe. Mas na Liga local, as coisas não andavam nada bem, pois o time havia sido apenas o 13º ao final daquela temporada.

No ano seguinte, Ferguson levaria o Manchester ao título da Recopa (que o treinador já havia ganho com o Aberdeen) ao bater na final o poderoso Barcelona de Ronald Koeman e cia., por 2 a 1. Mesmo com a conquista de título importante, ainda faltava conquistar a Liga Inglesa, que o United não vencia desde a temporada 1967/68. E conquista-la era a obsessão do treinador escocês. Em 1991/92, apesar da conquista da Copa da Liga, Ferguson não conseguia emplacar os Red Devils ao título do Campeonato Inglês. A equipe liderou grande parte da competição naquele ano, mas deixou o título escapar para o Leeds.

O ano da afirmação de Ferguson foi o de 1992. Por indicação sua, o United contratou o atacante francês Eric Cantona, junto ao Leeds. Cantona formaria com o galês Mark Hughes uma dupla de frente infernal, que tiraria o Manchester da fila de Campeonatos Ingleses, que perdurava por 26 longos anos. E Ferguson foi eleito o melhor treinador daquele ano, prêmio que dali para a frente, tornaria-se rotineiro em sua carreira vencedora. No ano seguinte, outro jogador importante da era Ferguson chegava a Manchester: o irlandês Roy Keane. E juntos, conquistaram o bicampeonato da Liga e venceram a Copa da Inglaterra, na temporada 1993/94.

Os talentos e os campeonatos começaram a brotar em Manchester. Após a perda de jogadores importantes, de suas mãos surgiram os jovens David Beckham, Phil e Gary Neville, Paul Scholes e Nicky Butt. E os “Franguinhos de Ferguson” levaram o time a conquista de mais dois campeonatos ingleses, em 1995/96 e 1996/97. Ferguson havia colocado novamente o Manchester United como o time a ser batido na Inglaterra.

E em 1998/99, o Manchester atingiu o melhor momento de sua história. Venceu a Liga Inglesa por um ponto, em disputa emocionante com Arsenal, a Copa da Inglaterra, sobre o Newcastle e a Liga dos Campeões sobre o Bayern, em jogo emocionante. O Bayer vencia por 1 a 0 até os 45 minutos do 2º tempo, quando dois gols foram marcados nos três minutos de acréssimo, por Teddy Sheringham e Ole Gunnar Solskaer. O milagre no Nou Camp, palco da final, coroou a “Trinca” do Manchester, que não vencia a mais importante competição de clubes da Europa desde 1968. O time ainda venceria o Palmeiras na Final da Copa Intercontinental por 1 a 0, fechando com chave de ouro o ano de 1999. Essa equipe já consagrava figuras como o goleiro Peter Schmaichel, Beckham, Scholes, Sheringham e Giggs, entre outros. O domínio vermelho de Manchester na ilha duraria mais duas temporadas, com o tricampeonato inglês (entre 1999 e 2001).

O equilíbrio doméstico que se seguiu a partir daí fez com que o domínio do Manchester caísse frente ao fortalecimento de times como o Arsenal e o Chelsea, mas é inegável dizer que Alex Ferguson recolocou o Manchester no caminho das glórias. O jogo de número 1000 de Ferguson à frente do United aconteceu na vitória sobre o Lyon por 2 a 1, em novembro de 2004.
Os números de Ferguson são realmente impressionantes. Até o início da temporada 2006/2007 ele havia liderado os Red Devils em 1070 jogos, conseguindo 612 vitórias (57,2%), 258 empates (24,1%) e apenas 200 derrotas (18,7%). Armou o time para marcar 1919 gols e sofreu 989. Estatísticas essas que comprovam que ele é o técnico britânico mais vencedor de todos os tempos e que também o coloca na galeria dos maiores vencedores de toda a Europa.

Na atual temporada, o Manchester já é o líder isolado do Campeonato Inglês, com jovens promessas como Rooney, Cristiano Ronaldo e Fletcher, mescladas a experiência de consagrados jogadores como Van der Sar, Ferdinand, Scholes e Giggs. E o Manchester novamente figura como um dos favoritos ao título, tanto no Inglês, quanto na Copa dos Campeões.

Nomeado com a Ordem do Império Britânico (OBE) e eleito seis vezes como o técnico do ano na Inglaterra, Alex Ferguson completou no último dia 6 de novembro, 20 anos à frente do Manchester. Mais do que todo esse tempo dedicado ao clube, ele reescreveu uma página na história do United, deixando-o novamente entre os principais times europeus na atualidade. Sem citar aqui o trabalho sensacional que ele desenvolveu no mediano Aberdeen, que após sua saída nunca mais conseguiu ser o mesmo.

Muitos defendem que o estilo durão é ultrapassado para o futebol moderno. Técnicos como Ferguson provam o contrário. Famoso por mexer com o brio dos jogadores e adotando o estilo “linha-dura”, o treinador escocês fez e faz história. Treinadores como ele fazem falta ao futebol, pois numa modalidade onde o estrelato influencia tanto os jogadores, um treinador como ele baixa os egos em um nível aceitável. Acho que não necessitamos tanto de treinadores-psicólogos, mas sim de grandes tácticos que também sejam “paizões”. Daqueles que sejam duros sempre que necessário, mas que reconheçam os méritos de seus pupilos e que ao mesmo tempo, saibam como administrar um elenco, dentro e fora das quatro linhas. Os súditos do Manchester United curvam-se a Sir Alex Ferguson, duas décadas de bons serviços prestados.

Perfil:

Nome Completo: Alexander Chapman Ferguson
Nascimento: 31 de dezembro de 1941, em Glasgow, Escócia
Apelidos: Furious Fergie
Clubes: Como jogador – Queen’s Park (1958–1960), St. Johnstone (1960–1964), Dunfermline (1964–1967), Glasgow Rangers (1967-1969), Falkirk (1969-1973) e Ayr United (1973-1974). Como treinador – East Stirlingshire (1974), St. Mirren (1974-1978), Aberdeen (1978-1986) e Manchester United (desde 1986)
Títulos: 3 Ligas Escocesas
4 Copas da Escócia
8 Ligas Inglesas
5 Copas da Inglaterra
2 Recopas Européias
1 Liga dos Campeões
1 Mundial Interclubes