30.4.09

Café-com-leite decidido

Corinthians e Cruzeiro:
Virtuais campeões?

Esse último final de semana marcou a inaugural partida decisiva dentre a maioria dos Campeonatos Estaduais que ainda estão em curso. Se muitos destes torneios ainda não conhecem um favorito absoluto para o jogo de volta, o mesmo não pode se afirmar quando se avalia a situação de Corinthians e Cruzeiro.

Afinal, ambos souberam muito bem como se comportar diante adversários difíceis de serem batidos. Certamente, ao passarem por Santos e Atlético, tanto Timão quanto Raposa conquistou boa vantagem na busca pelos títulos de Campeão Paulista e Mineiro, respectivamente.

Invicto no estadual, o Corinthians é um time que, aos poucos, mostra-se muito mais embalado rodada após rodada. A boa fase fez que o time do Parque São Jorge não se abalasse com a pressão exercida pelos torcedores santistas e, em plena Vila Belmiro, soubesse atuar com a inteligência suficiente para garantir 3 a 1 no placar.

Para mim, o momento-chave do jogo foi o gol de falta marcado por Chicão, aos 10 minutos da etapa inicial. Esse tento deixou os anfitriões ainda mais apreensivos e fez com que o Santos se lançasse ainda mais ao ataque. Dono de uma forte defesa e de um contra-ataque muito perigoso, não é de hoje que o time de Mano Meneses adora explorar lacunas defensivas deixadas por seus adversários.

Além disso, três atletas corinthianos cresceram muito nesta fase final. Felipe voltou a fazer grandes defesas, mesmo sem passar 100% de confiança. Até na saída de gol em bolas alçadas na área, um dos maiores defeitos do arqueiro, Felipe já demonstra maior segurança. E como não citar o principal motor do time? Vindo de trás, Elias mostra muita disposição não só para marcar, mas sim, para ajudar na armação do time.

E por fim, Ronaldo. Longe do auge de sua forma física, o atacante aparece em lances que unem categoria, habilidade e oportunismo. Com 8 gols em 10 jogos, o Fenômeno (ao lado de Chicão) já é o principal goleador da equipe na competição. Um verdadeiro “cala-boca” a todos que, como eu, apostavam que a vinda de Ronaldo era meramente comercial.

Já o Cruzeiro, time de segunda melhor campanha na 1ª fase do Campeonato Mineiro, entrara em campo com a intenção de apenas reverter a vantagem do empate que pertencia ao rival. Fez melhor. Não obstante ter vencido, a Raposa repetiu o placar da primeira finalíssima do ano passado e bateu o Atlético com sonoros 5 a 0.

Nesse caso, até confesso haver certa disparidade técnica entre os rivais. Nada, porém, que justifique uma diferença de gols tão grande. Na verdade, o time de Adílson privilegiou-se de seu entrosamento e sua grande capacidade de sufocar os adversários através de toques rápidos e velozes para manter a invencibilidade do time em dérbis contra o Galo, que agora subiu para 11 jogos.

O esquema do time celeste é o mesmo que encantou a todos no Brasileirão 2008. A irregularidade da defesa foi inibida pela ação de um meio-campo versátil em que Ramires (grande craque do time), Marquinhos Paraná e até Fabrício alternam posições de marcação e armação. Mais a frente, o cerebral Wagner, dono de 3 assistências na partida final, comandou a goleada ao lado de um inspirado Jonathan, autor de 2 gols, e um sempre raçudo Kléber.

E santistas e atleticanos que me desculpem. Aposto que as finais dos Campeonatos Paulista e Mineiro já foram decididas neste último final de semana. Reverter essa vantagem parece pouco provável, independente dos motivos. Sequer as boas voltas de Rodrigo Souto e Éder Luís ou as sentidas ausências de Chicão e Ramires fazem com que eu mude de sentimento...

E que na eminente perda do caneco, talvez Santos e Atlético consigam dificultar as coisas ao ponto de conseguirem uma vitória no segundo jogo, evitando assim, que Corinthians e Cruzeiro sejam campeões invictos. Minha opinião? Se isso ocorrer, eu já me surpreenderia...

28.4.09

A verdade está lá fora

O sucesso da excelente equipe do Barcelona será posto à prova na semana que vem. Sábado é dia de El Clásico, frente aos rivais do Real Madrid. A vantagem sobre os merengues - que chegou a ser de doze pontos - atualmente é de apenas quatro, restando cinco rodadas para o final. E curiosamente, desde a derrota no primeiro turno para o próprio Barcelona no Camp Nou por 2-0, na estréia de Juande Ramos, o Real não perde em La Liga. De lá pra cá foram 18 jogos e impressionantes 17 vitórias e apenas um empate. Os merengues têm a oportunidade de mudar de vez um campeonato que parecia garantido para os blaugranas, pois decide sua sorte no Santiago Bernabéu. Focado apenas no Espanhol, o Real Madrid quer o tricampeonato para salvar a temporada, que parecia perdida após os revés para o Liverpool nas oitavas da Champions.

Quatro dias após o decisivo clássico local, o Barcelona vai à Londres jogar seu destino na Champions League. Sabendo do ótimo momento de seu adversário na semifinal, Guus Hiddink praticamente abriu mão de atacar para segurar um precioso e perigoso 0-0 em pleno Camp Nou nesta terça, o qual vai obrigar o Chelsea a vencer na partida de volta para chegar à final, caso o Barcelona marque gols em Stamford Bridge. Em um campo mais acanhado e familiar, o Chelsea pode perfeitamente levar vantagem sobre os velozes e dinâmicos jogadores do Barcelona, que ainda terá como desfalques Puyol, suspenso, e Rafa Marques, contundido no menisco e fora do restante da temporada. Assim como o Real Madrid, o Chelsea também subiu de produção após trocar de técnico. Nas 16 partidas sob o comando de Hiddink, o Chelsea só perdeu para o Tottenham em março, fora de casa. Ganhou outras 11 partidas e empatou sete. Também nunca é demais lembrar que no mata-mata desta Champions League, os Blues deixaram para trás equipes do calibre de Juventus e Liverpool. E com chances remotas de título na Premier League, o Chelsea aposta todas as fichas no velho sonho de conquistar a Europa.

Time de futebol mais vistoso e ofensivo da Europa, as habilidades do Barcelona serão fortemente testadas. Na partida de hoje, apesar de pressionar, o eficiente ataque blaugrana -140 gols em 2008/09 – terá de ser mais eficiente em Londres, enquanto a defesa – 44 gols em 54 jogos - será mais exigida na partida de Madrid. Para os otimistas, uma derrota do Barcelona é coisa rara nesta temporada: apenas três em 54 partidas oficiais, sendo que a última delas aconteceu contra o Atlético de Madrid, em março, o que dá ao time catalão a atual marca de 13 partidas sem derrota. Então basta os comandados de Guardiola manterem a média, certo? É o que veremos semana que vem...

26.4.09

26 de abril – Dia do goleiro (ano III) - "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é"

Com esse trecho da música “Dom de Iludir” de Caetano Veloso, tento ilustrar nesse texto uma pequena mostra do que é a vida de goleiro, a posição mais ingrata do futebol. No final do Paulistão, o nome do jogo foi Ronaldo. Com justiça, o Fenômeno decidiu a partida com dois gols cuja marca lhe é característica: habilidade e inteligência com a bola nos pés. E lá atrás, como último homem da resistência contra o veloz ataque santista, Felipe experimentou os infortúnios do que é ser goleiro.

Com o Santos precisando fazer o resultado em casa – agravado pelo 2-0 construído ainda na primeira etapa – Felipe acabou aparecendo com ótimas defesas, mano a mano com Kleber Pereira, no chute à queima-roupa de Neymar e a cabeçada de Fabão. A cada defesa, muita vibração e sorrisos. Confiante, Felipe continuava seguro na segunda etapa. Até o gol de Triguinho, onde Felipe cometeu uma falha crucial: tentou antecipar o cruzamento do lateral, que acabou rematando direto ao gol e pegando o camisa um do Timão no contrapé. Mesmo com todas as defesas antes da falha, o gol inflamou o Santos que partiu em busca do empate.

Com o 3-1 no placar, o Santos se atirou ao ataque e a falha de outrora não abalou Felipe, que fez mais defesas importantes, passeando pelos extremos pelo qual o arqueiro – único homem em campo no qual o erro é quase sempre, fatal – está sujeito ao defender a sua baliza. Naturalmente, Ronaldo foi o mais assediado após a partida, pois além da estupenda partida é o tipo de jogador que as ações são maximizadas. Tão ou mais importante quanto o excelente aproveitamento de Ronaldo na partida foram as defesas de Felipe. Juntos, ajudaram o Corinthians a dar um passo significativo rumo ao título do Paulistão. E neste dia do goleiro, Felipe fez jus ao ofício com uma atuação quase impecável. Porque goleiro é assim: uma falha leva ao inferno e grandes defesas, ao céu.

RELEMBRE:
Dia do Goleiro, 2008
Dia do Goleiro, 2007

25.4.09

47 minutos que sustentam dois sonhos

Duas partidas de campeonatos europeus diferentes, quase que disputadas simultaneamente. Duas situações semelhantes. Treze gols marcados, sendo dois deles realizados nos acréscimos da etapa complementar, mais precisamente aos 47 minutos. Gols estes que poderão ou não fazer a diferença em ambos os torneios. Enfim, dois jogaços...

Quando os vice-líderes Real Madrid e Liverpool entraram em campo nesta terça-feira, dia 21, ambos sabiam da importância de vencer para alcançar seus algozes (Barcelona e Manchester United, respectivamente) na briga pelo título nacional.

Após aparecer duas vezes atrás do placar frente ao Getafe, em pleno Santiago Bernabéu, o Real Madrid mostrou muito poder de luta para virar a partida aos 47 minutos do 2º tempo, num chute concluído por Higuaín, após belo lance individual do argentino. Detalhe: os merengues atuavam com 10 atletas, após a correta expulsão de Pepe, que cometeu pênalti muito bem defendido por Casillas, 3 minutos antes.

Já o Liverpool soube se fazer valer do fator casa para pressionar o Arsenal em Anfield Road. Mas as constantes falhas da zaga dos Reds diante um Arshavin muito inspirado (autor de todos os gols dos Gunners) faziam com que os anfitriões perdessem por 4 a 3 até os momentos derradeiros do jogo. Se o gol marcado por Benayoun, também aos 47 minutos do 2º tempo, não trouxe a esperada vitória, serviu, ao menos, para reduzir o prejuízo.

A realização destas belas partidas fez a situação da La Liga e da Premier League se assemelharem ainda mais. Mesmo desfrutando de boas campanhas que primam pelo alto aproveitamento, Real Madrid (78,12%) e Liverpool (71,71%) não conseguem ameaçar os líderes, que permanecem cada vez mais soberanos.

A prova disso é que, diferentemente de seus rivais, os Blaugranas e os Red Devils entraram em campo nesta quarta-feira e não tiveram nenhuma dificuldade para superar Sevilla (4-0) e Portsmouth (2-0), respectivamente. Ou seja, se a missão de Real Madrid e Liverpool em atingir o topo da tabela já parece algo surreal, esta dificuldade aumenta quando vemos o excepcional rendimento de catalães e mancunianos.

Invicto a 17 jogos, o Real Madrid lançará sua sorte nas próximas três rodadas. Enfrenta o “mordido” Sevilla fora de casa, encara o Barcelona, em Madrid, no “jogo de 6 pontos”, e pega o Valencia no Mestalla. Três vitórias merengues embalariam o time nas 3 rodadas finais e pressionariam os catalães a cometer algum vacilo. Afinal, a vantagem do Barça que atualmente é de 6 pontos estaria reduzida a pelo menos 3 pontos, no mínimo.

No Liverpool (vice-líder com 3 pontos a menos e um jogo a mais) a ordem é não perder pontos fáceis e torcer por um tropeço do Manchester, que teoricamente terá uma tabela mais complicada. Convenhamos que não é impossível os Reds manterem 100% de aproveitamento enfrentando equipes como Newcastle, West Ham, West Bronwich. Ah sim, um tropeço dos mancunianos diante do ameaçado Wigan em seu antepenúltimo jogo seria bem-vindo.

Tudo estaria perdido para o Real e para o Liverpool? Por ora não. Diferentemente do que acontece no Calcio Italiano em que não há times para competir com a Internazionale, eu acredito que ainda há disputa na Espanha e na Inglaterra. Ainda mais quando lembramos que seus rivais ainda estão na disputa da Champions League...

24.4.09

Objeto de desejo

Antes de ser um jornalista, sou um amante do futebol. E como tal, pude olhar frente a frente o objeto pelo qual, direta ou indiretamente, todo jogador almeja tocar, beijar e conquistar para seu país um dia: a taça da Copa do Mundo FIFA de futebol. Criada pelo escultor italiano Silvio Gazzaniga para substituir a Taça Jules Rimet após a Copa de 1970, esse troféu de pouco mais de seis quilos esteve por alguns minutos ali, poucos metros a minha frente. A primeira imagem que veio em mente foi a do Dunga a erguendo em 1994, a Copa que encerrou o jejum de 24 anos sem títulos da Seleção Canarinho e a primeira que acompanhei com atenção e admiração.

Exibida no último sábado no Estádio do Morumbi, a taça dividia as atenções com torcedores tricolores comprando ingressos para a semifinal do Paulistão entre São Paulo e Corinthians, no dia seguinte. Sem grandes filas e com tempo de registrar o momento com diversas fotos, entrei no campo e me dirigi até o pedestal onde ela estava para admirá-la e tirar as fotos. Toda dourada e com suas formas retratando dois homens erguendo o planeta Terra, ela reluzia diante do sol forte daquela tarde paulistana.

Dentro de campo, nove atletas tiveram o privilégio de erguê-la, demonstrando o ápice de suas conquistas: Franz Beckenbauer, Daniel Passarella, Dino Zoff, Diego Maradona, Lothar Matthäus, Dunga, Didier Deschamps, Cafu e Fabio Cannavaro. Impossível não relembrar as imagens deles, presenciadas em transmissões ao vivo ou pelos videotapes, erguendo o mais importante e belo dos troféus. E o clima de Copa do Mundo bateu forte, já que estamos há pouco mais de um ano para seu início. Que chegue logo e que ela possa ficar por aqui pelo menos mais uns quatro anos, até a Copa do Mundo no Brasil.

22.4.09

Largadinha

O vôlei pode ser considerado o segundo esporte na preferência nacional, dividindo seu posto com a Fórmula 1. Nos jogos olímpicos de Pequim, as Seleções masculina e feminina conquistaram medalhas de prata e ouro, respectivamente. A seleção masculina, franca favorita, acabou não correspondendo a supremacia conquistada nos últimos anos enquanto as mulheres superaram um histórico recente de decepções e conquistaram o ouro frente aos Estados Unidos. O motivo para o crescimento - iniciado com a Geração de Prata masculina de 84, em Los Angeles – foi efetivamente a organização e fortalecimento do vôlei nacional, com o início da história da Superliga, em 1994.

Com a organização dos campeonatos nacionais, gradualmente as equipes se fortaleceram, principalmente no quesito de segurar alguns dos principais atletas no Brasil, algo que ainda é um sonho muito distante no futebol brasileiro. A empolgação trazida pelo Pan do Rio de Janeiro e a medalha dourada de Pequim, ano passado, foi quebrada após outra grande final de Superliga, disputada outra vez entre Osasco/Finasa e Rio de Janeiro/Rexona-Ades, assim como nas últimas quatro temporadas. A vitória das cariocas por 3-2 – a quarta consecutiva em finais - em um jogo emocionante não foi o único balde de água fria nas osasquenses. Nesta semana o Bradesco, principal patrocinador da equipe, anunciou o fim da equipe profissional, dedicando-se exclusivamente na continuidade das categorias de base e aos trabalhos sociais. O fim inesperado pegou dirigentes, jogadoras e torcedores de surpresa, deixando entre as “desempregadas” quatro campeãs olímpicas: Paula Pequeno, Sassá, Carol Albuquerque e Thaísa.

Ainda agravando-se ao fato do fim do projeto de 20 anos do Osasco, outra equipe feminina encerrou suas atividades: os catarinenses do Brusque/Brasil Telecom também estão órfãos do voleibol. “Estamos todas chocadas. Nunca imaginávamos que isso poderia acontecer. Ainda é muito cedo para falar porque isso tudo aconteceu hoje à tarde e pegou todo mundo de surpresa, mas é muito triste receber uma notícia dessas pelo telefone”, afirmou Carol, do Osasco ao Globoesporte. Além de Osasco e Brusque no feminino, a Medley não continuará no Banespa e Ulbra e Bento Gonçalves tem seus projetos ameaçados na Superliga masculina caso não encotrem outro patrocinador. A preocupação das jogadoras sem clube tenta ser amenizada pelas declarações do presidente da CBV, Ary Graça, que afirmou ter propostas para inclusão de equipes cariocas e mineiras na Superliga e que mexerá nos critérios para inclusão das jogadoras nas equipes, uma espécie de ranking que evita que diversas jogadoras de alto nível fiquem em uma equipe só. Ainda assim, os novos investidores podem não pagar o alto salário das campeãs olímpicas, que por sua vez, podem rumar ao exterior.

O fim da parceria com o Bradesco já estava selada, com ou sem o título da Superliga, segundo levantou Erich Beting em seu blog. O investimento de aproximadamente R$ 12 milhões anuais parece irrisório ante a um lucro estimado em R$ 7,62 bilhões em 2008. Mas o fator financeiro não foi decisivo para a derrocada da parceria. E aqui entra a minha crítica, semelhante ao de Erich e Luciano Smanioto do blog Ataque e Defesa, a qual já fiz informalmente: a da política global de não pronunciar o nome do patrocinador. Com a adoção da estratégia do naming rights, clubes de vôlei e basquete dependem disso para continuar existindo, diferente das tradições clubísticas do futebol. Se o patrocinador não investir, as equipes não podem existir. Então o porquê dessa política estúpida de chamar as equipes de “Osasco”, “Rio de Janeiro” e “Brusque”, quando há o investimento e ele requer retorno, justo nesse caso? No futebol, acontece a mesma coisa com o Pão de Açúcar Esporte Clube, toscamente chamado de “PAEC” ou de Embu, onde a equipe paulista é sediada.

A fórmula de decisão em apenas uma partida é imposição da Globo, que transmitiu as partidas da temporada regular no Sportv e as finais na TV aberta, no último final de semana. Nada mais justo do que chamar as equipes pela sua nomenclatura oficial, já que a emissora também é beneficiária. E nos programas, os jornalistas vivem falando em incentivo e espírito Olímpico, tão pregado pela Globo durante o Pan, em seu quintal. O exemplo deveria vir de cima. Além da intransigência global, a principal patrocinadora da CBV é o Banco do Brasil, concorrente do Bradesco. E Ary Graça – que vem fazendo ótimo trabalho no vôlei – falhou no quesito de “apaziguar” a rivalidade em nome da manutenção da força do vôlei.

20.4.09

Melhor do Brasil?

Campeão gaúcho invicto, seria o Inter o grande favorito ao Brasileirão 2009?

O Internacional foi bicampeão gaúcho com sobras, após vencer os dois turnos. Na “final”, venceu o Caxias por impressionantes 8-1 – curiosamente, o mesmo placar da final de 2008, frente ao Juventude. Como no ano passado, o Inter tinha grande elenco, cercado de expectativas e cotado como um dos favoritos ao título nacional. Mas no Brasileirão, o Inter emperrou e conseguiu uma modesta sexta colocação, 11 pontos abaixo da zona da Libertadores. Ainda assim, o Colorado “salvou” o ano com a conquista da Copa Sul-Americana, muito pouco para o real potencial do elenco da equipe, que trocou de técnico em meio ao certame - Abel Braga por Tite.

Neste Gauchão, o Inter foi ainda melhor do que no ano passado: marcou 67 gols e sofreu 14 em 21 partidas, com 18 vitórias e apenas três empates. Em 2008, foram três derrotas e dois empates em 20 partidas, onde o Colorado marcou 52 gols e tomou 15. Números mais do que suficientes para alguns jornalistas cravarem o time dirigido por Tite como o melhor do Brasil na atualidade. Particularmente, o Colorado não pode ser cravado como o melhor do Brasil, mas o time de maior potencial e de futebol mais vistoso. Só não o cravo como o grande favorito pelo mesmo motivo do ano passado: faltam testes em alto nível.

Assim como acontece com o Cruzeiro em Minas – de bom elenco e jogando ótimo futebol – a polarização das forças do estado impedem que possamos cravar um diagnóstico. Com o Grêmio voltando suas prioridades à Libertadores e não apresentando o eficiente futebol de 2008 – tanto que Celso Roth foi demitido do cargo – os Grenais mostraram a superioridade do Inter frente a um Grêmio que não estava ou não jogou dentro de sua real capacidade. Posteriormente, os grandes rivais foram eliminados da disputa na segunda fase e o caminho se abriu para os Colorados consolidarem sua supremacia no estado, quatro títulos à frente do Grêmio (39 a 35). Mas na Copa do Brasil, os Colorados se complicaram em jogos fáceis, perdendo para o União Rondonópolis/MT na partida de ida pelo placar mínimo – venceu a volta por 2-0 – e perdeu a chance de eliminar o Guarani, recém rebaixado à Segundona paulista ao marcar apenas 2-1 no brinco de Ouro.

No entanto, não se pode ignorar uma equipe como o Inter, que desde 2005 vem se consolidando no ról das grandes equipes nacionais, disputando e conquistando diversos títulos, como a Libertadores e o Mundial de 2006, Recopa e Sul-Americana, além dos vice-campeonatos brasileiros em 2005 e 2006. Questionado durante o início do seu trabalho, a conquista da Sul-Americana deu mais tranquilidade a Tite para a montagem do bom time deste 2009. De boa defesa, capitaneada por Bolívar e Álvaro e do bom lateral Kléber, tem um dos melhores setores ofensivos do país. O tridente D’Alessandro-Nilmar-Taison é muito versátil, com D’Ale municiando a boa, rápida e veloz dupla de atacantes, auxiliado pelas boas investidas do argentino Guiñazu e o raçudo Magrão, chegando com qualidade ao ataque. Mesmo tendo perdido Edinho para o Lecce no início do ano, o garoto Sandro vem mostrando qualidade e vem dando conta do recado. A jóia é Taison – outro fruto da excelente base colorada - artilheiro do Gaúchão com 15 gols. A comparação com Pato vem naturalmente. Ainda no elenco, jogadores como Andrézinho e Alecsandro, certamente seriam titulares em muitos dos clubes da Série A.

Ainda precisando de alguns ajustes, temos que esperar para ver como um equipe dessa se comporta atuando numa Ilha do Retiro, Arena da Baixada e outros estádios da elite nacional para medirmos a real capacidade da equipe de Tite. O primeiro grande teste será na estréia do Brasileirão, contra o Corinthians dentro do Pacaembu, onde a equipe alvinegra não perde em seus domínios há oito meses (contabilizando os resultados antes da final contra o Santos). Um bom teste ao promissor elenco do colorado, que enfrentará um time que também promete brigar por boa colocação neste Brasileiro após superar o calvário da Série B e consolidar o elenco nas finais deste Paulistão.

18.4.09

Corpo mole e corpo fechado

Longe de mim questionar o trabalho de Guus Hiddink nesta recente (e bem sucedida, até aqui) estadia no Chelsea. O técnico holandês – que também é tecnico da Rússia – sucedeu Felipão em fevereiro e vem fazendo o que o brasileiro só havia conseguido no começo da sua estadia de sete meses em Stamford Bridge: um time aguerrido e que se não joga com brilhantismo, sabe controlar e vencer as partidas. Apenas uma derrota e dois empates em 12 partidas e mais do que o excelente aproveitamento, o Chelsea de Hiddink consegue fazer o que o Chelsea de Felipão não fez e que causou sua queda: peitar as grandes equipes de igual para igual. Prova disso é a campanha dos Blues no mata-mata da Champions, onde derrubou Juventus e Liverpool sem ser derrotado (duas vitórias e dois empates).

Hiddink, que se notabilizou em levar times desconhecidos ou limitados tecnicamente ao topo – como o PSV campeão da Champions League em 1987/88 ou as seleções semifinalistas de Copas do Mundo com Holanda e Coréia do Sul, por exemplo – acertou a mão no Chelsea, principalmente por conta do “despertar” de alguns jogadores importantes do elenco. Didier Drogba – que iniciou a temporada se recuperando de contusões – não vinha bem e era reserva de Felipão, normalmente preterido por Anelka. O descontentamento do marfinense era visível e até era ventilada a sua venda na janela de transferências de janeiro. Motivado pelas chances dadas por Hiddink na equipe titular, o avante fez dez jogos desde a chegada do técnico holandês e anotou sete gols, contra apenas dois na era Felipão em 17 partidas. “A saída de Scolari fez uma grande diferença para mim e para a equipe. Foi a minha chance de demonstrar meu valor. Tenho minha energia de volta. Nos últimos dois meses, a minha vontade de jogar e de ganhar jogos tem sido muito grande”, afirmou o atacante a imprensa inglesa, segundo noticiou o Terra.

Caímos no velho questionamento: jogador derruba técnico? A declaração de Drogba deixa no ar que se não derruba diretamente, dá aquela forcinha. Além da melhora latente do marfinense, jogadores como Ballack e Malouda - constantemente utilizados por Felipão - também melhoraram sensivelmente suas atuações. Lampard é a exceção, pois o camisa oito vem jogando muito desde o começo da temporada, o que faz com que o meia seja o principal jogador da equipe até aqui. Favoritos de Felipão, como Anelka, Deco e Beletti perderam espaço com Hiddink, que utiliza constantemente jogadores como Malouda e Drogba, além de contar com Essien na lateral direita, já que o volante voltou recentemente após longo tempo contundido e é peça importante na equipe, seja qual for o técnico. O esquema de jogo dos dois técnicos é semelhante, sem mudanças bruscas no esquema tático.

Seja qual for o motivo, Felipão caiu por não conseguir deixar o elenco do Chelsea coeso, como ele fez em Portugal, na Seleção Brasileira, Grêmio e Palmeiras, a chamada "família Scolari". Normalmente, as radicais mudanças implantadas por ele foram respaldadas pelos bons resultados, o que não ocorreu no Chelsea, seja pelo comprometimento de alguns jogadores ou pelas muitas contusões que atingiram o elenco (na minha opinião, uma mescla dos dois). No entanto, a recuperação do Chelsea não passa apenas pela excelente assimilação da filosofia de Hiddink – que não fica no Chelsea para a próxima temporada – pelo elenco. A fogueira das vaidades nos Blues se amenizou e Hiddink soube administrar isso, para benefício mútuo. E o Chelsea, de quase desacreditado na virada do ano chega às semifinais da Champions em condições de peitar o poderoso Barcelona. E porque não, tombar mais um gigante em sua eterna busca pelos louros europeus, tão desejada por Abramovitch quando adquiriu a equipe. É palpável e possível.

LEIA MAIS:
Game Over, Felipão
Essencial

16.4.09

A 90 minutos do título?

No próximo final de semana, três dos campeonatos regionais mais tradicionais do país poderão acabar mais cedo. Campeões do primeiro turno, Sport, Internacional e Botafogo terão a oportunidade de conquistar o 2º turno e evitar a realização das finais.

A meu ver, o Sport é aquele que tem maiores condições de levar o caneco antecipadamente. Mesmo enfrentando o Náutico nos Aflitos, o Leão da Ilha é favorito. A campanha fala por si: 21 jogos, 19 vitórias, 2 empates e nenhuma derrota. Com três pontos de vantagem sobre o Timbu, um mísero ponto garante o tetra invicto.

Méritos para o bom 3-5-2 armado por Nelsinho Baptista, que mescla a experiência de alguns jogadores com a juventude de outros. Se na defesa, o seguro goleiro Magrão passa tranqüilidade ao trio de zagueiros formado por Durval, Igor e César, no meio-campo, o cerebral Paulo Baier organiza todas as investidas rubro-negras. Isso sem citar outras as opções ofensivas, representadas na forte chegada de Andrade pelo meio ou nas constantes subidas de Dutra pela ala. Mostras de que a jovem dupla de atacantes formada por Ciro e Vandinho está muito bem servida.

Por isso, acredito que somente uma tragédia impedirá o título do Sport, que certamente é a equipe nordestina mais consistente da atualidade. E vale lembrar que se isso realmente ocorrer, será o sétimo turno consecutivo conquistado pelo Leão. Será que o resultado ruim diante do Palmeiras, nesta quarta-feira, modificará esse prognóstico?

Em situação semelhante aparece o Internacional. Invicto na competição (com 13 vitórias e 3 empates) e dono dos melhores ataque (51 gols marcados) e defesa (10 gols sofridos), o time do Beira-Rio é indiscutivelmente favorito na decisão do 2º turno perante o Caxias, equipe que faz uma campanha irregular e tem apenas o oitavo melhor desempenho na classificação geral.

O segredo do esquema tático de Tite, o 4-4-1-1, é a marcação. Com exceção de Nilmar, todos os atletas recuam quando a equipe perde a bola. Tamanha aplicação de seu aguerrido trio de volantes (Guiñazú, Sandro e Marcão) faz com que o quarteto defensivo (Bolívar, Índio, Álvaro e Kleber) não fique desguarnecido. Mais a frente, D’Alessandro fica com a missão de armar o time e distribuir o passe, enquanto que, no ataque, Nilmar atua mais centralizado fazendo o pivô para o jovem Taison (artilheiro da competição com 14 gols).

A única coisa que pesa contra, é a superstição. Afinal, na única vez que a equipe grená foi campeã gaúcha (2000), o treinador rival era justamente Tite, ainda no comando do Grêmio. Nada que abale, porém, o motivado Colorado, que adoraria iniciar o Ano do Centenário com um título na bagagem.

Ao contrário de pernambucanos e gaúchos, o Botafogo terá de encarar uma missão muito mais difícil. Nesse equilibrado confronto contra o Flamengo é quase impossível haver algum favoritismo. Na única fez que se enfrentaram nesse ano, ainda pela 1ª fase da Taça Guanabara, deu empate: 1 a 1.

Mesmo com um elenco totalmente reformulado, Ney Franco faz com que seus atletas rendam o máximo de si no gramado. O elemento-surpresa em seu 3-4-1-2 é o veloz Maicossuel, que, em ótima fase, atua como um atacante recuado e sempre aparece para ajudar Reinaldo e Victor Simões na finalização das jogadas. Bolas paradas proporcionadas por Juninho e lançamentos vindos dos alas Alessandro e Thiaguinho também contribuem para a alta média de gols do Fogão, dono do melhor ataque do torneio. Na marcação, Fahel e Leandro Guerreiro são os responsáveis em proteger o trio de zagueiros que apesar de firme, é lento.

Todavia, a campanha dos alvinegros é repleta de altos e baixos. Tanto que foi capaz de golear o Vasco e perder para o Volta Redonda, por exemplo.Não dá para botar fé. Além disso, há de se admitir que a equipe da General Severiano tem, pelo menos no papel, um grupo tecnicamente mais limitado que o rival da Gávea. E para mim, isso fará a diferença.

14.4.09

Inferno astral

Falhas crassas nas três últimas partidas do São Paulo, contra São Caetano, Defensor e Corinthians. E nesta segunda feira, uma fratura no tornozelo esquerdo em um rachão inocente - e deveras desnecessário, diga-se de passagem - em campo tipo society, tentando “evitar” um gol de André Lima. A má fase de Rogério Ceni, 36 anos, impressiona, já que nos referimos a ele como um jogador cuja regularidade debaixo das balizas é sempre citada, além de se tratar de um profissional dedicado nos treinamentos e prudente fora das quatro linhas. Mesmo com um histórico de poucas contusões graves, somado a recente má fase do goleiro, sempre existem os oportunistas e videntes de plantão: é a idade, tem que encerrar a carreira e etc. Não é uma análise tão simplista. Existem diversos fatores que determinam se a idade e dedicação a profissão determina o quão cedo um jogador pode terminar sua carreira como atleta de futebol.

Ídolo máximo dos são-paulinos de hoje e para muitos, o melhor jogador da história do clube, Rogério deve buscar inspiração para voltar aos campos no vizinho CT do Palmeiras. Com momentos muito piores, Marcos cogitou por diversas vezes encerrar a carreira, tanto por exageradas críticas do mundo do futebol quanto pelas diversas contusões que o acometeram nos últimos anos, principalmente após a brilhante participação do goleiro palmeirense na Copa do Mundo de 2002. O problema crônico no punho esquerdo o afastou por duas vezes, totalizando quase um ano e três meses longe da baliza. Contusões graves na coxa - que em 2006 que lhe custou uma vaga na Copa da Alemanha - e uma fratura no braço no início de 2007 fizeram Marcos, 35 anos, repensar a carreira e dar espaço aos mais jovens que surgiam no Parque Antártica, tais como Diego Cavalieri e Bruno, por exemplo.

A chegada de Luxemburgo no início de 2008 foi decisiva para a recuperação e reafirmação de Marcos como titular do Palmeiras. Ainda sofrendo com algumas contusões musculares, Marcos atuou em 59 dos 71 jogos do Palmeiras em 2008, após ter atuado apenas em 27 jogos nos anos 2006 e 2007 somados. Em 2009, contusões de menor dano acometeram o camisa 12, que atuou em 12 das 25 partidas do Verdão. Mesmo com o diagnóstico de recuperação de Rogério girando em torno de quatro a seis meses, segundo os médicos que o operaram no HCor de São Paulo, é perfeitamente possível que Rogério se recupere e possa ainda atuar em alto nível, mesmo sendo um "veterano". O próprio Marcos deu as dicas, falando sobre suas limitações por conta das contusões e da idade ao site da Abril, em março de 2009: “Devagar, vamos arrumando um treino conveniente para mim. Eu gosto de fazer o mesmo trabalho que os garotos de 20 anos. Agora, estamos tentando realizar uma atividade mais leve".

Além do baque da contusão do ídolo e referência, quem mais perde é o São Paulo para a sequência das competições em 2009. Fora do Paulistão, da Libertadores e praticamente de boa parte primeiro turno do Brasileirão, o Tricolor viverá uma situação inédita: a de atuar sem o seu principal líder e capitão. E aí entra o trabalho de Muricy Ramalho em preparar o substituto de Rogério – o imediato reserva Bosco ou o promissor Denis, de apenas 22 anos – e procurar um líder nato para substituir o goleiro entre seus comandados dentro de campo. E apesar das falhas recentes e da contusão, ainda acho que Rogério tem lenha pra queimar no futebol.

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12.4.09

Pequena vantagem

No primeiro jogo das semifinais do Paulistão, muita disputa e igualdade: vantagem mínima aos que atuaram em casa, ambas de virada. Santos e Corinthians poderão jogar pelo empate nas partidas de volta, no próximo fim-de-semana. Mas até onde essa chega essa vantagem aos dois, que jogam por apenas um empate nas próximas partidas?

Os jogos da fase de classificação não podem ser usados como parâmetro, já que a goleada do Palmeiras sobre o Santos ocorreu quando o time praiano estava em plena crise, antes da chegada de Wagner Mancini e o Majestoso foi disputado sem vários jogadores importantes de São Paulo e Corinthians. Mas Palmeiras e São Paulo são muito fortes em casa: o Palmeiras defende invencibilidade de nove jogos no Palestra Itália neste Paulistão – com 20 gols marcados e apenas três sofridos – e o São Paulo só perdeu uma partida no Morumbi em 2009, diante do Santo André na quarta rodada – somente a segunda em oito meses, contando com os jogos da arrancada para o título no Brasileirão 2008. Além do fator campo e de possuírem melhores equipes tecnicamente – ao menos, no papel – uma simples vitória basta para chegarem à grande final.

No entanto, se mantiverem os esquemas adotados contra os rivais, Corinthians e Santos terão no contra-ataque uma arma valiosa. Ambos jogam com atacantes velocistas abertos pelos flancos – Jorge Henrique e Dentinho, pelo Timão e Neymar e Mádson, pelo Peixe – e um atacante referência que também se movimenta razoavelmente e possuí bom poder de finalização. Outro trunfo da dupla vitoriosa é o fato dos rivais dividirem atenção com a Libertadores neste meio de semana. Apesar de classificado, o São Paulo terá de ir à Medellín enfrentar o Independiente. Mesmo que poupe alguns titulares frente aos colombianos, haverá algum desgaste da viagem - bem maior que a ida do Corinthians à Campo Grande para o jogo contra o Mixto, pela Copa do brasil - e o físico da equipe de Muricy Ramalho será posto à prova. Já o Palmeiras tem uma “decisão” em casa, contra o Sport. Uma derrota ou empate deixa o Verdão com a vida mais difícil na competição continental, o que poderá trazer abatimento, fator que pode influir na partida contra a equipe de Luxemburgo na partida decisiva contra o Santos.

Certamente, São Paulo e Palmeiras terão de partir pra cima. Mas Mancini e Mano Menezes não poderão se dar ao luxo de armar um time para ficar atrás, visto que seus adversários possuem ataques poderosos: a mobilidade e o dinamismo do ataque palmeirense, com as boas fases de jogadores como Keirrison e Diego Souza e os matadores Washington e Borges – bons de finalização e na jogada aérea, devidamente municiados por Jorge Wagner – mostram que tal tática seria sufocante e quase suicida. O Santos se valerá de explorar as brechas da desarrumada defesa do Palmeiras, enquanto o Corinthians terá que repetir a boa atuação dos volantes Cristian e Elias para que estes façam o elemento-surpresa para abrir a boa defesa tricolor, sempre com a bola no chão, já que pelo alto a defesa dos comandados de Muricy dificilmente falha. E saber a hora de pôr o regulamento embaixo do braço.

9.4.09

Carrossel alemão

Principal responsável pela ascensão do Wolfsburg à liderança, Grafite marca golaço diante da confusa defesa do outrora poderoso Bayern de Munique.

Que a Premier League é o campeonato de maior nível técnico na Europa, é quase que consenso entre torcedores e jornalistas. Mas emoção e muita disputa mesmo é na Bundesliga, certamente a mais competitiva das últimas temporadas. A goleada do Wolfsburg sobre o Bayern de Munique por 5-1 na última rodada levou os Wolves à liderança do certame alemão, convertendo-se na sexta equipe diferente a ocupar a ponta da tabela. A diferença entre o Wolfsburg (51 pontos) e o campeão de inverno Hoffenhein - atualmente, quinto colocado - é de apenas sete pontos. Até o início da rodada do último final de semana, a 26ª rodada, o líder era o Hertha Berlim. Mas os berlinenses perderam a liderança obtida na 20ª rodada e uma invencibilidade em jogos dentro de casa que durava pouco mais de seis meses, na derrota por 3-1 em casa frente ao Dortmund. Equipes competitivas nas últimas temporadas, Schalke 04 e Werder Bremen – respectivamente, oitavo e décimo – ainda são meros figurantes na Bundesliga 2008/09.

Indiscutívelmente, o atual campeão Bayern é a equipe mais forte do campeonato, tecnicamente falando. Mas Klinsmann não consegue fazer aos bávaros jogarem bem contra os mais fortes nesta temporada. Na quarta colocação com 48 pontos e apenas a três dos líderes Wolfsburg e Hamburgo, os comandados de Klinsi não obtiveram nenhuma vitória contra os postulantes ao título alemão neste segundo turno: derrotas para o Hamburgo (2º), Hertha (3º) e Wolfsburg (1º) tiraram pontos importantes, que certamente colocariam a equipe na rota da liderança. Mesmo com as goleadas sofridas nas duas últimas partidas – 5-1 para o Wolfsburg e 4-0 para o Barcelona, pela Champions -, do meio para a frente, o Bayern tem enorme potencial. O grande desafio para Klinsmann - que começa a balançar no cargo - é arrumar a defesa, que quando Lúcio não atua, fica carente de nomes confiáveis, já que Demichelis e Van Buyten não inspiram confiança e Breno ainda é muito jovem e começa a ser inserido aos poucos na equipe.

A mais nova “surpresa” da Bundesliga é o Wolfsburg. Apenas o nono colocado ao final do primeiro turno, com 26 pontos, os Wolves chegaram à liderança de forma espetacular: após o empate em 1-1 com o Colônia, na primeira rodada do returno, a equipe comandada por Felix Magath venceu os outros oito jogos, enfrentando figurões do naipe de Hertha Berlim, Hamburgo, Schalke e Bayern. A grande melhora da performance no ataque é a maior responsável pela chegada ao topo. Comandadas pela dupla composta por Grafite e o bósnio Edin Dzeko, o Wolfsburg marcou 23 gols no returno – 19 marcados pela dupla - e sofreu apenas sete. Se mantiver a regularidade, visto que enfrentou a maioria de seus concorrentes direto ao título, a equipe de Magath tem grandes chances de conquistar o título. É torcer para que a base titular da equipe – composta por nomes como o zagueiro Andrea Barzagli, os meias Josué, Dejagah e Misimovic, além de Dzeko e Grafite – não sofra contusões graves, já que o elenco da equipe não é tão vasto. Mais impressionante ainda é o ótimo momento de Grafite, principal jogador do Wolfsburg e forte candidato ao posto dos melhores do certame alemão. São impressionantes 20 gols em 17 partidas, o que lhe garante atualmente o posto de maior goleador da Bundesliga.

Outra grata surpresa é o Hertha Berlim, décimo colocado na temporada passada. Há quase 80 anos sem um título nacional, a equipe da capital mostra consistência para brigar pela taça. Na liderança das seis últimas rodadas, o Hertha vacilou nos dois últimos jogos e perdeu a vantagem de quatro pontos na liderança, caindo para o terceiro posto, com 49 pontos. Mesmo equipes que sofrem com a irregularidade, como o Bayern, Stuttgart e o Hoffenheim ainda podem apimentar a disputa pela liderança e a luta pelas vagas na próxima Champions e na Liga Europa (atual Copa da UEFA). O caso do Hoffenheim é mais complicado, pois o time perdeu seu principal jogador - o atacante bósnio Vedad Ibisevic, vice-artilheiro com 18 gols – pelo resto da temporada, devido a uma contusão durante um amistoso contra o Hamburgo, em janeiro. Sem vencer há oito rodadas, o Hoffe parece fadado a brigar pela Liga Europa. Frustração por um lado, pois a equipe foi a campeã do primeiro turno. Alegria por outro, por disputar uma competição continental logo após sua estréia na Primeirona alemã.

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7.4.09

Tango descompassado

Quem acredita que a má fase de nossos hermanos resume-se apenas nas Eliminatórias, engana-se. Afinal, dos cinco clubes argentinos que disputam a Copa Libertadores da América, apenas o Boca Juniors, clube detentor de 6 títulos na competição, faz uma campanha respeitável.

Com três vitórias em três partidas, o Boca dá as cartas no Grupo 2 e dificilmente ficará de fora da próxima fase. Por outro lado, se os xeneizes estão contentes, o mesmo não pode se dizer de seus compatriotas que, hoje, teriam somente mais um representante entre os 16 qualificados. Confira as chances de cada um:

Estudiantes
Entre todos os argentinos que disputam o torneio continental, o Estudiantes é aquele que atravessa pior fase no campeonato local, estando na penúltima posição. Resta saber se Alejandro Sabella, novo treinador dos Pinchas, consegue fazer com que o time mantenha uma campanha regular, algo que não ocorria na gestão anterior.

A atual posição dos Leões esconde a real dificuldade que o Estudiantes enfrentará. Afinal, se não cumprir a difícil missão de bater o líder Cruzeiro, em La Plata, deve ir para a última rodada dependendo de um tropeço do Deportivo Quito.

Para piorar, o último adversário é o encardido Sucre, time que atuando na Bolívia vende caro a derrota. Certamente, o entrosado trio formado por Verón, Braña e Boselli (artilheiro da equipe, com 3 gols) terá muito trabalho, haja vista que o Estudiantes ainda não venceu fora de seus domínios neste ano.

Vice-Líder do Grupo 5
Campanha: 4 J; 2 V; 0 E; 2 D; 5 GP; 4 GC
Maior vexame: derrota de 3 a 0 para o Cruzeiro (fora)
Jogos que restam: Cruzeiro (C); Universitário de Sucre (F).
Chances de classificação: 60%

River Plate
Após um terrível segundo semestre de 2008, quando terminou a liga nacional como lanterna, o River Plate é uma equipe que reestrutura seu psicológico aos poucos. Por isso, a campanha apenas mediana na Copa Libertadores causa desconfiança. Afinal, será que o River manter-se-á nessa recente mediocridade ou jogará como favorito?

No papel o elenco dos Millionarios, atualmente 4º colocado no Argentino, não é dos piores: Ahumada, Marcelo Gallardo, Falcao Garcia... O problema é a falta de gols, algo que ficou evidente após o empate diante do Nacional, em pleno Monumental de Nuñez.

Agora o River não depende só de si. Além de vencer o já desclassificado Nacional paraguaio, terá que torcer pelo homônimo uruguaio roubar ao menos um ponto do San Martin. Assim, na última rodada, uma simples vitória contra os peruanos garantiria a vaga. Mas o que aconteceria se o Nacional uruguaio perdesse? Ih, melhor nem pensar nisso...

3º Colocado no Grupo 3
Campanha: 4 J; 1 V; 1 E; 2 D; 2 GP; 5 GC
Maior vexame: empate de 1 a 1 com o Nacional URU (casa)
Jogos que restam: Nacional PAR (F); Universidad San Martin (C).
Chances de classificação: 40%

Lanús
O Lanús, líder do Clausura 2009, parece sentir o peso de ser aquele que tem menor tradição em campeonatos internacionais. Dono de uma das piores defesas da competição, os Grenás são lanternas de uma das poucas chaves em que todos os representantes ainda têm chances de classificação. Nem a vinda do arqueiro Caranta (ex-Boca) anima.

A situação é tão drástica que a equipe do defensor brasileiro Jádson Viera sequer depende apenas de suas próprias forças. O jeito é fazer a sua parte e manter-se na expectativa. Vencer seus dois compromissos restantes e torcer para que o Everton passe pelo Chivas, em casa e pelo Caracas, fora. Impossível, não é. Mas é difícil de acreditar...

4º Colocado do Grupo 6
Campanha: 4 J; 0 V; 2 E; 2 D; 4 GP; 7 GC
Maior vexame: derrota de 2 a 1 para o Everton (em casa)
Jogos que restam: Chivas Guadalajara (F); Caracas (C).
Chances de classificação: 10%

San Lorenzo
Quem viu a estreia do San Lorenzo (4 a 1 no San Luís) não imaginaria que o Ciclón não conquistaria mais nenhum ponto desde então. Surpresa ainda maior quando se olha os componentes do grupo, recheado de clubes pouco tradicionais. Não à toa, o Libertad aproveita-se disso e realiza uma campanha irretocável, com 100% de aproveitamento.

É justamente para os paraguaios que os azul-grenás terão de torcer. Um simples empate do Libertad frente ao Universitário pode igualar a situação da chave, fazendo com que o experiente time de Almagro retome a vice-liderança dos peruanos. Antes disso, porém, Solari, Bergessio (ex-Benfica) e companhia terão que fazer sua parte e superar os mexicanos novamente. O que convenhamos, parece ser o mais difícil...

3º Colocado do Grupo 8
Campanha: 4 J; 1 V; 0 E; 3 D; 4 GP; 5 GC
Maior vexame: derrota de 1 a 0 para o Libertad (em casa)
Jogos que restam: San Luís (F); Universitário (C).
Chances de classificação: 45%

5.4.09

Presente de grego

Muita emoção na rodada final do Paulistão. Três times brigando pela última vaga nas semifinais, enquanto outros nove tentavam fugir da zona de rebaixamento. Dentre eles, o Guarani, o único campeão brasileiro do interior, celeiro de diversos craques ao longo da história e “comemorando” 98 anos, completados na última quinta-feira. Começou o Paulistão embalado pelas boas campanhas em 2008, que trouxeram o Bugre de volta à elite do Paulista e a Série B do Brasileiro. Mas na prática, só não fez um campeonato pior que o Noroeste pelo saldo de gols. E após a incrível derrota frente ao Mirassol em casa, na penúltima rodada – dois gols em 15 minutos, tomando a virada – o Guarani chegou à rodada final em clima de despedida, já que dependia de uma série de resultados para escapar de nova queda, situação comum no Bugre nesta década - havia sido rebaixado nos Paulistas de 2001 e 2006, no Brasileirão de 2004, na Série B de 2005 e no Rio-São Paulo de 2002. Na brincadeira dos rivais da Ponte Preta, este seria o “hepta” rebaixamento.

Melancólico, o Bugre não conseguiu ao menos fazer a sua parte frente ao Bragantino, que entrou nada rodada praticamente livre do rebaixamento. O gol de Nunes na derrota por 1-0 jogou a pá de cal numa equipe consumida pelas dívidas de administrações passadas, que culminaram no sétimo rebaixamento do Bugre nesta década. Já acertado, Vadão assume a equipe após o fiasco do Paulistão com a difícil missão de manter o Guarani na Série B, montando um time competitivo com recursos escassos. E a missão do técnico será difícil, já que o elenco atual conseguiu ter o pior ataque do Paulistão (12 gols), além de reverter todo o momento negativo pelo qual o time atravessa, visto que a equipe passou a maioria da competição estadual na zona de degola.

Num 2009 que começou animador aos bugrinos, com os dois acessos e a contratação do veterano Amoroso para o Paulistão, o Guarani chegou aos 98 anos em um momento delicadíssimo: a queda vergonhosa para a Segundona paulista; Amoroso está contundido desde fevereiro e pode até encerrar a carreira – mesmo veterano, sua experiência poderia ajudar o time na Série B; encara o Internacional na Copa do Brasil nessa semana – lembrando que nos últimos dez jogos, o Inter fez 38 gols; o Brinco de Ouro - pouco mais de 55 anos - pode ser vendido a qualquer momento para sanar parte das dívidas do clube, pois está localizado numa área valorizada de Campinas. Um verdadeiro inferno astral bugrino.

3.4.09

Atingindo a maturidade

Não se trata de um futebol exuberante, cheio de lances plásticos. Mas a eficiência espanhola está cada vez mais evidente. E a rodada européia das Eliminatórias para a Copa do Mundo provou a evolução de Fúria como equipe de futebol competitiva. A conquista da Eurocopa e a impecável campanha no Grupo 5 Europeu – seis vitórias em seis partidas com 13 gols anotados e apenas dois sofridos – mostram que a Espanha é, atualmente, a seleção a ser batida. O andar da carruagem e os seis pontos de vantagem sobre a surpreendente Bósnia-Herzegovina faltando quatro partidas para o final da fase de classificação sugerem que os comandados de Vicente Del Bosque estão muito próximos da África do Sul em 2010.

A última derrota da Fúria em jogos oficiais foi em um amistoso disputado na cidade de Cádiz em novembro de 2006 contra a Romênia, por 1-0. De lá pra cá, são 31 partidas sem derrota, sendo que as últimas onze marcaram vitórias de La Roja - apenas a três do recorde de seleções, pertencentes a Brasil e frança, com 14 vitórias consecutivas. Quando o técnico Luís Aragonés convocou os jogadores para a Euro 2008, a regularidade da Espanha em campo não convencia aos torcedores e imprensa em geral, que criticaram o técnico pela inclusão de Marcos Senna entre os 23 e a exclusão de Raúl, ídolo e artilheiro tanto do Real Madrid quanto da Fúria. Cresceu dentro da competição, ganhou moral e levou o título de forma justa, com Senna se consagrando como um dos pilares do time campeão. E Aragonés – que logo após a Euro deixou a Espanha pelo Fenerbahçe – deixou frutos, que estão sendo prontamente colhidos e aproveitados pelo seu sucessor, o competente Del Bosque: além de manter a base campeã européia - marcada principalmente pela coletividade e versatilidade - Del Bosque vem mantendo o esquema tático semelhante ao implantado por Aragonés.

Como na Euro (visto no post sobre a final aqui), a Espanha consegue imprimir uma variação tática muito interessante. Nas partidas mais fáceis ou onde a equipe precisa ir ao ataque, o time se utiliza do 4-4-2, com Villa e Torres no comando de ataque. Sem poder contar com um dos dois ou com opção de povoar o meio e ter mais jogadores de qualidade vindo de trás, a equipe assume o 4-5-1, com dois jogadores abertos pelos flancos enquanto os meias e volantes saem para o jogo com bastante versatilidade, o que dá o equilíbrio para a equipe atacar e se defender com eficiência. Os jogos contra a Turquia são evidências de tais variações. Na primeira partida, disputada no último sábado (28/03) em Madrid, Del Bosque optou por Torres e Villa - que acabou sentindo lesão no segundo tempo e foi substituído por Mata – com Senna mais fixo e Xabi Alonso e Xavi flutuando em direção ao ataque, com Cazorla mais à frente encostando na dupla de ataque.

Já na partida disputada em Istambul nesta quarta (01/04) e com a contusão de Villa, o técnico optou por deixar Torres sozinho no comando de ataque, com Senna e Alonso como volantes, o canhoto David Silva aberto na direita e Riera na esquerda – semelhante a função dele no Liverpool – com Xavi conduzindo a bola e encostando mais no ataque. Além das diversas opções de meio-campo – Xavi, Senna, Alonso, Iniesta, Silva e Cazorla – a Espanha poderá contar com o breve retorno de Fabregas e Joaquín, contundidos, além de contar com a boa safra de jovens jogadores chegando a Fúria como Busquets, Juan Mata e Bojan Krkic, por exemplo. Atrás, a segurança do capitão Casillas – que vive seu melhor momento na carreira – e uma zaga que se não é excelente, não compromete – principalmente com a versatilidade de Sérgio Ramos. No ataque, Villa e Torres são letais e ambos se ovimentam bastante, mesmo não tendo substitutos consolidados à altura na reserva.

Apesar dos resultados magros, vale lembrar que a Turquia veio como uma das forças deste Grupo 5 e começou a rodada três pontos atrás da Espanha. E arrancar três pontos dos turcos em seus domínios foi um resultado importantíssimo e que abrilhanta ainda mais o bom momento do time, já que a Turquia – semifinalista da última Euro - tem bons valores treinados pelo bom técnico Fatih Terim.

Com a iminente classificação para a Copa do Mundo, a Copa das Confederações – disputada em junho, na própria África do Sul – será uma excelente oportunidade de confirmar a Espanha como uma das favoritas ao Mundial, já que o grupo em que ela está – Iraque, África do Sul e Nova Zelândia – cruzará, dentro da normalidade, com Brasil ou Itália numa provável semi ou final, pois tratam se de seleções que têm tradição e crescem nas adversidades, já que neste momento não desfrutam de bom futebol e enfrentam algumas dificuldades em suas respectivas Eliminatórias. Será a grande chance da Fúria deixar o estigma de eterna seleção técnica emergente para se firmar de vez como favorita e ter a chance de entrar no restrito rol das seleções campeãs mundiais.

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2.4.09

Verdades e Mentiras

As Eliminatórias da Copa caminham para a sua reta final em todo o planeta bola. E é difícil resistir a utilização de tal clichê, mas muitos dos resultados e suas consequências após mais duas rodadas pareciam mentira - em alusão ao dia dela, "comemorado" nesta última quarta-feira.

Portugal, Romênia e Irã quase fora da Copa (verdade) – Depois de grandes performances na Euro 2004 e na Copa de 2006, Portugal vê sua situação se complicar na Europa, principalmente na era pós-Felipão. Com os mesmos seis pontos de Suécia e Albânia, os lusos viram sua situação se complicar após as fáceis vitórias das líderes Dinamarca e da Hungria – ambas por 3-0 diante de Albânia e Malta, chegando a 13 pontos. Faltando cinco jogos, Portugal tem de tirar uma diferença de sete pontos dos líderes do Grupo 1, sendo que os enfrentará fora de Portugal. Trocando em miúdos: só um milagre de Nossa Senhora de Fátima conduzirá os portugueses até a África do Sul. Já a Romênia faz campanha pífia no Grupo 7, apenas à frente da modesta seleção de Ilhas Faroe. Com a derrota de 2-1 para a Áustria, os romenos tem uma diferença de seis pontos em relação aos franceses, que hoje estariam classificados apenas para a repescagem européia. Na Ásia, nem o grande ídolo Ali Daei – desta vez como técnico do Irã – aliviou a barra. A derrota em casa frente a Arábia Saudita custou o cargo do ex-atacante iraniano, que exagerou nas “mentiras” antes do confronto: “Não sei nada sobre a comissão técnica deles, nunca ouvi falar neles”, segundo noticiou a Trivela. A quatro pontos da zona de repescagem e com apenas três jogos restante – dois deles fora de casa contra as líderes, Coréias do Sul e do Norte – e sem técnico definido, a sorte dos iranianos – presente em duas das três últimas Copas – parece selada.

Austrália teria maiores dificuldades jogando as Eliminatórias pela Ásia (mentira) – A inserção da Austrália na Confederação Asiática de Futebol (AFC) parecia destinada a dar uma apimentada nas eliminatórias do continente. No entanto, se não fosse o resultado negativo do Qatar frente ao Bahrein, a Austrália seria o segundo país (depois dos anfitriões) garantido na Copa de 2010. A campanha impecável no Grupo 1 asiático – quatro vitórias e um empate, sem sofrer nenhum gol – surpreende. Apesar de se tratar de uma equipe forte, a inexperiência nas eliminatórias asiáticas poderia pesar frente a equipes tradicionais como Japão, Coréia do Sul, Arábia Saudita e Irã. Mais fácil que essa classificação só se eles continuassem nas eliminatórias da Oceania, onde a Nova Zelândia aguarda a repescagem contra o quinto time da Ásia – definido no confronto entre os dois terceiros dos grupos da fase final -, neste momento entre Bahrein e Arábia Saudita.

Holanda e Espanha 100% e quase na Copa (verdade) – Uma vitória contra a Islândia na próxima rodada garante a primeira seleção européia em 2010. Importantes vitórias de Espanha e Inglaterra – ambas por 2-1, respectivamente contra Turquia e Ucrânia – também mostram que ambas estão firmes rumo à Copa do Mundo. É verdade também que, se não tem o futebol mais bonito, a Espanha tem a seleção mais consistente do mundo atualmente. Ao lado da Holanda, é a única seleção 100% das eliminatórias, não perde há 31 partidas oficiais, sendo que venceu as últimas 11 de forma consecutiva. Neste momento, é a equipe a ser batida. No entanto, todos sabemos o que acontece com a Fúria quando ela chega em alguma competição com o status de favorita.

A Argentina foi goleada por culpa da altitude em La Paz (mentira) – Apesar da surpresa e das chacotas, a Argentina fez péssima partida, a pior desde o revés de 5-0 para a Colômbia em Buenos Aires, válidos pelas Elmininatórias para a Copa de 1994. Do jeito que bolivianos e argentinos entraram em campo nesta quarta, poderiam estar em quaisquer condições climáticas que o resultado não seria muito diferente. O primeiro revés de Maradona comandando os hermanos, além de vexatório, mostrou que a Argentina não é esse mar de rosas que pintaram após a boa vitória sobre a Venezuela. Graves problemas no gol e na defesa comprometeram a equipe albiceleste frente aos aplicados bolivianos. Ainda assim, a Argentina é um time em maturação, tem excelentes opções na meia e no ataque e Maradona ainda peca mais pela inexperiência do que na contestação dos jogadores utilizados por ele.

E o outrora massacrado Dunga mostrou que se não prima pela competência, é um sujeito de muita sorte. Todos os resultados dos jogos desta rodada das Eliminatórias Sul-Americanas – derrota da Colômbia, empates de Equador, Paraguai, Chile, Uruguai e a goleada sofrida pela Argentina – deixaram o segundo lugar das eliminatórias de mão beijada para o Brasil, apenas três pontos atrás dos paraguaios.