31.5.07

Cochilada perigosa

3 jogos. Nenhuma vitória. Desde que o Campeonato Brasileiro começou a ser disputado no sistema de pontos corridos, Cruzeiro e Internacional nunca tiveram um desempenho tão pífio em suas três primeiras rodadas. Apesar de serem times tradicionais, sempre acostumados a estar na briga pelas primeiras posições, Zêro e Inter atravessam um mau momento e sentem-se obrigados a conviver sob uma nova realidade.
Coincidências que infelizmente não param por aí. Ambas as equipes estréiam novos treinadores na competição. Ambas buscam salvar o ano, depois de seguidos fracassos no primeiro semestre. Ambas sonham conquistar, ao menos, um consolo: uma vaga para disputar a Copa Libertadores – 2008. Coisa que por hora, está longe de acontecer...

A pior defesa


Quatro jogos no Mineirão exemplificam muito bem o atual inferno astral do time azul: a derrota para o Brasiliense que culminou com a eliminação na Copa do Brasil; o humilhante 4 a 0 sofrido na primeira partida final do Campeonato Mineiro frente ao seu maior rival, o Atlético; a goleada contra o Corinthians, na primeira partida em Minas do seu novo técnico, Dorival Júnior; e a virada do Paraná, neste último domingo, após o Cruzeiro estar vencendo o jogo por 3 a 2 (detalhe: os mineiros atuavam com um jogador a mais).
Alvimar Costa, presidente do clube e irmão do vice Zezé Perrella, aproveitou a crise e abriu a boca. Criticou abertamente alguns jogadores dizendo que estes atletas eram baladeiros e que não tinham responsabilidade fora de campo. Nesta confusão, três jogadores com altos salários e pouco futebol acabaram dispensados: os ex-laterais são-paulinos Gabriel e Fábio Santos e o zagueiro André Luís, que em 2005 foi campeão brasileiro com o Santos. E mais: o selecionável? Gladstone que se cuide, pois já existem rumores de que ele é o próximo a ser degolado.
Nos seus lugares chegaram cinco desconhecidos: do Ipatinga vieram o lateral Mariano e o volante Charles; da Arábia chegou o zagueiro Marcelo Tavares; enquanto Daniel foi contratado junto ao Cabofriense. O quinto nome é Eliézio, beque-central que volta ao clube após empréstimo aos portugueses do Porto.
Resta saber se a união destes nomes com os jovens valores revelados pelo clube na última Copa São Paulo (casos do centroavante Guilherme, dos laterais Jonathan e Ânderson e do volante Aldo) renderá vitórias ao clube. Algo que, diga-se de passagem, já não acontecesse desde o dia 22 de abril (goleada de 4 a 0 contra o Tupi de Juiz de Fora)...

A pior campanha


Após a conquista do título mundial, o Internacional passa por uma eterna ressaca. Até agora, o time não supriu a ausência dos jogadores que levaram o clube à disputa daquela final.
Para agravar, o elenco colorado deve ficar ainda mais enxuto. O empréstimo dos gringos Martin Hidalgo (peruano) e Fábian Vargas (colombiano) não deve ser prorrogado e os mesmos deverão retornar às suas equipes de origem, Libertad e Boca Juniors, respectivamente. Além disso, a saída de Alexandre Pato parece eminente...
O treinador Alexandre Gallo ainda não conseguiu descobrir quem deve ser titular no Colorado. Os jovens Sidney e Titi não passam segurança ao clube; Edinho, Alex, Ceará e Wellington Monteiro deixaram de apresentar a mesma consistência; Fernandão está mal fisicamente...
Desse jeito fica difícil recuperar. O jejum de 40 dias sem vitória, incomoda. Pior: o último triunfo do Inter é algo que o torcedor adoraria esquecer. Afinal, que colorado gostaria de lembrar do fatídico jogo contra os uruguaios do Nacional? A vitória por 1 a 0 que pouco adiantou na manutenção dos gaúchos na Copa Libertadores deste ano.
Nesse contexto, Jonas, ex-meio-campista do São Caetano, Magal, ex-volante do Guaratinguetá e Marcão, experiente zagueiro-volante vindo do Atlético-PR vieram nesta última semana com a missão de trazer melhores dias ao Beira-Rio, pois afinal convenhamos: acumular 3 derrotas em 3 jogos é algo preocupante. Principalmente quando o último revés é por 3 a 0 contra um Fluminense recheado de reservas.

Com isso, não estou dizendo que Cruzeiro e Internacional não tem mais chances de conquistar o título. Em um campeonato tão longo e equilibrado como o Brasileiro, várias mudanças são possíveis. O Santos de 2004 e o Corinthians de 2005 mostraram que isso é possível. Mas vale a pena lembrar: desde 2003 apenas o Atlético-PR (em 2005) e o Palmeiras (no ano passado) conseguiram repetir campanhas pifiamente semelhantes, e livrar-se do rebaixamento. Para os críticos, como eu, de forma geral, o torneio resolve-se nos dez primeiros jogos. Ao final desta rodada, já podemos perceber quais serão os clubes que brigarão pelo título e quais serão àqueles que lutarão para não cair. Todo cuidado é pouco. Mineiros e gaúchos: é melhor abrir o olho...

30.5.07

Especulações

Mais uma vez o Olímpico será palco de uma grande disputa. O Grêmio embalado e cheio de histórias enfrenta o Santos de tantas tradições. Uma semifinal de dar água na boca. Só não ouso afirmar que é uma final antecipada porque na outra partida da semifinal temos o Boca Juniors, grande “copeiro” e o surpreendente Cúcuta da Colômbia. Não quero desmerecer o time colombiano, que chegou até aqui com grandes méritos, mas acho que a equipe já foi longe demais na competição.

No Grêmio, o meia de armação Tcheco sentiu uma lesão muscular na partida contra o Defensor pela própria Libertadores e é dúvida para o técnico Mano Menezes. Apesar de estar fazendo gols importantes, nunca achei o Tcheco um craque e, caso não jogue, seu substituto Ramon dará conta do recado. O Santos, por sua vez, é todo mistério, mas deve vir com 3 zagueiros e liberar seus laterais. Uma das principais armas do time da Vila está nessa posição, Kleber, pré-convocado para a Copa América, parece ter encontrado seu futebol dos tempos de Corinthians. Outro que pode desequilibrar a partida é o meia Zé-Roberto, que vem jogando o fino do futebol. Falando em equilíbrio, não podíamos deixar o grande arqueiro Fábio Costa de fora, o jogador costuma se destacar nas decisões, tanto nas espetaculares defesas, quanto nas faltas violentas que pratica.

Na batalha entre o tricolor gaúcho e o alvinegro praiano temos dois técnicos de peso, que podem decidir o duelo. No entanto, o Santos mostrou sinais de fraqueza nas últimas partidas. Vão me falar que a equipe do técnico Luxemburgo venceu de virada e de forma brilhante a equipe do América nas quartas-de-final, mas não esqueçamos que a equipe mexicana era formada por 14 jogadores reservas e, mesmo assim, fizeram os titulares santistas suarem a camisa para conseguirem uma vitória simples. O Grêmio decidiu a vaga nos pênaltis, mas reverteu um resultado negativo de 2 tentos sofridos no jogo de ida contra o Defensor.

O momento gremista me parece melhor, o time gaúcho com mais cara de Libertadores, se posso colocar assim. Por isso, acho que a torcida tricolor pode se preparar para ir, como diz o hino do clube, onde o Grêmio estiver. Colômbia, Argentina...Tóquio? Veremos.


29.5.07

Tacos, Chili e Futebol

Não é de hoje que o México desponta como um dos países que mais cresce tecnicamente e financeiramente no cenário futebolístico mundial. A presença quase que sempre garantida nas Copas do Mundo das últimas décadas permitiram um aprimoramento dos jogadores e dos clubes mexicanos, fazendo da Liga Mexicana uma das mais competitivas competições entre clubes do continente americano.

A ascendência dos “chicanos” é fruto de um maciço investimento financeiro mantido por empresários de clubes como o Chivas Guadalajara, Tigres, Cruz Azul, Pumas, Necaxa entre outros, no intuito de transformar o futebol do México em uma potência que ameace a hegemonia de países como Brasil, Argentina, Alemanha, Itália, Inglaterra entre outros.

Na busca por visualidade e por enriquecimento de cofres, os mexicanos conseguiram convencer a Conmebol e a Concacaf que a sua participação na Taça Libertadores da América poderia ser benéfica para a continuidade da qualidade da competição, que aos poucos caia de nível técnico com a decadência de países como Colômbia, Uruguai e Peru no final dos anos 90. O trato autorizava a presença de equipes do México na competição, porém não permitia a disputa do Mundial Interclubes em caso de título, visto que a vaga do mundial destinada à Concacaf já é disputada no torneio que reúne clubes das Américas Central e do Norte.

A partir de 1998 o México entrou de fato na disputa da Libertadores sendo representado pelo Chivas Guadalajara e o América do México. Com equipes bem arrumadas e esquemas táticos ofensivos, os mexicanos sempre deram muito trabalho. Além disso, o adicional da altitude da Cidade do México sempre influi a favor dos clubes do país.

Ao longo dos nove anos de participação na Libertadores, o país levou treze clubes para a briga: América 1998, 2000, 2002, 2004 e 2007, Chivas Guadalajara (1998, 2005 e 2006), o Cruz Azul (2001 e 2003), o Pumas (2003 e 2006), o Necaxa (Pré-Libertadores 1999 e 2007) e o Tigres (2005 e 2006). Depois, com uma participação, vêm Atlante (Pré-Libertadores 2001), Atlas (2000), Monterrey (1999), Morelia (2002), Pachuca (2005) e Santos Laguna (2004) e Toluca (2007).

A melhor participação do México na Libertadores ocorreu em 2001 quando o Cruz Azul enfrentou o Boca Juniors na final e ambas as equipes venceram seus jogos fora de casa por 1 a 0. Na decisão por pênaltis, melhor para o Boca que venceu por 3 a 1 em plena La Bombonera.
Não se pode deixar de lado também a boa campanha do Chivas, que em 2005 sofreu com vários desfalques por conta da participação da seleção nacional na Copa das Confederações e foi eliminado pelo Atlético Paranaense nas semifinais.

Essa questão de desfalques voltou ao foco após a eliminação do América na semana passada, após a derrota para o Santos por 2 a 1 na Vila Belmiro. O clube priorizou a disputa do título nacional contra o Pachuca e mandou 14 reservas para enfrentar o Peixe, sendo que em seu banco de suplentes havia apenas três atletas.
Dentro de campo o time não fez feio. Pelo contrario, quase eliminou os brasileiros. Abriu o placar ainda no primeiro tempo com Bilos e se segurou com todo time atrás. Porém, a virada santista foi inevitável com gols de Jonas e Rodrigo Souto.

A priorização do campeonato mexicano acabou não rendendo muitas alegrias aos Águias, como é conhecido o time do América. Além de ter sido eliminado pelo Santos, acabou perdendo o título para o maior Pachuca após uma derrota por 2 a 1 e um empate por 1 a 1 jogo de volta.

O descaso com que os mexicanos trataram a classificação para as semifinais da Libertadores gerou polemica por parte da imprensa brasileira. O jornalista Juca Kfouri se manifestou com indignação quanto ao fato do time vir totalmente desfalcado para o confronto: "... se um time mexicano vencer a Libertadores não terá direito a ir ao Japão disputar o Mundial de clubes, absurda imposição do regulamento, que reserva tal papel apenas aos sul-americanos. Ora, então por que aceitar a participação mexicana, se seus times são considerados café com leite?”.

Não sei se a expressão café com leite é a mais apropriada, pois os mexicanos deram bastante trabalho nas edições anteriores e a postura do América não denigre a imagem de força que as equipes mexicanas firmaram ao longo dos últimos anos, porem concordo com Kfouri sobre o fato da competição não presentear o mexicano que a vencer com a classificação para o mundial. Já que eles têm o direito de disputar o campeonato, o resto que se vire para eliminá-los. Um possível título da Libertadores comprovaria o alto grau de competitividade do país para buscar a vitória do Mundial Interclubes e isso já é o bastante para justificar o mérito pela vaga assegurada.

Sou favorável à permanência das equipes mexicanas na Libertadores e acredito que suas regras devem ser revistas pela Conmebol para aumentar a disputa da competição mais famosa das Américas. O México tem tudo para se estabilizar entre as dez melhores seleções do mundo e seu campeonato tende a crescer cada vez mais através do marketing e de um possível titulo de maior importância que a Copa Ouro ou a Copa das Confederações.
Nomes como Hernandez, Blanco, Hugo Sanchez, Borgheti, Garcia Aspe e Jorge Campos já fazem parte da história do futebol e incentivam o surgimento de novos craques oriundos de suas terras “calientes”, o que faz do México um emergente de qualidade no panorama do planeta bola moderno.


26.5.07

Pela milésima vez, o Gênio da grande área!



Mil num. 1. Quantidade que é uma unidade maior que 999 2.Número correspondente a essa quantidade. [Representa-se em algarismos arábicos por 1.000, e em algarismos romanos, por M.] 3.Fig. V. milhão (2) - Definição do Dicionário Aurélio

Na história do futebol, nunca um verbete tão simples significou tanto e tornou-se tão complexo. E quase 27 anos após o gol de Pelé no Maracanã, o mil voltou a ser o número mais intrigante da história do futebol mundial. Após muita agonia e diversas polêmicas acerca da legitimidade desse gol, Romário enfim estufou as redes pela milésima vez. Independentemente de cálculos, o Baixinho merecia uma festa para coroar a sua brilhante carreira, uma das mais fantásticas do futebol. Por isso, nada mais justo do que um perfil deste gênio da grande área. Com certeza, um dos maiores jogadores que tive o privilégio de ver jogar.

O inicio dos 1000

Natural da comunidade do Jacarezinho, o pequeno Romário de Souza Faria mudou-se junto com os pais, Seu Edevair e Dona Lita, para a Vila da Penha. Deu seus primeiros chutes pelo time do Estrelinha, time dirigido por seu pai. O talento de Romário era tão latente que ele pedia ao pai para coloca-lo no mesmo jogo que os garotos mais velhos e maiores. Em 1979, foi descoberto por um olheiro do Olaria, que prontamente acolheu o craque. E o Olaria foi ficando pequeno para o futebol de Romário, pois o Vasco já estava de olho nele e acabou levando-o para São Januário, no ano de 1981.

E começaria a brilhar a estrela e todo o faro de gol do Baixinho, do Vasco para o mundo. Alçado a equipe titular em 1985, Romário marcou o seu primeiro gol como profissional em 18 de agosto daquele mesmo ano, em um amistoso contra o Nova Venécia. E pouco tempo depois de estar integrado à equipe profissional cruzmaltina, Romário começaria a mostrar a sua “marra”, característica que o marcou durante toda a carreira, além da facilidade para marcar gols. Segundo o técnico do Vasco naquela oportunidade, Antônio Lopes, em entrevista ao site Globo Esporte, Romário o chamou de canto para pleitear uma vaga na equipe titular: "Professor, me coloca no time, quero ser titular. Jogo muito mais do que esse camisa 10 aí". E “esse camisa 10” era nada menos que Roberto Dinamite, um dos maiores ídolos da história da equipe. Ainda em 1985, Romário se destacou como uma das revelações do Campeonato Carioca, chegando a vice-artilharia da competição e o Vasco tratou rapidamente em dar a ele seu primeiro contrato profissional, em 1986.

Formando dupla com Dinamite, conquistou a primeira de muitas artilharias na carreira, marcando 20 gols naquele Carioca. A estrela de Romário começava a mostrar um brilho diferenciado. Antes de deixar o Vasco, em 1988, foi bicampeão carioca em 1987/88, além de ter conquistado mais uma artilharia, no Carioca de 1987, com 16 gols.

Afirmação e Frustração

Valorizado pelas atuações marcantes no Vasco e convocado para as Olimpíadas de Seul, em 1988, Romário conquistou a medalha de prata com o Brasil, além de ter sido o artilheiro da competição com sete gols. Despertou o interesse do PSV Eindhoven e foi contratado pela equipe holandesa por 5 milhões de dólares, valor alto para a época. E na Holanda, Romário começaria a fortalecer de vez a sua fama de matador. Conquistou por três vezes o campeonato holandês (1989, 90 e 92), duas vezes a Copa da Holanda (1989 e 1990). Além de ser o principal jogador da equipe à época, Romário alcançou a impressionante marca de 165 gols em 163 jogos.

Consagrado como um dos melhores atacantes em ação na Europa e idolatrado na Holanda, o caminho para a Seleção parecia limpo. E veio a convocação para a Copa América de 1989, disputada no Brasil. Jogando o fino da bola, Romário deu uma memorável “caneta” em Maradona e marcou o gol do título (que o Brasil não conquistava há 50 anos) na vitória sobre o Uruguai. Campeão e classificado para a Copa do Mundo da Itália, disputada em 1990, a expectativa sobre a seleção era grande em tirar o Brasil da fila, que já durava quase 16 anos.
No entanto, uma contusão, ao fim de 1989, começaria por frustrar as expectativas de Romário na Copa da Itália. E dentro do esquema confuso armado pelo técnico Lazaroni, onde o Brasil jogou num inexplicável 5-3-2, Romário ficou no banco, entrando como titular apenas no jogo contra a Escócia, o terceiro da fase de classificação, jogo no qual o Baixinho foi substituído na segunda etapa. E o Brasil caiu diante da Argentina, nas oitavas-de-final. Após a eliminação, vieram à tona muitas especulações de racha no elenco, entre eles a briga de Romário com Muller e o episódio da “água batizada”no jogo contra os argentinos. Por toda essa desorganização, Romário chegou a prometer nunca mais defender a camisa canarinho. "Podem anotar, esta foi minha primeira e última Copa". Felizmente, essa promessa não se concretizaria.

Volta por cima – Campeão e melhor do mundo

Após quase cinco anos de muito brilho no PSV, o futebol de Romário chamou a atenção dos catalães do Barcelona. Começaria ali uma das temporadas mais vitoriosas e importantes da vida do Baixinho. Conquistou a Liga Espanhola de 1993/94, da qual se sagrou artilheiro, com 30 gols. Mas os problemas extra-campo também marcaram o craque na passagem pelo Barça. Conhecido por ser um grande amante das noites catalãs, o Baixinho faltava a muitos treinos e acumulava algumas punições e suspensões por indisciplina. Chegou até a ser suspenso por cinco jogos, devido a uma agressão ao violento volante Simeone. Fatos como esse irritavam muito o técnico Johan Cruyff, mas muitas vezes ele relevava certos atos, devido a ótima fase do brasileiro. Ao mesmo tempo, Romário afirmava: "a noite sempre foi minha amiga. Quando saio, fico contente e marco gols."

Enquanto isso, o Brasil tentava, a duras penas, classificar-se para a Copa de 1994, nos Estados Unidos. Depois de uma eliminatória conturbada, na qual o Brasil havia perdido pontos importantes, culminando com a derrota para a Bolívia por 2 a 0, em La Paz, o Brasil precisava passar pelos uruguaios para garantir a vaga. Então, o técnico Parreira teve de recorrer a Romário, que estava comendo a bola na Espanha, mas que o técnico insistia em não convocar. O jogo decisivo seria disputado no Maracanã e o fantasma de 1950 rondava aquele jogo. Mesmo palco, mesmas expectativas e as mesmas camisas celestes como adversárias. Mesmo assim, o Baixinho não titubeou. Após um primeiro tempo sofrido, no qual o Brasil perdeu muitas oportunidades, Romário marcou os dois gols da classificação. Gols de craque, gols de Romário e Brasil garantido na Copa.

E a Copa de 1994 seria realmente um divisor de águas na carreira de Romário. Na estréia contra a Rússia, dia 20 de junho, o baixinho mostrou a que veio, marcando o primeiro dos 11 gols da Seleção naquela Copa e o Brasil venceu por 2 a 0. Contra Camarões, abriu novamente o placar e o Brasil não encontrou dificuldades para atropelar os camaroneses por 3 a 0. E no jogo mais difícil da primeira fase, os suecos saíram na frente, mas Romário garantiu o empate e a primeira colocação do Brasil no Grupo B. Após vitória magra contra os EUA, donos da casa, o Brasil finalmente iria encarar uma potência futebolística na Copa. O gol com estilo contra os holandeses abriu a contagem na partida das quartas-de-final, na vitória mais dramática daquela Copa. Após abrir 2 a 0, os brasileiros permitiram o empate. Contudo, o inesquecível gol de Branco, no qual o Baixinho se esquivou da bola com tanta maestria e elasticidade, salvou o Brasil de uma desgastante prorrogação. Outra partida duríssima nas semi-finais, novamente contra os gélidos suecos. E mais uma vez, o Baixinho fez a diferença, num gol de cabeça com muito estilo em meio aos grandalhões nórdicos. E na grande final, contra os italianos, Baresi cumpriu à risca seu papel e marcou implacavelmente Romário. Mesmo sem poder ajudar o Brasil no tempo normal e na prorrogação, Romário foi decisivo ao marcar o seu gol na série de pênaltis. Já Baggio, que fazia uma Copa tão impecável quanto a do Baixinho, perdeu sua cobrança e deu o tetra ao Brasil. Após 24 anos, o Brasil novamente era o centro do mundo. E tudo isso, em grande parte, graças aos cinco gols marcados pelo Baixinho. Muitos afirmam que a exemplo de 1962, quando Garrincha conduziu o Brasil ao bicampeonato e de 1986, quando o endiabrado Maradona deu o bi à Argentina, Romário conquistou a Copa de 1994 sozinho, fato esse que mostrava toda a habilidade do “gênio da grande área”. Ainda naquele mesmo ano de 1994, Romário seria eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA, até então, uma conquista inédita para um futebolista brasileiro.

Volta ao Rio, volta a Espanha, volta ao Rio...

Numa jogada de marketing do Flamengo, Romário retornaria ao Brasil em 1995. Foi o principal reforço em comemoração ao centenário do rubro-negro carioca. Apesar de conquistar a artilharia do Carioca, Romário ficou com o vice daquele ano, na final contra o Fluminense, jogo decidido no famoso gol de barriga de Renato Gaúcho. No Brasileirão daquele mesmo ano, nova frustração: Romário fez parte do “ataque dos sonhos” montado pelo presidente Kleber Leite, que além dele, contava com Sávio e Edmundo, dois dos melhores atacantes brasileiros da época. O Fla fracassou e Romário só conquistaria seu primeiro título com a camisa rubro-negra em 1996, o Campeonato Carioca (de forma invicta). E pra variar, Romário foi o artilheiro da competição, com 26 gols.
E numa transação confusa, Romário retornaria novamente à Espanha, desta vez ao Valencia, em 1996. Na temporada em que esteve por lá, Romário não se firmou, mas mesmo assim, conseguiu cravar 14 gols em 21 jogos.

No entanto, o coração do craque realmente pulsava mais forte na cidade maravilhosa. Por isso retornou novamente ao Flamengo, em 1998, após idas e vindas do Valencia. Nesse meio-tempo, conquistou pela Seleção a Copa América (disputada na Bolívia) e a Copa das Confederações (na Arábia), no ano de 1997. Mas a seleção, que garantiu a ele o maior êxito da carreira, também lhe garantiria sua maior frustração.

Frustrações na seleção e a reafirmação no futebol carioca

Na Copa do Mundo de 1998, que seria disputada na França, Romário figurava como certo na seleção de Zagallo. Mas a pouco mais de um mês da Copa, ele sofreu uma contratura muscular grave, em partida contra o Friburguense. O Baixinho só teria condições de estar recuperado após os jogos da primeira fase. E o técnico Zagallo optou por cortá-lo, chamando o brucutu Émerson em seu lugar. Visivelmente abatido, Romário convocou entrevista coletiva explicando a situação e posteriormente tendo culpado Zagallo e Zico pelo corte. O Brasil chegou até a final daquela Copa, onde apanhou da França por 3 a 0.

Recuperado, Romário voltou a marcar gols e conquistar artilharias pelo Flamengo, mas sua saída do clube seria conturbada. O Baixinho foi dispensado por indisciplina, ao participar em uma festa em Caxias do Sul, após derrota da equipe. O craque saiu afirmando que o Flamengo lhe devia dinheiro (cerca de 8 milhões de dólares atualmente).

A segunda passagem de Romário no Vasco iniciou-se em 2000. O atacante afirmou que estava voltando as origens de sua carreira. Entre os feitos de Romário, está a conquista memorável da Copa Mercosul, onde o Vasco perdia a final para o Palmeiras por 3 a 0 no primeiro tempo. Na etapa final e com três gols de Romário, o Vasco virou a partida e foi campeão em pleno Parque Antártica. Ainda em 2000, ele ajudou o Vasco a conquistar a confusa Copa João Havelange (segundo a CBF, reconhecida como campeonato brasileiro posteriormente) sobre o emergente São Caetano. Romário foi o artilheiro de ambas as conquistas (com 11 e 20 gols, respectivamente).

Novos problemas com a diretoria do Vasco levaram Romário a se transferir para outra equipe carioca, o Fluminense, em 2002. Na sua estréia, o craque com quase 34 anos, arrastou quase 70 mil pessoas para o Maracanã. E as boas atuações naquele ano levaram parte da imprensa e da torcida a pedirem Romário no elenco que iria para a Copa na Ásia. Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Canarinho na época, foi enfático: não levaria o Baixinho. E sem Romário, o Brasil foi penta.

Nas Laranjeiras, o Baixinho não conseguiu títulos de expressão, mas conseguiu marcar 48 gols em 77 jogos. No campo das polêmicas, sempre Romário estava nas manchetes. Na maior delas, ele foi até a arquibancada para agredir um torcedor que protestava contra a má fase do time. Ficou no Flu até 2004, quando foi tentar a sorte no Al-Sadd, da Arábia.

Quando especulava-se o fim da carreira de Romário, ele se transferiu novamente ao Vasco. E deu mostras que mesmo com quase 40 anos, o faro de gol estava afiado como sempre. No campeonato vencido pelo Corinthians, em 2005, Romário foi um dos destaques da competição, marcando 22 gols e batendo o recorde de ser o jogador mais velho a conquistar uma artilharia de Campeonato Brasileiro.

A busca pelo gol 1000

Após a artilharia do Brasileirão, Romário começou a busca pelo gol 1000. E a peregrinação do craque começou quando ele se transferiu para o futebol norte-americano, onde jogaria pelo Miami FC. Depois, ao final de 2006 foi jogar alguns jogos pelo Adelaide United, da Austrália.
Enroscado com a pendência de ter feito mais de três transferências em menos de um ano, Romário chegou a ser anunciado pelo Tupi, de Minas, mas não pôde atuar. No início de 2007, após pedido do Vasco, a FIFA liberou o Baixinho para que ele voltasse, mais uma vez, a São Januário.

No Carioca de 2007, Romário marcou dez gols e ficou bem próximo de marcar o gol 1000, objetivo prontamente abraçado por todos no Vasco, inclusive prejudicando a equipe indiretamente, na eliminação para o fraco Gama, na Copa do Brasil. E depois da espera, que durou quase três meses, finalmente saiu o gol tão precioso. Neste último dia 20 de maio, na partida do Brasileirão contra o Sport, Romário alcançou o milésimo gol de sua carreira. De pênalti, como Pelé. No mesmo canto. A mesma expectativa. E a mesma emoção.

Pela Seleção e fora de campo

A primeira convocação de Romário aconteceu em 1987, num amistoso contra a Finlândia. No entanto, seu primeiro gol com a amarelinha só sairia contra a Finlândia, na vitória por 3 a 2.
Nas olimpíadas de Seul, em 1988, Romário foi o destaque do Brasil. Artilheiro da competição com sete gols, Romário não conseguiu dar a inédita medalha de ouro ao Brasil, que perdeu a final para a URSS e foi medalha de prata, melhor colocação em torneios olímpicos.

Herói da Copa de 1994, dispensado em 1998 e 2002, a trajetória do Baixinho pela Seleção foi brilhante. É o terceiro maior artilheiro de todos os tempos, com 71 gols em 85 jogos, com duas Copas do Mundo disputadas. A despedida da seleção se deu em 27 de abril de 2005, em jogo festivo contra a Guatemala, no Pacaembu. E como não podia deixar de ser, mais um gol para as contas dele.

Fora de campo, sobrou pra todo mundo. Sopapos em torcedores, jogadores e discussões ríspidas com muitos jogadores. Seus principais desafetos nas declarações foram Pelé, Zico e Edmundo. Após palpites “equivocados” do Rei do Futebol, Romário soltou a pérola: “Na verdade, o Pelé calado é um poeta. Deus abençoou os pés desse cidadão, mas se esqueceu do resto, principalmente da boca, porque quando ele fala só sai besteira. Ou melhor, só sai merda” , declaração essa que gerou arrependimento de Romário, que pediu desculpas ao Rei posteriormente. Para Zico, apontado por muitos como responsável pelo corte de Romário em 1998, muitas indiretas e até uma caricatura no banheiro de seu Bar para alfinetar o Galinho. Quando conseguiu passar a frente de Zico em números de gols pela seleção, ele soltou: "Na minha frente, só Pelé”. E Edmundo foi considerado por ele o “bobo da corte” do reino vascaíno, na época em que atuaram juntos, em 2000. Coisas de Romário.

Mas mesmo com toda a controvérsia sobre a legitimidade do gol 1000, Romário foi um personagem diferenciado no futebol mundial. Como ele mesmo disse: “Papai do Céu apontou pra mim e disse: você é o cara.” E foi mesmo. Um autentico brasileiro: malandro, marrento, polêmico, mas sempre alegre e, que acima de tudo, viveu intensamente o futebol. Um gênio dentro da área. Um gigante no alto de seu 1,68cm. Craque. Tudo isso não expressa a grandeza que Romário representou no futebol mundial.

Perfil

Nome: Romário de Souza Faria
Nascimento: 29 de janeiro de 1966, no Rio de Janeiro
Apelidos: Baixinho, Peixe
Clubes: Vasco (1985-1989, 1999-2002 e desde 2007), PSV Eindhoven (1988-1992), Barcelona (1993-1995), Flamengo (1995-1996, 1997-1999), Valencia (1996-1997), Fluminense (2002-2005), Al Sadd (2004), Miami FC (2006) e Adelaide United (2006)
Pela Seleção: 85 jogos e 71 gols
Títulos: 4 Campeonatos Cariocas
3 Campeonatos Holandeses
2 Copas da Holanda
1 Campeonato Espanhol
2 Copas Mercosul
1 Campeonato Brasileiro
2 Copas América
1 Copa das Confederações
1 Copa do Mundo

Os Mil Gols: Vasco (324 gols em 408 jogos); PSV (165 gols em 163 jogos); Barcelona (53 gols em 84 jogos); Flamengo (204 gols em 240 jogos); Valencia (14 gols em 21 jogos); Fluminense (48 gols em 77 jogos); Al Sadd (3 gols); Miami FC (22 gols em 29 jogos), Adelaide United (1 gol em 4 jogos); Seleção Brasileira (71 gols em 85 jogos) e Jogos festivos e não-oficiais (98 gols).
Abaixo, você pode conferir alguns dos mais belos de sua carreira.

25.5.07

Um de 40 por dois de 20

Dois estádios com nomenclatura de santo. Dois jogos que envolvem um time rubro-negro contra um algoz alvinegro. Dois pênaltis na segunda etapa. Dois experientes jogadores com 41 anos aproximam-se da bola para marcarem, talvez, o gol mais importante de suas vidas. Duas vidas diferentes, que se modificam num mesmo final de semana.
Um deles é atacante, o outro zagueiro. E nisso, acabam-se as semelhanças entre os dois. Enquanto um, de acordo com sua própria contagem, acaba de marcar seu milésimo gol o outro encerra sua carreira marcando apenas o quinto tento de sua vida. Certamente, os fãs do futebol mundial sentirão saudades dos tempos áureos de Romário e Costacurta.
O Baixinho ainda não confirmou se pára de jogar, mas mesmo que ele encerre sua carreira, já terá muita história para contar. Em sua carreira, Romário acumula 21 títulos, entre eles quatro Campeonatos Carioca, três Ligas Holandesas, uma Liga Espanhola, um Brasileirão (Copa João Havelange), duas Copas América, além de uma Copa do Mundo.
Apesar de ter uma carreira tumultuada, que envolve brigas com torcedores, desentendimento com colegas de equipe e episódios polêmicos, nunca ninguém pode negar uma coisa: Romário tem o faro de gol. Desde que ele assinalou seu primeiro gol na carreira, em 18 de agosto de 1985 contra o Nova Venécia, não parou mais de marcá-los.
Fazer gols, nunca fora a especialidade de “Billy” Costacurta. Afinal neste último sábado, quando o Milan recebeu a Udinese e perdeu por 3 a 2, o zagueiro marcou apenas o seu terceiro gol com a camisa rossonera.
Diferentemente de Romário que passou por todos os clubes e continentes imagináveis, Costacurta dedicou quase que toda sua carreira ao time de Milão. Pelo Milan quebrou recordes e ganhou vários canecos, 23. Dentre eles, sete Campeonatos Italianos, uma Copa Itália e quatro Champions League e dois Mundiais Interclubes. Além disso, já é o terceiro jogador na história que mais vestiu a camisa do clube: 660 vezes.
Billy também detém um marco na Champions League: o de ser o atleta mais velho a atuar em uma partida do torneio. No dia 16 de novembro de 2006, Costacurta participou da derrota do Milan para o AEK Atenas tendo 40 anos e 211 dias.
Essa breve biografia de ambos não serve para questionar qual dos dois atletas foi o mais brilhante. A prioridade é abrir uma discussão: será que às vezes não subjugamos o potencial de atletas que passaram dos 35 anos, acreditando estarem velhos demais para jogarem futebol?
Que o futebol moderno primazia a força física e a velocidade, ninguém duvida. Mas, às vezes, um jogador mais experiente tem melhor colocação em campo, toca a bola com mais facilidade e passa mais segurança aos seus companheiros.
O ex-zagueiro Mauro Galvão, por exemplo. Não conquistou um Campeonato Gaúcho e uma Copa do Brasil com o Grêmio, prestes há fazer 40 anos? E o que dizer de Sorato? Apesar de limitado tecnicamente, o atacante de 38 anos vem marcando muito mais gols do que vários jovens de 20 anos. E não é somente no futebol brasileiro. A dupla Cafu e Maldini, mesmo sem o fôlego de antes, seguem firme no Milan, e inclusive, podem conquistar uma Liga dos Campeões, meses antes de completarem 40 anos.
E justamente por isso, encerro minha crítica com as palavras do treinador do Manchester United, Sir Alex Fergunson, momentos depois de ter sido derrotado pelo veterano elenco milanês nas semi-finais da Champions League: "Hoje, a maior diferença foi a experiência”.

24.5.07

Goleiros: Enfim, a nova safra de heróis!!!

Depois de alguns anos de espera, o Brasil parece finalmente ter produzido sua nova safra de grandes goleiros. Por todo o Brasil, vários arqueiros surgiram entre o final de 2006 e o começo de 2007, de modo a deixar claro que o país dificilmente vai estar mal representado nas próximas Copas do Mundo.

O Campeonato Paulista de 2007 teve como um dos pontos fortes a presença de dois novos goleiros que brilharam do início ao fim. Felipe do Bragantino e Luiz do São Caetano foram os principais revelações de suas equipes e contribuíram muito para a boa campanha dos clubes. O primeiro deles se transferiu para o Corinthians e já começou a mostrar porque é uma das promessas do clube. Domingo passado, no Mineirão, fez boas defesas e já desponta como uma das principais figuras do renovado esquadrão alvinegro.

O Campeonato Carioca também revelou bons nomes para guarda-metas. Bruno do Flamengo e Julio César do Botafogo foram decisivos para que ambos os times se firmassem como principais forças do estado. Quem sofreu nessa história foram os atacantes, e em especial Romário. O baixinho foi obrigado a disputar o Campeonato Brasileiro porque não conseguiu passar por cima dos jovens talentos. Foi uma pena o Fogão ter sido eliminado pelo Figueirense por causa de uma falha de Julio César. Ainda bem que ele é jovem e terá muito tempo para superar esse erro.

Fora do eixo Rio-São Paulo também temos outro grande exemplo. Trata-se de Renan, goleiro do Internacional de Porto Alegre. Desde a Libertadores do ano passado, o arqueiro já dava mostras de que deveria ser o sucessor de Clemer. No entanto, esse ano o técnico Galo assumiu o cargo e de cara promoveu o garoto a titular. No jogo de sábado, contra o Atlético Paranaense, o Inter escapou de levar uma goleada por conta das boas atuações de Renan.

Para concluir esse post otimista, não posso deixar de citar o belíssimo trabalho que Diego Cavalieri realiza debaixo das traves do Palmeiras. Depois de um grande brasileiro em 2006 e um sólido paulistão em 2007, o goleiro deve mesmo ser o responsável pelo encerramento da carreira de Marcos.

Com o mercado europeu aberto por Taffarel e Dida, o Brasil poderá se firmar com um país de grandes goleiros. Fato esse que até alguns anos, era inimaginável no cenário internacional...

23.5.07

Meio de Semana decisivo no Planeta Bola

Na Europa
Em uma semana repleta de jogos decisivos ocorrendo por todo mundo, os olhares se voltaram para a grande final da Liga dos Campeões entre Milan (ITA) e Liverpool (ING) que ocorreu no estádio Olímpico de Atenas.

A equipe de Milão buscou afastar o fantasma de 2005 e superar o rival inglês em um jogo imperdível tanto pelo peso histórico quanto pela qualidade técnica dos jogadores de ambas as equipes. Na semifinal contra o Manchester United os milaneses comandados por Carlo Ancellotti souberam neutralizar os principais jogadores adversários e anulou Cristiano Ronaldo, Rooney, Giggs e companhia, levando os italianos com muita moral para a decisão.

O Liverpool também fez muito por merecer para chegar à final. Derrotou o rival Chelsea, o complicado PSV e o atual campeão Barcelona. Com um time bem articulado e sob o comando do experiente treinador Rafa Benitez , o "Reds" se impuseram em campo desde o início da partida com boas subidas dos meias Pennant, Zenden e Gerrard e Riise que terminaram em disparos perigosos ao gol de Dida durante todo primeiro tempo.

Na primeira etapa, o Milan procurou jogar mais nos contra-ataques puxados por Kaká e Seedorf, mas não foi efetivo em suas finalizações. Com Inzaghi jogando isolado no meio de quatro marcadores o rubro-negro não conseguiu assustar o time inglês. A grande oportunidade de gol que os rosoneros tiveram foi apenas aos 43 minutos e Inzaghi estava no lugar certo e na hora certa. Em cobrança de falta de Pirlo próximo a meia lua, a bola passou ao lado da barreira e desviou no atacante para vencer o goleiro Pepe Reyna e abrir o marcador da decisão.

Na segunda etapa o Liverpool veio para cima e o zagueirão Carragher quase empatou logo aos 2 minutos em uma cabeçada muito forte. O Milan procurou continuar jogando nos contra-ataques já que o Liverpool teve que se abrir.

Kewell entrou no lugar do apagado Zenden para dar mais força para o ataque inglês e aos 15’ Gerrard recebeu um bom passe pela esquerda, entrou na grande área e quase empatou em um chute rasteiro defendido com segurança por Dida. Minutos depois foi a vez do norueguês Riise arriscar chute forte de fora da área e quase marcar, com a bola passando a esquerda do gol.

O nervosismo e o cansaço dos “Reds” fizeram com que a pressão do início do segundo tempo esfriasse e o capitão Gerrard teve que chamar para si a responsabilidade com chutes longos contra o gol italiano enquanto Kaká não fazia uma partida brilhante mas muito efetiva taticamente.

Rafa Benitez teve que partir pra cima e aos 32’ tirou o volante Mascherano, que fazia uma boa partida, e colocou o centro avante Peter Crouch. Melhor para o Milan, que com a marcação mais aberta chegou ao segundo gol aos 36', após um passe brilhante de Kaká que deixou Inzaghi sozinho na frente de Reyna para tocar na saída do goleiro e fazer seu segundo gol no jogo.

A partir daí o que se viu foi o desespero do Liverpool que foi com tudo para o ataque e esqueceu de se defender, abrindo o meio campo para Pirlo, Seedorf, Kaká e Gattuso tocar a bola como quiseram. Os espaços se abriram e o Milan passou a administrar com categoria a vantagem construída.

Como em 2005, o Liverpool conseguiu achar forças para se erguer e aos 43’, Kuyt, após cruzamento da esquerda, marcou de cabeça e diminuiu a fatura para dar mais vibração ao jogo.Os italianos sentiram um enorme frio na barriga com a pressão que sofreram até o apito final.

O Milan se sagrou campeão pela sétima vez da Liga dos Campeões da UEFA e, de quebra, se vinga da virada de 2005 com uma campanha primorosa e com certeza, tendo como Kaká como o melhor jogador do mundo na atualidade.

Na América

Pela Libertadores da América, o Santos encara o América do México, hoje, às 21h:45m na Vila Belmiro, e têm total condição de avançar para a semi-final após o empate em 0x0 no México. O peixe é favorito não apenas por vir embalado com o título paulista mas também por ter um ótimo retrospecto em casa na competição, com quatro vitórias em quatro jogos. Além disso, o alvinegro praiano está invicto nessa Libertadores.

É Santos na cabeça!


Outro clube brasileiro que vai a campo, hoje, é o Grêmio, que busca reverter os 2x0 que tomou do Defensor Sporting (URU) no estádio Centenário. Jogando com Amoroso como titular no lugar de Diego Souza e sem o meia Lucas que está contundido, os gremistas vão ter que ir para o ataque se quiserem passar para a próxima fase. Tarefa complicada devido a vantagem que será administrada pelos uruguaios com muita “catimba”. Não me arrisco a dar palpites sobre o placar, mas se tivesse que apostar, daria preferência na classificação do Defensor, embora a decisão por pênaltis seja o resultado mais coerente.
O Olímpico estará lotado a partir das 19h:30m na busca pela permanência do time de Mano Menezes na Libertadores da América.


Fechando as decisões de meio de semana, o Boca Juniors(ARG) irá enfrentar amanhã o Libertad(PAR) em Assunção, e não poderá ficar no zero se quiser seguir em frente na competição. O resultado de 1x1 em La Bombonera dá a vantagem do empate sem gols aos paraguaios que já se mostraram muito perigosos ao passaram pelo Paraná clube na oitavas de final.


Ontem, o ascendente Deportivo Cúcuta (COL) conseguiu arrancar um empate em 2x2 com o Nacional (URU) em pleno Estádio Centenário e passou para as semi-finais da Libertadores pois havia vencido o jogo de ida por 2x0. O time, que subiu para a primeira divisão colombiana em 2005 e conquistou o Campeonato Colombiano no ano passado, esta embalado e tem uma das sensações do torneio, a atacante panamenho Blás Pérez, vice artilheiro da competição com 6 gols. Estaria surgindo um novo azarão como o Once Caldas de 2004?



22.5.07

Vendetta ou Replay?


Por André Augusto e Thiago Barretos

Como em um teatro grego, dor e alegria poderão ser vistas no grande palco do futebol, montado no Estádio Olímpico de Atenas. É a final da Champions League 2006/07. E não é uma simples final, pois há quase dois anos, Liverpool e Milan protagonizaram uma das finais mais memoráveis e emocionantes da história do futebol. Naquela oportunidade, os ingleses se sagraram campeões, mas na boca dos italianos ficou um gosto de "quase", numa conquista que parecia tão certa. Como na máfia italiana, o Milan deseja uma vendetta (vingança, acerto de contas, em italiano), enquanto o Liverpool tentará provar que a superação conseguida naquele dia não foi por acaso. É um jogo que adquiriu uma rivalidade peculiar e que será digna dos grandes embates que já ocorreram em solo grego. Portanto, vamos conhecer um pouco mais das duas equipes, que realizarão esse grande embate, que vale a supremacia no futebol europeu.


LIVERPOOL
Boas Lembranças


É inevitável não pensar na primeira parte dessa batalha, realizada em Istambul, no ano de 2005. Depois de praticamente estar perdendo o título para os rossoneros no primeiro tempo, veio a redenção. Uma tarefa digna dos dificílimos trabalhos de Hércules. Para o Liverpool, essa final ainda cheira a Turquia, mesmo com um novo cenário, dessa vez na Grécia.
Além da volta ao passado recente, a base e o treinador permaneceram no Liverpool. Jogadores como Finnan, Carragher, Xabi Alonso, Riise e Gerrard, além do técnico Rafa Benítez, aclamado como um dos melhores treinadores da Europa na atualidade, estavam em campo naquela final. E como em 2005, a equipe é liderada pelo capitão Steven Gerrard, que faz boa temporada. No entanto algumas diferenças técnicas fazem com que essa equipe possa ser mais letal que a de 2005. O meio-campo é menos técnico, mas é muito mais veloz, com os rápidos Pennant e Zenden. Gerrard pode armar o jogo e cadenciá-lo, se for necessário. E ainda pode decidir uma partida com um passe genial, um chute de fora da área ou numa bola parada.
Os Reds jogam normalmente com duas linhas de quatro jogadores, sendo que a defesa fica a cargo dos excelentes marcadores Agger, Carragher, Finnan e Riise (que tem um pouco mais de liberdade pelo lado esquerdo do campo). Na meia cancha, o argentino Javier Mascherano caiu como uma luva no esquema de Benítez. Ele fica na marcação mais forte (provavelmente vai marcar Kaká), ao lado de Xabi Alonso, que é mais técnico e pode ser o elemento-surpresa no ataque e nos chutes de meia distância. Na meia-direita, Pennant é garantia e muita velocidade em cima da defesa milanista, enquanto Gerrard atua na armação, e se for necessário, na marcação. No ataque, Kuyt pode ser garantia de dor de cabeça, pois pode jogar tanto mais próximo à área, quanto ma movimentação pelos lados. Benitez tem a opção de iniciar o ataque com Bellamy, para impor velocidade, ou Crouch, para segurar os veteranos zagueiros do Milan na área. Tudo isso, sem contar a ótima fase pela qual passa o goleiro Pepe Reina, grande herói na classificação para a grande final, ao parar o todo-poderoso Chelsea.

O Liverpool já mostrou que tem tradição quando falamos de Champions League. A equipe vermelha disputou nada menos do que seis finais, nas quais levantou a taça em cinco oportunidades. É o terceiro maior vencedor da história da competição, com apenas uma conquista a menos que o segundo colocado, o próprio Milan, com seis conquistas. O Liverpool já se mostrou um time copeiro na Champions. E pra quem é supersticioso, as equipes entrarão com as mesmas cores nas finais de 2005: Liverpool de vermelho e Milan de branco. Será que os Reds triunfarão novamente?

Campanha na Champions League: 14 jogos – 9 vitórias, 2 empates e 3 derrotas - 21 gols pró e 10 gols sofridos; Em Anfield Road: 6 vitórias, 1 derrota; Fora de casa: 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas.
Jogos: Fase pré-eliminatória: 2X1 Maccabi Haifa (C), 1X1 (F). 1ª fase: 3X2 Galatasaray (C), 2X3 (F); 3X0 Bordeaux (C), 1X0 (F); 2X0 PSV (C), 0X0 (F); Oitavas-de Final: 2X1 Barcelona (F)e 0X1 (C); Quartas-de-Final: 3X0 PSV (F) e 1X0 (C); Semi-Final: 0X1 Chelsea (F), 1X0 (C)[4-1 nos pênaltis].
Time-Base: Reina; Finnan, Agger, Carragher e Riise; Mascherano, Alonso, Pennant (Zenden) e Gerrard; Bellamy (Crouch) e Kuyt.
Destaques: Além da forte marcação da dupla Agger-Carragher, a visão de jogo de Gerrard e o faro de gol de Crouch, vice-artilheiro da competição, com 6 gols.
Olho nele: Mascherano poderá ser o homem que anulará Kaka com marcação cerrada.
Pontos Fortes: Defesa compacta e forte marcação, que podem originar contra-golpes mortais, liderança de Gerrard.
Pontos Fracos: A falta de um poder efetivo de finalização da dupla Bellamy-Kuyt.
História: Não dá pra esquecer a final disputada no dia 25 de maio de 2005, no estádio Atatürk, Turquia. O Milan foi fulminante na primeira etapa abrindo 3-0 (Maldini e Crespo, duas vezes). Mas o Liverpool mostrou um incrível poder de recuperação e conseguiu empatar a partida em apenas 15 minutos, durante a segunda etapa (Gerrard, Smicer e Alonso). Após um prorrogação dramática, a partida foi para os pênaltis, onde o goleiro do Liverpool, Jerzy Dudek, foi o grande herói, defendendo duas cobranças.
Curiosidade: O pai de Pepe Reina, Miguel, já disputou uma final de Champions League, na temporada 1973/74. Miguel, que também era goleiro, acabou perdendo aquela final, onde o Bayern Munique bateu sua equipe, o Atlético de Madrid.


MILAN
Outra tragédia homérica?


Dez finais da Champions League alcançadas. Dessas, sete disputadas somente de 1987 até hoje. Nos últimos 20 anos, o Milan conquistou quatro títulos (em 89, 90, 94 e 2003) e três vices (em 93, 95 e 2005). Um time com este retrospecto seria amplamente favorito? Talvez não...
Desde a perda do título da Champions em 2005 para o Liverpool, a torcida milanista sonha com a oportunidade de uma revanche. Nenhum rossoneri esquece a traumática final de dois anos atrás, quando o Milan começou arrasador, fez 3 a 0 no placar ainda na primeira etapa, mas permitiu a reação inglesa deixando os adversários empatar o jogo no tempo normal e vencerem nos pênaltis.

Para não repetir a tragédia de Istambul – 2005, o time rubro-negro confia na mesma base. A diferença pode ser o inspirado meia Kaká, verdadeiro motor do time que jogando numa posição mais ofensiva começou a, inclusive, marcar gols. O brasileiro é o atual artilheiro do torneio com dez tentos anotados em 14 partidas disputadas e é o maior favorito para conquista do prêmio de melhor jogador do mundo da Fifa, em 2007. Ou seja, tem tudo para ser o grande destaque da partida.
Para municiá-lo, o precavido Ancelotti monta um esquema com 4 meio-campistas: Ambrosini, Gattuso (o símbolo de raça da equipe), Pirlo (um exímio lançador) e Seedorf, que, diga-se de passagem, vive grande fase. Envolvente e habilidoso, o holandês será de vital importância para desmontar a retranca do Liverpool. Será que dessa vez, Los Diavolos conseguirão mostrar sua superioridade individual e vencerão os Reds?
Indubitavelmente, seria um merecido troféu para uma equipe que iniciou a temporada em baixa, desmotivada e quase relegada a Segunda Divisão Italiana, após o escândalo do Calciocaos (que envolvia combinações de resultados entre clubes) e que para disputar a Champions teve de entrar pelas portas dos fundos na fase preliminar de classificação.

Campanha na Champions League: 14 jogos - 8 vitórias, 3 empates e 3 derrotas - 21 gols pró e 10 gols contra. No San Siro: 7 jogos - 5 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Fora de casa: 7 jogos - 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas.
Jogos: 1ª Fase: 1X0 Estrela Vermelha (C), 2X1 Estrela Vermelha (F) Fase de Grupos: 3X0 AEK Atenas (C), 0X0 Lille (F), 1X0 Anderlecht (F), 4X1 Anderlecht (C), 0X1 AEK Atenas (F), 0X2 Lille (C), Oitavas de Final: 0X0 Celtic (F), 1X0 Celtic (C), Quartas de Final: 2X2 Bayern Munique (C), 2X0 Bayern Munique (F), Semifinal: 2X3 Manchester United (F), 3X0 Manchester United (C).
Time-base: Dida; Oddo, (Cafu), Nesta, Maldini (Kaladze) e Jankulovski; Gattuso, Ambrosini, Pirlo e Seedorf; Kaká e Gilardino (Filippo Inzaghi). Técnico: Carlo Ancelotti.
Destaques individuais: Kaká, artilheiro da competição com 10 gols e Seedorf, principal articulador (quatro assistências finais).
Olho nele: Se o jogo estiver muito amarrado, Ancelotti pode inovar e colocar o jovem Gourcuff em campo. A revelação francesa, já mostrou que tem categoria e poderá ser uma grata surpresa diante dos ingleses.
Pontos fortes: A marcação implacável do meio-campo; a criatividade do trio Pirlo-Kaká-Seedorf; a existência de elementos-surpresas, como Jankulovski ou Ambrosini.
Pontos fracos: Dida passa por um momento de instabilidade; Maldini tem categoria, mas é lento; falta um atacante com maior presença de área.
História: Maldini pode tornar-se o primeiro pentacampeão da Champions que atuou em todas as finais.
Curiosidade: Há 44 anos, em 22 de maio de 1963, o Milan conquistava sua primeira Champions League, no estádio Wembley, ao bater na final o Benfica, de Eusébio por 2 a 1, com dois gols do lendário Almafitani. Na ocasião, o capitão do time era Cesare Maldini, pai do atual zagueiro milanês.

20.5.07

Levanta e sacode a poeira...

Jogadores comemoram gol na campanha vitoriosa da Juventus. A equipe retorna à Série A em grande estilo.

Altos e baixos fazem parte da vida. Por erros próprios ou caprichos do destino, certos entraves parecem estagnar nossos horizontes e nos deixar com péssimas perspectivas. Com os clubes de futebol não é diferente. Existem os períodos vencedores, de glória, de êxtase, mas também existem períodos de seca, uruca ou mesmo de incompetência.

Com os principais clubes italianos não foi diferente. Mesmo com a seleção italiana se sagrando campeã do mundo, o futebol na velha bota já estava com uma mancha negra muito grande, causada pela ganância de jogadores, clubes e muitos dirigentes que circulavam os bastidores do Cálcio, no episódio conhecido como Calciocaos.

Para quem não acompanhou o caso, o pavio se acendeu no final da temporada 2005/2006, através de investigações que levaram a justiça italiana a descobrir um esquema complexo entre clubes e árbitros para forjar resultados. Além disso, dirigentes da Juventus foram acusados de assediar jogadores antes do prazo estipulado pela UEFA (de um ano antes do final do contrato). Clubes como Milan, Reggina, Lazio e Fiorentina estavam envolvidos na manipulação e foram punidos com a perda de pontos antes do início do Campeonato Italiano dessa temporada. Mas o maior prejuízo veio para a Juventus, rebaixada à seguda divisão do Cálcio. Além do prejuízo na esfera esportiva, a Juventus teve de amargar um enorme prejuízo financeiro, por conta da perda de polpudas cotas de televisão, uma vez que além do time fazer parte da Série B (começou a disputa com nove pontos a menos), perdeu os dois últimos scudettos e não disputou a Champions League, o campeontato de clubes mais disputado e mais rentável do mundo.

Depois desse “tsunami” em Turim, a Juventus se viu obrigada a se desfazer de suas principais estrelas à época da punição decretada pela justiça (jogadores como Ibrahimovic e Vieira, entre outros). De técnico novo – o promissor Didier Deschamps em lugar do vitorioso Fabio Capello – a Juventus começou a recolher seus cacos. Neste último sábado, a equipe alvinegra conseguiu garantir o seu acesso à Série A, após campanha irrepreeensível, com apenas duas derrotas em 39 jogos. E como não poderia deixar de ser, a principal figura da Vecchia Signora na campanha de recuperação foi Alessandro Del Piero, um dos maiores ídolos da equipe. Artilheiro da Série B italiana com 20 tentos, Del Piero não se abalou com o “enfraquecimento” do elenco e havia prometido levar a equipe novamente a primeira divisão. Além do camisa 10, jogadores, como Pavel Nedved, David Trezeguet e o goleiro Buffon foram peças-chave para levar a Juve de volta à elite do futebol italiano.

E essa temporada não foi de afirmação apenas para a Juventus. Os outros clubes envolvidos no escândalo, cada um à sua maneira, também se esforçaram bastante dentro de campo para limparem a sujeira que eles próprios fizeram. O Milan, punido com a perda de oito pontos, viu as chances de título se esvaírem após um péssimo primeiro turno, sendo que o clube rossonero caminhou durante um bom tempo às portas da zona de rebaixamento. Mesmo com um futebol pragmático, a equipe do técnico Carlo Ancellotti reencontrou o caminho das vitórias. A moral do time subiu tanto que essa crescente elevou o Milan à final da Champions League, despachando nas semi-finais o “todo-poderoso” Manchester United, equipe mais badalada da Europa nessa temporada.
Lazio e Fiorentina (punidas com a perda de 3 e 15 pontos, respectivamente) assimilaram bem o revés e fizeram ótimo Italiano. A Lazio já garantiu vaga para a próxima Champions e a Fiorentina briga por uma heróica vaga na Copa da UEFA. Já a Reggina, afetada com a perda de 11 pontos, briga vorazmente para não ser rebaixada.

Alguns erros são tolos, outros são imperdoáveis. Mas a grandeza de reconhecê-los, assimilá-los e dar a volta por cima faz com que as conquistas ganhem um sabor todo especial e sejam muito mais valorizadas. E quem agradece é o futebol italiano, que volta a ter moral e condições de ver seus melhores times dentro de um campeonato competitivo.

19.5.07

Língua afiada

Muita gente torceu o nariz quando soube do repatriamento do volante Vampeta pelo Corinthians nesta última semana. Uns dizem que ele está velho, outros não acreditam mais no seu futebol, falam que ele está gordo coisa e tal. Mais do que um pretenso reforço, o jogador é uma espécie de “baluarte da polêmica”, aquele que atiça e faz o espetáculo ganhar mais brilho, não apenas pelo seu desempenho com a bola no pé, mas por sua língua afiada e sua postura sempre marrenta.

Mal voltou ao Parque São Jorge, Vampeta já desferiu a seguinte frase para se mostrar presente e provocar o principal adversário: "Vieram me perguntar se eu queria enfrentar o São Paulo e eu perguntei: Que São Paulo? O do Juvenal ou o do Muricy?".
A declaração foi rapidamente rebatida pelo superintende de futebol do São Paulo, Marco Aurélio Cunha com a comparação do jogador com o cantor Zeca Pagodinho por causa de sua fama de boêmio.


Foi da boca do mesmo Vampeta que o termo “bambi” se espalhou e virou denominação para caçoar os torcedores são-paulinos, que ficaram possessos com a comparação do time com o animal dócil e delicado. Não que o gambá defendido pelo volante fosse lá muita coisa, mas o importante é que a polêmica sobre os dois clubes rivais estava instaurada, fruto da irreverência do atleta baiano que proferiu a seguinte frase em 2002:"Costumo ir bem nas finais, principalmente contra os bambis", se referindo a vantagem do Corínthians sobre o tricolor em jogos decisivos na época.

“A coisa ficou pior ainda em 2003 quando ele disse:” "Vamos transformar o Morumbi em um grande circo" durante as finais do paulistão que culminaram no título corintiano sobre o São Paulo.

A presença de figuras linguarudas e performáticas como Vampeta ajudam a manter a magia e a mística que rodeia o futebol. Do que seria o esporte sem a autopromoção do centro avante Túlio, ex-Goiás e Botafogo, que a cada gol marcado pelo seu time corria para câmera, mesmo se o gol não fosse dele? Quem não se lembra das comemorações de gol performáticas de Viola e Paulo Nunes que planejavam cuidadosamente uma a uma dias antes dos seus jogos?
Entre os anos de 1997 e 1999 o ataque do Corinthians contou com a presença de uma figura baixinha e polêmica vinda do Sport Recife que atendia pelo apelido de Mirandinha, assim como o ídolo de décadas passadas. O atacante pernambucano nunca poupou esforços para se declarar o jogador mais rápido e perigoso do Brasil e acirrar ainda mais os clássicos contra Palmeiras e São Paulo.

Quando defendeu o São Paulo, o atacante Amoroso fez questão de polemizar os confrontos contra o Corinthians, prometendo gols e cumprindo. Outro que prometeu e cumpriu foi Edílson do São Caetano, que antes de enfrentar o Timão falou que iria dar duas “canetas” no argentino Mascherano e não decepcionou.

O brasileiro tem sua identidade relacionada à esperteza, a malandragem e a simpatia. Independetemente se Vampeta vai jogar bem ou mal pelo Coríntihains, o importante é que ele é um exemplo claro da irreverência de um povo que procura levar com muito bom humor o dia-a-dia, fazendo com que a rivalidade que existe dentro e fora de campo tenha seu lado cômico e insinuante, dando uma boa apimentada na disputa do campeonato brasileiro deste ano.