28.2.08

Novos tempos para o Athletic

Hoje em dia, os jogadores de futebol, quando alcançam destaque, se evidenciam cada vez mais cedo. Robinho, Messi, Pato, Giovani dos Santos. Os clubes vão cada vez mais cedo buscá-los ainda na fonte ou mesmo criam enormes expectativas quando esse futebolista é formado na sua própria base. Imagine um garoto que, ao mesmo tempo em que começa a alcançar algum destaque, faz história por um clube. Jonás Ramalho, de apenas 14 anos, fez história pelo Athletic Bilbao. Além de ter se convertido no jogador mais jovem a ter vestido a mítica camisa rojiblanca – aos 14 anos, oito meses e 17 dias - durante amistoso desta última quarta, 27, contra o Amorebieta, da quarta divisão espanhola. Ramalho tornou-se o primeiro jogador da raça negra a defender a equipe profissional do Athletic.


Os Leones têm como regra em seu estatuto só contar com jogadores de origem basca, como é o caso do jovem jogador, filho de pai angolano e mãe basca. Em breve, Ramalho e outras promessas da base do Athletic poderão debutar em jogos oficiais, pois Joaquin Caparrós, técnico da equipe, encontra dificuldades para montar o elenco, por conta da restrição aos estrangeiros. O sentimento patriótico dos bascos é tão forte que outra polêmica alheia a estréia de Ramalho divide os torcedores bilbaínos: o jovem lateral-esquerdo de origem catalã, Enric Saborit, de apenas 15 anos, pretende defender as cores dos Leones, vindo do Espanyol, o que ainda divide os torcedores. Mas o processo parece irreversível. Na base da equipe, já existem jogadores oriundos de outros países como Camarões, Itália, França, Colômbia e Portugal, osa quais vieram morar na região ou são filhos de estrangeiros que migraram para o País Basco.

Alheio a isso e ciente a realidade, Caparrós mostrou-se um descobridor de talentos, ao promover José Reyes (atualmente no Atlético de Madrid) e Diego Capel para a equipe profissional do Sevilla.

Curioso com o fato, pesquisei em alguns sites e blogs espanhóis sobre o jovem recordista. As análises são otimistas. Jonás Ramalho é zagueiro e também pode atuar pela lateral-direita. Apesar da altura (1,80m com apenas 14 anos), os jornalistas o definem como “técnico” e “versátil” e que logo ele poderá vestir a camisa das seleções de base da Fúria, já que apesar da autonomia administrativa, o País Basco é ligado à Espanha e por conta disso, a seleção local não pode disputar competições oficiais.

Mesmo permitindo que apenas bascos defendam o clube, o Athletic é um dos únicos times que nunca caíram da primeira divisão (ao Lado do Real Madrid e do Barcelona) e um dos únicos campeões invictos da Liga Espanhola (o outro é o Real Madrid). Também é oito vezes campeão espanhol e 23 vezes campeão da Copa do Rey. E se depender da nova safra da cantera de Lezama que teve a oportunidade de jogar alguns minutos contra o Amorabieta, composta por cadetes como Ramalho e o jovem atacante Iker Muniain, o Athletic pode tentar sair do ostracismo dos últimos anos, quando vem lutando para não cair para a Segunda. Mas será que só os bascos salvarão o Athletic? É o que alguns torcedores começam a se perguntar.

25.2.08

Efeito Juande

Banho de competência: Juande Ramos conquista seu primeiro título pelo Tottenham com pouco mais de quatro meses no cargo.

Há mais de nove anos sem conquistar um título de expressão, o Tottenham vive o céu após amargar o inferno no início desta temporada. Até então intocável, por conta de quase beliscar uma vaga na Champions 2007/08, o então técnico do time Martin Jol foi às compras e gastou muita grana em reforços para os Spurs. Jogadores como Darren Bent e Gareth Bale, entre outros, custaram mais de 40 milhões de dólares – a quarta maior quantia gasta na temporada inglesa. Mas Jol não conseguia dar o padrão de antes ao novo time. E o Tottenham, com elenco em condições de brigar por vaga na Champions League, amargava a zona de rebaixamento em outubro de 2007. Jol foi demitido e a diretoria não hesitou ao contratar seu substituto: Juande Ramos, campeão da Copa do Rey espanhola e Bicampeão da Copa UEFA, ambos pelo Sevilla. Sevilla esse que antes da chegada de Ramos era um médio em decadência e que chegou a amargar a segundona. O salto do ostracismo para o foco do futebol europeu foi gradual. Contratações de jogadores com potencial, a ponto de estourar e o futebol solidário foram as chaves do sucesso do técnico pelo time Palangana. O mundo do futebol sentia o “efeito Juande” pela primeira vez.

Chegando ao time norte-londrino ao final de outubro de 2007 com um os maiores salários da Europa, Ramos sabia que a tarefa seria árdua. Como uma de suas primeiras medidas, mudou a forma de preparação física da equipe, fazendo com que todo o elenco somado perdesse mais de 50 kg. Com mais fôlego, a equipe começou a se reerguer gradualmente. Da 18º posição em outubro de 2007, os Spurs chegaram ao atual 12º lugar, com 32 pontos. Não parece ser muito, mas é um bom recomeço em virtude dos estragos do início de temporada. Ramos atingiu um aproveitamento de pouco mais de 53% à frente do Tottenham, em 28 partidas.

Na final da Copa da Liga Inglesa (ou Carling Cup), o Tottenham tinha boas chances de dar ânimo extra ao seu elenco, defrontando o rico Chelsea, no novo Wembley. Mesmo sendo este apenas o terceiro título em importância na temporada inglesa – atrás do Campeonato Inglês e da Copa da Inglaterra – Ramos poderia começar o seu trabalho no futebol inglês com o pé direito. E após a vitória na prorrogação, com gol sofrido do “sofrido” zagueiro Woodgate (uma espécie de Pedrinho, por conta de seguidas contusões na carreira), Wembley e os Spurs puderam sentir o “efeito Juande”. Com uma zaga forte, liderada por Ledley King e explorando o que tinha de melhor no elenco – as boas investidas dos meias Aaron Lennon e Jermaine Jenas e o oportunismo da dupla de ataque Berbatov/Robbie Keane – o Tottenham encarou o dérbi londrino de igual para igual. E quando o Chelsea veio pra cima, a equipe teve personalidade para segurar o resultado, além de ótima atuação do goleiro Paul Robinson, afastado por Ramos por deficiência técnica até pouco tempo atrás. O goleiro, que foi por muito tempo o titular do English Team, teve dose extra de motivação e fez defesas importantes.

Numa equipe inglesa de potencial financeiro maior, é possível que Juande Ramos repita o ótimo trabalho realizado na Espanha em White Heart Lane? Creio que sim e ainda digo mais: Ele tem tudo para seguir os passos de seu compatriota Rafa Benítez – que vive momento instável no Liverpool – e triunfar numa equipe grande em breve. Um técnico ponderado, que sabe armar o elenco e trazê-lo para si. Sem alarde, mas com bons trabalhos, Juande Ramos vai se firmando como um dos principais treinadores da Europa. Que o digam os torcedores do Tottenham, campeões após nove anos de jejum com um técnico que chegou há pouco menos de quatro meses no cargo.

23.2.08

Embate de Semelhantes

Keita e Demirel: briga acirrada no confronto mais equilibrado das oitavas-de-final desta Champions League

O confronto em si não tem tanto glamour quanto um Liverpool X Inter ou Arsenal X Milan. Contudo, o que aconteceu nesta quarta-feira no Estádio Sükrü Saraçoglu mostrou que Fenerbahçe e Sevilla faziam o mais equilibrado dos confrontos das oitavas-de-final desta Champions. A disposição e características de ambos na partida deram fortes emoções na primeira partida do mata-mata, onde o Fener conseguiu uma vantagem apertada, mas importante para viajar à Espanha e jogar por um empate. O gol de Semih Sentürk a cinco minutos do fim coroou a persistência dos turcos, que só não saíram de Istambul com um placar mais elástico graças a boa atuação do goleiro Andrés Palop.

Trata-se de dois times emergentes no cenário europeu. O Sevilla, atual bicampeão da Copa da UEFA, fez bonito na fase de grupos quando desbancou os ingleses do Arsenal e se classificou como o primeiro do Grupo H. Já o Fenerbahçe se classificou na segunda posição do Grupo G, mas conseguiu fazer o que poucos fizeram nesta temporada: derrotar a Internazionale nesta temporada 2007/08. O crescimento do Sevilla se deu por conta do ótimo trabalho feito por Juande Ramos, atualmente no Tottenham. A base deixada por ele está sendo bem trabalhada por Manuel Jiménez, que tem bons jogadores como o seguro goleiro Palop, o impetuoso Daniel Alves, o “carregador de piano” Poulsen, além dos matadores Kanouté e Luis Fabiano.

Os “Canários Amarelos” de Istambul investiram em um time forte para o centenário da equipe, ano passado. A base montada por Zico levou o Fener a conquistar o último campeonato turco com sobras. O time em si é uma mescla de bons valores turcos - tais como o goleiro Volkan Demirel e os meias Boral e Sahin – com jogadores rodados na Europa, como o experiente Roberto Carlos e o avante Mateja Kezman. Mas o grande maestro da equipe é Alex. O meia, ex-Palmeiras e Cruzeiro, não atuou tão bem contra o Sevilla, mas o escanteio cobrado na cabeça de Lugano mostra que ele sempre está pronto para decidir, deixando a fama de “dorminhoco” que o acometia no Brasil.


Os brasileiros também dão o tom em ambos. Os Palanganas contam com bons valores como os laterais Dani Alves e Adriano, além do volante Renato e de Luis Fabiano, atual artilheiro do time na temporada e que vive a melhor fase de sua carreira. Os 24 gols na temporada até aqui mostram porque ele é o atual centroavante da Seleção Brasileira. Já o Fener conta com seis brazucas: Roberto Carlos, Wederson, Edu Dracena, Deivid, Marco “Mehmet” Aurélio (que se naturalizou turco) e Alex, além de figurinhas conhecidas dos brasileiros como o zagueiro botinudo Lugano e o volante chileno Maldonado.

Para a partida de volta, no Estádio Sanchez Pizjuán, garantia de emoção. O Sevilla precisa de uma vitória simples (até 2-1) para garantir a vaga. E o Fenerbahçe já mostrou que a defesa não é o ponto forte da equipe. Os oito gols sofridos em sete jogos desta Champions mostram que o mapa da mina para os espanhóis são as subidas nas costas de Roberto Carlos, de onde podem sair bons centros para Luis Fabiano e Kanouté, ótimos no jogo aéreo. Apesar da boa qualidade de seus jogadores, o Sevilla peca na criação de jogadas. Mesmo com bons volantes vindo de trás com qualidade, ainda falta um toque de qualidade para que a bola chegue redonda no comando de ataque. Por vezes, Dani Alves assume a criação de jogadas, o que acarreta uma lacuna pela direita. Com Kezman e Deivid formando uma dupla de ataque de qualidade, o perigo vem da meia. O toque diferenciado e as bolas paradas de Alex podem decidir o confronto a favor dos turcos.

O 3-2 da primeira partida mostra que este é o confronto mais parelho e franco desta fase da Champions até aqui, o que por si só é garantia de uma grande partida de volta, no dia 4 de março. E quem passar neste confronto vai dar muita dor de cabeça aos gigantes europeus na fase de quartas.

19.2.08

Guardiães da Nationalmannschaft

A presença de Lehmann na seleção alemã é cada vez mais contestada. Para quem o experiente goleiro passará a camisa 1?


A escola de goleiros alemães é uma das mais tradicionais ao logo dos tempos. Nomes como Sepp Mayer, Toni Schumacher, Bodo Illgner e mais recentemente, nomes como o de Andréas Köpke, Jens Lehmann e o carrancudo Oliver Kahn figuraram com destaque na seleção alemã.

Mas a velha guarda começa a dar sinais de despedida do gol alemão. Oliver Kahn, desde que foi reserva de Lehmann durante a Copa de 2006, não tem mais pretensões em voltar a defender as cores alemãs em grandes competições. E o até outrora incontestável Lehmann está sendo muito criticado por conta de suas irregularidades nesta última temporada. O veterano goleiro do Arsenal, de 38 anos, alterna muitos momentos na reserva dos Gunners, o que lhe traz a falta de ritmo de jogo. Consequentemente, quando vai mal na seleção, questiona-se sua capacidade e necessidade na equipe. O técnico Joachin Löw não esconde sua preferência por “Crazy Jens” – como ficou connhecido Lehmann – mas a irregularidade em seu próprio clube faz com que ele perca espaço no time. Últimos ícones de uma geração, nomes como Kahn e Lehmann vão ficando apenas na memória dos torcedores, o que nos faz pensar quem herdará tal fardo, tão tradicional do Nationalmannschaft?


Muitos postulantes, de todas as idades e com algum potencial para envergar a camisa 1 da Alemanha com dignidade. Um dos que alia experiência com bom nível técnico é o goleiro do Valencia, Timo Hildebrand. Aos 28 anos, faz sua primeira temporada no futebol espanhol, após ter sido campeão alemão no Stuttgart em 2006/07. Vem ganhando gradualmente o seu lugar na equipe comandada por Ronald Koeman, substituindo Cañizares, grande ícone da história recente de Los Che. É figurinha carimbada nas convocações da Nationalelf desde a Eurocopa de 2004, mas esteve sempre sob a sombra de Kahn e Lehmann. Provavelmente, o mais cotado para assumir a titularidade da Alemanha.

Mesmo com o Hannover vagando no meio da tabela da Bundesliga 2007/08, o experiente Robert Enke está se destacando embaixo dos três paus. Apesar de toda sua bagagem internacional – já defendeu clubes como o Barcelona, Benfica e Fenerbahçe – ele só foi titular uma vez com Löw, em março de 2007, na derrota para a Dinamarca. Mesmo assim, Enke figura com alguma freqüência nas convocações alemãs e mostra-se uma boa opção por conta de toda a sua bagagem adquirida ao longo da carreira. Mas ainda deve um pouco em relação aos mais jovens, no que diz respeito a técnica.

Entrando na safra mais “jovem”, podemos falar de Rene Adler. O goleiro do Leverkusen, de 23 anos, mostra-se com o maior potencial desta nova leva de torwalds (goleiros). Eleito o melhor arqueiro do primeiro turno desta Bundesliga, Adler é cotado para debutar em breve na seleção principal, já que só vestiu a camisa da Alemanha nas categorias de base. Está em um ótimo momento, mas ainda necessita de um pouco mais de tarimba.

Outro jovem q
ue é visto com atenção é Manuel Neuer, de 21 anos. O goleiro do Schalke desbancou o experiente Frank Rost, que sem espaço nos Azuis-reais acabou rumando para o Stuttgart nesta temporada. Adler surgiu como um cometa em Schalke, chegou a treinar com o Nationalelf em algumas oportunidades, mas ultimamente vem mostrando muita instabilidade, principalmente em jogos importantes, como contra o Chelsea na fase de grupos da Champions 2007/08. Mesmo assim, tem passagem pelas categorias de base da Alemanha e muitos acreditam que é questão de tempo até que Neuer exploda de vez e brigue com unhas e dentes por um lugar constante no grupo de Löw.

Mesmo nomes como o instável Tim Wiese - que vive boa fase no Werder Bremen - e o jovem Michael Rensing, ainda saindo da grande sombra de Oliver Kahn no Bayern de Munique também engrossam o corpo de pretendentes à camisa 1. A renovação alemã, que se iniciou com Klinsmann após a boa campanha na Copa de 2006, está em curso pelas mãos do atual técnico Joachim Löw. Bons valores surgem para preencher a grande lacuna que será deixada pelo eminente fim de carreira de Kahn e Lehmann. Cabe a Löw incumbir ao seu “homem de confiança” as chaves de tranca da meta alemã.

16.2.08

Lo primo scatenato

Com uma campanha incontestável até o momento e onze pontos a frente do segundo colocado, a Internazionale de Milão já pode começar a comemorar o tricampeonato italiano. A Nerazzurri, que no início desta década foi motivo de chacota dos adversários e críticos por ficar vários anos na fila de títulos, hoje é disparada a melhor equipe da Itália e mostra que possui um plantel equilibrado e eficiente.

Sendo o Milan uma ameaça por causa de seu time entrosado e elenco de qualidade, a Inter se aproveitou do fato do adversário ficar ressaqueado com o título da Champions e do Mundial Interclubes e tratou de disparar na ponta da tabela enquanto os rossoneros tropeçavam no início da competição. Passadas vinte e três rodadas, o que se nota é que o Milan no máximo brigará para a vaga da Copa dos Campeões enquanto a Inter, pelo segundo campeonato seguido, só tem que se preocupar com a Roma.

O que impressiona nos números da Inter é o fato da equipe estar ainda invicta na competição com dezoito vitórias e cinco empates, algo muito difícil de manter enfrentando adversários como Juventus, Fiorentina, Roma e Milan. Mérito do elenco e do técnico Roberto Mancini que desde a temporada 2004/2005 assumiu o grupo e o tornou vencedor com duas Copas da Itália e dois Italianos (o título da Juventus na temporada 2005/2006 foi retirado e dado à Inter).

A perda de jogadores como Adriano, Kily Gonzalez e Alvaro Recoba não mexeu na estrutura do elenco que possui uma base antiga, com jogadores que estão em média três temporadas no time. O meio campo marcador e articulador composto por Vieira, Cambiasso , Stankovic, Figo e o recém contratado Maniche, carrega a bola para seu ataque que anda inspirado. Ibrahimovic vive seu melhor momento no clube. Julio Cruz aos poucos se firma como titular. Junta, a dupla já marcou vinte e quatro dos quarenta e oito gols do time no torneio. Isso sem falar em David Suazo que já fez sete gols no campeonato. Outro destaque da equipe é o goleiro titular da seleção brasileira, Júlio César, que sofreu apenas treze tentos nesta Série-A.

Dia dezenove de fevereiro o time vai enfrentar o Liverpool no Anfield Stadium na partida de ida das oitavas de final de Champions e, como os italianos se encontram em um momento muito favorável, não seria nenhum absurdo apostar que os Reds terão muita dificuldade para passar de fase dessa vez. A Inter luta pelo seu terceiro título da Copa dos Campeões da UEFA e nesta temporada pode se considerar um dos favoritos ao caneco. Uma volta por cima de um clube tradicional que apostou na manutenção de peças para chegar aos triunfos. Uma prova que planejamento de médio e longo prazo ainda tem muito espaço no mundo do futebol.

14.2.08

Eterna Promessa

Denílson tem nova chance com a camisa do Palmeiras: risco ou sucesso?

Em meio aos jogadores badalados trazidos pela Traffic, Denílson chega de graça ao Palmeiras como uma mera sombra daquele jogador promissor que deixou o São Paulo, 10 anos atrás. Aspirante a craque, seu futebol "moleque" surgiu em meio as categorias de base do São Paulo, ainda avalizadas pelo grande Telê Santana. A rapidez e o drible fácil do garoto encantavam, o que lhe rendeu algumas comparações a jogadores da época, como Dener, meia arisco que havia falecido há pouco tempo. Jogador da geração "Expressinho", assim como Rogério Ceni, Bordon e Caio, entre outros, esteve no elenco que conquistou a Conmebol em 1994, em equipe comandada pelo técnico Muricy Ramalho.

Alçado a titular rapidamente, as boas atuações logo o levaram a ser uma das principais estrelas do time. O seu auge na equipe do Morumbi foi a final do Paulistão de 1998. Ao lado de França e do então recém-chegado Raí, Denílson infernizou a zaga alvinegra, ajudando o São Paulo a desbancar a base do time que dominaria o futebol brasileiro nos dois anos seguintes.

Vendido ao Betis por cerca de 25 milhões de dólares, rumou à Sevilla tão badalado quanto Robinho e Pato atualmente. No entanto, Denílson não vingou no Betis, de 1998 a 2005 (com breve passagem pelo Flamengo em 2000). Alternando momentos bons e ruins, caiu com o Bétis em 1999/2000. Os lampejos do jogador dos tempos de São Paulo eram cada vez mais raros e em 2005, ele resolveu tentar a sorte no Bordeaux. O seu potencial aliado ao nível técnico mais baixo da Ligue One indicava que finalmente era a chance dele estourar na Europa. Não o fez, pois alternava entre as poucas chances e o futebol escasso. A partir do novo fracasso, começou a perambular no Al Nassr e o Dallas FC, também com discrição. Depois de muito insistir, finalmente conseguiu ser contratado pelo Palmeiras. Um contrato de risco, que será renovado de acordo com a produtividade do jogador no alviverde de Pq. Antártica.

Os lances mais marcantes da carreira de Denílson, além do excelente Paulistão de 1998 e boas participações com a Seleção durante a Copa das Confederações de 1997 e a Copa América de 1998, se resumem a dribles. Particularmente, me recordo de dois, ambos com a camisa canarinho: um, em jogo contra os paraguaios, onde o lateral Arce pretendia isolar a bola com um chutão. A astúcia do jogador fez com que ele colocasse a bola entre as pernas do lateral guarany, que chutou o vento; o outro é da Copa de 2002 - a segunda de sua carreira - onde o Brasil vencia os turcos na semi-final e Denílson segurava a bola na lateral. Foi então que veio uma verdadeira legião turca em seu encalço.

Com presenças regulares no Brasil entre 1997 e 2003 - principalmente nas Eliminatórias e na Copa de 2002 - ele nunca foi o jogador mais destacado do elenco, tampouco um jogador essencial. Quase sempre era o coadjuvante, que entrava no segundo tempo para prender a bola e puxar contra-ataques. Muito pouco para quem pintava como um verdadeiro jogador world class.

Mais velho, chega ao Palmeiras, onde deverá esperar pacientemente uma oportunidade em um meio-campo composto por Valdívia e Diego Souza. Na minha concapção, é um ótimo driblador, mas penso que sempre pecou pela falta de objetividade em muitos dos lances. Ele não possui a noção de "Futebol Vertical", tal qual Zidane e Kaká fazem com maestria.

A alcunha de eterna promessa lhe cai como uma luva. Mesmo assim, ele tem uma de suas últimas boas chances na carreira, ao jogar no Palmeiras. Se não vingar, poderá iniciar um mergulho certo rumo ao ostracismo.

13.2.08

Cabeçudo

Dia 02 de novembro de 2004, estádio Mestalla em Valência. A inter de Milão empatava em zero a zero com o Valência e garantia a classificação para a segunda fase da Liga dos Campeões. Aos 46 minutos do segundo tempo o zagueiro Caneira se estranha com o atacante Adriano em uma joga isolada, dá um tapa no brasileiro e recebe de volta um forte soco no pescoço.


A agressão acintosa do “Imperador” foi justificada como uma reação natural ao soco que tomou do jogador português e por isso o atacante foi punido com apenas dois jogos de suspensão, mesmo assim, a imagem do lance não deixa de chamar a atenção por seu alto grau de violência.


No último domingo a personalidade explosiva do craque se fez presente novamente. A tentativa de cabeçada no jogador Domingos aos 49 minutos do segundo tempo da partida contra o Santos demonstra que Adriano ainda possui altos e baixos mentais além de revelar que o atleta usa primeiro a cabeça para bater para depois pensar.

A justificativa do jogador se resume nas diversas faltas que sofreu ao longo da partida vencida pelo São Paulo por 3 a 2 e que culminaram em um lance isolado na área do Peixe no final do jogo. Domingos trombou no centro avante que após cair no chão tratou logo de se levantar e tentar cabecear o adversário.

A expulsão do jogador e a súmula do árbitro Antônio Rogério Batista do Prado serão analisadas pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol e, se for condenado, Adriano pode ficar de fora de todos os jogos do São Paulo no Paulistão 2008.

Sem dúvida um ato que mancha o retorno do “Imperador” aos gramados num momento em que poderia continuar ajudando o tricolor com seus gols. Atitude no mínimo impensada de um atleta que não é nenhum pouco inexperiente e que busca melhorar sua imagem no mundo do futebol. Assim fica difícil!

10.2.08

O conjunto prevalece

Entrosamento e jogo conjunto: decisivos para o Egito atropelar os badalados e favoritos na conquista do hexacampeonato da Copa Africana de Nações.

No início da Copa Africana, os holofortes estavam acesos nos jogadores africanos badalados do futebol europeu: Drogba, Eto’o, Essien, Martins. No entanto, no final, os que fizeram a diferença foram atletas como Essan El-Hadary e Mohammed Aboutrika (ambos do Al-Ahly), Hosny (Ismailly) e Amr Zakr (Zamalek), todos jogadores de clubes egípcios. O triunfo na Copa Africana, conquistada pelo Egito, nos mostra que não é possível se montar uma equipe se valendo apenas de valores individuais. É necessário agregá-los em um conjunto, numa filosofia de jogo. Fazê-los render em prol da equipe, e não olhando para si próprio. É o que falta as seleções africanas para que elas possam finalmente alcançar algum destaque em torneios internacionais, assim como a Grécia na Euro 2004 e a Coréia do Sul com uma semi-final de Copa do Mundo, em 2002.


Chaves do hexa - Entrosamento

Como dito na introdução, o grande trunfo dos egípcios é a força do elenco. Do elenco campeão em 2006, manteve-se a base. Além do técnico Hassan Sherata, outros dez jogadores do elenco atual estavam presentes na última competição, onde o Egito chegou ao título jogando em seus domínios. E numa competição onde os jogadores das outras seleções vinham de diversas partes da Europa, o entrosamento era um dos diferenciais dos Faraós. Some-se a isso o fato de que dos 23 jogadores do elenco, 17 atuam na liga local, a Egypt Premier League e outros dois jogam em países árabes. Apenas quatro jogadores atuam no futebol europeu. E isso faz a diferença, pois o fato do técnico ser egípcio e a maioria dos jogadores atuarem dentro de seu país de origem faz com que o time adquira rapidamente o estilo de jogo pedido pelo técnico.

Esquema tático

Jogando em um 3-4-1-2, onde Sherata fortalecia a defesa, liderada por Ibrahim Said. Shady, zagueiro mais técnico e Gomaa, mais pesado e melhor no jogo aéreo, fechavam a defesa, comandada pelo ótimo goleiro El-Hadary. No meio, o técnico promoveu algumas mudanças ao longo da CAN, pela gama de opções que tinha no banco. Ahmed Hassan, voltando de contusão, ficou no banco inicialmente. Sherata utilizava Hassan ou Zidan – jogador mais técnico da equipe –na função do “número um”, na transição entre meio e ataque. Vindo de trás, Hosny e Shawky marcavam e davam rapidez na saída de bola, enquanto Fathi e Moawad ficavam nas alas. A referência era Zaky, que mostrou melhor futebol a partir da fase mata-mata. Aos poucos, Aboutrika também foi conquistando seu espaço no time, ora atuando como meia, ora como segundo atacante.

A variabilidade de opções se mostrou um fator importante, pois o técnico egípcio escalava o time de acordo com o adversário.

Jogadores-chave

El-Hadary – O goleirão foi tão decisivo quanto os meias e atacantes do time. Melhor goleiro do torneio, segurou o ímpeto de Drogba nas semi-finais da CAN, quando a equipe dos Elefantes partiu pra cima dos Faraós. A exemplo de 2006, quando pegou os pênaltis para a conquista do penta, foi peça fundamental para a conquista de 2008.

Hosny Abd Rabo – O camisa oito foi o grande faz-tudo dessa equipe. Marcou, saiu bem para o jogo e foi incisivo nas bolas paradas e de longa distância. Os quatro gols, além das assistências foram fundamentais para a conquista egípcia.

Amr Zaky – O centro-avante passou quase desapercebido na primeira fase, quando anotou apenas um golzinho contra a fraca Zâmbia, em jogo onde o Egito já tinha garantida a classificação para a próxima fase. Mas na hora que o bicho pegou, ele estava lá. Gols decisivos contra Angola e Costa do Marfim dão a ele boa parte dos créditos deste título.

Mohammed Aboutrika – Ganhou sua posição durante a CAN e ainda marcou gols importantes. Em 2006, garantiu o título após converter o pênalti derradeiro contra a Costa do Marfim. Jogando novamente o torneio em Gana, o meia-atacante sacramentou a vitória na final após belo passe de Zidan.

Nos jogos decisivos, onde se creditava toda a esperança em Drogba e Eto’o, a zaga do Egito se mostrou enorme, minimizando a ação das estrelas africanas. E a organização e a calma que faltaram a times como Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Camarões, sobrou ao Egito. Que fez jus a esse hexacampeonato pela técnica e “falta de estrelismo” mostradas nos campos ganeses. O Egito sai de Gana ratificado como o grande campeão do continente africano, ao conquistar seu sexto título (1957, 1959, 1986, 1998, 2006 e 2008), deixando os rivais camaroneses para trás, com apenas quatro títulos (1984, 1988, 2000 e 2002).

O grande mistério, no entanto, é outro: Será que o Egito consegue se classificar para a Copa do Mundo - fato que não ocorre desde 1990, na Itália - sem “amarelar” novamente? É hora de pôr as lições aprendidas nessa CAN em prática, pois contar com um time que joga um futebol tão consciente e coletivo seria muito benéfico para aumentar o nível técnico de uma Copa.

9.2.08

Premier League World Tour?

Campeonato Inglês tipo exportação. Essa é a idéia que está sendo cultivada com carinho pelos manda-chuvas organizadores da Barclays Premier League, atualmente a liga nacional mais vista do planeta, onde os seus principais clubes dividem uma verba de mais de um bilhão de dólares. A idéia do World Tour, além de uma maior difusão da liga e dos times ingleses pelo mundo ( atualmente, a SKY Sports, que distribui os diretos do campeonato para o mundo, o retransmite para mais de 200 países) é de arrecadar mais dinheiro aos clubes da terra da rainha. O lucro obtido com essa rodada extra da Premier League – que inicialmente, não valeria para o resultado final do campeonato – seria dividido igualmente aos participantes.

A “globalização” acelerada da Premier League se deu pelo seu grande crescimento nos últimos anos, onde a maioria dos jogadores world-class deixaram de rumar para centros mais tradicionais, como Espanha e Itália, e optaram pela Inglaterra. Conseqüentemente, a competição subiu de nível e se tornou a melhor da Europa, na minha opinião. Jogadores como C. Ronaldo, Fábregas, Drogba, Terry, entre outros, são os melhores em suas posições, o que garante bons espetáculos e estádios sempre lotados.

Os ingleses acreditam tanto nesse filão a nível mundial que muitos deles já fazem pré-temporada na Ásia, mercado que mais consome a marca Premier League. Fidelizar torcedores garante a aquisição de produtos oficiais dos clubes, elementos que garantiriam mais renda. Um circulo vicioso de muitas cifras, o qual consequentemente deixa todos os times da Liga mais estruturados, melhorando ainda mais o seu nível técnico.

Inicialmente, os jogos extras seriam disputados em cidades asiáticas da China, Malásia, Hong Kong, entre outras árabes, africanas e americanas. Mesmo enfrentando resistências de algumas personalidades inglesas, como o técnico Alex Ferguson, a idéia de se criar uma rodada extra mostra a força da Premier League, tanto técnica, quanto economicamente. Noções de mercado e marketing que o Brasil deveria ter, pela grandeza de seus clubes e torcedores. Mas infelizmente, os dirigentes daqui só pensam em vender jogadores e escalar o time para favorecer “a” ou “b”. Lamentável.

7.2.08

Vale a pena acompanhar!

O campeonato inglês pega fogo faltando um terço para seu final

Com uma disputa acirrada pelo título inglês da temporada 2007/2008, Arsenal, Manchester United e Chelsea fazem da competição a mais interessante da Europa em termos de emoção e competitividade.

A briga ponto a ponto pela liderança da Barclays Premier League resulta em equipes se alternando a cada rodada na primeira posição, como no caso de Arsenal e Manchester United que desde o início do campeonato estão na ponta de cima da tabela lutando pelo primeiro lugar. Graças a combinações de resultados e alguns pequenos tropeços dos dois líderes, o Chesea se aproxima aos poucos da dupla e já se encontra quatro pontos atrás do, hoje, vice-líder Manchester, que possui 58 pontos.

Poucos apostariam no líder Arsenal (60pts) no início do campeonato. Além de ter perdido várias peças no início da temporada como Ljunberg, Henry, Júlio Batista, Lauren e Aliadere, o time londrino não fez muitos investimentos. A aposta no brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva deu resultados com boas exibições além do bom desempenho do francês Bacary Sagna, que veio como incógnita do Auxerre.

O que se nota na equipe dos Gunners é um grande crescimento técnico de alguns jogadores como Clichy, Flamini, Djourou e principalmente o atacante Adebayor, que é peça crucial na boa campanha da equipe. O togolês tem uma enorme capacidade de finalização, força física e está mais confiante após ter se tornado o principal atacante do time. Somado tudo isso ao meio campo entrosado composto por Hleb, Fabregas, Van Persie, Rosicky, o Arsenal demonstra que as incertezas do inicio da temporada ficaram para trás e o elenco é muito competitivo, visto que está nas oitavas de final da Champions League bem cotado nas casas de apostas para passar pelo atual campeão Milan.

O Manchester United, sim investiu. Trouxe Tevez, Anderson, Nani, não perdeu nenhum jogador relevante no elenco e por isso também colhe bons frutos. A qualidade ofensiva mais uma vez é a marca desse time que demonstra nas jogadas mágicas de Cristiano Ronaldo e na velocidade de Rooney como é difícil seu ataque ser parado pelas defesas adversárias.

Comandados dentro de campo por Frank Lampard, os blues do Chelsea cresceram na competição. Saíram do sexto lugar para a terceira posição e hoje tem possibilidade até de título faltando treze rodadas para o final do torneio. Didier Drogba mais uma vez é a referência no ataque visto de Schevchenko demonstra não ter se adaptado mesmo ao futebol inglês. Michael Ballack vem desencantando aos poucos e a equipe continua na mesma batida da temporada passada: vence seus jogos com placar magro, não mostra um lindo futebol mas demonstra força suficiente para assustar os líderes.

Se ainda houver dúvida se o campeonato inglês esta mesmo interessante de se acompanhar ainda tem a luta de Everton, Liverpool, Aston Villa e Manchester City por uma vaga na pré-Liga dos Campeões do ano que vem. Na próxima rodada, dois clássicos: Manchester United enfrenta o Manchester City e no Stamford Bridge o Chelsea pega o Liverpool. Ótimos confrontos com a certeza de bom futebol, marca desta temporada inglesa!

5.2.08

Times Grandes, Futebol Pequeno

Passadas seis rodadas do Paulistão 2008 o que não se viu foram atuações de dignas de times grandes durante as partidas dos quatro favoritos do torneio.


O São Paulo, badalado com a contratação de Adriano e os reforços Fábio Santos e Carlos Alberto, não consegue engrenar a máquina que conquistou o Brasileirão 2007 e a “duras penas” venceu três jogos e empatou outros três. Por mais que seja a única equipe invicta da competição, o tricolor vai precisar melhorar muito seu sistema ofensivo, pois em seis jogos fez apenas 7 gols.

O Palmeiras começou 2008 prometendo mudanças e títulos. No banco de reservas o estrategista Vanderlei Luxemburgo teve o aval da diretoria para comandar o andamento das negociações de reforços. Alex Mineiro, Lenny e Diego Souza são uns dos nomes de peso que o verdão contratou na busca de um título que não conquista há doze anos, porém dentro de campo a equipe está tropeçando e a derrota para o Noroeste no final de semana causa desconfiança no elenco que já não vence há três jogos.

No Corínthians o fantasma que rondou o clube em 2007 parece que ainda não foi totalmente banido do Parque São Jorge. Por mais reformulações de elenco e comissão técnica que o timão tenha feito, o time acumula três empates seguidos sem gols , demonstrando que a deficiência ofensiva do ano passado ainda assombra o ataque corinthiano.

Dos quatro grandes o Santos é o que mais preocupa. Atual campeão paulista, o peixe hoje se encontra na décima oitava posição, na zona de descenso. Mais perigoso que o rebaixamento é o futebol medíocre que o time de Leão demonstra em seus jogos. Ataque ruim e defesa confusa. Problemas internos envolvendo jogadores como Alemão e Thiago Luís e o próprio técnico, que mostra não estar a vontade na direção de uma equipe que não teve muitos reforços para 2008 e ainda perdeu uma importante peça de sustentação como o chileno Maldonado.

Tá certo que tem muito campeonato pela frente, mas como já previa nosso colega Jota Assis no início do campeonato(ler texto), os times grandes ainda não demonstraram futebol de alta qualidade e estão deixando pequenas equipes do interior se equiparar aos seus investimentos, pois dentro de campo, mais do que contratações milionárias, tem que se fazer valer, acima de tudo, o peso da camisa.

4.2.08

Kanouté: melhor africano?

37 anos após seu compatriota Salif Keita, o malinês Kanouté é eleito como o melhor jogador africano.

Em meio ao clima de Copa Africana de Nações, foi eleito o melhor futebolista africano de 2007. Que aliás não é nascido na África. O malinês Frédéric Kanouté é nascido na França, chegou a atuar nas categorias de base dos Bleus, mas optou por seguir as suas raízes familiares, oriundas do Mali. Com passagens por Lyon, West Ham, e Tottenham, foi no Sevilla que o jogador atingiu a plenitude técnica. Com exceção feita a última final da Supercopa Européia, o atacante marcou em todas as finais em que o Sevilla esteve presente nos últimos dois anos, mostrando todo o seu faro de gol.

Um dos principais jogadores da era vitoriosa de Juande Ramos a frente do Sevilla, Kanouté foi aclamado como o melhor africano de 2007, numa eleição que envolveu os técnicos de todas as seleções do continente negro. O atacante malinês deixou para trás o também atacante Didier Drogba e o volante ganes Michael Essien, ambos do Chelsea. Mas seria merecida essa eleição de Kanouté?

Pelo ponto de vista da contribuição para o time, da importância nas recentes conquistas, talvez a resposta seja afirmativa. Kanouté foi decisivo no bicampeonato da Copa da UEFA, no título da Copa do Rey e para que o Sevilla figurasse como a principal força emergente na Europa atualmente. Tanto que a equipe está na fase de oitavas da Champions e tem boas chances de classificação. Mas técnicamente, numa análise fria e o comparando a Drogba, segundo colocado, acredito que o marfinense leva vantagem. Marcou muitos gols, como Kanouté, mas não conseguiu conduzir a equipe londrina às conquistas. Drogba é mais frio nas conclusões e no jogo aéreo. Kanouté é mais veloz e se movimenta mais, fazendo boa dupla com Luis Fabiano, de características semelhantes a do malinês. Essien, mais uma vez ficou com a terceira colocação, como já havia ocorrido em 2005 e 2006. Talvez a sua posição seja ingrata para que seja escolhido como melhor jogador, mas trata-se do principal jogador de Gana, que marca bem, sabe apoiar, chega bem no ataque e é versátil. Tanto que a sua importância no esquema tático do Chelsea vai crescendo a cada dia, fazendo com que o ganês seja tão imprescindível como Drogba no time do técnico Avram Grant.

Kanouté se junta a Salif Keita no hall dos jogadores de Mali premiados com a honraria de melhor atleta de futebol da África. Conseguiu levar a seleção de seu país até a CAN 2008, onde sua seleção não se classificou por pouco. Mesmo assim Kanouté, mais uma vez, consegue anotar seu nome na história do futebol africano. Com todas as contestações que possam ser feitas, o prêmio está em boas mãos.

3.2.08

Copa Africana – Segunda Fase – Parte II

Tunísia (1ª do Grupo D) X Camarões (2ºdo Grupo C)

Duelo de artilheiros: Eto’o vs Francileudo

De um lado o maior artilheiro da Copa Africana de Nações de todos os tempos e atual goleador da competição em 2008, Samuel Eto’o. Do outro, o atacante brasileiro naturalizado tunisino Francileudo dos Santos. O duelo de matadores é a maior atração desse embate. Camarões é um time mais forte fisicamente, de bons volantes como Géremi e Alexandre Song. Mas quando enfrentou uma seleção mais articulada no ataque – o Egito, na primeira partida – Camarões sofreu com as falhas defensivas e é essa a brecha a ser explorada pela Tunísia. Além do experiente Francileudo, a equipe também conta com Issam Jomaa, que vem abrindo espaços e marcou um gol até aqui na competição. Atrás, conta com a experiência do zagueiro Haggui, que atua no futebol alemão e do meia Nafti, que atua pelo Birmingham inglês. É o jogo de duas escolas diferentes dentro do continente africano. O da África negra, futebol de mais força e velocidade, contra o da África árabe, de mais cadência, técnica e toque de bola.

São nada mais nada menos do que cinco títulos africanos em campo. Garantia de uma partida equilibrada e aberta, por se tratarem de duas das melhores equipes do continente.


Tunísia

Time-base: Kasraoui; Haggui, Mikari, Ben Fredj e Jaidi; Ben Saada, Nafti, Mnari e Traoui; Chikhaoui (Jemaa) e Francileudo
Destaques: Francileudo (Toulouse) Haggui (Bayer Leverkusen) e Nafti (Birmingham)
Olho nele! O meia Ben Saada e o atacante Issam Jomaa, ambos de 23 anos. Dã
o a mobilidade que o ataque da equipe do experiente técnico Roger Lemerre necessita.
Pontos fortes:
Francileudo é diferenciado e pode decidir a qualquer momento. É uma equipe de bom toque de bola.
Pontos fracos:
O goleiro Kasraoui é um pouco inseguro. Falta o time encaixar uma grande partida, já que só ganhou da fraca África do Sul na fase de grupos.


Camarões

Time-base: Kameni; Binya, Bikey, Rigobert Song e Atouba; Geremi, Alexandre Song, Makoun (Mbami) e Emana (Epalle); Job (Idrissou) e Eto’o
Destaques: Eto’o (Barcelona). Kameni (Espa
nyol), Géremi (Newcastle) e Bikey (Reading)
Olho nele! O zagueiro Bikey, do Reading. Rápido e versátil, pode atual tanto como lateral quanto como zagueiro..
Pontos fortes: Eto’o, retornando de granve lesão, readquire cada vez mais rápido ritmo de jogo e o faro de gol. Descidas de Géremi pelo lado direito são perigosas e Kameni é seguro no gol.
Pontos fracos: Eto’o não conseguiu se entrosar com o parceiro de ataque. Tanto Job quanto Idrissou estão devendo. A defesa é vulnerável

Aposta Opinião FC: Camarões 65%, Tunísia 35%

Egito (1º do Grupo C) X Angola (2º do Grupo D)

Duelo “africano” no banco

Das oito equipes sobreviventes na Copa Africana, apenas Egito e Angola têm técnicos africanos. Hassan Sherata é o técnico que levou o Egito até a conquista da última CAN, em 2006. Com a base do elenco campeão, é um dos favoritos a levar o título, ao lado de Gana e Costa do Marfim. Mesmo com a maioria do time atuando dentro do futebol egípicio ou árabe, é uma equipe experiente dentro da África. Os bons jogadores que atuam fora do país também contribuem para colocar o Egito em alto patamar técnico. A maior estrela da equipe é Mohammed Zidan, que joga no futebol alemão. Mas outros jogadores dividiram com ele a tarefa de conduzir os Faraós ao ataque, como é o caso do meia Hosny. Dois gols credenciaram o meia, com passagem pelo Strassbourg, como uma grata surpresa na competição. No título de 2006, Hosny não pôde estar presente junto ao elenco campeão, pois se machucou às vésperas do torneio. Outro jogador de qualidade na meia é Ahmed Hassan, do Anderlecht. Dono de duas conquistas continentais pela seleção egípicia, foi o vice-artilheiro e melhor jogador da última CAN. Hoje, é opção no banco de Sherata, mas pode entrar para decidir. Joga no 3-4-1-2, onde Zidan é o “1”, enquanto o meia Shawky chega com mais qualidade à frente.

Do outro lado, a seleção de Angola, comandada pelo técnico Oliveira Gonçalves, surpreendeu ao se classificar, deixando a boa equipe do Senegal fora da fase final. Depois da surpreendente classificação para a Copa de 2006, os Palancas Negras dão mostras da sua evolução e crescimento dentro do futebol africano. Mesmo assim, o time é franco-atirador contra o Egito, pois ainda lhes falta um pouco mais de malícia e aplicação tática. A vontade demonstrada na vitória decisiva frente aos senegaleses na fase de classificação pode ajuda-los novamente neste difícil confronto. O grande destaque, certamente, é o avante Manucho, recém-contratado junto ao Manchester United. O vice-artilheiro da Copa Africana é eficaz no jogo aéreo e muito forte, tornando-se uma referência para a equipe. Há jogadores dedicados no meio, como André Macanga e Zé Kalanga. No entanto, como foi dito, ainda falta uma pitada de malícia aos Palancas Negras. E isso pode pesar no confronto contra o maior campeão do continente, o qual busca o hexacampeonato.


Egito


Time-base: El-Hadary; Said, Gomaa e Fatallah; Fathi, Moawad, Hosny, Shawky e Zidan; Moteab e Zaki (Aboutreika)
Destaques: Zidan (Hamburgo), Shawky (Middlesbrough) e Said (Ankaragücü)
Olho nele! O meia Hosny marcou dois gols e ajudou a pôr o experiente Ahmed Hassan no banco. Mostrou ser rápido e foi decisivo, com bons chutes de média distância.
Pontos fortes: Meio de campo técnico, com Zidan como cérebro pensante. Shawky e Hosny também chegam bem como elementos-surpresa. O goleiro e capitão El-Hadary dá segurança a defesa.
Pontos fracos: O ataque é ineficiente, tamanha a qualidade dos meio campistas do time. Dos oito gols da equipe na primeira fase, só um foi anotado pelo ataque dos Faraós.


Angola

Time-base: Lamá; Marco Airosa, Kali, Rui Marques e Asha; André Macanga, Gilberto (Figueiredo), Mendonça (Zé Kalanga) e Maurito; Flávio e Manucho
Destaques: Manucho (Manchester United), Rui Marques (Leeds) e Mendonça (Belenenses)

Olho nele! Manucho está se destacando como a grande referência dos Palancas Negras. Os três gols marcados até aqui animam Alex Ferguson no Manchester United, pois o técnico ganhará mais uma interessante opção de ataque.
Pontos fortes: Além das bolas aéreas, a defesa se postou bem até aqui, pois sofreu apenas dois gols.
Pontos fracos: Falta um articulador mais eficiente e marcação mais forte sobre os adversários.

Aposta Opinião FC: Egito 85%, Angola 15%.

1.2.08

Copa Africana - Segunda Fase - Parte I

Na primeira fase da Copa Africana de Nações, os melhores elencos prevaleceram e praticamente não tivemos nenhuma surpresa, exceto, talvez, pelas eliminações de Marrocos e Senegal frente a Guiné e Angola, respectivamente. No próximo domingo, 3 de fevereiro, iniciam-se as quartas-de-finais e o Opinião FC mostra um pouco sobre estes equilibrados embates:

Gana (1º do Grupo A) X Nigéria (2º do Grupo B)

A tradição é suficiente para superar os donos-de-casa?

Gana e Nigéria caíram no mesmo grupo na última edição da Copa Africana de Nações, em 2006. Na ocasião, vitória dos nigerianos por 1 a 0. De lá para cá, dois anos se passaram e muita coisa mudou. Apesar de sentirem a ausência do meia Appiah (lesionado), os ganeses, anfitriões do torneio, são amplos favoritos diante das Águias Verdes. Não apresentaram um futebol de encher os olhos, mas deverão chegar ao triunfo graças a boa presença de área do avante Asamoah Gyan e dos bons chutes de média distância do meia Muntari. Para conseguirem repetir suas últimas 4 participações (quando alcançaram, ao menos, às semi-finais do torneio), os nigerianos dependerão da versatilidade do jovem Obi Mikel e da boa fase de Yakubu. Parece pouco.

Gana

Time-base: Kingson; Pantsil, Sarpei, Mensah e Addo; Essien, Muntari, Kingston (Annan) e Owysu; Asamoah Gyan e Agogo.

Destaques: Essien (Chelsea), Muntari (Portsmouth), Gyan (Udinese) e Mensah (Rennes)

Olho nele! Com apenas 19 anos, Andre Ayew é a maior promessa ganesa. Logo, logo, deverá ganhar um lugar nos titulares do Olympique de Marselha.

Pontos fortes: Grande entrosamento; joga em casa; meio-campo que sabe marcar e atacar com eficácia.

Pontos fracos: Kingson não passa confiança; a ausência de Appiah é sentida; Gyan não tem um companheiro à altura no ataque.

Nigéria

Time-base: Ejjide; Yobo, Shittu, Nwaneri e Taiwo; Obi Mikel, Olofinjana e Uche; Odemwingie, Yakubu e “Oba-Oba” Martins (Utaka).

Destaques: Mikel (Chelsea), Yakubu (Everton), Martins (Newcastle) e Yobo (Everton)

Olho nele! O atacante Obinna Nsofor é um dos poucos nomes que se destaca no Chievo. Veloz, deve ser sempre seguido por perto.

Pontos fortes: Mikel pode desequilibrar; os alas apóiam muito bem; do meio para a frente há muitos atletas habilidosos.

Pontos fracos: O esquema nigeriano é muito ofensivo; a zaga é frágil; Martins, Kanu e Utaka são muito displicentes.

Aposta Opinião FC: Gana 65%, Nigéria 35%


Costa do Marfim (1º do Grupo B) X Guiné (2º do Grupo A)

Basta o Elefante não tropeçar no próprio chifre

Depois de vender caro a derrota para a anfitriã Gana, Guiné deu mostras de que poderia seguir mais longe na competição. O azar dos guineenses foi encarar, logo de cara, os favoritos elefantes. 100% de aproveitamento, com 3 vitórias em 3 jogos, marcando 8 gols e sofrendo apenas um. Depois desta invejável campanha, não há como não apostar na Costa do Marfim. O trio Feindouno-Mansaré-Bangourá terá que jogar muito bem para superar a forte marcação marfinense. Mesmo assim, como segurar os contantes apoios de Yaya Toure, a habilidade de Kalou ou o “faro de gol” do craque Drogba? Vale lembrar que nas Eliminatórias, Guiné surpreendeu ao superar a Argélia. Mas agora, o buraco é mais embaixo...

Costa do Marfim

Time-base: Barry; Eboue, Kolo Toure, Meite e Boka; Zokora, Yaya Toure; Kalou; Drogba e Keita (Sanogo).

Destaques: Drogba (Chelsea), Kalou (Chelsea), Yaya (Barcelona), Kolo (Arsenal) e Eboue (Arsenal)

Olho nele! Gervinho tem apenas 20 anos e aos poucos já conquista seu espaço no Le Mans. Certamente se fosse de outra seleção africana seria titular absoluto.

Pontos fortes: Os titulares têm muita experiência internacional; o elenco é muito equilibrado; a equipe tem a melhor defesa africana.

Pontos fracos: O time desperdiça muitas chances; o goleiro é fraco; pode tropeçar no “salto-alto” e pipocar.

Guiné

Time-base: Kemoko Camara; Jabi, Kalabane, Balde e Ibrahima Camara; Sylla, Mohamed Cissé (Soumah), Bangourá e Mansaré; Feindouno e Youla Souleymane.

Destaques: Feindouno (Saint-Ettiene), Bangourá (Dínamo de Kiev), Mansaré (Toulouse) e Balde (Celtic)

Olho nele! Quando Feindouno foi suspenso (partida contra a Namíbia) sua vaga foi ocupada por Mamadou Bah, de 20 anos. O atleta do Strasbourg mostrou potencial e pode decidir.

Pontos fortes: A experiência de Balde; o time tem bons armadores; o talento de Feindouno.

Pontos fracos: Do meio para trás a equipe é fraca; inexperiência dos jogadores; o time é nervoso e peca pelo excesso de faltas.

Aposta Opinião FC: Costa do Marfim 80%, Guiné 20%