31.10.08

Geração em perigo?

Nem mesmo na Argentina, onde é idolatrado pelos hinchas albiceletes, o nome de Diego Maradona como técnico da Argentina causou consenso ou euforia nacional. O que parecia soar como uma grande aventura se concretizou. El Pibe seria capaz de comandar uma geração promissora rumo ao fim da seca de títulos importantes – quinze anos sem uma Copa América e quase 25 sem uma Copa do Mundo?

A albiceleste vive momento turbulento. Apesar de estar apresentando um futebol aquém dos atletas de qualidade à disposição nestas Elminatórias, a Argentina mostrou ao mundo ter a melhor fornada de novos jogadores, como vimos em Pequim 2008. Ustari, Garay, Zabaleta, Banega, Di Maria, Buonanotte, Agüero. Nas mãos de alguém com experiência, poderiam ser mesclados com mais sabedoria junto a geração mais tarimbada de bons nomes como Zanetti, Messi, Riquelme e Cambiasso, por exemplo. Por isso, acho que o nome de Maradona para dirigir a seleção num momento delicado e promissor como esse pode sair um tiro no próprio pé. Não escondo aqui minha preferência e admiração por Carlos Bianchi, o técnico mais vitorioso na América do Sul na esfera clubística nos últimos anos. Ou mesmo a nova geração de treinadores como o ex-botinudo Diego Simeone – que, apesar da péssima campanha com o River neste ano – já conquistou um Apertura e um Clausura por Estudiantes e River, respectivamente. Com pouco mais de dois anos como técnico de clube – o curso natural para quem almeja um dia planejar uma seleção de ponta – Simeone mostrou nova mentalidade e aptidão para chegar a desafios maiores. A aposta em Sérgio Garcia, o qual fará parte da nova comissão, seria mais arriscada, mas o ex-companheiro de elenco de Maradona em 1986 vem credenciado pelo ótimo trabalho em Pequim e por estar familiarizado com esta boa geração que está por surgir.

A escolha do Pibe soa até como um “resgate” da geração bicampeã mundial, já que sua comissão técnica terá, além de Maradona, Checho Batista e José Luis Brown como assistentes e o técnico daquele elenco, Carlos Bilardo, numa espécie de supervisão ou consultoria técnica. Mas como Dieguito deixou claro durante sua apresentação: a palavra final - leia-se a escalação - é dele.

Os exemplos estão aí. Ex-atletas campeões mundiais que assumiram as suas respectivas seleções não têm históricos favoráveis. Foi assim com Donadoni na Itália, que com regulares experiências como treinador não foi capaz de dar continuidade ao trabalho vencedor do tarimbado Lippi à frente da Azzurra. Tanto é que Lippi retornou recentemente ao comando da Itália. Jürgen Klinsmann, aclamado como atleta, também não foi dos mais brilhantes como treinador da Alemanha. Mesmo com o terceiro lugar da última Copa – que foi pouco diante da tradição alemã numa copa jogada em seus domínios – Klinsi foi muito contestado antes da Copa. E seu novo desafio à frente do excelente elenco do Bayern vai tendo resultados insatisfatórios. Tanto é que Bayer Leverkussen e o caçula Hoffenheim brigam pela liderança da Bundesliga neste momento. Mesmo Van Basten, que demonstrou mais aptidão como treinador em relação aos citados acima, não conseguiu fazer com que a Holanda evoluísse competitivamente, apesar dos lampejos de bom futebol da Oranje. Quanto a Dunga, talvez não seja preciso nem falar, certo? Quem se deu melhor mesmo foi Beckenbauer. Craque dentro de campo, excelente treinador fora dele, conseguiu conduizir a Alemanha ao topo em 1990. E ainda saiu por cima, para ser cartola do Bayern.

Não dá pra contestar Maradona como jogador. Aclamado como o melhor de sua geração e um dos melhores da história, ele ganhou a Copa de 1986 praticamente sozinho. Mas para tirar a Argentina da tão sofrida fila, ele não dependerá só de si. Dentro das quatro linhas, ele foi imprevisível e genial. Fora delas, duas experiências como treinador – com o modesto Deportivo Mandiyú e pelo Racing de Avellaneda, entre 1994 e 95. E que não deixaram saudades.

Confirmado no cargo na semana em que completou 48 anos, Diego começa a tarefa de presentear o hincha argentino já no amistoso de novembro contra a Escócia, em Glasgow. E deixo no ar uma declaração enigmática de Bilardo, retirada do blog portenho La Pelota No Dobla: “Grondona le da la llave del auto a Diego pero le pone un copiloto” [Grondona (Presidente da AFA) dá a chave do carro a Diego, mas coloca um co-piloto].

30.10.08

Está virando piada!

Quando se fala no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), é difícil encontrar quem leve a sério os julgamentos e veredictos do órgão. Não entrarei no mérito da legitimidade dos membros do STJD, que já foram bastante discutidos na mídia, ficando visível pra quem quer que seja que se trata de um braço da CBF, manipulado pelo seu dirigente maior há tantos anos. Mas vamos ao assunto. Alguém respeita as decisões do tribunal? Ou fica surpreso com elas? Não. Por vários motivos.

Primeiro que muitos julgamentos nem deveriam ser realizados. Os lances que deveriam ir a julgamento seriam os não vistos pelo árbitro da partida. Mas o que tem acontecido é que, mesmo quando o juiz vê o lance e toma a sua decisão, o caso acaba indo para julgamento, denunciado pela Procuradoria do STJD. Quando um atleta agride outro e o juiz entende que vale apenas um cartão amarelo, ou nem isso, pode ser suspenso por meses.

Segundo que alguns lances fazem parte do futebol. O jogador passar a mão na bunda do adversário para provocar, fazer gestos para outro, tudo isso, a meu ver, faz parte do jogo. Estão querendo transformar o futebol em politicamente correto, sob o nome de “fair-play”. Claro que há abusos, mas é preciso bom senso.

Terceiro que as penas nunca são cumpridas integralmente. Explico: no primeiro julgamento, o órgão pune o jogador, mas um recurso da defesa (legítimo, como em qualquer instância da justiça) diminui ou anula a pena. O problema é que isso sempre acontece; não é uma exceção, é a regra. E pior ainda é a disparidade entre a decisão inicial e a final.

Um exemplo recente: o zagueiro Chicão pegou 120 dias de gancho pela expulsão na partida contra o São Caetano, mês passado. O Corinthians entrou com recurso e, com o novo julgamento, a pena foi reduzida para dois jogos! Em vez de ficar quatro meses afastado (o que seria um exagero), ficou apenas 15 (acabou perdendo três partidas da equipe, e não duas). É ridículo.

Isso acontece porque o ato do jogador pode ser enquadrado em diversos artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), mas que depois do recurso pode mudar. No exemplo, o zagueiro havia sido denunciado no artigo 253 (Praticar agressão física contra o árbitro ou seus auxiliares, ou contra qualquer outro participante do evento desportivo. Pena: suspensão de 120 a 540 dias.). Mas depois do recurso, foi classificado no 255 (Praticar ato de hostilidade contra adversário ou companheiro de equipe. Pena: suspensão de 1 a 3 partidas). É uma farra, que pode dar margem a muitas interpretações. Mas será que o atleta já não poderia ter sido denunciado direto no artigo 255?

Esses são alguns dos tantos motivos que fazem do STJD um órgão sem credibilidade, legitimidade ou qualquer outro substantivo que signifique um mínimo de confiabilidade e segurança, pelo menos da minha parte.

29.10.08

A hora do patrício

Cristiano Ronaldo e Messi: na briga pela coroa de melhor do mundo.

Fim de ano, e as discussões para a eleição de melhor jogador do Mundo ficam mais acirradas. Na eleição da FIFPro (a associação mundial de atletas profissionais) deu Cristiano Ronaldo, com certa vantagem. Celebridades como Kaká e Alex Ferguson – o grande responsável pela lapidação e evolução do português – apostam nele como o merecedor do prêmio. “Ele vai ganhar os dois prêmios[Bola de Ouro e Melhor do Mundo FIFA], tenho certeza. Se ele não ganhar, quero comprar o jogador que vencer”, afirmou Sir Ferguson à France Football.

Muitos ainda têm aquela imagem equivocada do camisa sete apenas como um jogador marrento e pouco objetivo. Entretanto, sua evolução nas últimas duas temporadas foi notória. Em 2006/07, iniciou sua jornada como um jogador muito mais objetivo e letal. A “brincadeira” de Ferguson, que apostou com Ronaldo que este deveria atingir a marca de 15 gols naquela temporada deu resultados. Ele fez melhor na campanha do título inglês e das semi-finais da Champions: foram 23 gols na temporada (17 pela Premier League e três pela UCL). Mas mesmo a boa campanha não foi suficiente para que o português batesse Kaká na eleição de 2007, pois o brasileiro foi simplesmente impecável, levando o limitado time do Milan ao título europeu daquela temporada, com grande parcela de contribuição do camisa 22. Quando foi exigido, nos jogos decisivos contra o Milan, o português simplesmente se escondeu do jogo. Aliás, essa é uma crítica muito feita a ele ainda nos dias de hoje, a falta do poder de decisão em momentos capitais.

Mas na campanha impecável do Manchester United de 2007/08, Cristiano Ronaldo foi a figura principal na conquista do bicampeonato inglês e da hegemonia européia. Jogos memoráveis - inclusive o gol e o belo duelo com Lampard na finalíssima em Moscou - culminaram com a artilharia das duas competições mais importantes disputadas pelos Red Devils (31 gols na Premier League e oito pela Champions), o que o credencia como o principal – e na minha visão, favorito – postulante a Bola de Ouro e ao prêmio da FIFA. “Creio que fiz mais do que qualquer outro para consegui-la. Se avaliar o que fiz na última temporada, acredito que eu mereço mais do que ninguém”, cravou Ronaldo, fazendo um lobby com a imprensa européia.

Novamente, Lionel Messi pinta como um dos melhores futebolistas do mundo. Um dos pilares da conquista da medalha de ouro olímpica pela Argentina, ainda falta a Messi cumprir uma temporada inteira regularmente, sem as contusões que vez ou outra o acometem. A fraca temporada do Barcelona também não lhe favoreceu. Mas desta vez, promovido como a maior estrela do Barcelona após a saída de Ronaldinho, o novo camisa dez do Barça começa a temporada sendo um dos expoentes da renovação da equipe catalã. E, com certeza, tem tudo para abocanhar o prêmio em um futuro muito próximo.

Outro excelente jogador da atualidade que necessita de um grande título para cravar seu nome como um dos melhores atacantes da Europa é o sueco Zlatan Ibrahimović, principal atleta do último Calcio que coroou o tricampeonato inteirista. Força e muita técnica garantem ao sueco o posto como um dos principais futebolistas da atualidade, ao lado de jogadores como os ascendentes Emmanuel Adebayor (Arsenal) e "Kun" Agüero (Atlético de Madrid); os atuais campeões europeus Fernando Torres (Liverpool) e David Villa (Valencia); além da liderança e precisão dos ingleses Lampard (principal peça do Chelsea em 2007/08), Gerrard e Terry, que cada vez se firma como o melhor zagueiro do mundo na atualidade, já que esteve presente nas quatro seleções eleitas pela FIFPro.

A decepção fica por conta da indicação de poucos brasileiros para o prêmio. Só Kaká – que passou um bom tempo de molho neste ano – é o representante tupiniquim. Para alguns, a pouca representatividade é um dos sinais da “entressafra” pela qual passa o futebol brasileiro, já que o surgimento de bons jogadores parece ter sido inibida em 2008, ao menos por enquanto.

Os 23 indicados pela FIFA:

Adebayor (Arsenal)
Aguero (Atlético de Madrid)
Arshavin (Zenit)
Ballack(Chelsea)
Buffon (Juventus)
Casillas (Real Madrid)
Cristiano Ronaldo (Manchester United)
Deco (Chelsea)
Drogba (Chelsea)
Eto'o (Barcelona)
Fábregas (Arsenal)
Fernando Torres (Liverpool)
Gerrard (Liverpool)
Ibrahimovic (Internazionale)
Iniesta (Barcelona)
Kaká (Milan)
Lampard (Chelsea)
Messi (Barcelona)
Ribéry (Bayern de Munique)
Terry (Chelsea)
Van Nistelrooy (Real Madrid)
David Villa (Valencia)
Xavi (Barcelona)
Seleção eleita pela FIFPro: Casillas; Sérgio Ramos, Terry, Ferdinand e Puyol; Gerrard, Xavi e Kaká; Messi, Fernando Torres e Cristiano Ronaldo.

28.10.08

De novo?

Adriano envolvido em mais uma polêmica: Aprendizado zero

Parece que o atacante Adriano da Internazionale não aprendeu nada com alguns erros de conduta cometidos em um passado não tão distante. Afinal, no último domingo, após o magro empate da Inter frente ao Genoa, em pleno Giuseppe Meazza, o atacante foi para uma noitada ao lado do compatriota Ronaldinho Gaúcho.

Não obstante, o atleta revelado pelo Flamengo conseguiu a proeza de atrasar-se nos treinamentos desta última terça-feira. O técnico José Mourinho, que sempre se mostrou preocupado com o lado “baladeiro” do brasileiro, não tolerou sua indisciplina e resolveu punir o atleta.

Resultado? Adriano, que recentemente conseguira um lugar entre os titulares nerazurri, foi mandado embora mais cedo do treino e sequer viajará com o restante da equipe para Florença, quando a Inter pegará a Fiorentina, na próxima quarta-feira.

Após esse episódio, acredito que fica realmente difícil entender a cabeça de Adriano. Depois de tudo o que passou durante o ano de 2007, quando foi mandado para a geladeira pelo ex-técnico Roberto Mancini justamente por problemas semelhantes, esperava que, enfim, o Imperador tivesse aprendido a lição.

Mais maduro, com 26 anos, o atacante age como se fosse um atleta que acabou de sair dos juniores e quer curtir a vida recém-famosa. Puxa, será que ninguém consegue colocar na cabeça do ex- são paulino que ele é um nome marcado e que deve tomar cuidado para não exagerar na liberdade que lhe é concedida?

Infelizmente, há outros exemplos de jogadores profissionais que, sempre que podem, burlam os rígidos horários, chegam tarde em casa, se atrasam nos treinamentos ou coisa parecida. Felizmente, no mundo da bola, esses tipos estão cada vez mais escassos e perdem espaço em seus times, dia após dia.

Prova disso foi a dispensa do lateral-direito Éder pelo São Paulo. O ex-noroestino, que já vinha sendo pouco utilizado pelo técnico Muricy Ramalho e não deveria permanecer no clube até 2009, acabou saindo mais cedo do Morumbi, supostamente por ter exagerado em alguma noitada.

Além disso, os próprios torcedores, aos poucos, percebem que atletas boêmios mais prejudicam seu clube do que ajudam. Por acaso, alguém gostaria de contar com Diego Tardelli em seu time? Apesar de toda sua habilidade e inteligência, serei sincero: eu não...

Alguns jogadores têm que entender que o futebol é seu meio de trabalho, seu “ganha-pão”. Diferentemente de nós, atletas de fim de semana, futebol não é o seu momento de lazer. Envolve dinheiro, paixão. Aliás, diga-se de passagem, são pagos, e muito bem pagos, para exercerem esse tipo de profissão.

27.10.08

Ele não fez falta...

O Brasileirão 2008 ainda nem acabou e já é com folgas a edição mais vitoriosa do campeonato nacional, desde a mudança para o sistema de pontos corridos. Recorde de público, disputa pelo título e Libertadores aberta, rebaixamento indefinido, e até o sobe-desce de posições no bloco intermediário está interessante.

Tais atributos mostram que a competição suportou muito bem a ausência do Corinthians, time de segunda maior torcida do país e para muitos de maior repercussão nacional. O fato dessa constatação ter ocorrido com o Timão, no entanto, não importa. O mais relevante é mostrar para muitos cartolas que, sozinhos, os clubes não são tão poderosos assim.

No Rio de Janeiro é muito comum ouvir cartolas dizendo coisas do tipo “O Brasil não existe sem o Flamengo...” ou “o campeonato brasileiro fica sem graça sem o Vasco”. Será mesmo?

Para se ter uma idéia, atualmente, a média de público do Brasileirão é de 16.051 pessoas. Ano passado, a média foi de 17.461. Com as últimas rodadas, a média dos jogos aumenta consideravelmente e deve ultrapassar a marca dos 18 mil. Repito: sem a participação de dois gigantes de público, Corinthians e Bahia. A arrecadação média já passou de pouco mais de 212 mil, do ano passado, para quase 250 mil reais por jogo deste ano. Mais uma vez, sem a complementação das rodadas decisivas.

Argumentos como a queda da audiência geral da Série A na televisão não indicam que tais times façam falta. Afinal, a audiência sempre vai cair se Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras não disputarem a primeira divisão, pois são de longe as quatro maiores torcidas do país e representam milhões de telespectadores.

Isso significa que o principal torneio nacional é um produto muito mais valioso e independente do que alguns podem sugerir. Cada vez mais, o sucesso administrativo dos clubes garantem receitas mais elevadas do que a mais apaixonada tradição. Portanto, alguns times “atrasados” estruturalmente correm o risco de serem “substituídos” por pequenos notáveis.

A tradição que se cuide, afinal, dentro da lógica capitalista, o velho deve dar lugar ao novo...

26.10.08

"O Coringão voltou"

Unico titular remanescente da fatídica campanha de 2007, Felipe comemora o retorno do Corinthians nos braços da torcida.

O canto entoado pela torcida após a combinação de resultados que trouxe o Corinthians matematicamente de volta a Série A deu o tom da comemoração, após o martírio de 328 dias na Série B, iniciado no fatídico empate para o Grêmio em 2 de dezembro de 2007. A classificação e a proximidade do título da segundona coroaram um processo de reformulação e planejamento do clube, que só foi profunda e possível graças ao baque da queda.

Mesmo com algumas pendengas à frente do Corinthians, o presidente Andrés Sanches não perdeu tempo para se planejar em 2008. Trouxe o ascendente técnico Mano Menezes – coincidentemente, o algoz da última partida do Timão em 2007 – e ambos planejaram a construção de uma boa base para a disputa da temporada 2008. A reformulação do elenco era algo necessário e a vinda de tanta gente nova para o elenco alvinegro culminaria em muita paciência para se entrosar o elenco para torná-lo competitivo.

A decepção compreensível e o início de cobranças por parte da torcida pela má campanha do Paulistão – quando o time ficou fora das semifinais – foi contornada com calma por Mano e Sanches. E a campanha do Timão na Copa do Brasil foi o grande divisor de águas da temporada alvinegra. O jogo de volta contra o Goiás no Morumbi, válido pelas oitavas, poderia gerar as primeiras contestações mais veementes sobre o trabalho de Mano, já que o time havia acabado de deixar a disputa do estadual e tinha parada difícil pela frente, ao tentar reverter um resultado adverso de 3-1 da primeira partida. A torcida lotou o Morumbi e o time foi avassalador na goleada por 4-0, resultado que trouxe de volta um sentimento de confiança entre os atletas do elenco e na minha visão, foi o “recomeço” do casamento entre time e torcida, uma das marcas registradas do Corinthians.

Mesmo com o grande baque da derrota para o Sport na final da Copa do Brasil, o Corinthians não se deixou abalar, sendo quase impecável na Série B. E muito corinthiano achou que fosse sofrer para ver o time subir novamente, ao ver aquele gol do CRB, na estréia do Corinthians em um Pacaembu lotado, logo no início da partida. E aos poucos, o Corinthians fez a segundona parecer bem mais fácil, tamanha a disparidade técnica frente aos outros postulantes ao acesso. Além do elenco mais qualificado, a inserção de bons nomes como Douglas, Morais e Cristian ajudou a melhorar o meio-campo, problema crônico do Corinthians no primeiro semestre e um dos fatores principais para as derrocadas no Paulistão e na Copa do Brasil.

E apesar de tudo, a estada do Timão na Série B deixará bons legados ao time. A construção de uma boa base no elenco é uma delas. Boa defesa, promissor meio-campo e chances de melhorar ainda mais o ataque podem levar o Corinthians novamente de volta a briga por títulos importantes. A manutenção de Mano é outro ponto primordial. Apalavrado para a próxima temporada, o técnico gaúcho mostrou sua capacidade de indicar bons nomes ao time, sem gastar cifras exorbitantes. Além disso, as ações do departamento de marketing foram inteligentes e pontuais, contribuindo para amenizar a pesada dívida do clube, fruto da administração Dualib. E a mais importante: o resgate do elo com a torcida, que esteve abalado desde o fatídico 2 de dezembro. Prova disso é o aumento da média de público em relação a 2007. Na Via Crucis alvinegra, a média foi de 19, 9 mil torcedores, enquanto que em 2008, os fanáticos cravaram média de 22,9 mil (sendo que ainda faltam seis jogos para o término da competição). O retorno do Corinthians era obrigação? Claro que era, mas a forma como ocorreu nem parecia Corinthians: passeando e sem sofrimento nas arquibancadas. Por isso, a elite do futebol brasileiro recebeu mais que um justo retorno digno e dentro do campo esportivo. Ganhou um reforço de peso e tradição.

Peças-chave para o retorno:

Mano Menezes O técnico foi mostrando ao longo da temporada que é um bom olheiro e soube indicar os reforços, de acordo com as carências do elenco. Apesar de ainda não ser um estrategista brilhante – como Luxemburgo ou Muricy, por exemplo – o bom trabalho no Grêmio e no Corinthians o ratifica como um dos principais técnicos do Brasil na atualidade. Porém, ainda peca pela falta de mais “ousadia” em momentos capitais do jogo.

Miolo de zaga – Grande dor de cabeça em 2007, o setor teve excelentes mudanças em 2008. Os 49 gols sofridos em 62 partidas (média de 0,80 por jogo) mostram a evolução e o entrosamento da dupla Chicão/William à frente da defesa. E a melhora do meio-campo durante a Série B fez com que o setor melhorasse mais, tendo sofrido apenas 22 gols em 32 jogos (média de 0,69 gols por partida). Além do aumento da segurança a Felipe – que nem de perto foi exigido como em 2007 – Chicão mostrou se um excelente “atacante”. No Figueirense, o camisa três já havia marcado 10 tentos no Brasileirão 2007. Nesta Série B, foram oito gols até a 32ª rodada. Já o capitão William surpreendeu por exercer a liderança natural ao time, além de compensar o fato de ser mais lento que Chicão com sua boa noção de posicionamento. Peça importante, foi o jogador que mais atuou em 2008.

André Santos – O lateral mostrou grande forma, principalmente nas investidas pela ala esquerda. Vice-artilheiro da equipe com 17 gols, tem no passe e no chute de longa distãncia suas grandes virtudes, mas ainda peca pelos espaços deixados na defesa. Mesmo assim, é seguramente um dos três melhores do Brasil em sua posição.

Douglas – Referência técnica da equipe, trata-se de um meia que joga no estilo clássico, com bola no pé, lançamentos precisos e bom chute. Sua importância para a impecável campanha do Timão é mostrada através dos números: Nove gols (terceiro artilheiro da equipe) e oito assistências (líder do elenco). Além disso, seu futebol ficou mais latente com a chegada de Morais, com quem passou a dividir a atenção dos adversários e a responsabilidade da transição do time para o ataque.

Dentinho e Herrera – Como Bruno Bonfim, foi lançado prematuramente no elenco que caiu para a segundona. Em 2008 e já como Dentinho, mostrou evolução impressionante na frente, com 24 gols (seis nos últimos seis jogos). Oportunista e ainda garoto, ainda precisa melhorar a objetividade de seus dribles e usar a velocidade com mais inteligência. Mas trata-se de um jogador interessante para o futuro. Já Herrera não é nenhum primor técnico, tampouco um atacante efetivamente letal. Mas além da raça que conquistou a torcida, o argentino mostra que evoluiu tecnicamente em relação aos tempos de Grêmio. Da piada do casi gol na Argentina, se tornou o "Quase-Gol" do Corinthians. Quando não marcou, deu assistência (dez gols e seis assistências na Série B). Mas ainda é necessário ver como se sai em um campeonato de maior nível técnico.

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24.10.08

Juventude Blaugrana

Puyol, Bojan e Busquets comemoram: na renovação do Barcelona, os pratas-da-casa tem papel importante no elenco de Guardiola.

O processo de reformulação do Barcelona está em curso após uma temporada irregular em 2007/08. A saída gradativa de peças importantes daquela importante conquista da Champions em 2005/06 como Giuly, Larsson, Ronaldinho, Deco e que culminou com a queda de Frank Rijkaard, o qual havia montado aquela equipe que encantou a Europa tanto pelo futebol objetivo e vistoso, quanto pelas belas jogadas proporcionadas por tantos jogadores com qualidade.

Conhecido historicamente por revelar bons jogadores em suas categorias de base, o Barcelona começa a inserí-los aos poucos em posições relevantes do elenco durante os jogos da atual temporada. A renovação já começa no banco, com a aposta Josep Guardiola no comando dos blaugranas. A primeira oportunidade como treinador vem justamente no clube que o revelou para o futebol e onde atuou por onze anos, sendo peça importante do Barça em sua época de atleta. As mudanças promovidas por Pep culminaram na utilização de muitos jogadores revelados pelo próprio Barcelona, durante este início de temporada. Na goleada desta quarta por 5-0 contra o Basel, em partida válida pelo Grupo C da Champions, todos os gols foram genuinamente "made in Barcelona". Os já consagrados Messi e Xavi abriram e fecharam o placar, respectivamente. O ascendente Bojan Krkic - que vem se afirmando cada vez mais como uma boa opção no ataque catalão - marcou dois tentos, enquanto o recém-promovido meia Sergi Busquets, 20 anos, marcou seu primeiro gol como profissional. E Busquets é tão incrustado no Barcelona que seu pai, Carles Busquets, foi reserva de Zubizarreta na década de 90 e atualmente atua como treinador de goleiros da equipe principal do Barça.

Dos onze que entraram em campo no St. Jakob-Park, seis eram da cantera blaugrana: Valdez, Puyol, Xavi, Busquets, Bojan e Messi. No banco, mais dois representantes: Iniesta e o polivalente Victor Sánchez. Em 2008/09, após alguns desacertos em seu início, o Barcelona já figura como quarto colocado na Liga Espanhola, apenas três pontos atrás do invicto Valencia e lidera o Grupo C da Champions League com 100% de aproveitamento e muito perto de se classificar à próxima fase.

Além da “liderança” técnica de Lionel Messi, que cada vez mais se afirma como um dos grandes jogadores de futebol da atualidade, a esperança de que o Barcelona retome o rumo das grandes conquistas é grande. Além dos ex-cadetes já citados neste post, o elenco conta com excelentes nomes, como Dani Alves, Hleb, Yaya Touré, Keita, Márquez, Eto’o – que vai readquirindo a velha forma após grave contusão temporada passada - e Henry - que ainda não é o vigoroso jogador de sucesso no Arsenal, mas de potencial mais do que conhecido. E aos poucos, Pep Guardiola monta um elenco muito balanceado e de diversas opções, que promete brigar pelas cabeças. E com ajuda mais do que providencial da juventude genuinamente blaugrana.

23.10.08

Vai falar que não sabia?

O vice-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, disse essa semana que o grupo está rachado, dividido por dois líderes: de um lado Lucio Flavio, e de outro Carlos Alberto (fotomontagem Globoesporte.com). Sim, ele mesmo, velho conhecido dos times cariocas e paulistas. Agora vem a minha pergunta que é o título do post: ninguém sabia do potencial do jogador pra arrumar confusão e atrapalhar o ambiente?

Não é a primeira nem a segunda vez que isso acontece. Sua passagem pelo Corinthians foi bastante conturbada. Alternou bons e maus momentos em campo, no time considerado galáctico por causa dos investimentos da MSI, que culminou no polêmico título do Brasileiro em 2005. No ano seguinte, porém, teve um desentendimento com o então técnico Leão, batendo boca no banco de reservas com o treinador, na frente das câmeras. Foi afastado do grupo.

Em julho de 2007 foi vendido para o Werder Bremen, numa transferência que acredito que tenha sido um dos melhores trabalhos feitos por um empresário de futebol. O clube desembolsou 8,5 milhões de euros pelo jogador, a transferência mais cara do clube até então. Por causa de lesões, atuou inacreditavelmente apenas duas vezes pelo clube alemão! Ainda conseguiu, nesse pouco tempo, ser suspenso pelo clube por se envolver em uma briga com colega no treino.

Em janeiro deste ano, foi emprestado para o São Paulo, equipe que apostou que o jogador recuperaria a sua forma física e não se envolveria mais em confusões. Mas o tiro saiu pela culatra. Eu, como tantos outros, não me surpreendi quando o jogador foi afastado do elenco por ato de indisciplina que até hoje não foi muito bem esclarecido. Fato é que não voltou a vestir a camisa são-paulina.

Agora aconteceu no Botafogo, que mais uma vez vacilou na Copa Sul-Americana e ficou para trás no Brasileiro. O jogador, de apenas 24 anos, não consegue se livrar de confusão e da alcunha de “bad-boy”. É uma pena, porque é um jogador talentoso. O problema é que não tem cabeça; acha que é um craque, mas está longe disso. Resta saber se continuará no Botafogo, se volta para o Werder (que não faz nenhuma questão do seu retorno), ou se outro clube apostará no atleta. Eu não apostaria.

22.10.08

Ainda Dá!


Pode parecer papo de torcedor ou de alguém muito confiante, mas não é o caso. A verdade é que o título de Campeão Brasileiro 2008 está mais perto do São Paulo do que dos seus rivais diretos. Isso porquê os confrontos do tricolor nas próximas rodadas são considerados mais amenos se comparados aos de Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e até Flamengo.

Mesmo com um empate enjoado contra o Palmeiras, o São Paulo se mantém vivo na briga. A diferença para o líder, que na 24º rodada era de dez pontos, hoje é de apenas três. Além disso, enfrentar equipes como Vitória, Botafogo, Portuguesa, Figueirense , Vasco e Goiás nas últimas rodadas não é nenhum bicho de sete cabeças. A única pedra no sapato pode ser o Internacional, porém o jogo é no Morumbi.

Se compararmos os adversários, o Palmeiras tem muito mais “pedreiras” pela frente: Santos, Grêmio e Flamengo. O Cruzeiro pega Internacional, Flamengo e Grêmio. O time gaúcho, que já se mostra um “fogo de palha”, tem que passar por Palmeiras e Cruzeiro e depois fazer o feijão com arroz. Fica difícil acreditar em um time que perde para a Lusa na reta final da competição.

Se o tricolor mantiver 100% no Morumbi nas últimas rodadas e arrancar pontos fora de casa provavelmente será beneficiado pelos confrontos diretos das próximas rodadas, e por isso afirmo: O São Paulo, hoje, tem mais chance de ser Tricampeão Brasileiro do que os demais conquistarem o título!

21.10.08

Violência demais, futebol de menos.

O ditado fala que o futebol é um esporte de contato. Para os mais exaltados, “quem quer moleza não sai de casa”. No entanto, alguns jogadores realmente usam o artifício para se dar bem frente aos adversários. O torcedor, carente por um lance bonito ou um drible bem elaborado, tem que se contentar com uma trombada mais vigorosa.

O atacante Kléber, do Palmeiras, é um exemplo do que eu estou falando. Longe do que muitos dizem, apesar de esforçado, não acho o camisa 30 um grande atacante ou “um craque”, como alguns afirmam. No máximo um jogador mediano no futebol brasileiro. Kléber afirma que é perseguido pela arbitragem; será mesmo?
O jogador comemora a sua quinta absolvição no ano: o caso mais recente foi uma cotovelada no zagueiro Asprilla, do Figueirense. O advogado do Palmeiras, Rafael Pestana, afirma que foi um lance normal de jogo e que o toque foi acidental; mas se um jogador vive com o cotovelo levantado, cedo ou tarde vai acertar alguém, mesmo que por “acidente”. Não vou nem entrar no mérito se o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) agiu corretamente em absolvê-lo neste caso. O que me intriga é um atacante passar por tantos julgamentos por atos violentos, ter tantos cartões amarelos e vermelhos e continuar atuando da mesma forma jogo após jogo.

Quando o palmeirense decide jogar bola até traz perigo pra o adversário, mas o que mais acontece durante uma partida é aquele famoso cotovelo na altura do rosto ou pescoço do zagueiro mais próximo, ou o pé acima da linha da bola numa dividida. Por favor, não levem isso como uma perseguição pessoal para com o atleta, apenas assistam aos próximos jogos do Palmeiras e vão saber do que eu estou falando.

Entendidos do futebol vão argumentar que o contato constante faz parte do esporte, o que eu tenho que concordar. Mas gostaria de deixar registrado que o futebol sem as trombadas em excesso, com fintas de deixar o adversário sentado “a ver navios” também faz parte do esporte e é, de longe, muito mais bonito.

20.10.08

Duelo do ano: Meninos e lobos!

"Um jogo de uma intensidade como há muito não se via
nos gramados de São Paulo"
(Juca Kfouri)

Meus amigos, deve ser realmente muito difícil ser árbitro de futebol... A partida entre São Paulo e Palmeiras mostrou que esses "malucos" aventureiros que vestem roupas pretas durante as partidas são pessoas realmente corajosas!

A partida teve de tudo. Lances violentos, catimba, impedimentos polêmicos, faltas interpretativas, bola na linha que não entrou, ufa! Muita polêmica para uma partida só. E acreditem, na minha avaliação, Sálvio se saiu bem.

Por mais que ambos os times ainda devam fazer jogos eletrizantes até o final da competição, esse foi sem dúvida o mais importante para os dois. Como paulistano, posso afirmar sem sombras de dúvidas que os palmeirenses consideravam essa partida mais importante do que embate contra o Grêmio. Especialmente pelo fator motivação que um clássico sugere.

Em campo, vi um São Paulo mais aplicado taticamente do que motivado. Já o Palmeiras entrou em campo pegando fogo... e talvez por isso, Léo Lima cometeu um pênalti tão ingênuo que derrubou logo de cara as intenções de decidir rapidamente a parada.

E esse fogo se tornou um vulcão quando Borges e Diego Souza, estupidamente, foram expulsos logo após o gol tricolor. Taticamente, a expulsão do meia palmeirense foi um balde de água fria para Luxemburgo. Mesmo assim, vi um Palmeiras mais ligado na partida e, se não fosse o Rogério, teria virado o jogo ainda no primeiro tempo. Depois de mais pancadaria e lances de nervosismo, o displicente Dagoberto fez um gol que parecia sacramentar a partida. São-paulinos, não me odeiem, mas se o atacante jogasse um pouquinho mais sério o placar seria outro.

No segunto tempo, as modificações realizadas pelo técnico alviverde não surtiram efeito até os trinta minutos. O Palmeiras estava desorganizado e pouco produziu. Até Denilson deixar André Dias no chão e rolar a bola sem goleiro para Kléber. Mérito do Luxemburgo?? Claro que não! Méritos para Denilson, que mesmo muito aquém do jogador que era no passado, continua muito útil na campanha palestrina. Qualquer um faria essa alteração com 2 a 0 para reverter... Na base do abafa, o Palmeiras chegou ao empate logo na sequencia e o Tricolor, depois de quase 35 minutos atrás, resolveu atacar e ainda perdeu algumas chances de gol.

Vi uma partida com a cara de seus treinadores. Um São Paulo aplicado, defensivo, forte, porém sem a vibração necessária para matar o jogo. Acho que os jogadores do ataque do São Paulo estavam desligados, sobretudo, no segundo tempo.

Já o Palmeiras provou que sabe jogar com a bola no pé, pressionando o adversário e com a garra de um campeão. Mas também mostrou que todo esse trabalho tático-emocional não vale nada se seus principais jogadores não entenderem que os momentos decisivos separam os homens dos meninos. E hoje, talvez Diego Souza e Léo Lima tenham envelhecido um pouco.

18.10.08

Uma no cravo, outra na ferradura

Guarani disputa a Série C em 2008. O Bugre só disputará a fórmula de pontos corridos em 2009 se conseguir o acesso à Série B.

Após a CBF anunciar em março a intenção de reestruturar a Série C do Brasileirão – a qual passaria a ter 20 clubes numa disputa por pontos corridos – e anunciar a criação de uma Série D mais regionalizada, ela volta atrás na fórmula da Série C, que cá entre nós ficou bem ridícula. Pela fórmula divulgada pela entidade nesta sexta, os 20 clubes da nova Série C em 2009 serão divididos em dois grupos de dez clubes, onde os quatro primeiros de cada avançarão rumo às quartas, rebaixando os dois últimos de cada grupo à nova Série D.

Trocando em miúdos: a CBF esquartejou a emoção da terceirona, porque conheceremos os rebaixados e os ascendentes em diferentes momentos e o campeão em outro, numa “competição à parte”. Com jogos finais que prometem ser bem menos disputados, pois os quatro semifinalistas estarão garantidos na Série B em 2010 e certamente não se matarão em campo nos jogos “decisivos”. A Série D (que terá o tradicional Santa Cruz na disputa), mais regionalizada, ganhará ares de Copa São Paulo de Juniores. Quarenta clubes serão divididos em oito grupos, onde 16 avançarão ao mata-mata e da mesma forma, os semifinalistas estarão na terceira divisão na temporada seguinte.

O anúncio do fortalecimento da Série C era uma notícia excelente, pois os clubes teriam mais apoio da CBF e das próprias federações regionais para a disputa do certame, já que teriam como fazer o mínimo de uma programação antecipada para formar o elenco da próxima temporada, por conta das competições em disputa por praticamente 2009 inteiro, se a fórmula adotada fosse a dos pontos corridos. Agora com a “brilhante” mudança, as equipes que não chegarem ao acesso terão de investir para uma temporada de apenas 18 jogos (Série C) ou oito jogos (Série D). Os problemas de uma temporada mais curta sempre podaram a competitividade e o nível técnico da competição, onde a maioria das equipes monta elencos de aluguel e sem o mínimo de uma preparação decente. Este ano, a Série C teve impressionantes 63 clubes em seu início e nada menos do que quatro fases distintas para conhecermos os quatro agraciados em disputar a segunda divisão em 2009.

Há aqueles que são ainda defensores do mata-mata para competições mais longas, mesmo com a mudança de cultura após a implementação da fórmula de pontos corridos para a Série A, em 2003. O sucesso do Brasileirão - que tem pelo menos cinco postulantes diretos ao título de 2008 – e mesmo na Série B - onde mesmo com o Corinthians virtualmente garantido na elite em 2009, tem feroz disputa pelas outras três vagas para a primeira divisão – é prova viva da manutenção da competitividade e do aumento da presença do torcedor nas arquibancadas. A última edição do mata-mata no Brasileirão, em 2002, teve média de 12.886 torcedores, enquanto em 2008 esse número chegou a 15.618 até a 29ª rodada) e tem tudo para superar a de 2007, maior média de público da era de pontos corridos, com 17.461, mesmo com o São Paulo sagrando-se campeão com diversas rodadas de antecedência.

Além de ser a fórmula mais justa, uma Série C nos moldes da B e A seria um elemento fortalecedor dos clubes menores, que vão continuar fazendo das tripas coração para dar continuidade aos seus departamentos de futebol, principalmente aqueles times fora dos grandes centros. Até quando pensamos que a CBF acerta, erra. Assim como a aposta em um certo técnico sem experiência no futebol no comando da Seleção...

17.10.08

Treino de verdade?

Muricy orienta Hernanes em treinamento no São Paulo

Recentemente o técnico Muricy Ramalho reclamou do desempenho de Hernanes no São Paulo, dizendo que ele voltou pior da seleção. Outro jogador que teve o desempenho bastante criticado após sua passagem pela equipe canarinho foi Richarlyson. Há outros jogadores nessa situação. Não acho que isso acontece por estrelismo ou por má vontade dos atletas.

Conversando com um amigo (professor de educação física e técnico de futebol), ele concordou com o argumento do Muricy: a seleção brasileira não treina. Sem treinamento, é natural que o rendimento do jogador caia. Quando os jogadores são convocados, geralmente precisam viajar bastante. Já perdem um bom tempo nisso, até reunir todo mundo e iniciar a preparação. Na volta da Venezuela, por exemplo, o grupo ganhou folga na segunda-feira por causa do desgaste. Como o jogo foi na quarta, fizeram apenas um treino leve na terça, em campos com tamanho reduzido, alguns exercícios físicos, e depois o tradicional rachão.
Quando estão nos clubes, treinam em dois períodos, todos os dias, realizam exercícios físicos, treinam os fundamentos (passe, chute, marcação, velocidade), fazem coletivos. Quando um jogador vai para a seleção e fica mais de uma semana sem treinar (e sem atuar também, como é o caso de Hernanes, reserva na seleção), ele volta em condição inferior a dos demais colegas, sem ritmo, e, por isso, pode apresentar uma queda de rendimento.

Não que isso seja uma desculpa para uma má atuação, mas prejudica bastante. Esse detalhe em relação aos treinamentos da seleção já foi observado por uma parte da mídia, como o excepcional Tostão. No pouco tempo que Dunga tem para observar seus convocados, faz treinos em pequenos espaços, sem simular verdadeiras situações de jogo, ataque contra defesa, reservando pouco tempo para o coletivo entre titulares e reservas. Sem contar que não é possível fazer uma preparação física adequada, como é feita nos clubes dos atletas.

Além de atrapalhar o desempenho da própria seleção, não colabora para a preparação física e técnica do atleta.

15.10.08

Quebrando o protocolo

Semana que antecede clássico normalmente tem um script pré-definido: o treinador isola o time, faz treinos secretos e prega um respeito que por vezes soa “artificial” ao adversário. Clichês são proferidos aos montes e não cansam de encher microfones, páginas de jornal e sites de quem busca as notícias mais fresquinhas dos respectivos times. “Clássico é clássico” e “não há favorito” são alguns deles.

Mas é possível se respeitar a entidade e os profissionais que fazem parte dela e, ao mesmo tempo, fugir do lugar-comum com argumentos. O maior exemplo disso? A troca de declarações que cerca o Choque-Rei do próximo domingo pelo Brasileirão. São Paulo e Palmeiras duelam para decidir quem fará a perseguição aos gaúchos do Grêmio na luta pelo título. Um empate pode dificultar a missão para ambos – ainda mais para o Tricolor Paulista – já que o Grêmio tem uma missão “mais fácil” contra a limitada Portuguesa. E como líder, o Grêmio pode e deve se impor diante da Lusa.

O lateral Leandro – que diga-se de passagem, faz um excelente campeonato – foi categórico nas suas declarações, nesta terça-feira: “O Palmeiras é o favorito contra o São Paulo. Estamos jogando dentro de casa, com o apoio da nossa torcida, onde perdemos apenas uma partida no Campeonato Brasileiro. Eu acredito que temos de 60% a 70% de chances de sair de campo com a vitória. Confio na minha equipe e em nosso elenco para conquistarmos os três pontos”, disse. Os tricolores, obviamente, reagiram com ironia e indignação às fortes declarações do camisa seis, prontamente reforçadas por frases não menos polêmicas do meia Diego Souza e do técnico Luxemburgo. “Para nós está bom. Sobraram 30% e está ótimo”, afirmou o técnico Muricy ao GloboEsporte.com.

A rivalidade entre as equipes é antiga e a motivação do clássico é extra para o São Paulo, goleado na polêmica partida disputada em Ribeirão Preto e posteriormente derrotado nas semi-finais do Paulistão. Mas se analisarmos friamente a situação das duas equipes no campeonato e o futebol apresentado por ambas, vejo as declarações de Leandro perfeitamente possíveis e nada absurdas. É verdade que o São Paulo vem de três vitórias consecutivas (Cruzeiro, Ipatinga e Náutico) e nove jogos sem derrota, resultados que colocaram a equipe novamente na rota do inédito tricampeonato nacional. Mas há muito vem apresentando um futebol pragmático e pouco convincente na competição, não sendo nem sombra das equipes campeãs em 2006 e 2007. Desta vez, o São Paulo tem adversários à altura e individualmente melhores.

Já o Palmeiras tem um retrospecto quase que impecável no Palestra Itália, local da partida. Em 14 jogos, apenas um empate e uma derrota, ou seja: Dos 42 pontos disputados, 37 conquistados. Enquanto isso, o São Paulo conseguiu apenas três vitórias e sete empates longe do Morumbi, nas mesmas 14 partidas. E na hora das decisões em 2008, o São Paulo não mostrou o sangue frio do ciclo de conquistas iniciado em 2005. As derrotas para o próprio Palmeiras, no Paulistão, e para o Fluminense na Libertadores mostraram isso.

Claro que não menosprezo aqui nestas linhas a recuperação do São Paulo - principalmente no returno - já que a equipe possui o melhor ataque do campeonato (47 gols) e a segunda melhor defesa (27 gols). Mas as circunstâncias do jogo levariam a apostar minhas fichas no Palmeiras, que é individualmente melhor e mais consistente, na minha opinião.

Penso que as declarações de Leandro não soam tão absurdas como as do fanfarrão Márcio Braga, presidente do Flamengo, que até a semana passada “estava preparando a festa para o hexa”. E a declaração infundada e fora de hora prejudicou a equipe - apática contra o Atlético/MG - que se distanciou na briga pelo caneco. Não contente, deu uma de João-sem-braço ao zombar da situação do ameaçado Vasco, dizendo que não conhece o time cruzmaltino, ao invés de ponderar um favoritismo visível, dada a situação do rival.

Declarações como as dos palmeirenses são um tempero a mais em um clássico que promete ser eletrizante e decisivo (dentro de campo, espero). Com favoritismo palmeirense.

14.10.08

Impressões futebolísticas (e femininas) sobre um estádio de futebol

Por ANA JARDIM - http://bastidoresdeumamenteinsana.zip.net/


Saudações paulistanas!

Quando disse uma vez em meu blog que Buenos Aires mexia com a cabeça das pessoas, mal imaginava o que a cidade porteña faria com a minha! Sou jornalista, me ligo em esportes, mas prefiro ir a um cinema do que assistir alguma partida, por exemplo de futebol. Sou são-paulina e simpatizo com o Galo mineiro, isso por ter metade do meu coração belo-horizontino! Mas, voltemos a Buenos Aires...

Cheguei lá disposta a ir a Tangos e Milongas, beber vinhos e cervejas, ferver. Realmente fiz isso e muito mais, mas fiz algo totalmente fora dos meus planos: fui ver uma partida de futebol, entre Boca e Independiente, em La Bombonera!

Uau! Muricy que me perdoe, mas o lance foi louco. Porém, do meu ponto de vista feminino e de estrangeira, faço agora algumas observações.

Preferia ter gastado 180 pesos em roupas, mas paguei 180 pesos para ir com uma francesa, um suíço e mais 27 gringos ao estádio. Fiquei um bocado injuriada no começo, pois, ao me entregarem o ingresso, o preço ali impresso era de 24 pesos. Bem, fazer o que? Já estava ali, então resolvi aproveitar!

Antes da partida fomos a um bar em LA BOCA, bairro do estádio e reduto dos apaixonados pelo time “azul e amarelo”. Cervejas, pizzas e vários hinos do Boca depois, enfim estávamos em La Bombonera! Lindo estádio, porém menor do que eu imaginava. Os porteños são muito gentis com as mulheres, até mais que o necessário, mas neste caso interessante, já que não havia mais muito espaço na arquibancada e eles deram um jeitinho para eu e minha amiga francesa podermos sentar. Os outros gringos? Bem, àquela altura, cada um por si... sentava quem conseguisse um lugar.

Um detalhe interessante! Na minha ingenuidade, e pouco conhecimento futebolístico, estava mais preocupada com minha roupa e com o frio, e não me antenei para o detalhe de que eu estava na torcida do BOCA, vestindo um cachecol vermelho berrante, cor do uniforme do adversário e do “superhipermega” RIVAL River Plate... Aaah, sim... depois de um tempo entendi algumas piadas, mas nada muito grosseiro.

Em um estádio de futebol descobri que ser mulher tem suas vantagens, como arranjar um lugar para sentar e estar vestida com as cores do adversário e não ser linchada. Prestei pouca atenção no jogo, que, cá entre nós, não estava dos mais animados e terminou com um morno 1 a 1. Também fui embora antes do final, porque me levantei para ir ao banheiro e desisti – banheiro de estádio é imundo, esse pelo menos era, e ser mulher nessas horas é desvantagem. Esqueci o xixi, e em comum acordo com minha amiga francesa, decidimos beber cerveja em um bar e terminar de ver o jogo pela TV.

Passadas de mão na bunda em um espaço apertado em que todo homem fica dissimulado e 15 minutos de blá, blá, blá em espanhol na portaria do estádio, estávamos livre! Me senti aliviada, pois fiquei irritada em não haver outra saída, e nós duas sofremos por ter que passar em um espaço minúsculo até podermos ver as catracas, e explicar o porquê queríamos sair.

Foi uma experiência nova e eu gosto de provar o novo! Inconvenientes a parte, as coisas boas superam as não tão boas e as lembranças são deliciosas! Minha dica é: se você gosta de futebol e de aventuras, vale ver o Boca jogar, mas não vale pagar 180 pesos pelo ingresso.

13.10.08

O menos trapalhão, leva!

Largada conturbada em Fuji: Hamilton, como sempre, com a faca nos dentes

Massa ou Hamilton? Quem vencerá o mundial da trapalhada, das lambanças e do desespero? Ao longo da temporada, os dois fizeram campanhas irregulares e cheias de imprevistos. As desculpas da imprensa brasileira para um frustrado vice de Felipe já estão preparadas: será o reabastecimento de Mônaco, a estratégia de não sei onde e a falta do pirulito em Cingapura. Do lado da inglesa, não será diferente: a injusta punição de Spa para Lewis – esses comissários são um capítulo a parte, saiu da fila indiana, punição -, a proteção dos mesmos comissários a favor dos italianos e, por fim, a gula do inglês que luta por posição como se estivesse no deserto sem água. Claro que não vão se lembrar das peripécias de Felipe no início da temporada ou do strike que fez Lewis nos boxes do Canadá.

Fato é que os dois mostram a cada prova que não possuem maturidade suficiente para serem “os caras”, os grandes nomes da categoria atual. O ímpeto tresloucado de Hamilton faz com que ele jogue no lixo a grande oportunidade que a vida lhe deu de, logo de cara, pilotar um carro de ponta, se preocupando apenas em fazer o básico e levantar o caneco. Já Massa, apesar de ter controlado seu afobamento, comete deslizes e se não está na ponta, tem lá suas dificuldades em andar bem: caso de Spa e da primeira metade do GP do Japão, quando perdeu valiosos segundo atrás de Button e Bourdais. Empacou atrás dos dois e deixou Lewis praticamente chegar.

Se fosse obrigado a apostar, jogaria minhas fichas em Massa. Não porque ache que tem mais talento que Hamilton, pois não tem. Mas por ter circunstâncias a seu favor, como a personalidade desesperada de Hamilton, um companheiro de equipe com uma capacidade infinitamente superior de ajudá-lo do que o inglês possui e até mesmo o fato de decidir em casa, o que pode trazer uma motivação extra. Mas quem deveria levantar mesmo esse caneco é Fernando Alonso. Esse sim é gênio, monstro, disparado o melhor nome da categoria. Em um time que é o quarto ou quinto melhor do grid, já abocanhou duas vitórias. Poderão dizer que em Cingapura foi sorte etc., mas em Fugi não. No Japão, o espanhol foi perfeito, mostrou que se não fosse a proteção exacerbada da Mclaren em 2007 a favor de Hamilton teria sido um legítimo tri. Alonso, que não tem medo de desafios, que começou na Minardi, que levou a Renault a dois títulos mundiais em cima do maior nome da história da F-1 – Schumacher, antes que algumas viúvas de outro piloto se perguntem quem é – e que coloca o atual Sandero turbinado ao quarto lugar no Mundial de Construtores e na sétima colocação no de pilotos.

Projetistas, engenheiros... caprichem no Renault 2009 para a categoria ganhar mais um candidato ao título. Alonso... fica! O time francês é a sua casa. Enquanto você não tem uma vaga em Maranello, fique, será um espetáculo a parte!

Chegou a hora, Barrichello

O discernimento sobre a hora de parar é algo dificílimo para todos, principalmente para grandes esportistas. Barrichello afirma que tem motivação e braço para continuar, porém, parece que chegou a hora.

Injustiçado em muitas oportunidades pela imprensa nacional, Rubens passou o final de semana choramingando uma renovação ou uma vaga em outra equipe. Lágrimas derramadas para a imprensa brasileira e que nem fazem cócegas nos dirigente e na imprensa mundial. Talvez queira ser ouvido pela Petrobrás, que abastecerá as Hondas em 2009. Será que os donos do petróleo nacional não vão querer apostar em uma nova promessa, já que os japoneses já possuem um piloto experiente e bom em desenvolvimento: Jenson Button, veloz e alguns anos mais novo? Parece que chegou a hora Barrichello! Você fez muito na categoria, talvez não reconheçam isso, mas você fez. Cometeu erros de gerência em relação a sua carreira, mas não podemos recriminá-lo, talvez soubesse seu lugar. Seu currículo é grandioso sim: 2/3 dos que passam pela categoria não tem 1/10 das suas conquistas. Não jogue isso tudo no lixo.

12.10.08

Até a pé nós iremos...

Marcelinho Paraíba se lamenta na derrota para o Atlético-MG

Com o jogo da seleção brasileira neste domingo, a 29ª rodada do Campeonato Brasileiro foi disputada durante a semana. E quem se deu bem foi o Grêmio, que venceu o Santos e reassumiu a liderança isolada, graças ao tropeço do Palmeiras em Florianópolis, no empate contra o Figueira. Dos outros três candidatos ao título, apenas o Flamengo decepcionou e ficou um pouco para trás. Cruzeiro e São Paulo venceram no sufoco e colaram no Verdão.

Na nossa imprensa parcial e regionalista, a grande maioria já colocou o Palmeiras como campeão, mesmo quando ainda estava atrás dos gaúchos. Acredito que alguns irão rever suas previsões depois dessa rodada. E a próxima tem tudo para deixar o torcedor gremista ainda mais animado.

Enquanto o Grêmio enfrenta a Lusa, que briga para não cair, fora de casa, seus concorrentes disputam clássicos regionais e podem perder pontos preciosos. O Palmeiras recebe o São Paulo, o Cruzeiro pega o rival Atlético e o Flamengo enfrenta o Vasco. Apesar de ser clichê, não dá para apontar favoritos. Uma derrota de Cruzeiro e Flamengo não será nenhuma surpresa, mesmo estando em melhor fase que os rivais, na ponta de baixo da tabela. Ou justamente por isso.

Uma derrota do São Paulo para o Palmeiras tira o tricolor da briga; se o Porco perder, ainda continua com chances, mas o abalo na moral da equipe poderá comprometer a reação. Cruzeiro e Flamengo estão na mesma situação do São Paulo.

Seis integrantes do blog (Felipe, André, Flávio, Azank, Thiago e Jota) fizeram uma simulação de resultados até o final do campeonato. Resultado final: o campeão fará entre 73 e 78 pontos. O Grêmio terminou na frente quatro vezes, e Palmeiras e São Paulo uma. Claro que são apenas palpites, e são muitos jogos e combinações possíveis. Mas mostra que os gaúchos estão em vantagem atrás do terceiro título nacional.

Restam ainda 27 pontos em disputa. Pela média das simulações, quem terminar com 76 leva o caneco. Isso quer dizer que será preciso no mínimo 7 vitórias, de nove possíveis, para algum time atingir essa marca. Acho difícil alguma equipe obter tal aproveitamento (77,7%) nos jogos que restam. O Grêmio, líder, tem 64,3% até agora.

Cinco times iniciaram a 29ª rodada com chance. Acredito que, ao final da 30ª, apenas três continuarão na briga. Mas não sei dizer quais serão os dois a fazer companhia para o tricolor gaúcho. O Flamengo não é um deles.

Bandeira que pode estar tremulando dia 7 de dezembro

9.10.08

Boca cerrada

O goleiro Caranta (E) pediu a Ischia (D) para não jogar contra o Estudiantes: mais um capítulo da crise Xeneize.


Imagine um time de massa que não vence há cinco partidas, está a oito pontos do líder, sofreu dez gols nos últimos cinco jogos do campeonato nacional e que não vence há três partidas em seus domínios - nada menos que a temível Bombonera. Aclamado como o Rey de Copas, o Boca Juniors – recentemente campeão da Recopa Sul-Americana em cima do Arsenal de Sarandí – vê as coisas se complicarem dentro e fora da cancha. Não bastasse a péssima campanha no Apertura 2008 (6º, 14 pts), as coisas fervem no elenco Xeneize. O zagueiro Cáceres soltou os cachorros sobre Riquelme – que não joga um bom futebol há um tempão – atribuindo parte da má fase da equipe aos privilégios concedidos ao camisa 10: "Riquelme é uma pessoa complicada, difícil de lidar. Durante as partidas, alguns companheiros se incomodam com suas atitudes. Em alguns jogos, aparenta estar correndo. Em outros, aparenta estar indiferente".

A resposta de Riquelme e dos que o defendem foi imediata. Mimos como o do presidente Pedro Pompílio e de Maradona colocaram o beque paraguaio como vilão da história. E apesar do ex-jogador do Atlético/MG não ser flor que se cheire, corre à boca pequena que ele não é o único que pensa dessa forma no elenco boquense. Ou alguém não lembra da forma como Riquelme saiu do Villarreal, após indisposição com um elenco inteiro, a ponto do técnico Manuel Pellegrini relegá-lo do Submarino Amarillo? E ele nem vai poder gozar de muita tranquilidade quando for servir a Argentina, que também vive momento delicado e pode ficar sem técnico, dependendo das andanças da seleção albiceleste ao final desta rodada das Eliminatórias Sul-Americanas.

Para apimentar ainda mais o péssimo momento, o goleiro Mauricio Caranta pediu para não jogar a última partida - a derrota para o Estudiantes por 2-1 na Bombonera. Alegando problemas familiares, o arqueiro deixou o técnico Carlos Ischia em maus lençóis, como aponta reportagem do diário argentino Olé!. Há quem diga que seu ciclo no Boca está se encerrando após os episódios do arqueiro e do bate-boca Riquelme/Cáceres. Mas Ischia terá direito a um recomeço, em meio a todas as polêmicas e contusões do elenco boquense: "basta" vencer El Superclásico na próxima rodada, diante do arqui-rival River. Los Millionários gozam de fase ainda pior que o Boca, pois amargam a antepenúltima colocação do Apertura, com Simeone também balançando forte no cargo.

Já com a sombra de Carlos Bianchi, o qual muitos dizem que deseja sair da “aposentadoria”, e até mesmo de Alfio “Coco” Basile - se este realmente fracassar na seleção argentina, pois possui muita moral no Boca devido ao título da Libertadores 2007 – pairando sobre Ischia, ele quebra a cabeça para armar a equipe. Com vários contundidos (inclusive Palermo, que sofreu grave contusão) e sem poder contar com o novo reforço (Lucho Figueroa, adquirido por empréstimo junto ao Genoa), o técnico terá de contar novamente com o juvenil Javier Garcia na baliza (que falhou no segundo gol do Estudiantes, na última partida) e o jovem Lucas Viatri no comando de ataque para vencer o River em pleno Monumental de Nuñez.

Com os garotos e Riquelme em péssima fase, resta ao Boca vencer um rival igualmente desesperado. E como desgraça pouca é bobagem, uma derrota no Superclásico pode trazer desdobramentos maiores à crise Xeneize, que pode chegar às arquibancadas: há uma disputa de poder entre facções em La Doce, a maior torcida organizada do Boca, onde três barrabravas foram presos no último domingo por porte ilegal de armas. A maré anda brava, dentro e fora de campo.

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