31.3.08

A Síndrome do "Novo Pelé"

Pato e Pelé: Comparação benéfica ou oportunista?

Não é de hoje que tentam achar um substituto para o título de “Novo Pelé” dentro da Seleção Brasileira de Futebol. Zico, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Robinho figuram entre os nomes que a imprensa nacional e internacional associa ao Rei do futebol . Após a vitória de 1 a 0 sobre a seleção da Suécia a imprensa já elegeu o novo alvo para idolatria e comparação: Alexandre Pato.

De fato as exibições de Pato chamam a atenção: estreou com gols em todas as equipes que atuou (Internacional, Milan e Seleção Brasileira) e mantém uma média de boas atuações que fazem dele um dos jogadores mais promissores da nova geração. É inegável que se trata de um atleta acima da média que pode finalmente trazer o ouro olímpico para o Brasil ou se tornar o melhor do mundo nos próximos anos.

O que me deixa incomodado é a mania de muitos jornalistas tem de comparar qualquer bom jogador a Pelé, algo que na minha humilde opinião é totalmente desnecessário e irritante. Muitos jogadores muito mais habilidosos e com carreiras mais vitoriosas que o jovem atacante do Milan não se dão a luxo de tal comparação. É o caso de Zidane, Platini, Cruyff, Di Stefano entre outros, que mesmo tendo consciência de suas qualidades técnicas, sabem que Pelé esteve e estará no lugar mais alto na história do futebol. O único que ainda contesta a coroa do Rei é Maradona, mas isso seria uma discussão para outro artigo.

Pato tem muito para crescer no futebol. Amadurecer, conquistar títulos e consolidar a carreira, assim como Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo que foram vitoriosos nos clubes que passaram e mesmo assim perderam o posto de sucessores de Pelé naturalmente após queda na produção dentro de campo.

Pra que então esta busca por um “novo Pelé”? Seria uma forma de vender mais notícias, valorizar o jogador, criar esperança no torcedor, inflar o ego do jovem atleta? Não sei a resposta ainda mas acredito que depois de Pato surgirão novos “Pelés” classificados pela mídia, e se este não tomar cuidado para não deixar o sucesso subir à cabeça, poderá acabar se frustrando no futuro.

29.3.08

Alvinegros roxos

Roxos de raiva, os torcedores protestam contra a nova camisa

A nova camisa oficial do Corinthians, de cor roxa, foi lançada oficialmente nesta semana. Mal estreou e as polêmicas já começaram. A Gaviões da Fiel encabeça um movimento pelo “resgate” da tradição do clube, para que volte a usar o tradicional uniforme alvinegro. “O time do povo é preto e branco, roxo não”, bradam os mais exaltados. Eu vejo tudo isso por uma outra ótica. Não sou apreciador do uniforme roxo, esteticamente falando, mas essa camisa é um dos marcos desse novo Corinthians, que começa a se “profissionalizar” de verdade, como fazem os grandes clubes mundiais. Após a mudança no estatuto, onde ficou definido que os sócios terão poder de voto na escolha do próximo presidente do Timão, o clube entra na era do marketing massivo, planejado e profissionalizado. São ações que sempre defendi para os grandes clubes, dado o grande número de torcedores e o potencial que pode ser revertido aos seus próprios cofres.

Após o sucesso do “Eu nunca vou te abandonar” e do “Louco por ti, Corinthians”, a sacada do “Sou Corinthiano roxo” é muito inteligente, pois trata-se de uma homenagem a todo amor e fanatismo do torcedor corinthiano. E mesmo com a repercussão negativa em parte da torcida, o objetivo está sendo alcançado: a ampla divulgação dessa campanha, o que fatalmente será benéfico ao Corinthians. E não se trata de se prostituir e renegar as tradições do alvinegro. É mais que uma questão de inteligência, é sobrevivência. Como foi muito feliz nos exemplos, o amigo e parceiro Fábio Leopissi, do blog Pela Linha de Fundo, citou no seu post sobre o tema exemplos do Barcelona – que a todo momento muda sua camisa nº 2 – e do próprio Palmeiras com sua camisa fluorescente. O Arsenal já vestiu amarelo, o Boca Juniors já vestiu cinza, o Chelsea já envergou uma camisa fosforecente e nem por isso, nenhum deles deixou de ser grande ou respeitado pelos adversários. A maior prova disso é o próprio Corinthians, que jamais usará qualquer tipo de tom verde em sua camisa, recusando a cor do patrocínio milionário da Medial Saúde, de logo verde, e da Pepsi Twist, que teve o limão verde mudado para amarelo, em 2002.

O alvinegro já usou uma camisa de desenho esquisito em 1996, outras inteiramente negras, de listras douradas. Quem não conhece a história dos primórdios corinthianos, onde o time usava camisa bege, a qual se tornaria branca após seguidas lavagens, sendo incorporada depois como uma das cores oficiais do time? O que acho que os torcedores devem entender é que o Corinthians nunca deixará de ser grande. Em um momento delicado, de pós-queda e numa reta final no Paulistão, o Corinthians deve pensar grande. E o marketing tem papel fundamental nessa nova era. O alvinegro só tem a ganhar com o roxo.

28.3.08

A tensão rumo a Pequim

A chama para as Olimpíadas de Pequim foi acesa, o mundo se volta para um dos maiores eventos do esporte, os atletas disputam uma vaga na preciosa competição que teve início há mais de 2.800 anos na Grécia.

Os chineses estão se mostrando competentes no árduo trabalho de organizar uma Olimpíada, mas um problema maior parece pairar no horizonte. Junto com as notícias de novos recordes e de novas revelações nas mais diversas modalidades esportivas, os noticiários dão conta de uma questão maior: os protestos em defesa dos direitos humanos no Tibete.

Há poucos dias o governo chinês tentou mostrar ao mundo que as divergências com os tibetanos não era mais um problema, mas não foi isso que os jornalistas convidados pelas autoridades chinesas presenciaram. Monges tibetanos acusaram a China de os manterem em templos fechados e sob rígida vigilância. O fato não foi bem visto pelo lado ocidental do planeta e resultou em uma ligação pessoal do presidente dos EUA, George W. Bush, ao presidente da China, Hu Jintao, para falar sobre a “preocupação” com a situação no Tibete. O presidente estadunidense “encoraja” o governo chinês a liberar o acesso de jornalistas e diplomatas no Tibete, além de iniciar um diálogo substancial com os representantes do Dalai Lama.

O fato é que faltam pouco mais de quatro meses para o começo dos Jogos e o problema parece avolumar-se com relatos de radicalismo e violência. O Tibete está há mais de 50 anos sob o domínio da China e parece que, apesar das últimas conversações e “dicas” de lideres mundiais, os chineses não estão dispostos a conceder sua independência.

O interessante de tudo isso é que os Jogos Olímpicos deveriam significar jogos de aproximação e reconciliação entre os povos, como intencionou Pierri de Fredi ou Barão de Coubertin ao retomar os jogos em 1892. Exemplo disso foi o que aconteceu com a Coréia do Norte e Coréia do Sul, que desfilaram sobre a mesma bandeira nos Jogos Olímpicos de Sidney em 2000 e de Atenas em 2004. Claro que a questão entre tibetanos e chineses é outra, mas teremos algum desfecho até as Olimpíadas ou apenas “panos quentes” para o “bem” da competição?

A pira olímpica será acesa no dia 8 de agosto. O fogo olímpico deve passar pelos cinco continentes e, antes de adentrar Pequim, passará pela região do Monte Everest, no Tibete, o que deve gerar mais acusações, hostilidades e polêmicas. Algo realmente triste quando estamos pensando em Jogos Olímpicos ou, como citava o Barão de Coubertin, jogos para “celebrar a paz entre as nações”.

27.3.08

Mais intacto do que nunca

Dunga: Seleção Olímpica largada a própria sorte

Há pouco mais de quatro meses antes do início do futebol nas Olimpíadas de Pequim, a falta de preparo da Seleção Brasileira é invejável. Diferentemente de nossos rivais já confirmados, sequer temos aspirações de montar uma equipe que comece a se entrosar.

Nesta semana quando questionado porque só utilizaria um atleta com idade olímpica entre os titulares, no caso Diego, o treinador afirmou que “sempre entra numa partida para vencer e dificilmente pensa em priorizar este ou aquele jogador”.

Coitado. Dunga deve pensar que é o rei da popularidade, que todos apóiam suas controversas decisões táticas e sua retranca exacerbada. Prefere não assumir responsabilidades e desdenha do ouro olímpico. Esquece-se de que antecessores que dirigiram a “seleçãozinha” diziam a mesma coisa e ficaram sem emprego, depois de fracassar.


Um amistoso como o de ontem contra a Suécia era a oportunidade perfeita para entrosar Diego, Alexandre Pato, Anderson, Lucas e companhia. Afinal, esta Seleção torna-se ainda mais uma incógnita, justamente por não ter disputado nenhum tipo de torneio pré-olímpico.

E mais, se a desculpa do birrento Dunga é a qualidade, eu questiono: Marcelo não é melhor lateral que Richarlyson? Será que Lucas não consegue atuar com a mesma segurança que Josué ou Gilberto Silva? Quem você colocaria no seu time, Anderson ou Julio Baptista?

Em contrapartida, nossos rivais “vão bem, obrigado”. A Argentina, atual campeã olímpica, já confirmou Riquelme, Mascherano e Demichelis ao lado de sua incrível geração formada por Messi, Gago, Banega, Higuaín e Aguero. Alguém desconfia de um inédito bicampeonato? Impossível...

Na Europa os classificados também estão agitados. A Holanda, campeã européia na categoria, virá com uma base entrosada desde o ano passado: Drenthe, Maduro, Babel e Huntelaar. A Itália também já fez alguns jogos com sua base olímpica liderada por Aquilani e Giuseppe Rossi. Isso sem citar os africanos que sempre dão trabalho...

E o Brasil? Faz amistosos desnecessários... Por essas e outras sou pessimista e acredito que o ouro olímpico está bem distante de nossa seleção. Amostra de como o Brasil ainda não aprendeu o verdadeiro caminho para um maior sucesso no futebol: investir na base.

E o tabu de nunca ter vencido uma Olimpíada? Pelo jeito, permanecerá mais intacto do que nunca...

24.3.08

Talismã tricolor

Borges comemora mais um gol decisivo, agora contra o Guarani

Ele chegou no São Paulo cotado para ser uma boa peça de reposição que faria dupla com o atacante Aloísio. Vindo do Vegalta Sendai, time da segunda divisão japonesa onde foi artilheiro com 26 gols, o currículo de Humberlito Borges Teixeira tinha apenas uma boa campanha pelo União São João de Araras e posteriormente pelo Paraná Clube em 2005, quando marcou 19 gols no Brasileirão daquele ano.

O ataque composto por Aloísio, Dagoberto, Leandro e até Diego Tardelli fez com que Borges oscilasse do campo para o banco de reservas devido a suas atuações razoáveis no ano passado, por isso, com a vinda de novos jogadores, provavelmente seria negociado como Jadílson, Souza e Breno.

2008 começou e a contratação de Adriano e Éder Luis para o ataque foi a aposta da diretoria para um ano vencedor. Como a máquina ainda demora para engrenar, as peças mais antigas precisaram dar conta do recado e aí foi a hora de brilhar a estrela do camisa 17 tricolor.

Artilheiro do São Paulo no ano ao lado do “Imperador” com 7 gols, Borges está sendo fundamental na campanha do time no Paulistão. Seus gols decisivos mantêm vivas as chances da equipe brigar por uma vaga no G-4 e dão um novo ânimo ao atleta que vinha encostado na reserva desde o final do ano passado.

Contra o Mirassol na vitória por 2 a 1 fora de casa, contra o Barueri nos 2 a 1 no Morumbi e principalmente na última partida frente ao Guarani em Campinas, quando o atacante entrou aos 28 do segundo tempo e logo marcou o gol que rendeu mais três pontos na briga pela classificação, o jogador mostra estar preparado para ajudar o São Paulo nos momentos decisivos, ao contrário de outros atletas que estão rendendo abaixo do esperado.

O competente mas teimoso Muricy Ramalho teima em colocar o jogador desde o início das partidas alegando que prefere optar sempre por quem está melhor fisicamente. Disso eu não discordo, mas que existe muito jogador no São Paulo que pode estar fisicamente bem mas tecnicamente péssimo, isso é claro! Sou a favor de quem está em boa fase, independente do nome, salário ou camisa. O que o torcedor quer é bola na rede e vibrar com demonstrações de raça no gramado. Quanto a isso os são-paulinos não podem se queixar quando o "talismã" Borges está em campo.

22.3.08

Quero encantar novamente!

Ronaldinho completa 28 anos atravessando momento dificil na carreira.

Com certeza, esse foi um dos pedidos de Ronaldinho Gaúcho ao apagar as velas do seu 28º aniversário, completados no último dia 21. O craque dentuço vive um verdadeiro inferno astral no Barcelona, após ter sido aclamado como o melhor do mundo por duas vezes, em 2004 e 2005. Ele ainda é muito querido por boa parte da torcida blaugrana, mas há muito se questiona sua saída da Catalunha. O que não faltam são candidatos a reviver a magia do camisa 10, perdida já há algum tempo. Equipes como Chelsea, Milan e Inter, entre outros, já manifestaram interesse no brasileiro.

Garoto prodígio no Grêmio, jogador sem tanto brilho no Paris Saint-Germain, Ronaldinho chagou a Barcelona como uma incógnita, apesar dos 21 milhões de euros pagos por ele. Afinal, era seu primeiro desafio em um time de ponta, de torcida exigente e que sempre está entre os favoritos em todos os campeonatos. Mas ele fez a magia acontecer nos gramados europeus e durante seu auge, era comparado aos monstros do futebol, como Maradona e até Pelé. Claro que parte desse “exagero” vem do sensacionalismo característico da maioria da imprensa esportiva espanhola, mas Ronaldinho realmente comeu a bola. Quem não se lembra da seqüência de chapéus em cima do lateral Del Horno, à época no Bilbao? Ou dos jogos brilhantes com o Barcelona na campanha campeã da Champions em 2005/06? Ou da brilhante campanha junto a Seleção Brasileira na campanha vencedora da Copa das Confederações de 2005, ao lado de Kaká e cia.?

Após o fiasco na Copa de 2006 - onde se esperava que ele fosse um dos expoentes de uma eventual campanha vitoriosa do Brasil - Ronaldinho começou a cair vertiginosamente de produção. Particularmente nesta temporada, Ronaldinho atravessa a pior fase de sua carreira. Ao dividir a responsabilidade de brilhar junto das outras vértices do “Quarteto Fantástico” do Barça, achou-se que ele iria reeditar os seus melhores dias. No entanto, Ronaldinho está deixando uma lacuna, que aos poucos vêm sendo ocupado pelos talentosos garotos da base blaugrana, como Bojan Krkic e Giovani dos Santos. Pouco efetivo na perseguição do Barcelona ao Real Madrid na Liga Espanhola e também no caminho do Barça rumo ao topo da Europa, Ronaldinho vislumbra um fim de temporada péssimo, onde é constantemente poupado por Rijkaard – por vezes, estando em condições de jogo – e também se encontra fora dos planos de Dunga para a Seleção neste momento. Isso certamente lhe custaria uma das vagas destinadas aos jogadores com mais de 23 anos da seleção olímpica, que tentará conquistar o ouro em Pequim.

Até aqui, o que faltou para Ronaldinho ser reconhecido como um grande jogador da história do futebol é a regularidade de um Zidane, um Kaká ou um Romário, citando apenas seus contemporâneos. E ultimamente é perceptível a falta da alegria em sua expressão, sendo este o principal combustível de sua personalidade para que ele possa encantar e desequilibrar. Seria este um momento propício para o craque dentuço mudar de ares? Enfrentar a dureza de um futebol inglês, onde seu xará lusitano, de ousadia tão grande quanto a do brasileiro, deita e rola? Ou a retranca de um futebol italiano, onde um jogador com a técnica que ele possui pode se sobressair facilmente? Talvez seja a hora de partir da Catalunha.

Muito além dos troféus, o que me faz feliz é jogar futebol”. Essa é uma das frases que o craque diz, em seu site oficial. E se Ronaldinho está feliz, com certeza todos que apreciam um futebol espetáculo, acrobático e encantador também estarão felizes. Que o apagar das velinhas traga uma nova fase, para que o camisa 10 e nós, apaixonados por futebol, também fiquemos felizes.

20.3.08

Matadores ou Enganadores?

Adriano pelo São Paulo, Alex Mineiro pelo Palmeiras, Acosta pelo Corinthians, Diego Tardelli pelo Flamengo, Dodô pelo Fluminense, Edmundo pelo Vasco e por aí vai... No início desta temporada, a busca dos grandes verdadeiros goleadores não foi pouca...

Agora, quase dois meses depois, muitas destas contratações não vingaram ou não demonstraram todo seu potencial em balançar as redes. Tanto que, com exceção feita a Washington artilheiro do Campeonato Carioca, todos os outros goleadores são desconhecidos do grande público. Em São Paulo, o santista Kléber Pereira disputa a artilharia com dois nomes que atuam no interior paulista: Otacílio Neto e Pedrão.

No ano passado, Otacílio Neto já teve uma temporada de destaque em seu atual clube, o Noroeste. Não à toa, foi contratado pelo Figueirense para a disputa do Brasileirão e não decepcionou. Mesmo sem conquistar a titularidade absoluta, seus 7 gols ajudaram o time de Florianópolis a permanecer na Primeira Divisão Nacional.

Em 2008, Otacílio manteve o ritmo e já marcou 10 gols pelo Paulistão. Apesar de não ser muito habilidoso, o avante trombador da Maquininha Vermelha é incansável, raçudo e chuta muito forte. Reza a lenda que alguns clubes, dentre eles o Corinthians, já sondaram o atleta. Se for menos “fominha”, certamente poderá aparecer...

Pedrão, atual artilheiro do campeonato com 11 gols, trata-se de uma grata surpresa. Neste ano, com a chegada do veterano Alberto, especulou-se que o rodado atleta (ex-Barretos, Paulista, Marília e Jaboticabal) fosse amargar um tempinho no banco. Ledo engano.

Artilheiro em todos os clubes que passou, Pedrão compensa sua limitada técnica com uma apurada facilidade de desmarcar-se. Sempre aparece sozinho por onde passa a bola. Prestes a fazer 30 anos, dificilmente atuará num clube de expressão, mas pode ser destaque em equipes de médio porte, graças a seu posicionamento e explosão. Foi assim que marcou 15 gols na Série B do Brasileiro de 2007.

Além dos dois, outros nomes desconhecidos surgem nos torneio estaduais de todo o país. No próprio Carioca, se Washington “Coração de Leão” vacilar, o ex-vascaíno Muriqui pode alcançá-lo na tábua de artilheiros. Graças a seus gols, o Madureira conseguiu vencer Vasco e Botafogo na 1ª fase do torneio, a Taça Guanabara.

Nos pampas a surpresa é brasileira, mas veio de longe. Mendes, experiente atacante baiano de 31 anos estava no venezuelano Estudiantes de Mérida quando o Juventude decidiu repatriá-lo. Certamente, sem os seus 8 gols, a má fase do clube de Caxias seria ainda mais agravante.

Em Minas, Bruno Mineiro é o grande destaque do Rio Branco de Andradas. De todos os seus 6 tentos convertidos, o mais importante foi certamente aquele que acabou com a invencibilidade do Cruzeiro. Além de tudo, Bruno é jovem (tem 24 anos) e poderá aperfeiçoar ainda mais o seu potencial.

Se estes e outros nomes que aparecem irão vingar, não se sabe. Às vezes, neste mercado tão inflacionado, a solução pode ser muito mais simples e palpável. Resta saber, se vale a pena arriscar...

19.3.08

Volta por cima

Após alguns anos amargando péssimas atuações no campeonato nacional e tendo que aceitar a hegemonia paulista na conquista de títulos nesta década (5 Brasileiros no total) , o futebol carioca começa se reerguer aos poucos e mostra sua força tanto no seu estadual quanto na Libertadores.


O rubro-negro que já teve que fazer o possível e o impossível para escapar do rebaixamento em algumas edições do Brasileirão se armou bem. Conseguiu a vaga para a Libertadores, embalado por sua enorme torcida que lotou o Maracanã nos jogos do ano passado, e hoje pode se considerar o melhor carioca em atuação. Líder do grupo 4 da Taça Libertadores tem a seu favor a conquista da Taça Guanabara e a vaga assegurada na final do estadual.

O Fluminense que se armou com seus três tenores (Washington, Leandro Amaral e Dodô) também chama a atenção. Divide a liderança do Grupo 8 da Libertadores com a LDU do Equador além de ser o primeiro do grupo A na Taça Rio, com boas chances de chegar na finalíssima.

O Botafogo, grande propulsor do chororô , briga palmo a palmo pela liderança do grupo B da Taça Rio com o Vasco da Gama. Os dois alvinegros estão com 100% de aproveitamento nesta fase do estadual. Botafoguenses e vascaínos estão na segunda fase da Copa do Brasil com boas chances de avançar para a próxima etapa com confrontos contra River –PI e Bragantino-SP respectivamente.

Os clássicos cariocas voltaram a chamar a atenção do público que lota os estádios e apóia suas equipes seja qual for a competição. Até o velho “pó-de-arroz” voltou a ser permitido durante as partidas para alegria do torcedor tricolor. Uma onda que toma conta dos gramados cariocas pronta para fazer frente aos maiores times do resto do país.

18.3.08

Muito Choro

Nunca se viu tantos reclamões quanto neste início de temporada. O juiz me persegue daqui, o fulano me provoca daqui...e o futebol fica em segundo plano, já que, pelo que argumentam os chorões, o adversário não tem mérito nenhum. Nem clubes médios e pequenos – como a Portuguesa, no episódio Castrilli – espernearam tanto quanto Botafogo e São Paulo fazem atualmente. E olha que a Lusinha tinha motivos muito mais evidentes que alvinegros e tricolores para espernearem.

E o que mais impressiona é que toda essa choradeira (e a incitação de rivalidade que vem com toda a gozação) é que ela parte de cima para baixo. Ou seja, os dirigentes do clube em questão são os grandes “inconformados” de plantão, aumentando ainda mais a repercurssão de episódios como o da final da Taça Guanabara e a “perseguição” dos árbitros ao São Paulo. A postura ridícula de figuras como Carlos Augusto Montenegro, do Botafogo, e Marco Aurélio Cunha, do São Paulo, mostram que nos momentos que a racionalidade de um dirigente de clube de massa deve imperar, ambos tem comportamentos de torcedores de boteco, acusando juízes, ofendendo jogadores e torcedores adversários. Atitudes essas que podem ter seus extremos externados nas arquibancadas, em dias de jogo.Marco Aurélio parece descontrolado com o momento do São Paulo. É claro que as arbitragens dos jogos em questão foram questionáveis, mas nada comparados a “grandes roubos”, que quase sempre favoreceram os grandes. E que os dirigentes nunca se recordam. Ao dizer que o São Paulo está sendo perseguido, Marco Aurélio tapa o sol com a peneira, pois o que realmente está dificultando as coisas para o atual bicampeão brasileiro é a falta de reforços. “A estatística desfavorável ao São Paulo é extremamente grande. Tenho percebido que o São Paulo é um clube vencedor e que incomoda o inconsciente das pessoas”, afirmou o descontrolado dirigente tricolor ao Globoesporte.com. Manter o nível em três anos seguidos sem a contratação de reforços à altura é quase que impossível. As outras equipes começam a evoluir, como o próprio Palmeiras, Fluminense, Cruzeiro e por aí vai. E a defesa do Sâo Paulo vem sendo a "mãe do ano" até aqui, não sendo nem sombra daquela sólida zaga que assombrava os atacantes na temporada passada.

A rinha que se formou entre Flamengo e Botafogo beira o ridículo. Qualquer espirro do rival é motivo para pitacos imbecis tanto de Kleber Leite quanto de Montenegro. Chorão pra cá, ladrão pra lá e ocirco está formado. As recentes decarações de Montenegro sobre o episódio envolvendo Toró e o goleiro Castillo mostram a que nível está esse embate: “Concordo em gênero, número e grau com o Toró quando ele diz que futebol é para macho. Mas futebol não é para covarde e marginal. Quem agride gandula e chuta a cabeça de um adversário é covarde.”. Imaginem agora se os dois se cruzam numa eventual final de Carioca. A primeira má interpretação, carrinho mais forte ou contato mais ríspido farão com que a partida vira várzea, guerra. Ou não vão querer quebrar o Souza, o Toró, o Castillo ou quem quer que seja?

Essas picuinhas todas, de querer ferrar com o rival até em quem aperta primeiro o botão do elevador estão deixando o futebol em terceiro plano. A reclamação deve existir, mas em moldes aceitáveis. Ou então quem está reclamando pode se tornar tão “bandido” quanto pregam nos seus eternos chororôs. Mais ação dentro de campo, menos lenço fora deles.

17.3.08

É pênalti !!!!

A distância dos nove metros e quinze que separam a marca do pênalti da linha de gol muitas vezes pode mudar o curso de uma partida, consagrar um goleiro, destruir um cobrador ou até mesmo dar um título para uma equipe após cobranças alternadas.

O pênalti tem uma relação muito forte com toda a história do futebol: foi de pênalti que Pelé e Romário comemoram seus milésimos gols. Não poderia ser um gol qualquer. O jogo teria que parar. E assim foi tanto para Pelé como para Romário. A bola na marca de cal. O povo atento a cada passo, a cada suspiro do atleta. Olhares fixos em todos os detalhes das cobranças que tornaram os dois atletas os maiores goleadores da história do futebol.

Após um jejum de vinte e quatro anos, seria de pênalti que o Brasil voltaria a se tornar campeão mundial de futebol. Depois da frustração de 86, quando as penalidades contra a França nos eliminaram, em 94 a final decidida nos pênaltis contra a Itália fez do criticado goleiro Taffarel um ídolo nacional ao mesmo tempo em que transformou o craque Roberto Baggio em carrasco de sua própria seleção.

No mesmo ano o São Paulo perderia a Libertadores da América para o Vellez Sasfield nos pênaltis em pleno Morumbi. Palhinha foi a vítima da vez. Dois anos antes o tricolor havia sido campeão sobre o New´s Old Boys no mesmo estádio graças as defesas milagrosas de Zetti também em cobranças alternadas.

Tem gente que acredita que pênalti bem batido é o que entra. Outros que acham que o goleiro só defende a bola se o atacante bater mal. Tem até quem o considere tão fácil como colocar a bola com a mão dentro do gol. O que importa é que a penalidade máxima é a maior oportunidade para um atacante converter um gol. Disso o jogador argentino Palermo sabe muito bem. Durante a Copa América de 1999 o centro avante desperdiçou três cobranças durante a partida contra a Colômbia e entrou para a história como o jogador profissional a perder o maior número de pênaltis em uma partida oficial. Pior foi ter que ver seu time amargar uma derrota por três a zero para os colombianos por sua causa.

Muito da fama do goleiro Dida em ser pegador de penalidades se deve a semifinal do campeonato brasileiro de 1999 quando o ídolo do São Paulo, Raí, perdeu dois pênaltis defendidos pelo arqueiro e que poderiam colocar o tricolor na grande decisão daquele ano.

O que se viu em Ribeirão Preto no último domingo foi mais uma prova de como uma penalidade e a impudência de alguns jogadores dentro da grande área podem mudar o curso de uma partida ou até da trajetória de uma equipe em um campeonato. Após um primeiro tempo equilibrado com o placar de 1x1 o São Paulo voltou mais forte do vestiário e dominou as ações do jogo durante todo o segundo tempo até o fatídico carrinho de Júnior em Vadívia aos 28’que resultou em pênalti para o Palmeiras.

A cobrança convertida por Denílson além de ser uma resposta aos sãopaulinos que o renegaram também desestabilizou o adversário que cinco minutos depois cometeria novo penal, agora de Juninho em Kléber, que Valdívia converteu.

Para fechar, Richarlyson cometeu um terceiro pênalti tricolor após uma entrada em Diego Souza. O próprio atacante bateu e comemorou a goleada de 4 a 1 sobre o São Paulo, resultado que não reflete o que foi a partida mas que mostra como a fragilidade criada pela iminente chance de gol que um pênalti proporciona em pode mudar a história de um confronto e até do campeonato. Três pênaltis que podem tirar o São Paulo das semifinais do Paulistão além de proporcionarem a queda de um tabu contra o Palmeiras em campeonatos paulistas de quase onze anos e gerar uma goleada de quatro gols. O pênalti pode traduzir num só lance a glória de alguns e a derrocada de outros.

10.3.08

Fura-fila

Dentinho e Lulinha: Até aqui, quem apareceu menos rendeu mais

Que o terrão do Corinthians sempre foi fértil em revelar talentos, não é segredo para ninguém. E com a crise dos últimos anos, as categorias de base foram a principal fonte de fornecimento de jogadores ao elenco, assim que o Timão se viu sem a grana da famigerada MSI. Esse processo forçado queimou muitos jogadores da base, que afundaram com a equipe junto com a pífia campanha do Brasileirão 2007, a qual levou o Corinthians ao rebaixamento.

Mesmo em meio a toda essa turbulência, surgiram bons valores, tais como Everton Ribeiro, Willian, Dentinho e Lulinha. Lulinha esse que surgiu mais precocemente na mídia do que todos os seus colegas citados. É o mais jovem deles e também o que criou maiores expectativas nos torcedores, tão carentes de ídolos. Surgido como um cometa, após a Copa São Paulo de 2005, Lulinha foi queimando etapas para chegar até a equipe principal. Explodiu em 2007, quando foi o maior destaque do Brasil sub-17 octacampeão sul-americano, quando marcou 12 gols em nove jogos. Quando o Corinthians começava a transitar para a má fase no Brasileirão de 2007, o empresário de Lulinha, Wagner Ribeiro – mesmo de jogadores badalados como Kaká e Robinho - , “exigiu” que o garoto, então com 17 anos, fosse alçado a equipe profissional. Chegou a ameaçar de levar o precoce talento do Parque São Jorge por conta disso. Praticamente promovido junto a Willian, viu o companheiro brilhar e ser vendido rapidamente ao capital ucraniano – de procedência duvidosa – do Shakhtar Donetsk.

Chegando a equipe principal ao lado seu companheiro e amigo particular Dentinho (um ano mais velho que Lulinha), os dois jovens nada puderam fazer para evitar a derrocada do Corinthians. Mesmo assim, nesse meio tempo, surgiu uma “proposta tentadora” do Chelsea que quase o levou a Europa. Renovou contrato com o Corinthians, aumentando a cláusula da multa rescisória para espantosos 50 milhões de dólares. Com a chegada de Mano Menezes, achava-se que finalmente o camisa 19 iria estourar no futebol brasileiro. Mas o que se viu foi a evolução de Dentinho. O atacante, que ano passado pecava pela péssima finalização, conseguiu atingir o nível de artilheiro da equipe na temporada (oito gols), convertendo-se num dos principais jogadores do renovado elenco alvinegro, que ja havido contratado mais de 15 reforços, muitos deles experientes e tarimbados no futebol nacional.

Dentinho está se destacando e Lulinha novamente vê mais um talento passar a sua frente. Com apenas dois gols em 15 jogos pela equipe profissional (como atacante de origem, muito pouco), Mano luta para adaptar o camisa 19 numa nova função: a de meia-atacante. Desaparecido na maioria das partidas onde atuou como titular, Lulinha começa a ser preterido por mais um volante brucutu do esquema de Mano ou pelo péssimo Héverton. E com a volta de Dinélson (diga-se de passagem, outro que ainda não estourou, porém mais experiente), Lulinha está fadado a esperar mais um pouco até conseguir atingir o nível aceitável para que ele possa desenvolver uma seqüência de jogos e assim, chegar ao potencial que todos tanto anseiam.

Ainda acho que faltou um pouco de cabeça ao próprio Lulinha, que se empolgou com os holofotes e aos que a ele dão suporte, para mantê-lo com os pés mais fixos na realidade, tanto dele quanto da equipe. De todos os citados, de longe Lulinha surgiu como o mais talentoso. No entanto, se ele não acordar e também chamar a responsabilidade que lhe cabe quando é necessário, ele pode ser mais um cigano do futebol a desfilar como uma “eterna promessa”. O espelho e exemplo é o seu próprio companheiro Dentinho, que notoriamente está em evolução.

7.3.08

Queda de cara na realidade

Arsenal "atropela" o Milan: faltou fôlego ao experiente time rossoneri

Atual campeão europeu, o Milan era o franco favorito no confronto contra o Arsenal. Não porque tinha o melhor time dentro de campo, mas porque era o atual campeão, mais experiente, mais copeiro, etc. No entanto, na hora que a bola rolou, faltou perna pro Milan correr atrás da jovialidade dos Gunners. O Arsenal foi muito melhor nos dois jogos e a corrente eliminação do time rossoneri confirmou algo que todos sabiam, mas não queriam enxergar: O Milan necessita de uma renovação radical e profunda em seu elenco. Necessita de jogadores em todas as posições, e alguns world-class em posições-chave do elenco. Elenco esse que atualmente é discrepante no que diz respeito a idade dos seus jogadores. Um verdadeiro abismo entre os trintões e os garotos, falando dos principais jogadores da equipe. As esperanças do ataque, Pato e Alberto Paloschi, não têm nem 20 anos. Já figurinhas carimbadas como Inzaghi, Cafu e cia. já passam dos 34 anos.

O título da Champions da última temporada mascarou o Milan de hoje: um time que faz campanha ireegular no Calcio, que não pode repor a ausência de um Seedorf, um Pirlo e principalmente, um Kaká. Esse mesmo Kaká que não brilhou ainda este ano, mas que foi fundamental no título da temporada passada, levando o time nas costas. Fora toda a contestação que existe sobre os métodos do técnico Carlo Ancelotti, um retranqueiro assumido, mas que sempre calou seus críticos fazendo ótimas campanhas nas últimas temporadas. O manda-chuva do Milan, Silvio Berlusconi, já falou para quem quiser ouvir que dá apoio irrestrito ao atual técnico. Posto isso, é preciso planejar diversas contratações para que o Milan possa impor respeito não apenas pela seu vasto currículo no futebol europeu, mas com um time realmente competitivo.

Não defendo a exclusão de todo o elenco – nomes como Gattuso, Pirlo, Seedorf e Jankulovski ainda podem dar muito ao Milan – mas existem jogadores que não têm utilidade no elenco rossonero atual, seja por idade ou desgaste (por vezes, os dois), como Cafu, Dida, Kaladze, Emerson e etc.

A realidade chegou aos milanistas, eliminados na Champions e penando para conseguir a classificação ao principal torneio europeu de clubes em 2008/09, já que está a quatro pontos da Fiorentina, quarta colocada do Campeonato Italiano, restando doze jogos para o fim. Por isso, renovar é preciso!

*Recomendo a leitura do bom artigo sobre a situação do Milan, “No meio do caminho tinha uma pedra...”, do blog QuatroTratti.

5.3.08

Jovem e surpreendente Raposa

Marcelo Moreno, assim como o Cruzeiro, vem fazendo ótimo papel neste início de temporada.

Alguns garotos de talento, um técnico sem um trabalho expressivo e um elenco sem grandes contratações para este ano. O Cruzeiro era o menos cotado dos brasileiros nas apostas da Copa Libertadores. No entanto, é o brasileiro que vem atuando melhor até aqui. A vitória sobre o Caracas no Mineirão mostrou que, se o Cruzeiro não é um dos grandes favoritos ao título, vem pra complicar a vida de muito bicho-papão. Alguns jogadores que vinham fazendo bom papel no último Brasileirão mantiveram o nível e vêm se mostrando letais no time do técnico Adílson Batista.

Um time rápido, de boa defesa e de futebol coletivo, mas que ainda precisa de alguns ajustes. Mas jogadores como a dupla de ataque Guilherme (que é o melhor atacante jovem do Brasil, mas estranhamente não faz parte da seleção olímpica) e Marcelo Moreno, o meia Wagner e principalmente o volante Ramires – maior destaque do time neste início e artilheiro da Libertadores até aqui, com quatro gols – dão o tom deste time que tem muitos jogadores formados na base da Raposa. No mercado de transferências, o Cruzeiro trouxe bons reforços sem fazer muito barulho, tais como o zagueiro equatoriano Giovanny Espinoza, o lateral Jadílson (ex-São Paulo), o volante Fabrício (ex-Corinthians) e o atacante Marcel (ex-Gremio) ajudam a formar um elenco de muitas opções.

Confesso estar surpreso com um começo tão avassalador dos cruzeirenses, principalmente após a saída do técnico Dorival Júnior. Mas vendo a equipe atuar dá pra se notar que o Cruzeiro promete fazer boa Libertadores e estar nas cabeças no próximo Campeonato Brasileiro.

1.3.08

Curvem-se ao Rei!


POR FÁBIO LEOPISSI

Faculdade de aprender, apreender ou compreender; percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade. Essa é a primeira definição de inteligência no dicionário. Imagine então, um jogador que possui tudo que jamais imaginou que teria na vida. Muito dinheiro, fama, um dos melhores times do mundo para jogar e tudo que o dedo possa encostar esse tal jogador poderia ter.

Qualidade ou capacidade de compreender e adaptar-se facilmente; capacidade, penetração, agudeza, perspicácia. Partindo da segunda definição, imagine então esse mesmo jogador pegar tudo isso e jogar latrina abaixo. De repente ele achou que tinha tudo nas mãos, que era dono do mundo, que poderia sair nas baladas, promover baladas regadas a álccol e sabe-se lá mais o que (não estou afirmando, apenas deixando no ar), não treinar, abusar do seu corpo e ainda assim continuar imperando como um rei. De longe compreendia que isso tudo estava o afundando.

Destreza mental; habilidade. Digamos, então, que esse mesmo jogador insista em seus erros, depois de várias vezes alertado, conversado, punido e tudo mais que alguém possa fazer para trazê-lo aos melhores momentos do futebol mundial, ele ainda insista em achar que nada o atinge, que se trata apenas de uma má fase e que mais hora menos hora ele poderá voltar a ser o que foi um dia. Obviamente, só ele achava isso. Se esporte disputado em alto nível nunca foi sinal de saúde, visto que atletas aposentados, salvo raras exceções, possuem um problema físico, ou foram operados mais de uma vez, imagina competir em alto nível sem as mínimas condições físicas exigidas. Pior, isso tudo consciente, aconselhado a não fazer, ciente que o caminho tomado não estava correto.

Capacidade de resolver situações problemáticas novas mediante reestruturação dos dados perceptivos.
Reestruturação, novas chances. Pois ele teve todas a chances possíveis e imagináveis. Voltou a Brasil, ao melhor centro de tratamento fisioterápico do País, médicos, nutricionistas e todo um plano elaborado para que em pouco mais de 6 meses pudesse estar em sua melhor forma. O que uma pessoa com um pouco de tudo isso que coloquei no início dos parágrafos desse texto faria? Aproveitaria, claro! Por mais que ele achasse que criou um Império, o mundo todo sabe que falta muito para isso. No começo do tratamento, tudo certo. Morava dentro do centro de treinamento, treinava com afinco, mostrava vontade, convenceu, até a mim inclusive, que colocou a cabeça no lugar e que não desperdiçaria essa última chance. Veio o final do ano, período de recesso e festas. Um dia ele foi encontrado com latas de cerveja na mão. Vão dizer: "ele não pode beber uma cervejinha?" Eu responderia: "Pode, caro amigo amargo, mas ele, em processo de recuperação e tentativa de deixar esse vício, seria melhor não!" Mais alguns dias e envolve-se em um acidente de carro. Evadiu-se do local por possivelmente estar bêbado. Começa a temporada, ele o tal jogador começa bem, fazendo gols. Cai de rendimento. Normal. Ele está em recuperação. De repente, agride um jogador dentro de campo. Aliviam a pena, por ser ele, se fosse o súdito ao invés do Imperador teria levado um belo gancho. Ele volta e fica com os braços na cintura, parado durante o jogo. E vem a viagem para a Colômbia.

Pessoa inteligente
. Pois esse tal jogador mostrou-se ser isso tudo dos inícios dos parágrafos, ao contrário. Jogou na Colômbia, chegou ao Brasil sem o agasalho do clube. A amargura perguntaria: "e daí? Que problema têm nisso?" Respondendo: "Nenhum, mas é um pequeno ato de indisciplina, que pode se tornar em grande. Se todos devem estar uniformizados, isso vale para o alto clero". Um dia depois, atrasou-se no treino, ameaçou bater em um fotógrafo e foi embora antes de ser dispensado. Se negou a ir para o campo como se fosse o Rei de um Império só seu, sem leis, aliás, sob suas leis.

Pois esse jogador é o Adriano. Que mais uma vez mostrou-se irresponsável e não merecedor de tantas oportunidades. As vezes penso que faz isso, exatamente por saber que sempre haverá outro pateta passando a mão em sua cabeça. Pois bem Adriano, essa não será sua última chance, haverão outras e outras, pois patetas não faltam por aí. Porém, mais uma vez você mostrou-se apenas moleque e não merecedor do que tem. Um Imperador de papel!