
Seu porte físico, baixo e gordo, não intimidava os zagueiros. Mas o “esquerda de ouro” deixava-os para trás e desandava a fazer gols. É um dos símbolos do fantástico time que a Hungria montou na década de 50. Vamos saber um pouco mais da vida desse artilheiro, que detém marcas impressionantes e está no hall dos melhores jogadores de todos os tempos.
A Carreira no Honved

Nascido a dois de abril de 1927, em Budapeste, Hungria, foi batizado pelos pais como Ferenc Purczeld. Começou a jogar, ainda garoto, pelo Kispesti, de Budapeste. Curiosamente, jogou até os 12 anos como Miklós Kovács, para poder atuar no time sem problemas de idade. Treinado pelo seu pai, o jovem Puskas (nome que o atacante adotou que significa atirador, em húngaro) já era titular absoluto da equipe aos 16 anos e capitão aos 19. E não demoraria para ele estrear pela seleção. Aos 18 anos, ele já vestia as cores da seleção húngara, contra a Áustria. Era a primeira de uma série de 85 partidas pelos Magiares, como era conhecida a seleção. Era também a primeira partida da seleção húngara logo após o caos da Segunda Guerra Mundial.
Em 1948, o Kispesti foi nomeado pelo governo húngaro como o time do exército e passou a se chamar Honved. Puskas tornou-se Major do exército. Daí o seu apelido mais famoso “O Major Galopante”. O Honved (foto), que depois convocaria para suas fileiras jogadores como Zoltan Czibor e Sandor Kocsis, venceu a Liga Húngara por cinco vezes e Puskas foi artilheiro dela em quatro oportunidades: 1947/48 (50 gols), 1949/50 (31 gols), 1950 (27 gols) e 1953 (25 gols).
Os Magiares Mágicos

A Hungria conquistou a medalha de Ouro nas Olimpíadas de 1952, em Helsinque, Finlândia. Na final, os Magiares Mágicos bateram a Iugoslávia por 2 a 0, com o gol inicial da partida marcado por Puskas, que já havia marcado outros três gols naquele torneio olímpico.

E com o futebol vistoso, coletivo, de toques rápidos e mortais, com Puskas como o atacante cerebral da equipe e Hidegkuti como o centro-avante de ofício, a Hungria chegou como favorita para a Copa da Suíça, em 1954. Começou massacrando a Coréia do Sul por 9 a 0, em Zurique, com dois gols de Puskás. Na partida seguinte, vitória incontestável sobre a Alemanha Ocidental por 8 a 3. Apesar de marcar um gol na partida, o jogo custaria caro a Puskás: ele machucou o tornozelo em disputa com o alemão Werder Liebrich e ficou de molho até as finais do torneio. Nas quartas-de-final, a Hungria jogou contra o Brasil, ainda estigmatizado pelo fracasso de 1950. A “Batalha de Berna”, como ficou conhecida a partida, foi vencida pelos húngaros por 4 a 2, resultado que se repetiu nas semi-finais, contra os campeões de 1950, os uruguaios.

Cavalgando em Madrid
A ocupação soviética na Hungria, em 1956, desfez a equipe do Honved. Os jogadores da antiga equipe, base da seleção húngara, fugiram para diversos lugares da Europa Ocidental. Puskas adotou a Espanha como lar. Por conta de uma suspensão imposta pela FIFA, Puskás ficou sem jogar durante dois anos. Atuou em alguns jogos não-oficiais pelo Espanyol, de Barcelona. Gordo e fora de forma, foi levado em 1958 ao Real Madrid . Para muitos, uma contratação sem sentido, pois imaginavam sua fase áurea já havia passado.

Jogaria ainda pela seleção espanhola, na Copa de 1962, no Chile e encerraria sua carreira no próprio Real Madrid, aos 40 anos. Segundo a Federação Internacional de História e Estatística (IFFHS), Ferenc Puskas foi o terceiro maior goleador de todos os tempos. Cálculos oficiais da entidade mostram que Puskas teria marcado 511 gols em 533 jogos.
Como treinador, Puskas não obteve o sucesso da época de jogador. Sua melhor performance como treinador foi a frente do Panathinaikos, da Grécia, quando alcançou a final da Copa dos Campeões de 1970/71. O Panathianikos caiu frente ao Ájax de Neeskens e Cruyff, por 2 a 0. Retornaria a sua terra natal para assumir o cargo de técnico da Hungria, em 1993.
Acometido pelo Mal de Alzheimer, diagnosticado em 2000, Puskas é reconhecido como o maior esportista húngaro do século 20. O antigo Nepstadion, onde a seleção manda seus jogos, foi renomeado como Estádio Ferenc Puskas. As homenagens se seguiam. O Honved aposentou a lendária camisa 10, que Puskás envergou por tantos anos. O Real Madrid organizou um jogo-homenagem , em agosto de 2005, contra um combinado húngaro. A renda seria revertida ao ex-jogador, que passava dificuldades financeiras na época. Também publicou uma auto-biografia, escrita por um jornalista húngaro.
A Hungria de Puskas e cia. nunca mais foi a mesma após a Copa de 54. Mas Puskas, com certeza, escreveu seu nome na história através de seus potentes chutes de esquerda e suas jogadas cerebrais. Mais do que um jogador, Puskas representou para muitos uma geração inteira, antes do surgimento de Pelé. Uma época do futebol altamente ofensivo, de muitos gols e muito romantismo. Afirmava que seu maior amuleto era a bola. Seu amor pelo futebol e pela Hungria eram latentes e convertidos em muitos gols. Os amantes do futebol batem continência para o Major Ferenc Puskas!
No vídeo abaixo, gol de Puskas na célebre vitória de 6 a 3 sobre a Inglaterra, em 1953.
Um comentário:
Bela reportagem André!
O que Puskas representa para a Hungria é algo inexplicável. Realmente, o que ele fez no gramados europeus foi algo fenomenal e nunca será esquecido. Não só pelos gols e pelo títulos conquistados, mas pela representatividade que esse gênio deu a Hungria no futebol mundial, eu o considero, ao lado de Cruyff, o melhor jogador europeu do século XX.
Um Abraço, Felipe Leonardo
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