Após o desmembramento da União Sovética, em 1991, surgiram as ligas russa e ucraniana, sendo que anteriormente somente as principais equipes das ex-repúblicas soviéticas formavam a Soviet Top League, a Liga Soviética de Futebol. E no período em que foi disputada, de 1936 a 1991, a supremacia de russos e ucranianos era evidente. Nesse período de 55 anos, as equipes russas conquistaram 34 títulos e as ucranianas, 16.
A supremacia de equipes como o Dínamo de Kiev (13 títulos), Spartak Moscou (12 títulos) e CSKA (7 títulos) se confirmou nas novas ligas locais. Em 15 campeonatos russos, o Spartak ganhou nove títulos e o CSKA venceu três. Na Ucrânia, o domínio é mais marcante. Em 16 campeonatos, 12 foram vencidos pelo Dínamo de Kiev.
Recentemente, os russos descobriram no futebol um grande filão financeiro. Basta ver que investidores donos de ex-estatais soviéticas são maciços investidores do esporte bretão, como Romam Abramovitch e o obscuro Boris Berezovsky, entre outros. Essa tendência injetou dinheiro e craques nas ligas. E o exemplo mais palpável disso é o surgimento e afirmação do Shakhtar Donetsk na região. Resposável por quebrar a seqüência de nove campeonatos consecutivos do Dínamo de Kiev, os “Miners” já conquistaram três campeonatos ucranianos e conseguiram chegar a fase principal da Champions League na temporada passada. Toda essa ascendência meteórica tem como figura principal o seu presidente, Rinat Akhmetov, proprietário da maior fortuna da Ucrânia, estimada pela revista Forbes em cerca de 4 bilhões de dólares. Akhmetov, que já foi proprietário de antigas estatais e atualmente é o principal acionista da SCM Holdings (que controla indústrias de ferro e mineração), assumiu a presidência do Shakhtar em 1996 prometendo levar o clube ao patamar dos grandes europeus. E o manda-chuva ucraniano não mediu esforços nem dinheiro para chegar a sua meta. Já havia contratado o meia Elano, valorizadíssimo após o Brasileiro de 2004, por cerca de 10 milhões de dólares. Para esta temporada, a equipe laranja já gastou cerca de 40 milhões de euros em reforços: Trouxe o lateral-direito Ilsinho por 11 milhões de euros, o atacante Cristiano Lucarelli – que marcou 20 gols no último Calcio pelo Livorno – por oito milhões de euros e Nery Castillo, destaque da última Copa América atuando pela seleção mexicana, por vultuosos 20 milhões de euros, saindo mais caro que Henry -que custou 14 milhões ao Barcelona. No âmbito interno, trouxe reforços como o goleiro Andriy Pyatov e o zagueiro Volodymyr Yezerskiy, revelações da seleção ucraniana sub-21, além do artilheiro do último campeonato ucraniano, Oleksandr Hladky. E os dois países também se tornaram exportadores de atletas os grandes centros. Recentemente, o romeno Ciprian Marica foi vendido pelo Shakhtar ao Stuttgart por oito milhões de euros.
Investidas do Shakthar a parte, lembremos que muitos brasileiros já estão no futebol russo e ucraniano. Alguns exemplos:
Shakhtar Donetsk: Elano, Fernandinho, Jádson, Luiz Adriano, Brandão e Ilsinho
Dínamo de Kiev: Corrêa, Kleber, Diogo Rincon, Michel e Rodrigo
CSKA: Vágner Love, Jô, Daniel Carvalho, Ramón e Dudu Cearense
Spartak Moscou: Géder, Mozart e Welliton
Mesmo com a procedência duvidosa da maioria desses investimentos, Ucrânia e Rússia começam a se tornar um dos destinos mais rentáveis para os atletas, que ja começam a optar por clubes de lá, ao invés de pequenos e médios de países como Portugal, França e Holanda. Será que no frio russo ou ucraniano, onde os campeonatos têm que parar durante três meses, devido ao inverno rigoroso, está o ouro? Como na lenda do Eldorado, a qual dizia que as construções eram de ouro e as riquezas, inesgotáveis, Rússia e Ucrânia brilham aos olhos dos futebolistas. Mesmo com campeonatos previsíveis (onde poucos times têm reais chances de vencer) e o quase ostracismo profissional.