O anúncio de Mano Menezes como o novo técnico da Seleção não pegou ninguém de suspresa, e de um ponto de vista geral do mundo do futebol brasileiro, foi bem aceito. E mesmo com um currículo no futebol inferior ao de Muricy Ramalho, achei a escolha do ex-técnico do Corinthians mais acertada que a do comandante do Fluminense, neste momento.
Mano fracassou em seu maior desafio no Corinthians em 2010: a conquista da Libertadores. Porém, guardadas as devidas proporções entre Corinthians e Brasil, ele é mais qualificado para comandar uma reestruturação, como fez no clube de Parque São Jorge e no Grêmio, em 2005.
Depois do rebaixamento da elite do futebol brasileiro, a base do Corinthians foi construída a partir do desempenho abaixo do esperado no Paulistão de 2008 – ficou fora da fase final – e do vice-campeonato da Copa do Brasil daquele ano. Com o time consolidado, passeou na Série B e trouxe, com folgas, o Corinthians de volta à primeira divisão.
Em 2009, mostrou que foi capaz de fazer o time jogar bem e obter bons resultados, com o time que conquistou o Paulistão e a Copa do Brasil, que tinha como características a dinâmica do meio-campo formado por Cristian, Elias e Douglas e o ataque operário formado por Dentinho, Jorge Henrique e Ronaldo, com os dois primeiros também ajudando na marcação.
No Grêmio, fez trabalho semelhante. Assumiu a equipe pouco após o rebaixamento para a Série B, em 2005 e a conduziu até uma final de Libertadores em 2007. Um trabalho de dois anos e nove meses no tricolor gaúcho e outro de dois anos e meio no alvinegro paulista, com resultados satisfatórios e clubes reerguidos.
Em relação ao trabalho com os jovens, Mano mostrou mais tato que Muricy durante a carreira. Já o técnico do Fluminense sempre apostou em times de solidez defensiva, compactos e eficientes. Só utilizava jovens valores da base quando era estritamente necessário, principalmente no São Paulo, que mesmo com uma das melhores estruturas de categorias de base, só lançou o zagueiro Breno pelas mãos do treinador.
No trato com a imprensa – uma das marcas negativas da era Dunga – Mano é conhecido pelos jornalistas pelos discursos diretos e sem rodeios. Algo que, de certa forma, é importante para o técnico de Seleção Brasileira: tranquilidade para trabalhar. Apesar de ter adotado uma postura mais tranquila no Flu, Muricy sempre foi conhecido pelo trato explosivo com a imprensa. Muitas vezes com gratuidade, assim como aconteceu com Dunga, em várias oportunidades.
Mano deixa o Corinthians pela porta de frente. Ironicamente, tudo terminará para o técnico exatamente como começou: em uma partida contra o Guarani. Em 17 de janeiro de 2008, esteve em seu primeiro jogo no comando do Timão, na vitória contra o Bugre por 3 a 0, pelo Paulistão. Neste domingo, 25 de julho, o mesmo Guarani marcará sua despedida.
Para trás, Mano deixará um Corinthians muito diferente do que encontrou. Um time que deu a volta por cima no futebol e voltou ao seu lugar de direito, com o treinador como um dos principais arquitetos desta mudança. E o bastão foi passado para outro bom técnico da nova geração: Adílson Batista, de longo e bom trabalho realizado em mais de dois anos de Cruzeiro. Corinthians e Seleção estarão bem comandados. Resta saber até onde ambos vão neste novo desafio em suas carreiras.
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