Amadas e odiadas ao mesmo tempo. Se há um legado que a Copa do Mundo deixará às pessoas, a vuvuzela certamente será um deles. Presente há algum tempo na cultura sul-africana, não houve quem não falasse, ao menos uma vez, sobre seu uso. Quando os amantes de futebol em geral foram apresentados à ela, na Copa das Confederações de 2009, não se tinha a menor ideia do que seu impacto causaria. E o objeto ultrapassaria nossa compreensão de apenas ser um zumbido contínuo para ganhar o mundo. No bom e no mau sentido. Veja algumas das coisas que talvez, você não soubesse que uma simples corneta pudesse ser/causar:
A origem
Apesar de sua evidência na Copa do Mundo de 2010, a vuvuzela remete ao folclore e a antiguidade do continente africano. Sua “parente” era feita com o chifre de kudu (uma espécie de antílope nativo da África) e era usado para convocar os membros da tribo para uma reunião, anúncios ou o sinal para o início de uma batalha.
O nome
Outra controvérsia sobre a vuvuzela é quanto ao significado de seu nome. Alguns dizem que vem do zulu (fazer vuvu, uma onomatopéia para barulho). Já o “disseminador moderno” do instrumento na África do Sul, o empresário e ex-zagueiro Neil Van Schalkwyk – proprietário dos royalties sobre o nome – disse que o significado para o nome é “borrifar e lavar você com barulho”. No período de Copa do Mundo, o Google registrou aumento na procura do termo “vuvuzela” em 650%.
O som
Quando tocada, uma vuvuzela produz um som monocórdico (constante, invariável, monótono). Segundo a revista New Scientist, ela produz uma frequência de 235 Hertz – o que quer dizer que o lábio vibra 235 vezes por segundo. A intensidade do barulho pode chegar a 120 decibéis, equivalente a um show de rock, uma sirene de ambulância ou uma turbina de um jato. O volume que o ouvido humano suporta sem chances de causar problemas de audição está entre 80 e 90 decibéis. A analogia ao som produzido por várias vuvuzelas em campo vai de um enxame de abelhas até o estouro de uma manada de elefantes
Popularização
Mesmo com controvérsias da disseminação da “vuvuzela moderna”, ainda se atribui a sua criação ao torcedor do Kaiser Chiefs, Freddie Maake, na década de 1960. Maake afirma que adaptou a parte metálica de uma buzina de bicicleta, retirando a parte de borracha na qual se aperta para fazê-la tocar. Achando o novo instrumento muito curto, ele prendeu um cano ao objeto de metal. Porém o objeto começou a ser barrado em estádios, já que poderia machucar outras pessoas. Assim ela começou a ser produzida em larga escala pela Masincedane Sport, no início da década, toda em plástico – a empresa produz a vuvuzela “oficial”, licenciada pela Fifa para o Mundial de 2010.
Defensores
O uso de um dos símbolos da Copa da África do Sul não é apenas alvo de críticas. Muitas personalidades defendem ou elogiam a atmosfera de festa que a vuvuzela proporciona ao mundo do futebol. Entre eles, o atacante Peter Crouch classificou o instrumento como “brilhante”; o técnico Carlos Alberto Parreira disse “amá-las”; o zagueiro ganês John Pantsil comemorou seu aniversário com bolo, cerveja e vuvuzelas; o meia Wesley Sneijder afirmou que não se incomoda com o barulho e pediu respeito à tradição, assim como o presidente da Fifa, Joseph Blatter; o atacante nigeriano Ogbuke Obasi apelou para a diversão que o objeto traz.
Críticos
Em número bem maior em relação aos defensores e amantes do instrumento, os críticos alegam, entre outras coisas, o barulho ensurdecedor e a dificuldade de comunicação entre atletas e técnicos dentro de campo. Pelé a classificou de “terrível”; Cristiano Ronaldo a acha “irritante”; jogadores da Argentina a culparam pelo gol sofrido diante da Coreia do Sul, quando o zagueiro Demichelis não ouviu os colegas lhe avisarem que vinha um adversário em sua direção para roubar a bola; o zagueiro suíço Senderos acha o ruído do objeto “incômodo”; o shopping da cidade de Bloemfontein, na África do Sul, proibiu que o objeto foi tocado em seu interior; em Pamplona, terra da festa de San Fermín (aquela da famosa corrida de touros) foi proibido o uso, visando o bem estar dos turistas e da população local.
Tecnologia a serviço da vuvuzela
A popularização da vuvuzela fez com que seu som fosse ouvido ou evitado de várias formas. Desde simples protetores auriculares, passando por diversos softwares que prometiam filtrar o som da vuvuzelas das transmissões de TV. Redes de televisão como a inglesa BBC, a portuguesa Meo e a francesa Canal +, após reclamações dos telespectadores, minimizaram o impacto do barulho do instrumento sul-africano. Físicos da Alemanha e da Croácia ofereciam programas grátis que eliminavam o som e deixavam o ambiente habitual de um estádio. Na era digital, o usuário do iPhone tinha opção de baixar o iVuvuzela, aplicativo criado por holandeses que já registrou mais de 1 milhão de downloads.
Vuvuzelas podem ser prejudiciais à saúde
“Tudo demais é veneno”, já diria a sabedoria popular. Com as vuvuzelas, não é exceção. A sul-africana Yvonne Mayer teve irritações sérias na garganta após participar de um “concurso de sopradores de vuvuzela” na Cidade do Cabo. No Zimbábue, um homem brigou com três adolescentes pelo objeto e acabou perdendo a visão de um dos olhos, após ser espancado pelos jovens. Além dos exageros, os médicos alertam que “compartilhar” a vuvuzela pode fazer com que os usuários contraiam germes e bactérias causadores de doenças por via aérea ou oral.
Valor de mercado
Em média, uma vuvuzela tradicional da África do Sul pode custar de 50 a 70 rands (cerca de R$ 12 a R$ 17). Porém, o “criador” da vuvuzela moderna, Neil van Schalkwyk, alerta para a invasão de objetos fabricados na China, que chegam a custar quase 50% menos. Porém segundo o jornal sul-africano Mail & Guardian, 90% do instrumento em circulação no país da Copa tem origem chinesa, que chega a cobrar, em seu modelo mais simples, pouco mais de cinqüenta centavos de real no atacado.
Outros “usos”
Dois traficantes peruanos aproveitavam-se do formato do instrumento para algo engenhoso e criminoso: esconderam 120 papelotes de maconha dentro de diversas vuvuzelas, que seriam vendidas a estudantes de uma escola em Lima, no Peru. A polícia local descobriu o truque e pegou os gatunos no pulo. Na Áustria, um ourives local resolveu inovar, ao decorar uma vuvzela com diamantes e ouro branco, que foi vendida por 17 mil euros para um cliente russo. O objeto será dado como presente a um parceiro de negócios sul-africano do comprador. Com certeza, vai agradar. Resta saber se ela será “tocada” pelo feliz novo proprietário. E quem disse que o som monótono da vuvuzela não pode ser musical? A banda sul-africana Sergeant Fu fez uma verdadeira ode ao instrumento, com uma música homônima com clipe largamente difundido no Youtube e afins. Ainda no país-sede da Copa, a Vuvuzela Orchestra mostra que é possível “domar” o objeto e extrair melodias surpreendentes do objeto. E a iniciativa é existente muito antes da febre do Mundial: no carnaval de Johannesburgo de 2006, a trupe fazia sua primeira performance.
Um comentário:
Esta afim de fazer parceria eu add o link do seu blog e vc add o link do meu blog?
http://blogfutebolbonito.blogspot.com/
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