29.10.08

A hora do patrício

Cristiano Ronaldo e Messi: na briga pela coroa de melhor do mundo.

Fim de ano, e as discussões para a eleição de melhor jogador do Mundo ficam mais acirradas. Na eleição da FIFPro (a associação mundial de atletas profissionais) deu Cristiano Ronaldo, com certa vantagem. Celebridades como Kaká e Alex Ferguson – o grande responsável pela lapidação e evolução do português – apostam nele como o merecedor do prêmio. “Ele vai ganhar os dois prêmios[Bola de Ouro e Melhor do Mundo FIFA], tenho certeza. Se ele não ganhar, quero comprar o jogador que vencer”, afirmou Sir Ferguson à France Football.

Muitos ainda têm aquela imagem equivocada do camisa sete apenas como um jogador marrento e pouco objetivo. Entretanto, sua evolução nas últimas duas temporadas foi notória. Em 2006/07, iniciou sua jornada como um jogador muito mais objetivo e letal. A “brincadeira” de Ferguson, que apostou com Ronaldo que este deveria atingir a marca de 15 gols naquela temporada deu resultados. Ele fez melhor na campanha do título inglês e das semi-finais da Champions: foram 23 gols na temporada (17 pela Premier League e três pela UCL). Mas mesmo a boa campanha não foi suficiente para que o português batesse Kaká na eleição de 2007, pois o brasileiro foi simplesmente impecável, levando o limitado time do Milan ao título europeu daquela temporada, com grande parcela de contribuição do camisa 22. Quando foi exigido, nos jogos decisivos contra o Milan, o português simplesmente se escondeu do jogo. Aliás, essa é uma crítica muito feita a ele ainda nos dias de hoje, a falta do poder de decisão em momentos capitais.

Mas na campanha impecável do Manchester United de 2007/08, Cristiano Ronaldo foi a figura principal na conquista do bicampeonato inglês e da hegemonia européia. Jogos memoráveis - inclusive o gol e o belo duelo com Lampard na finalíssima em Moscou - culminaram com a artilharia das duas competições mais importantes disputadas pelos Red Devils (31 gols na Premier League e oito pela Champions), o que o credencia como o principal – e na minha visão, favorito – postulante a Bola de Ouro e ao prêmio da FIFA. “Creio que fiz mais do que qualquer outro para consegui-la. Se avaliar o que fiz na última temporada, acredito que eu mereço mais do que ninguém”, cravou Ronaldo, fazendo um lobby com a imprensa européia.

Novamente, Lionel Messi pinta como um dos melhores futebolistas do mundo. Um dos pilares da conquista da medalha de ouro olímpica pela Argentina, ainda falta a Messi cumprir uma temporada inteira regularmente, sem as contusões que vez ou outra o acometem. A fraca temporada do Barcelona também não lhe favoreceu. Mas desta vez, promovido como a maior estrela do Barcelona após a saída de Ronaldinho, o novo camisa dez do Barça começa a temporada sendo um dos expoentes da renovação da equipe catalã. E, com certeza, tem tudo para abocanhar o prêmio em um futuro muito próximo.

Outro excelente jogador da atualidade que necessita de um grande título para cravar seu nome como um dos melhores atacantes da Europa é o sueco Zlatan Ibrahimović, principal atleta do último Calcio que coroou o tricampeonato inteirista. Força e muita técnica garantem ao sueco o posto como um dos principais futebolistas da atualidade, ao lado de jogadores como os ascendentes Emmanuel Adebayor (Arsenal) e "Kun" Agüero (Atlético de Madrid); os atuais campeões europeus Fernando Torres (Liverpool) e David Villa (Valencia); além da liderança e precisão dos ingleses Lampard (principal peça do Chelsea em 2007/08), Gerrard e Terry, que cada vez se firma como o melhor zagueiro do mundo na atualidade, já que esteve presente nas quatro seleções eleitas pela FIFPro.

A decepção fica por conta da indicação de poucos brasileiros para o prêmio. Só Kaká – que passou um bom tempo de molho neste ano – é o representante tupiniquim. Para alguns, a pouca representatividade é um dos sinais da “entressafra” pela qual passa o futebol brasileiro, já que o surgimento de bons jogadores parece ter sido inibida em 2008, ao menos por enquanto.

Os 23 indicados pela FIFA:

Adebayor (Arsenal)
Aguero (Atlético de Madrid)
Arshavin (Zenit)
Ballack(Chelsea)
Buffon (Juventus)
Casillas (Real Madrid)
Cristiano Ronaldo (Manchester United)
Deco (Chelsea)
Drogba (Chelsea)
Eto'o (Barcelona)
Fábregas (Arsenal)
Fernando Torres (Liverpool)
Gerrard (Liverpool)
Ibrahimovic (Internazionale)
Iniesta (Barcelona)
Kaká (Milan)
Lampard (Chelsea)
Messi (Barcelona)
Ribéry (Bayern de Munique)
Terry (Chelsea)
Van Nistelrooy (Real Madrid)
David Villa (Valencia)
Xavi (Barcelona)
Seleção eleita pela FIFPro: Casillas; Sérgio Ramos, Terry, Ferdinand e Puyol; Gerrard, Xavi e Kaká; Messi, Fernando Torres e Cristiano Ronaldo.

4 comentários:

Saulo disse...

Atualmente o Messi está jogando mais que o Cristiano Ronaldo, mas pela temporada, o Cristiano Ronaldo merece o prêmio. Depois vem Ibrahimović e o Kaká.

Gerson Sicca disse...

e aí andré, quando falaste dos comentários preconceituosos até tomei um susto, ahaha. Brincadeira, eu tb acho q cada torcida de um clube que desperta paixões tem sua magia. E eu gosto de ver esses grandes momentos de delírio coletivo, salvo da torcida do greminho, por razões óbvias. E um momento marcante pra mim da torcida do Cruzeiro foi a final de 97. Aí aproveitei o dia de ontem para contar essa história. Tb já contei histórias de outras torcidas, do Galo inclusive. Acho legal que a gente, que gosta de futebol, procure ver a beleza dessas grandes torcidas.
Todos os grandes são grandes(embora o Inter seja maior, hehe), cada um com sua massa. Infelizmente, a grande mídia insiste em querer hierarquizar paixões.

Abraço

Arthur Kleiber disse...

Nao concordo mt com o premio da FIFA: eles nao homenageiam o melhor do mundo, e sim quem fez uma boa campanha nos grandes clubes europeus: o Arshavin é o unico que nao atua nos gigantes da Europa (o Davi Villa, do Valencia, só entrou por causa da campanha na eurocopa, e nao pelo seu desempenho na temporada).
E isso é assim desde o começo da premiação, é só ver os clubes que tiveram jogadores premiados.
No Brasil, por várias temporadas tivemos o melhor do mundo, mas claro que nunca serao indicados

Felipe Brisolla disse...

Também não gosto desse critério de escolha que premia sempre os que ganharam títulos. Dá impressão que não podemos ter craques em times vice-campeões.

Isso é ridículo. Quer dizer que não basta levar o time nas costas durante todo o campeonato... Dessa maneira, o prêmio fica sempre previsível. Por isso, nos últimos anos já sabemos com antecedência o campeão. Dessa vez, não tem como tirar do patrício mesmo. Ao menos ele, fez por merecer!