1.8.08

Orgulho basco?

Para sair do vermelho, o Athletic de Bilbao resolveu estampar em sua camisa o primeiro patrocínio comercial em mais de 110 anos de história.

Quem acompanha o Opinião FC teve a oportunidade de ter lido um post no qual mencionava o orgulho basco, que tem no Athletic Bilbao uma de suas maiores representações. A curiosidade era a estréia na equipe principal de um jogador negro - o zagueiro/ala Jonás Ramalho - primeiro a envergar a camisa bilbaína em mais de cem anos de existência do clube. Para muitos, um avanço dos novos tempos de globalização, já que o jogador em questão era filho de angolanos e bascos. Porém, um euskadí (natural da região basca). Outros adeptos mais radicais, no entanto, questionavam se esse precedente não seria o início de uma mudança profunda no clube que à época também estava discutindo a inclusão de um jogador catalão entre os cadetes da equipe.
(Imagens: site oficial do Athletic, 31/07)

Essa semana, a diretoria bilbaína anunciou outra decisão que acirrou ainda mais a questão do “orgulho basco”. O anúncio do patrocínio de equipamentos com a Petronor (Petróleo do Norte S.A), a maior refinaria de petróleo da Espanha (11 milhões de toneladas de petróleo/ano), localizada nos arredores da província basca de Vizcaya. Apesar de ser uma petrolífera de origem basca, a maioria de suas ações (85%) estão sob controle dos espanhóis da YPF Repsol, uma das dez maiores petrolíferas privadas do mundo. O restante das ações são da BBK, uma financeira basca. Pelo patrocínio, a Petronor pagará seis milhões de euros em três anos, mais eventuais bonificações sobre o desempenho do Athletic nas temporadas, com possíveis classificações para competições de porte europeu.

O aumento do fôlego financeiro dará chances para que o técnico Joaquin Caparrós tenha mais tranqüilidade para manter a base da equipe - 11ª na última Liga - continuando o trabalho de mesclagem da experiência de jogadores como o capitão Etxeberría (31 anos) e Fran Yeste (28 anos) às revelações da tradicional cantera de Lezama como o meia Susaeta, 21 anos.

Alheia a polêmica, a diretoria da equipe não tinha outra saída para colocar as finanças em dia. Nas últimas temporadas, a diretoria não conseguia montar equipes competitivas e por vezes, esteve seriamente ameaçada de cair, algo inédito nos 110 anos de existência da equipe bilbaína. E a dor de ver a “bandeira basca” estampada com o logo da Petronor parece menor para o torcedor do que ver a equipe reforçada com algum estrangeiro ou mesmo na segunda divisão espanhola.

Assim como acontece na Catalunha com o Barcelona, o Athletic é um dos expoentes que representa o anseio de um povo que deseja ser reconhecido como autônomo e unitário perante o mundo.

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O mal menor para o Athletic
, de Ubiratan Leal (Trivela)

6 comentários:

Marcos Garcia disse...

Ter o patrocinio estampado na camisa é uma forma de sobrevivência, e certamente doi menos do que ver o time na segunda divisão.

flw

www.classeaesportes.blogspot.com

Filipe Araújo disse...

TUDO muda!

Abrazo!

http://gambetas.blogspot.com

Anônimo disse...

É, André, às vezes o dinheiro fala mais alto que a tradição. Viu só?

Grande abraço, meu amigo!! Entre e comente no nosso blog: www.esportejprnalismo.blogspot.com

Jogo Aberto disse...

o dinheiro, que manda no futebol.

léokope

Anônimo disse...

6 milhões de euros só? Em 3 anos? Mixaria comparando-se com padrões europeus. Dá pra fazer muito pouco...

Como chegar a um nível próximo ao do Barcelona, por exemplo, que paga pra estampar a marca da Unicef em seu uniforme? Ou de um Real Madrid, que fatura milhões e milhões em publicidade todos os anos?

O povo basco ainda vai chorar mais alguns anos...

Anônimo disse...

O romantismo não cabe mais no capitalista futebol moderno.