26.10.08

"O Coringão voltou"

Unico titular remanescente da fatídica campanha de 2007, Felipe comemora o retorno do Corinthians nos braços da torcida.

O canto entoado pela torcida após a combinação de resultados que trouxe o Corinthians matematicamente de volta a Série A deu o tom da comemoração, após o martírio de 328 dias na Série B, iniciado no fatídico empate para o Grêmio em 2 de dezembro de 2007. A classificação e a proximidade do título da segundona coroaram um processo de reformulação e planejamento do clube, que só foi profunda e possível graças ao baque da queda.

Mesmo com algumas pendengas à frente do Corinthians, o presidente Andrés Sanches não perdeu tempo para se planejar em 2008. Trouxe o ascendente técnico Mano Menezes – coincidentemente, o algoz da última partida do Timão em 2007 – e ambos planejaram a construção de uma boa base para a disputa da temporada 2008. A reformulação do elenco era algo necessário e a vinda de tanta gente nova para o elenco alvinegro culminaria em muita paciência para se entrosar o elenco para torná-lo competitivo.

A decepção compreensível e o início de cobranças por parte da torcida pela má campanha do Paulistão – quando o time ficou fora das semifinais – foi contornada com calma por Mano e Sanches. E a campanha do Timão na Copa do Brasil foi o grande divisor de águas da temporada alvinegra. O jogo de volta contra o Goiás no Morumbi, válido pelas oitavas, poderia gerar as primeiras contestações mais veementes sobre o trabalho de Mano, já que o time havia acabado de deixar a disputa do estadual e tinha parada difícil pela frente, ao tentar reverter um resultado adverso de 3-1 da primeira partida. A torcida lotou o Morumbi e o time foi avassalador na goleada por 4-0, resultado que trouxe de volta um sentimento de confiança entre os atletas do elenco e na minha visão, foi o “recomeço” do casamento entre time e torcida, uma das marcas registradas do Corinthians.

Mesmo com o grande baque da derrota para o Sport na final da Copa do Brasil, o Corinthians não se deixou abalar, sendo quase impecável na Série B. E muito corinthiano achou que fosse sofrer para ver o time subir novamente, ao ver aquele gol do CRB, na estréia do Corinthians em um Pacaembu lotado, logo no início da partida. E aos poucos, o Corinthians fez a segundona parecer bem mais fácil, tamanha a disparidade técnica frente aos outros postulantes ao acesso. Além do elenco mais qualificado, a inserção de bons nomes como Douglas, Morais e Cristian ajudou a melhorar o meio-campo, problema crônico do Corinthians no primeiro semestre e um dos fatores principais para as derrocadas no Paulistão e na Copa do Brasil.

E apesar de tudo, a estada do Timão na Série B deixará bons legados ao time. A construção de uma boa base no elenco é uma delas. Boa defesa, promissor meio-campo e chances de melhorar ainda mais o ataque podem levar o Corinthians novamente de volta a briga por títulos importantes. A manutenção de Mano é outro ponto primordial. Apalavrado para a próxima temporada, o técnico gaúcho mostrou sua capacidade de indicar bons nomes ao time, sem gastar cifras exorbitantes. Além disso, as ações do departamento de marketing foram inteligentes e pontuais, contribuindo para amenizar a pesada dívida do clube, fruto da administração Dualib. E a mais importante: o resgate do elo com a torcida, que esteve abalado desde o fatídico 2 de dezembro. Prova disso é o aumento da média de público em relação a 2007. Na Via Crucis alvinegra, a média foi de 19, 9 mil torcedores, enquanto que em 2008, os fanáticos cravaram média de 22,9 mil (sendo que ainda faltam seis jogos para o término da competição). O retorno do Corinthians era obrigação? Claro que era, mas a forma como ocorreu nem parecia Corinthians: passeando e sem sofrimento nas arquibancadas. Por isso, a elite do futebol brasileiro recebeu mais que um justo retorno digno e dentro do campo esportivo. Ganhou um reforço de peso e tradição.

Peças-chave para o retorno:

Mano Menezes O técnico foi mostrando ao longo da temporada que é um bom olheiro e soube indicar os reforços, de acordo com as carências do elenco. Apesar de ainda não ser um estrategista brilhante – como Luxemburgo ou Muricy, por exemplo – o bom trabalho no Grêmio e no Corinthians o ratifica como um dos principais técnicos do Brasil na atualidade. Porém, ainda peca pela falta de mais “ousadia” em momentos capitais do jogo.

Miolo de zaga – Grande dor de cabeça em 2007, o setor teve excelentes mudanças em 2008. Os 49 gols sofridos em 62 partidas (média de 0,80 por jogo) mostram a evolução e o entrosamento da dupla Chicão/William à frente da defesa. E a melhora do meio-campo durante a Série B fez com que o setor melhorasse mais, tendo sofrido apenas 22 gols em 32 jogos (média de 0,69 gols por partida). Além do aumento da segurança a Felipe – que nem de perto foi exigido como em 2007 – Chicão mostrou se um excelente “atacante”. No Figueirense, o camisa três já havia marcado 10 tentos no Brasileirão 2007. Nesta Série B, foram oito gols até a 32ª rodada. Já o capitão William surpreendeu por exercer a liderança natural ao time, além de compensar o fato de ser mais lento que Chicão com sua boa noção de posicionamento. Peça importante, foi o jogador que mais atuou em 2008.

André Santos – O lateral mostrou grande forma, principalmente nas investidas pela ala esquerda. Vice-artilheiro da equipe com 17 gols, tem no passe e no chute de longa distãncia suas grandes virtudes, mas ainda peca pelos espaços deixados na defesa. Mesmo assim, é seguramente um dos três melhores do Brasil em sua posição.

Douglas – Referência técnica da equipe, trata-se de um meia que joga no estilo clássico, com bola no pé, lançamentos precisos e bom chute. Sua importância para a impecável campanha do Timão é mostrada através dos números: Nove gols (terceiro artilheiro da equipe) e oito assistências (líder do elenco). Além disso, seu futebol ficou mais latente com a chegada de Morais, com quem passou a dividir a atenção dos adversários e a responsabilidade da transição do time para o ataque.

Dentinho e Herrera – Como Bruno Bonfim, foi lançado prematuramente no elenco que caiu para a segundona. Em 2008 e já como Dentinho, mostrou evolução impressionante na frente, com 24 gols (seis nos últimos seis jogos). Oportunista e ainda garoto, ainda precisa melhorar a objetividade de seus dribles e usar a velocidade com mais inteligência. Mas trata-se de um jogador interessante para o futuro. Já Herrera não é nenhum primor técnico, tampouco um atacante efetivamente letal. Mas além da raça que conquistou a torcida, o argentino mostra que evoluiu tecnicamente em relação aos tempos de Grêmio. Da piada do casi gol na Argentina, se tornou o "Quase-Gol" do Corinthians. Quando não marcou, deu assistência (dez gols e seis assistências na Série B). Mas ainda é necessário ver como se sai em um campeonato de maior nível técnico.

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7 comentários:

Felipe Moraes disse...

Mesmo sendo palmeirense, reconheço que a campanha do Corinthians foi realmente algo arrebatador. E o time virá forte para o Brasileiro do ano que vem.

Abraço,
Felipe Moraes

Chris Milk disse...

Eu, particularmente, acho que determinados clubes precisam cair pra se reeguer. Como a fênix, que morre e renasce das cinzas.

Mas não é exatamente por esse motivo que estou torcendo ardorosamente para que Fluminense e Vasco caiam. O Vasco é porque não gosto mesmo. O Fluminense, por justiça divina. Depois falo mais desse lance no msn... :P

Beeeeeeijo! *

Arthur Virgílio disse...

O Corinthians voltou porque tem um bom time, aliás, esse mesmo time estaria brigando no pelotão de cima do brasileirão. Agora é preciso destacar o investimento que o time fez para subir. Muito maior que os rivais.

Douglas e André Santos os personagens principais desse Timão.

Felipe Brisolla disse...

Não acho que esse Corinthians brigaria pelo pelotão de cima do brasileiro. Que o time fez uma excelente campanha não há dúvidas. Agora na primeirona a história seria diferente...

Até porque se jogasse a primeira divisão, o time pegaria várias pedreiras logo de cara e não iria gozar da liderança folgada na tabela como ocorreu no início da série B, fato esse que garantiu uma ótima tranquilidade para a realização de uma campanha tão vitoriosa...

Ano que vem, a história muda...

Thiago Barretos disse...

A boa campanha corintiana é incontestável. S/ sombra d duvidas, o time volta p/ a 1ª divisão c/ mta moral.
Mas tb n acredito q esse time brigaria sequer p/ uma vaga na Libertadores. N pelo elenco em si, mas pela situaçao.

Saulo disse...

O Corinthians fez boas contratações, investiu muito bem na Série B e mereceu voltar para a Série A.

Vinicius Grissi disse...

Importante para o futebol brasileiro a volta do Corinthians. É um gigante, que fez falta na Série A. Que tenha amadurecido e aprendido com os erros.