21.1.10

Twitter no esporte: mocinho ou bandido?

Página de Shaq no Twitter: o pivô tem quase 3 milhões de seguidores

Criado em 2006 pelos estadunidenses Jack Dorsey, Evan Williams - que também fez o Blogger - e Biz Stone, o Twitter teve em 2009 sua grande explosão de popularidade na internet. Muitas pessoas comuns, celebridades de todas as áreas e diversos governantes usaram o microblog para se comunicar, fazer promoção pessoal ou descrição do cotidiano, entre outras coisas. Não há dúvidas em afirmar que o Twitter revolucionou a forma de trocar informações dentro da world wide web.

No mundo esportivo, não foi diferente. Dentre os mais populares, estão o pivô Shaquille O’Neal, o wide receiver Chad Ochocinco, o piloto Rubens Barrichello e o técnico Mano Menezes, que usam o Twitter não só para descrever o cotidiano dos esportes em 140 caracteres, mas mostrar um pouco de suas vidas pessoais sem o intermédio da imprensa especializada. No futebol, o Twitter causa verdadeiro furor, já que alguns presidentes de clube, como Luiz Gonzaga Belluzzo, do Palmeiras e Alexandre Kalil, do Atlético/MG, usaram o microblog para anunciar em primeira mão aos seus seguidores as novidades de suas respectivas equipes, tentando assim burlar a enxurrada de especulações veiculadas pela imprensa, que ao invés de ficar de ouvidos atentos nos bastidores nos clubes, também tem que ficar de olhos atentos às atualizações na tela do computador.

Porém, na contramão dessa revolução da informação no mundo do futebol, os clubes tentam se armar contra possíveis malefícios que o Twitter venha a lhes causar. Nesta semana, os clubes de Manchester - United e City - anunciaram a proibição do uso do Twitter e Facebook entre os atletas de seus respectivos elencos. Ambos alegam que os fãs dos atletas que tiveram os perfis cancelados – entre eles, Ferdinand, Rooney, Fletcher, Giggs e Tevez – podem interagir de forma oficial através dos canais de comunicação do próprio clube, além de proteger os clubes da especulação plantadas por perfis falsos – conhecidos como fakes – de seus atletas. “Em primeiro lugar, existem pessoas lá fora que os representa e, por outro lado, o que é dito lá muitas vezes é usado fora de contexto pela imprensa”, afirmou o diretor de comunicações do Manchester United, Phil Tonwsend ao Manchester Evening. A medida foi largamente criticada por especialistas de mídia ingleses, que afirmaram que a medida vai dificultar a interação entre torcedores e jogadores.

Contudo, a intenção dos clubes não é apenas proteger o clube das investidas da imprensa, mas sim dos próprios atletas. No futebol inglês, recentemente tivemos o caso do atacante holandês Ryan Babel, do Liverpool. Não relacionado para a partida contra o Stoke City ocorrida no último sábado (16), o holandês desabafou com seus seguidores: "Olá, pessoal, tenho notícias decepcionantes. Não vou viajar para Stoke. O chefe me deixou fora da convocação. Sem explicação", escreveu Babel. Furioso, o técnico Rafa Benítez repreendeu o jogador, que acabou multado pelo Liverpool e teve que encerrar sua conta, a pedido da diretoria dos Reds. O episódio deve encerrar sua passagem em Anfield, já que o Liverpool já analisa propostas para a transferência do atacante holandês. Na NBA, três jogadores foram multados pela organização da liga em novembro de 2009 por utilizarem o microblog durante o intervalo das partidas que disputavam. Amare Stoudemire (Pheoneix Suns), Tyson Chandler (Charlotte Bobcats) e Rasheed Wallace (Boston Celtics). Inclusive, o ala-pivô dos Celtics foi o que teve a punição mais pesada - 30 mil dólares - por ter tuitado uma crítica incisiva a decisão da arbitragem na partida entre sua equipe e o Toronto Raptors.

Outro caso de repercussão negativa é a do atacante do Sunderland Darren Bent. Com a conta bem ativa, Bent já usou os 140 caracteres para expressar sua indignação contra seu ex-clube, o Tottenham, que não teria facilitado as negociações para sua transferência para o Sunderland, inclusive insultando o diretor Daniel Levy; já discutiu sobre o gol de sua equipe contra o Liverpool, onde a bola desviou em um balão que estava em campo e enganou o goleiro Pepe Reina; externou um caso de racismo, praticado por um torcedor dos próprios Black Cats. Por outro lado, existem atletas se mobilizam ao usá-lo para ações coletivas, como Kaká e Shaq, que difundem a todo momento em suas páginas para que seus seguidores colaborem com as vítimas do terremoto que recentemente assolou o Haiti, deixando mais de 70 mil mortos e milhares de feridos.

São os vários lados desse prisma que é uso massivo do Twitter no mundo dos esportes. E parece que por ora, entidades e atletas estão bem longe do que seria um consenso entre as duas partes, sem nenhum tipo de atitude prejudicial a ambos.

3 comentários:

Net Esportes disse...

o que será que leva o atleta a falar no twitter o que ele não falaria em uma entrevista por exemplo, será que o cara acha que não vai repercutir ...... acho que restrições são justas, como a NBA proibir twittra durante jogos, mas proibir os atletas de ter twitter acho exagero, eles deveriam estipular as restrições e o atleta deveria ser mais sensato ...

Erick Amirat disse...

Discordo da restrição no uso do Twitter por jogadores de futebol e demais atletas. Alem de ser um elo de ligação direto entre atleta e torcedor, o meio pode ser utilizado para evitar as ja tradicionais polêmicas, geradas em grande parte por alguns repórteres da mídia esportiva, que adoram distorcer aquilo que ouvem, criando um clima de animosidade desnecessário.

Tambem acho a ferramenta importante por fazer com que o torcedor ouca um pouco mais do que as respostas prontas, vistas nas chatas e pautadas entrevistas coletivas

Felipe Moraes disse...

Ainda vai demorar para que empresas/clubes e atletas cheguem a um consenso. Fato é que o twitter possibilita uma comunicação mais estreita entre o esporte e seus fãs, e isso certamente incomoda os empresários, técnicos e afins, que se veem impossibilitados de controlar o que seus atletas andam dizendo - ou melhor, tuitando. Mas, na boa, alguns jogadores também não possuem um mínimo de bom senso e respeito com o clube, né...