8.1.10

Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão



Nesta semana, o polêmico dirigente Flávio Briatore foi considerado inocente pela Justiça parisiense. Com a decisão, o italiano pode voltar ao circo da Fórmula 1 deixando todo ônus do acidente proposital da corrida de Cingapura apenas a Nelsinho Piquet. Briatore aproveitou para afirmar que irá processar a família Piquet, esbravejou contra o ex-presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Mosley, e agora tem caminho livre para voltar, no mínimo, a empresariar pilotos e negócios relacionados ao automobilismo.

A partir de recurso movido pelo ex-chefe da Renault, a Justiça francesa considerou que a decisão de afastá-lo de qualquer evento promovido pela FIA foi baseada em testemunho anônimo, que ele não teve direito a defesa e que Max Mosley teve papel preponderante na decisão, violando o princípio de separação dos órgãos de investigação, procedimento e julgamento.
A decisão fez com que o episódio Cingapura voltasse à tona, tornando ainda mais complicada a saga de Nelsinho Piquet em conseguir um cockpit em 2010. A pergunta é se ainda há espaço na Formula 1 para os envolvidos no incidente asiático. Três novas equipes surgiram e vagas não faltam, porém faltam interessados em abrigar os envolvidos no que foi considerado um dos maiores escândalos do esporte.

Meses após o episódio da batida se tornar público, a família Piquet deve se arrepender bastante da sua iniciativa. Todos os que eles pretendiam prejudicar estão inocentados e Nelsinho parece o maior prejudicado. Por inocência ou talvez por se considerar muito esperto, não sei, o brasileiro aceitou participar do acidente que deu a vitória a Fernando Alonso e interrompeu uma carreira aparentemente promissora. Provavelmente esperavam que o sobrenome famoso fosse aliviar a culpa no episódio, deixando o ônus da armação apenas para Briatore e Pat Simons, ex-engenheiro chefe da Renault na ocasião do incidente. No entanto, passado certo tempo quem carrega o maior prejuízo no episódio é o filho do tri campeão mundial de Fórmula 1. A delação da família Piquet serviu para mostrar um lado sujo existente e bastante ativo no mundo da Fórmula 1, um segmento que a cada dia torna-se mais negócio que esporte. Talvez hoje se arrependam de ter aberto a boca. Julgar se estavam certos ou errados de terem denunciado a tramóia não vem ao caso. O que é fato em tudo isso é que Nelsinho realmente é culpado no episódio, já que teria aceitado participar da armação. Jogou seu carro no muro, mudou o resultado de uma competição, enganou torcedores e milhares de fãs do esporte por todo o mundo e, por fim, ajudou Alonso, que por sua maestria atrás do volante não precisava jamais de tal benefício.

Nelsinho Piquet antes tão ativo em seu twitter na internet, agora posta esporadicamente, sempre com comentários vagos e não muito concretos. O piloto não é cogitado para nenhuma equipe e ainda foi usado em uma chacota de um jornal espanhol, que publicou que o brasileiro teria sido contratado pela equipe Campos. Porém, a notícia não passava de uma grande piada realizada no Dia dos Inocentes, algo semelhante ao dia da mentira brasileiro. A assessoria do piloto ficou muda, não negou a informação e aproveitou indiretamente para colocar seu cliente na mídia, em vão. A retomada da carreira de Piquet Jr. será um trabalho bastante árduo e talvez sem resultados. O que resta ao brasileiro é esperar a poeira baixar e tentar que a influência do nome Piquet, aliado a uma pilotagem excepcional, abram portas novamente. Se vai acontecer, muito difícil prever. Confesso que não acredito.

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