26.1.09

Pratas ou latas?

Heptacampeão, Corinthians pode aproveitar melhor os destaques da base na equipe de cima.

Desacreditado no início da Copa São Paulo, o Corinthians cresceu durante a Copinha e conseguiu bater o bom time do Atlético/PR na final deste domingo. Em um cenário de gente grande – Pacaembu lotado e torcida incentivando como se fosse em um jogo dos profissionais – o Timãozinho teve sua melhor atuação, correspondendo as expectativas da grande final em um torneio onde o Corinthians é hegemônico - ainda mais com a conquista deste sétimo título, dois à frente do Fluminense, segundo maior campeão.

Sempre conhecido por revelar bons jogadores, os últimos anos da categoria de base no Corinthians foram árduos aos candidatos a profissional. Até então após o bicampeonato da Copa São Paulo, em 2004 e 2005, poucos jogadores conseguiram uma transição tranqüila da base até o time principal. A chegada das “superestrelas” da MSI, a posterior decadência e a queda para a Série B podaram o desenvolvimento de vários jogadores.

O lateral Coelho parece o maior exemplo dessa tendência. Fez boa Copa São Paulo, subiu para o time campeão de brasileiro de 2005 e depois do gol contra na Libertadores de 2006 frente ao River, nunca mais foi o mesmo com a camisa alvinegra. Tanto que perambulou para o Atlético/MG, tentou voltar ao Corinthians – sem sucesso – e está atualmente no Bologna. Jogadores como Bobô e Jô, também da equipe do bicampeonato da Copa SP (2004 e 2005), nunca foram unanimidades e rumaram cedo ao exterior, onde estão evoluindo naturalmente seu futebol, jogando por Besiktas e Manchester City, respectivamente. Eduardo Ratinho e Bruno Octávio também nunca conseguiram se firmar, assim como Betão. Mesmo com personalidade e não sendo um zagueiro péssimo tecnicamente, sempre teve companheiros de zaga terríveis, o que comprometeu sua afirmação como ídolo do time. Acabou saindo por conta da exacerbada pressão.

Outro que pintava como grande promessa em 2005 era Rosinei. Importante naquele elenco campeão brasileiro, o sucesso subiu sua cabeça e não conseguiu corresponder às expectativas e logo saiu. Recentemente e com esperanças enormes, Lulinha foi pintado como a salvação que vem da base. Caiu com a equipe em 2007 e esteve no elenco que conquistou a Série B em 2008, mas ainda não conseguiu satisfazer a torcida, que critica sua irregularidade e incapacidade de chamar o jogo pra si. Por enquanto, o único que parece se firmar é Dentinho, que evoluiu muito em 2008 sendo uma das principais peças na boa campanha da equipe. Mas em 2009, com as esperanças crescentes em uma eventual conquista de títulos e de uma vaga para a Libertadores de 2010 – além da concorrência acirrada no ataque – será a prova de fogo para o camisa 31, de inegável potencial.

Talvez em relação aos outros elencos, esse que se sagrou campeão da Copinha em 2009 não fosse tão brilhante, mas ainda assim existem bons nomes. O goleiro André Dias mostrou segurança e parece que tem um biótipo de liderança no elenco do Timãozinho; o ala esquerdo Bruno Bertucci, voluntarioso no ataque, de remates fortes e bons cruzamentos; Boquita e Marcelinho, rápidos e habilidosos, além dos “coadjuvantes” deste elenco como Jadson e Fernando Henrique, por exemplo. Com Mano no comando da equipe profissional, os garotos podem ter uma esperança a mais. O técnico já mostrou paciência e tato para inserir os aspirantes a profissional na equipe principal, sem tentar “queimá-los”, como ocorreu com outros tantos no Corinthians durante os últimos anos. Somente dessa forma os pratas-da-casa não acabem se tornando latas, escondendo o real potencial desses garotos.

2 comentários:

Thiago Barretos disse...

Atualmente o Corinthians é uma equipe muito mais organizada e não acredito que deva cometer os mesmos erros de gerações anteriores quando, na falta de jogadores de qualidade, vários atletas ainda sem a maturidade necessária eram obrigados a se tornar "Salvadores da Pátria".
Pelo menos, é o que parece...
Abraço

Camila Paulos disse...

André, também gostei do seu blog. Com certeza vou linkar ele lá no Respirando Futebol. Um abraço.