11.1.09

Salvador da Pátria ou aposta arriscada ?


Após a inusitada campanha do River Plate em 2008, que teve literalmente altos e baixos, com o título do Clausura no início do ano e a surpreendente última colocação no Torneio Apertura no fim do ano, a equipe de Nuñez resolveu se reforçar para enfrentar menores turbulências neste ano que se inicia. Mas não se trata de um grande astro do futebol, um camisa 10 capaz de comandar o meio de campo da equipe, muito menos um atacante goleador. O grande nome da equipe argentina para o início do ano, e grande aposta da imprensa local nem sequer entra em campo e bate na bola, apesar de já ter feito isso por muito tempo nesta mesma equipe. Atende pelo nome de Néstor Gorosito ou como carinhosamente é chamado, Pipo.

O ex-jogador e ídolo dos gallinas foi oficialmente apresentado como novo técnico do River, uma grata surpresa, desbancando nomes mais experientes para assumir a equipe argentina neste início de temporada. Pipo Gorosito se destacou e ganhou notoriedade após fazer belo trabalho na temporada passada sob o comando da equipe do Argentinos Juniors, uma equipe mediana do futebol local, que conseguiu na temporada 2007/08 se firmar na quinta colocação do campeonato após um início com 7 vitórias seguidas e invencibilidade de 16 jogos atuando em casa, obtendo uma vaga na Copa Sulamericana. Atuando na competição internacional, a equipe fez mais bonito ainda, chegando às semifinais, atropelando equipes como o Palmeiras, mas sendo eliminada pelo Estudiantes de La Plata por apenas um gol.

O desafio para Gorosito agora é ainda maior. O time agora é grande e tem uma das torcidas mais fanáticas da Argentina. Irá comandar um plantel bastante inseguro e desconfiado após a péssima campanha no Apertura. Terá como missão fazer um bom campeonato a fim de evitar um desastre ainda maior para o River.

Mas o técnico de 44 anos se mostra muito confiante em suas entrevistas. Na mais recente, publicada na revista El Gráfico, principal publicação esportiva local, El Pipo Gorosito rejeita o rótulo de salvador da pátria e afirma que neste momento todos que realmente gostam do River devem estar unidos e lutando para que dias melhores cheguem ao Monumental.

Adepto do futebol de passe rápido, ele aplaude o camisa 10 do rival Boca Juniors, Román Riquelme, ressaltando que ele é tipo de jogador que faz a diferença em qualquer equipe do mundo: “A objetividade no futebol para mim, passa pela rapidez do passe e imediata recepção. Por isso o Riquelme é craque. Ele não precisa fazer oito toques na bola para passar a bola para um outro companheiro de time”.

Nestor afirma ainda em sua entrevista que o estilo de jogo de suas equipes, rápido e de toques objetivos, é resultado do esforço dos jogadores em seus treinamentos diários: “O jogador tem que trabalhar diariamente no treinamentos com muita aplicação e vontade. Quem treina bem, joga bem. Com isso, os resultados vão chegando naturalmente. A gente sempre deu importância a esse trabalho no Argentinos, e o resultado apareceu.”

Gorosito começou cedo no futebol do River. Chegou ao clube com apenas sete anos e aos 15 ele já era convocado para participar das concentrações da equipe principal, recebendo conselhos de grandes jogadores que atuaram naquela época como Daniel Passarella. Isso foi amadurecendo o jogador, que por cinco anos defendeu a camisa do River. Em 2002 foi cotado para ser o auxiliar técnico do então técnico Manuel Pellegrini, mas as negociações não deram certo e seu desejo de retornar ao seu clube de coração foi adiado por sete anos.

Hoje como técnico, Nestor Gorosito têm uma grande responsabilidade. O desafio é tão grande quanto a esperança de dias melhores que a torcida do River tem. Soma-se a isso ainda a desconfiança que ronda o seu nome, em razão principalmente da experiência de apenas seis anos que possui como técnico. Mas o que se vê em suas entrevistas é um treinador empolgado e ansioso pelo começo do trabalho e bastante maduro em suas palavras. Agora é esperar para ver se os dias serão melhores para o River Plate.

Um comentário:

. disse...

Pipo foi um jogador do meiocampo com algumas características do Riquelme: não era muito veloz, mas tinha bom passe. Ele não teve tanto protagonismo nos clubes onde jogou. A maior lembranza dele foi a sua partipação no River dos finais dos anos oitenta, o time que sempre brigava pelo campeonato. Depois passou pelo San Lorenzo e mais algum time que não me lembro.
O cara vai trabalhar tranqüilo depois do desastre do Simeone no último campeonato (com Boca campeão incluido).
O River tem infraestructura, grana e poder, para que mais fala.