9.1.09

Mapa das Ligas

Na época de listas e rankings mirabolantes, a IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol) divulgou entre outras, as listas dos melhores e mais disputados campeonatos pelo mundo afora. E o resultado, como não poderia deixar de ser, levou a inúmeras discussões na imprensa, cada qual defendendo as ligas nacionais de seus países correspondentes. Cá, como lá, efeito semelhante. Na conquista do bicampeonato nacional em 2007, quando o São Paulo levou o título com quatro rodadas de antecedência, o Brasileirão era o quarto melhor do mundo. Em 2008, onde na reta final da mesma liga cinco eram os postulantes ao título - decidido apenas na última rodada - a liga tupiniquim foi eleita pela entidade alemã como a quinta em importância no planeta bola. Incorências? Talvez em alguns critérios adotados, mas se analisarmos bem, trata-se do mapa geopolítico atual do esporte bretão, salvo alguns borrões.

A Premier League, novamente, aparece bem à frente das outras ligas. E na minha visão, com justiça. Além da disputa sempre acirrada entre os grandes – leia-se Arsenal, Chelsea, Liverpool e Manchester United – os médios vem subindo de produção gradualmente, graças em grande parte da inserção de capital pelos grandes mecenas de diversos segmentos econômicos do mundo. Equipes como o Tottenham e o Manchester City podem aspirar chances em chegar à elite em breve, se considerarmos o montante previsto para investimento, como já ocorreu com o Chelsea de Abramovich. E os grandes investimentos só chegam por se tratar de um campeonato muito organizado, que sabe o conceito da “venda do espetáculo”, com generosas cotas de TV e benefícios aos participantes. A combinação desses elementos é vista em campo, com jogos de bom nível técnico, já que as equipes importam alguns dos melhores atletas de futebol da atualidade, não importando a sua nacionalidade. A "era do chuveirinho" indiscriminado parece ter ficado no passado, em um exemplo de modernização de uma liga como a inglesa.

O Calcio e La Liga, estrelas de outrora nos idos das décadas de 80, 90 e início de 2000 vão perdendo terreno, mas ainda assim continuam como a elite do futebol mundial. O escândalo do Calciocaos e as discrepâncias de investimentos de Real Madrid e Barcelona nos últimos anos em relação às outras equipes espanholas foram algumas das causas da queda do nível técnico desses campeonatos. Ainda assim, o poderio econômico dessas ligas é grande, o que pode fazer toda a diferença no futuro. Mesmo estando um passo atrás de Inglaterra, Itália e Espanha, a Alemanha ainda consiste em um bom centro e a Bundesliga – mesmo com picos de hegemonia do Bayern – é um campeonato forte.

Para quem acha que “tudo presta na Europa e nada funciona abaixo dos trópicos”, a aparição das Ligas argentina (3°), brasileira (5°) e mexicana (8°) entre as dez primeiras do ranking mostra que não basta apenas ter dinheiro e estrutura para se organizar um bom certame. Conhecidos como infindáveis reveladores de craques, Brasil e Argentina conseguem descobrir em suas categorias de base jogadores que fazem os campeonatos mais disputados. Tanto que em 2008, ambos foram decididos apenas após o apito final da última partida. O México, mesmo não sendo um revelador nato de talentos, possui um campeonato mais rico - e de fórmula mais complicada - e por isso consegue beliscar alguns atletas medianos da América Latina. Em comum, a aposta dos clubes latinos é de fazer caixa com as novas revelações, repatriar ídolos em fase final de carreira e investimento maciço em categorias de base – vide Copa São Paulo de Juniores, por exemplo. Tanto é que nos Mundiais de Seleções da FIFA, Brasil, Argentina e México já conquistaram diversos títulos, ao contrário dos europeus que investem em jogadores promissores de outras praças e raramente formam jogadores em seus quintais.

O outro escalão são os europeus que têm algum dinheiro, são bem estruturados, mas suas ligas não são tão atrativas aos grandes craques. França (7°), Portugal (9°) e Ucrânia (10°) são exemplos disso. Os bons atletas oriundos desses países estão nos grandes centros. No entanto, conseguem segurar seus bons valores por mais tempo e ainda apostar em revelações de outros continentes, principalmente africanos e sulamericanos. Destaque para os russos - fora do top 10 de 2008 - e o crescimento dos ucranianos, um recente "eldorado" de alguns bons jogadores por conta de maciços investimentos dos "novos ricos", surgidos após o fim da União Soviética, como Rinat Akhmetov (Shakhtar) e a Gazprom (patrocina o Zenit).

Claro que os critérios da IFFHS são pra lá de questionáveis – neste caso, a soma dos pontos dos cinco primeiros de cada liga nacional – mas esse ranking, ao contrário de outros da entidade, pode ser usado como base, além de incitar as discussões. E impressões sobre tipos de critérios técnicos no futebol são muito particulares, fazendo com que a questão do mapa técnico das ligas e clubes de futebol varie. Entretanto, algo deve ser mencionado: se o jogador que joga bem numa liga latina dificilmente terá destaque individual aos olhos do mundo, as ligas – mesmo com todos os entraves – são bem cotadas e mostram o valor do futebol sulamericano, clubisticamente falando.

Ranking de Ligas Nacionais da IFFHS de 2008 (posição em 2007)
1. Inglaterra, 1192 (1°)
2. Itália, 1031 (3°)
3. Argentina, 1020 (5°)
4. Espanha, 952 (2°)
5. Brasil, 942(4°)
6. Alemanha, 922 (6°)
7. França, 847 (7°)
8. México 683 (8°)
9. Portugal 649 (10°)
10. Ucrânia, 620 (14)

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa a análise, André. Eu também considera a Premier League o melhor campeonato nacional do mundo. Abraços e obrigado por também visitar nosso site!

Anônimo disse...

Ôps, o comentário abaixo é meu!

Anônimo disse...

Não! É acima! E duplicado! Chega de barbeiragem, Luiz! Vai pra casa!