13.11.06

Ah! Os dribladores...

O Futebol é um esporte contagiante por vários motivos. Ao meu ver, a grande característica que o transforma no mais popular do planeta, é a forma igualitária como pode ser disputado. O Futebol não vê cor, idade, peso, tamanho, riqueza, e muitos outros atributos que, em outras modalidades, servem apenas para promover a exclusão de atletas. Você conhece algum astro da NBA com 1,60m de altura? Já viu algum negro se destacar na Natação? E os menos privilegiados financeiramente, podem virar pilotos de formula 1? Não me lembro de nenhum...


Só essa questão já seria capaz de explicar o fenômeno da bola pelo mundo. Porém, o Futebol reserva muitos outros valores capazes de aumentar ainda mais o interesse das pessoas pelo esporte. A fantasia que envolve o momento do drible é um desses valores.

Assistir a uma partida do Chelsea, por exemplo, é bacana. No entanto, tem-se a nítida impressão de que falta alguma coisa. O time inglês é hoje o grande exemplo do futebol técnico e pragmático que toma conta do mundo. Quando falamos de Barcelona, a história muda. Não pense você que isso acontece por que o sistema tático do time Catalão é mais ousado e mais envolvente. A verdade é que jogadores como Ronaldinho Gaúcho, Messi e Eto’o nos entretém muito mais do que Drogba, Lampard e Ballack.

E sabe por que isso acontece? Porque os três primeiros são muito mais dribladores do que os últimos. Atrevo-me a dizer que o Deco, que nem foi citado acima, dribla melhor que qualquer jogador do Chelsea, exceto o Robben. Ainda assim, o holandês é mero reserva no esquadrão de Mourinho.

Um jogador driblador, quando se encaixa no esquema tático de um treinador, é muito mais mortal do que os atuais tecnicistas. No Brasil e no mundo, essa tendência pode ser confirmada. O atual campeão da Champions, baseia a maior parte das jogadas nas fintas de Ronaldo e Eto’o. O resultado? Um dos mais belos e interessantes conjunto que as terras do genial Gaudi já viu jogar. Barcelona é hoje uma cidade que respira Futebol graças ao encanto que esses jogadores devolveram aos gramados.

Não estou dizendo que jogadores como Lampard e Gerrard não são fundamentais em suas esquipes. Só estou afirmando que o brilho de jogadores como os Ronaldos é muito mais forte, pois trazem a todo momento em nossa memória, a magia dos dribles desconcertantes que marcaram suas carreiras.

Vou mais adiante. Diego e Robinho formaram no Santos uma genial parceria. Naquela época, o técnico Leão sempre afirmava que se tivesse que escolher entre um dos dois, escolheria o Diego. A maioria da mídia esportiva também tinha essa opinião. Tanto que o primeiro a ser vendido foi exatamente ele, pois o time da Vila não foi capaz de segura-lo. O tempo passou e, hoje, ambos fazem sucesso na Europa, compondo o conjunto da seleção brasileira. Por que será, então, que o Robinho ficou mais famoso? A resposta deixo por conta de vocês...só dou uma dica: PEDALA ROBINHO!!!

Não gosto de saudosismos, mas minha memória recente já começa a me lembrar que em curto período de dez anos, o dribladores foram saindo do Brasil. Sinto falta de jogadores endiabrados como o Denílson, o Edílson, o Alex...e tantos outros serelepes que ajudaram a construir a imagem do Futebol Moleque da seleção canarinho. Jogadores esses que fazem muita falta aos nossos olhos...



Já que falei de drible, não poderia esquecer de citar o maior Deus que passou por essas terras neste quesito. Os trechos entre aspas abaixo foram retirados da obra de Ruy Castro:

No treino do Botafogo, um garoto franzino de pernas tortas, teve a grande chance de sua vida para mostrar seu valor. A missão: jogar como ponta direito sob a marcação de Nilton Santos, melhor lateral esquerdo Brasil na época.

“Quando aquele ponta novato dominou a bola e parou para esperá-lo, Nilton partiu tranqüilo para desarmá-lo. Tranqüilo ate demais – porque, quando se deu conta, já havia sido driblado por fora. Correu atrás dele e, quando emparelharam, o ponta freou cantando pneus. Ficaram frente a frente. Nilton entrou duro para assustá-lo e foi driblado outra vez – e do mesmo jeito. Em outra jogada, minutos depois, o pontinha enfiou-lhe a bola entre as pernas. Até então, Nilton Santos nunca permitira tal desfeita a ninguém.”

Palavras de Nilton ao fim do treino:

“O garoto é um monstro. Acho bom vocês o contratarem. É melhor ele conosco do que contra nós."


9 comentários:

André Augusto disse...

Realmente os dribles são a "cereja no bolo"do futebol. Dão um toque de magia e encanto ao esporte bretão.
Infelizmente, no futebol moderno, os dribladores, que normalmente eram pontas bem abertos, foram perdendo espaço para os jogadores mais técnicos e cadenciados...
Na Europa, é mto dificil vc encontra r algum jogador com essas características, pois eles são podados logo em sua formação.
No Brasil e na Africa, o futebol moleque é a identidade. Principalmente entre os africanos, que jogam o futebol com a "irresponsabilidade tática".
Os dribladores brasileiros, qdo bem aproveitados taticamente, logo saem do Brasil como o próprio Ronaldo (nos tempos áureos) Gaúcho e Robinho...adquiriram noção tática e arrebentasm pelos campos afora.
Já o Denílson, apesar da sua habilidade fora do comum, não conseguiu aliar seu dom as táticas e não deu certo depois que saiu do Brasil...
E o mestre de todos, Garrincha...o cara era irresponsavelmente um driblador nato.
George Best também era arisco, Maradona...e por ae vai...
Belo post!

Thiago Barretos disse...

O drible torna-se cada vez mais um artigo de luxo no futebol.
No esporte bretão moderno tanto faz se você sabe dar rolinho, pedalar ou dar elástico se você não tiver disciplina tática para ajudar na marcação ou para atuar em somente uma parte do campo.
Certamente, o jogo fica mais burocrático e muito mais feio esteticamente.
E o pior, isso é uma tendência no futebol como um todo, e neste mundo globalizado mesmo no Brasil ou na África os jogadores seguirão essa tendência.
A essência do drible é algo que tende a desaparecer...

Alexandre Azank disse...

O futebol esta se tornando muito pragmático e burocrático. Tanto é que, os poucos que driblam acabam se destacando. Jogadores como Robinho, Denílson, Wilsinho, Ronaldinho Gaucho, Cristiano Ronaldo entre outros. Acredito que muito dribladores deixam de praticar as jogadas por medo de errar e serem sacados por treinadores como Parreira por exemplo. Vida longa ao drible e que sempre haja quem o pratique para engrandeçer o espetáculo!

Bruno Calixto disse...

O problema do drible é que ele não vale gols, e se não vale gols, não garante pontos, e se não garante pontos, não garante títulos... e consequentemente não garante recursos para os clubes. Acho que, se pudesse existir uma equipe ideal, ela teria que equilibrar os dribles com a objetividade do jogo,isto é, não os dribles irresponsáveis (e magnificos) de Garrincha, mas um tipo de drible que consiga ter como meta o gol sem perder sua "molequagem". É possível? Acho que sim: não foi isso que fez Robinho quando pedalou a zaga corinthiana e resultou na jogada que deu a vitória ao Santos?

Felipe Moraes disse...

Sou um defensor do futebol gingado e alegre, que hoje leva qualquer bom zagueiro à loucura!
O Brasil foi e ainda é o grande celeiro de craques com esta característica alegre de tratar a redonda.
Hoje em dia, os clubes buscam sempre a disciplina tática, o que torna o futebol um pouco pragmático. O futebol arte rompe essa fronteira e age com o improviso, executado por muitos jogadores atualmente: Robinho, Messi, Ronaldinho, Cristiano Ronaldo, além da grata revelação do argentino Aguero, ex-jogador do Independiente, que brilha no Atletico de Madrid.

Um Abraço, Felipe Leonardo

GABRIEL RUIZ disse...

Relamente Felipe. Sinto saudades tbm. Vi estes dias na Folha mas não me recordo quem era o maior driblador do Brasileirão...

Lembra qndo tínhamos Serginho e Denilson pela esquerda no SP?
E veja só, pq será que o Souza do SP ganhou a posição de titular? E o Ilsinho?

falou, abraço

GABRIEL RUIZ disse...

Só para constar, descordo do Barretos. Em partes. Hoje a coisa está assim , a tática, os esquemas e tals. Agora, se os dribles tem]ndem a desaparecer, o que será do futebol?

Ouso dizer que isso não acontecerá nunca. Mesmo que em menor intensidade, a "cereja do bolo" como o André colocou, sempre existirá. Sempre teremos craques dribladores surgindo aqui e lá fora...

Anônimo disse...

Qual outro epsorte tem momentos tão geniais ou espetaculares em um mano a mano!?!?...Dizer que o drible irá acabar é renegar a essência do futebol brasileiro e a grande magia do futebol arte. O drible não está só no momento em que o jogador tenta passar pelo adversário quando está com posse da bola, mas também na maneira de tentar ludibriar o adversário para escapar de sua marcação, está no gingado, da finta de corpo, no olhar...O drible é o mérito do atacante por vencer o marcador e que no ápice de seu eplendor culmina com o gol...Não gosto de "firulas", dribles desnecessários, mas aqueles momentos geniais em que um garoto parte para cima de seu marcador e o "entorta", para partir em direção ao gol, como Ronaldinho Gaúcho fez inúmeras vezes com seus elásticos (pobre Michel Salgado), são momentos de magia que só futebol pode proporcionar. Quem, quando só, não tenta fazer os malabarismos de Ronlaidnho e tants outros para que na primeira oportunidade possa tentar fazer e sair com um enome sorriso só pelo fato de tentar, se conseguir então...é conversa para o retso da semana. Creio eu que todos já brincaram de bola apenas com um amigo ou irmão, um tentando roubar a bola do outro, mas principalmente, um tentando driblar o outro, tentando criar ou recriar alguns dribles, tentando imitar Ronaldos, Maradona, Garrincha, Falcão, Pelé e outros. O drible é aquele instante que dura paenas alguns segundos do jogo, mas é reprisado e mais lembrado que o jogo inteiro.
Viva o drible!!!

Arthur Kleiber disse...

Realmente o futebol é um esporte que permite uma variedade de jogadores e atletas excepcional. Mas não sei se é totalmente verdadeira a tese de que o futebol não vê cor, idade, peso, tamanho, riqueza. Primeiro que nos primóridos o futebol era praticado exclusivamente pela elite branca, e isso foi sendo modificado gradualmente (talvez aconteça o mesmo com outros esportes de elite, como tênis, golfe e quem sabe um dia no automobilismo - quando os negros tiverem maior participação entre a população mais abastada). Também vê idade - jogador já está muito velho, ou muda a idade para parecer mais novo...
E quanto a riqueza, é só observar os grandes times europeus, que esmagam os adversários nos campeonatos locais, tamanha a diferença estrutural e técnica (vindos do dinheiro) entre os grandes e os nanicos.
Enfim, não são só maravilhas. Mas com certeza é o mais espetacular de todos!!!