6.8.09

Quem joga com a 2?

Procura-se atleta com estatura mediana que tenha competência tanto para marcar quanto para sair jogando. Deve saber fazer bons cruzamentos, ter bom preparo físico, ser veloz e preferencialmente destro. Se for habilidoso, ajuda. Entrar em contato com algum time que disputa o Brasileirão. Qualquer um.

Apesar do exagero, se fosse possível, acredito que muitos clubes recorreriam a essa artimanha na tentativa de contratar um lateral direito que atendesse às expectativas do clube. Afinal, salvo por algumas exceções, a posição anda meio escassa no país.

Dentre as equipes que ocupam os primeiros lugares na tábua de classificação, a grande maioria não possui um lateral de ofício. Wendel, por exemplo. Bastou um fraco primeiro semestre de Fabinho Capixaba para o volante assumir a vaga no Palmeiras. Já o zagueiro Bolívar é aproveitado no Internacional como lateral há um bom tempo...

E a lista não para por aí. Desde a saída de Ilsinho, o tricampeão São Paulo não encontrou um substituto à altura. O dono da posição no Grêmio é William Thiego, zagueiro de ofício. No Atlético Mineiro, o ala Carlos Alberto é volante. Até o caçula Avaí conta com alguém improvisado no setor: o atacante Luís Ricardo.

Mesmo nomes medianos outrora consagrados, estão longe de possuir algum destaque individual em suas equipes. Alessandro, do Botafogo, nem parece o mesmo lateral que, após o título do Atlético Paranaense em 2001, alcançou a Seleção. Leo Moura, ídolo no Flamengo, vive às turras com a torcida que tanto o aclamou. O episódio do último fim de semana apenas comprova isto.

Talvez os maiores (e únicos) destaques deste Brasileiro sejam Apodi e Jonathan. Apesar de marcar muito pouco, Apodi é um dos maiores referenciais ofensivos no Vitória. Incansável, apresenta-se em todos os setores do campo e sempre marca seus golzinhos.

Ademais, Jonathan destaca-se por sua regularidade. Eficiente no apoio e seguro na marcação, o ala cruzeirense demonstra muita força física. Se amadurecer um pouco mais e parar de cometer lances bobos, ele tem chances reais de chegar à Seleção.

O mais engraçado disso tudo é o fato de não convivermos com o mesmo problema no time de Dunga. Afinal, nossos dois laterais, Daniel Alves e Maicon, certamente estão entre os melhores do mundo. Paradoxal, não é mesmo?

Que existe algo errado, existe. Por que, dentre tantos atletas, não conseguimos ver um lateral direito que tenha qualidade? Azar? Creio que não. Prefiro concordar com a teoria de Paulo Autuori, que após assumir o Grêmio exigiu que todas as categorias de base tricolores assumissem o mesmo esquema tático: o 4-4-2.

Quando questionado, Autuori apenas rebateu: “Quando as categorias de base do Brasil implantaram o sistema de três zagueiros em seus esquemas, deixamos de produzir laterais que saibam marcar e meias que saibam pensar”. Fico com ele.

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5 comentários:

Leandrus disse...

É muito difícil achar no Brasil atualmente um lateral de qualidade que saiba atacar e defender bem. Acho que um grande problema é que ou eles atacam demais ou então pouco sobem ao ataque, ficando restritos a defesa.

E a prova do que o Autuori disse está no desempenho dos nossos laterais no exterior: quando lá chegam, muitas vezes são utilizados como meias, justamente para se aproveitar o que possuem de melhor, o estilo ofensivo, e de certa forma mascarar a fraqueza, que é o poder de marcação.

André Augusto disse...

Acho que até na esquerda mesmo poucos jogadores são formados para atacar e defender, só que talvez a safra esteja um pouco melhor que na direita.

Maicon e Daniel Alves, donos absolutos das vagas na direita da Seleção, são indiscutíveis em qualquer convocação porque se aperfeiçoaram na defesa e são bons no apoio.

Falta maior trabalho na base, realmente.

Armando Teixeira Junior disse...

Concordo com o post, e acho que a safra na esquerda está tão escassa quanto...
O único nome que senti falta é o do lateral direito Vítor do Goiás.
Pode ser um pouco cedo, mas me parece que o jovem tem algum talento e pode em breve ser uma grata surpresa...

Abraços !

Lara Monsores disse...

Acho que estamos pobres não só de bons laterais, mas de bons jogadores no geral. Qual foi o último craque, craque mesmo, que brilhou no Brasileirão? Não consigo lembrar de outro depois do Robinho. E olha quanto tempo tem isso.

Abs!

Anônimo disse...

Boa Tarde !
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