17.8.09

Depressão pós-Libertadores

Grandes decepções brasileiras na Libertadores podem trazer conseqüências catastróficas. Ao menos, a partir da década de 90, onde a competição passou a ser muito mais valorizada pelas equipes brasileiras, principalmente após a repercussão das conquistas do São Paulo em 1992/93. Ganhar a competição continental tem sido cada vez mais uma obsessão brasileira, o que muitas vezes faz com que um time não se dedique tanto ao Campeonato Brasileiro, se por ventura ela tiver conquistado uma Copa do Brasil, por exemplo. Com a exceção do Cruzeiro em 2003, essa é a tendência.

O próprio Cruzeiro, que fechou o primeiro turno desse Brasileirão em 14º lugar – apenas três pontos da zona do rebaixamento – pode ser citado como exemplo dessa síndrome pós decepção na Libertadores. Priorizando a competição sul-americana, na qual o time ia de vento em popa, a equipe celeste chegava à grande final em casa com uma boa vantagem, após um ótimo resultado conquistado diante do Estudiantes na Argentina. Mas o revés sofrido em Belo Horizonte ainda não foi totalmente superado pelos comandados de Adílson Batista, visto que o ataque da equipe, de Kleber, fechou o primeiro turno como o pior do torneio, com apenas 18 gols marcados. É fato que o Cruzeiro tem bom plantel, mas a sua posição no certame nacional ainda sugere tal “trauma”. "Essa ressaca de título é uma coisa natural, é só pegar os times que perderam a Libertadores. O time é bom, mas não vem fazendo bons jogos. O time também está sofrendo com essas expulsões", afirmou o diretor Eduardo Maluf. Mas nesse caso, acho que a equipe não deve sofrer ameaças de rebaixamento.

Em Recife, mesmo em um time sem o status de favorito, os reflexos da eliminação para o Palmeiras abalaram o Sport, que fez excelente primeiro semestre. Da euforia recifense e da boa equipe montada por Nelsinho Baptista desde o triunfo na Copa do Brasil à lanterna do Brasileirão, com grave crise interna no clube.

Outro time que sofreu grande derrota na Libertadores foi o Fluminense, em 2008. E as conseqüências estão mostrando seus efeitos até os dias de hoje. Já no ano passado, o Fluminense passou raspando pelo descenso no Brasileirão, escapando somente na penúltima rodada. Em 2009, a crise – principalmente interna, entre patrocinador e diretoria – se acentuou. Resultado: quarto técnico (ou cinco trocas, já que Renato Gaúcho era o treinador na final e reassumiu o cargo há pouco tempo) no espaço da final contra a LDU, há mais de um ano atrás. O Tricolor das Laranjeiras flerta perigosamente com o rebaixamento, já que é atualmente o vice-lanterna do Brasileirão e já utilizou 31 atletas diferentes nessa primeira metade do campeonato.

O Corinthians, que busca obsessivamente a Libertadores, também já foi vítima de tais conseqüências em 2000, após perder nas semifinais para o arquirrival Palmeiras, foi o penúltimo colocado na famigerada Copa João Havelange e em 2006, após a derrota para o River Plate em pleno Pacaembu. A eliminação para os argentinos desencadeou o começo do fim da nebulosa parceria com a MSI, que culminou com o rebaixamento da equipe, em 2007.

Cada vez mais, essa tendência vem se tornando a regra, e não a excessão. Ainda que após sucessivas eliminações nas últimas Libertadores, equipes como São Paulo e Inter, mesmo com a decepção sofrida, ainda conseguem se reerguer. É aí que entra o merito das diretorias dos clubes. Pressão excessiva da torcida e falta de preparação, em quase todos os casos citados. Um verdadeiro coquetel Molotov que quase sempre não termina nada bem.

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