15.8.09

Arranque da Liga Portuguesa: a tradição ainda mantém-se!

POR GONÇALO CARDOSO - O Sabor da Palavra http://osabordapalavra.blogspot.com

A poucas horas do início da época de futebol 2009/2010 em Portugal para os três grandes, acolhi com agrado a proposta de André Augusto e farei de seguida a minha antevisão para o campeonato dos três maiores clubes portugueses.

Por ordem de classificação do último campeonato, o Porto, actual tetracampeão nacional, manteve o registo das últimas épocas e aproveitou as boas campanhas europeias e nacionais para vender os seus maiores produtos como foram os casos de Lisandro López e Cissokho para o Lyon, e Lucho González para o Marselha, e apostarem em jovens promessas do mercado sul-americano e português para colmatarem as saídas, dar um novo figurino ao sistema táctico e receber dividendos de grandes negócios futuros, como nos tem habituado. Para o lugar do defesa-esquerdo Cissokho, adquiriu o uruguaio Álvaro Pereira (ex-Cluj), recrutou os serviços de Belluschi (ex-Olympiacos) e Diego Valeri (ex-Lanús) para substituir Lucho e aumentar as opções no centro do terreno, e reforçou-se com o colombiano Falcão (ex-River Plate) para fazer esquecer o instinto matador de Lisandro López. Entre saídas e entradas, a questão passa pela adaptação dos novos jogadores ao sistema táctico e cultura portista, sendo factor determinante para a regularidade pretendida no campeonato. Acreditando na qualidade e capacidade de adaptação dos novos reforços, o Porto parte como principal candidato ao título, tendo para mim que este será o ano da explosão de Hulk, um jogador com uma capacidade física e técnica impressionantes, faltando apenas o crescimento táctico e psicológico para enfrentar novos voos com maior certeza.

O Sporting, vice-campeão nacional nas últimas quatro épocas, mantém o seu rigor orçamental e aposta na formação digna de uma das maiores academias de futebol mundial. Com poucos recursos para investir na equipa, fez regressar os jovens André Marques e Carlos Saleiro, emprestados a clubes menores da liga portuguesa, e adquiriu os serviços do chileno Matías Fernandez (ex-Villareal) e o empréstimo do equatoriano Caicedo (ex-Manchester City). As limitações negociais para o investimento no futebol podem ser uma desvantagem em comparação com os seus adversários, pois não foram colmatadas todas as lacunas no plantel, nomeadamente a aquisição de um defesa central forte e de marcação, dois defesas laterais ofensivos e um médio defensivo que aumentasse a velocidade na transição ofensiva. A vantagem poderá ser a continuidade na estrutura dirigente e técnica, mas pode não chegar, partindo na minha opinião em desvantagem relativamente aos eternos rivais. Liedson poderá voltar a ser a grande figura deste ano, tanto pela continuidade materializada na sua renovação de contrato, como pela possibilidade de estrear-se pela selecção portuguesa como jogador naturalizado.

Ainda em Lisboa, temos o Benfica, habitual campeão das contratações da pré-época, voltando a vender pouco e a comprar muito, situação que poderá acarretar maior pressão caso não haja retorno desportivo, como tem acontecido nos últimos anos. Vendeu o grego Katsouranis ao Panathinaikos e não conseguiu manter o espanhol Reyes que regressou ao Atlético de Madrid, e reforçou-se com jogadores para quase todas as posições, nomeadamente: o guarda-redes Júlio César (ex-Belenenses e ex-Botafogo); o defesa direito Patric (ex-São Cateano); os defesas-esquerdo Shaffer (ex-Racing Avellaneda) e César Peixoto (ex-Braga); médio de transição Ramires (ex-Cruzeiro); médio defensivo Javi Garcia (ex-Real Madrid); avançados Saviola (ex-Real Madrid), Weldon (ex-Sport Recife) e Keirrison (ex-Palmeiras e emprestado pelo Barcelona). A equipa apostou também na mudança de um novo treinador, investindo em Jorge Jesus, um treinador português, grande conhecedor do futebol nacional e um mestre da táctica no futebol, conseguindo entusiasmar os adeptos benfiquistas com boas exibições e resultados durante a pré-época ao vencerem quatro taças em torneios particulares. As grandes mudanças podem ter os seus inconvenientes na procura da estabilidade da equipa, partindo por isso em desvantagem face ao campeão nacional, mas este Benfica promete tanto colectivamente como individualmente, tendo jogadores prestes a explodir como o argentino Di Maria e o paraguaio Cardozo, jogadores esperançados em relançar a sua carreira como Pablo Aimar, Javi Garcia e Saviola, e jogadores em trampolim para os grandes da Europa como o caso de Ramires e Keirrison. Como desilusão da pré-época encontra-se Patric, jogador pouco utilizado e com menor confiança por parte do treinador, ao ponto de ter sido excluído da lista enviada para a competição nas provas europeias.

Em suma, época nova, mas registos conhecidos. O Porto mantém o balanço positivo entre as compras e as vendas, Sporting continua fiel ao trabalho árduo com poucos recursos financeiros e o S.L. Benfica volta a ser o campeão das mudanças e investimentos avultados. O meu desejo de um campeonato como grande propaganda para o futebol, e que no final o campeão seja o clube que, para além de exibir uma maior regularidade futebolística, tenha demonstrado um futebol mais espectacular e entusiasmante. Um abraço a todos e até breve!

Um comentário:

Lifepassenger disse...

Parece que foi um inicio de campeonato de "empatas", pelo menos para os três grandes.

Quanto ao Hulk, penso que os responsáveis do Porto irão fazer sentir a mão pesada pela sua asneira que durou todo o jogo tendo mesmo em campo uma reprimenda do Capitão !