Copa Federação Paulista, Copa Estado de São Paulo, Copa Coca-Cola, Copa Bandeirantes e hoje, Copa Paulista. Nomes diferentes de um torneio que existe há mais de uma década, mas que ainda não caiu no gosto da torcida. A prova que a competição ainda não é bem assimilada pelos torcedores está na média de público, abaixo de 400 pagantes nas quatro primeiras rodadas. Os número só não são piores graças ao São Bernardo
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O vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, justifica a competição como necessária para manter os times do Estado em atividade no segundo semestre, após o fim das Séries A-1, A-2 e A-3 do Paulista. Porém, o torneio também abre espaço para os times “B”, como Paulista, Ponte Preta, Palmeiras, Ituano e Mirassol. Coincidência ou não, estes clubes estão entre os que tem as piores médias de público no torneio, já que suas torcidas estão mais preocupadas com a disputa do Campeonato Brasileiro. Mesmo equipes que disputam apenas a Copa Paulista, e são tradicionais do Interior, como o Noroeste, América de Rio Preto, Botafogo de Ribeirão e Ferroviária não empolgam os seus torcedores.
De acordo com o professor Marcelo Proni, economista especializado em futebol e professor da Unicamp, um dos problemas do torneio é conceder uma vaga no Campeonato Brasileiro, como acontecia em anos anteriores, com um lugar na Série C. “A equipe campeã se classifica para a Copa do Brasil, mas este não é um prêmio que compense o investimento para ter um time competitivo”, constata.
Segundo o professor Proni, sem a vaga resta aos clubes usar o torneio para investir nas categorias de base e, para as equipes que estão na segunda e terceira divisão, focar o trabalho visando o ano seguinte, com apoio do departamento de marketing, o que pouco acontece. “Acho melhor o clube continuar em atividade do que sem competições, mas o departamento de marketing tem de fazer promoções, ter profissionais que motivem os torcedores”, analisa. Ainda de acordo com o economista, a parceria com empresários que administrem os departamentos de futebol pode ajudar os clubes a melhorar este cenário, montando times mais fortes, tornando assim a competição atrativa para os torcedores. “O clube tem de ter cuidado para a médio e longo prazo não se abdicar das categorias de base. Eu entendo a situação destes clubes, é difícil manter as equipes. Mas, sabemos que um planejamento a longo prazo seria melhor.”
Projeto faz do São Bernardo exceção
Apenas três confrontos da Copa Paulista tiveram público superior a mil pagantes nas quatro primeiras rodadas. Um entre Linense e Rio Preto e os outros dois com mando do São Bernardo, contra Palmeiras e Juventus. Diante do Moleque Travesso, o público chegou a 4.345 pagantes, a maioria, empregados de empresas parceiras do clube, fundado em 2004.
“Desde a metade da Série A-2 deste ano começamos com uma campanha de venda de ingressos nas empresas da região. Elas compram o ingresso e distribuem aos funcionários”, explica o diretor de futebol do clube, Edgard Montemor. A estratégia não para por aí. “Temos uma equipe que faz faixas avisando dos jogos e carros de som nas ruas”, conta.
O planejamento também pode ser visto em campo. O elenco é praticamente o mesmo que disputou a segunda divisão do Estadual. “Mantivemos a base e no fim do ano vamos contratar mais três ou quatro reforços para lutar pelo acesso”, diz o dirigente, mostrando seguir a receita do economista Marcelo Proni, de usar o campeonato como preparação para o Estadual seguinte.
Para o diretor, a meta é ambiciosa: repetir o vizinho Santo André, conquistar a competição e ir para a Copa do Brasil. “Em termos de estrutura garanto que estamos na frente do Santo André e São Caetano”, desafia Edgard.
Meia-entrada ‘burla’ regulamento
A meia-entrada virou uma arma dos clubes que disputam a Copa Paulista para driblar o regulamento. O preço mínimo para entradas é de R$ 8, de acordo com o artigo 23 do regulamento. Porém, a maioria dos torcedores não gastam mais que R$ 5. O preço do ingresso geralmente é R$ 10, mas os clubes vendem apenas meia-entrada. Os boletins financeiros das quatro primeiras rodadas provam: na maioria dos jogos o número de meia-entradas vendido foi maior que o de ingressos inteiros. (Sertãozinho x Noroeste , XV de Piracicaba x Botafogo, Atlético Sorocaba x Ponte Preta , alguns exemplos da quarta rodada, disputada no último fim de semana. Todos os boletins financeiros dos Jogos da Copa Paulista, aqui). No jogo Votoraty x Ituano, todos os 387 torcedores que compareceram ao estádio pagaram meia-entrada. No duelo entre São Bernardo e Juventus, 4.344 torcedores pagaram meia, um o ingresso inteiro.
Mesmo com a evidente infração, Rogério Caboclo, vice-presidente financeiro da Federação Paulista, não se mostra preocupado. “O artigo 21 do Estatuto do Torcedor estabelece que a comercialização de ingressos é de responsabilidade do clube mandante. A legislação não determina a quantidade de meia entrada a ser comercializada”, diz, em entrevista por e-mail.
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