31.5.07

Cochilada perigosa

3 jogos. Nenhuma vitória. Desde que o Campeonato Brasileiro começou a ser disputado no sistema de pontos corridos, Cruzeiro e Internacional nunca tiveram um desempenho tão pífio em suas três primeiras rodadas. Apesar de serem times tradicionais, sempre acostumados a estar na briga pelas primeiras posições, Zêro e Inter atravessam um mau momento e sentem-se obrigados a conviver sob uma nova realidade.
Coincidências que infelizmente não param por aí. Ambas as equipes estréiam novos treinadores na competição. Ambas buscam salvar o ano, depois de seguidos fracassos no primeiro semestre. Ambas sonham conquistar, ao menos, um consolo: uma vaga para disputar a Copa Libertadores – 2008. Coisa que por hora, está longe de acontecer...

A pior defesa


Quatro jogos no Mineirão exemplificam muito bem o atual inferno astral do time azul: a derrota para o Brasiliense que culminou com a eliminação na Copa do Brasil; o humilhante 4 a 0 sofrido na primeira partida final do Campeonato Mineiro frente ao seu maior rival, o Atlético; a goleada contra o Corinthians, na primeira partida em Minas do seu novo técnico, Dorival Júnior; e a virada do Paraná, neste último domingo, após o Cruzeiro estar vencendo o jogo por 3 a 2 (detalhe: os mineiros atuavam com um jogador a mais).
Alvimar Costa, presidente do clube e irmão do vice Zezé Perrella, aproveitou a crise e abriu a boca. Criticou abertamente alguns jogadores dizendo que estes atletas eram baladeiros e que não tinham responsabilidade fora de campo. Nesta confusão, três jogadores com altos salários e pouco futebol acabaram dispensados: os ex-laterais são-paulinos Gabriel e Fábio Santos e o zagueiro André Luís, que em 2005 foi campeão brasileiro com o Santos. E mais: o selecionável? Gladstone que se cuide, pois já existem rumores de que ele é o próximo a ser degolado.
Nos seus lugares chegaram cinco desconhecidos: do Ipatinga vieram o lateral Mariano e o volante Charles; da Arábia chegou o zagueiro Marcelo Tavares; enquanto Daniel foi contratado junto ao Cabofriense. O quinto nome é Eliézio, beque-central que volta ao clube após empréstimo aos portugueses do Porto.
Resta saber se a união destes nomes com os jovens valores revelados pelo clube na última Copa São Paulo (casos do centroavante Guilherme, dos laterais Jonathan e Ânderson e do volante Aldo) renderá vitórias ao clube. Algo que, diga-se de passagem, já não acontecesse desde o dia 22 de abril (goleada de 4 a 0 contra o Tupi de Juiz de Fora)...

A pior campanha


Após a conquista do título mundial, o Internacional passa por uma eterna ressaca. Até agora, o time não supriu a ausência dos jogadores que levaram o clube à disputa daquela final.
Para agravar, o elenco colorado deve ficar ainda mais enxuto. O empréstimo dos gringos Martin Hidalgo (peruano) e Fábian Vargas (colombiano) não deve ser prorrogado e os mesmos deverão retornar às suas equipes de origem, Libertad e Boca Juniors, respectivamente. Além disso, a saída de Alexandre Pato parece eminente...
O treinador Alexandre Gallo ainda não conseguiu descobrir quem deve ser titular no Colorado. Os jovens Sidney e Titi não passam segurança ao clube; Edinho, Alex, Ceará e Wellington Monteiro deixaram de apresentar a mesma consistência; Fernandão está mal fisicamente...
Desse jeito fica difícil recuperar. O jejum de 40 dias sem vitória, incomoda. Pior: o último triunfo do Inter é algo que o torcedor adoraria esquecer. Afinal, que colorado gostaria de lembrar do fatídico jogo contra os uruguaios do Nacional? A vitória por 1 a 0 que pouco adiantou na manutenção dos gaúchos na Copa Libertadores deste ano.
Nesse contexto, Jonas, ex-meio-campista do São Caetano, Magal, ex-volante do Guaratinguetá e Marcão, experiente zagueiro-volante vindo do Atlético-PR vieram nesta última semana com a missão de trazer melhores dias ao Beira-Rio, pois afinal convenhamos: acumular 3 derrotas em 3 jogos é algo preocupante. Principalmente quando o último revés é por 3 a 0 contra um Fluminense recheado de reservas.

Com isso, não estou dizendo que Cruzeiro e Internacional não tem mais chances de conquistar o título. Em um campeonato tão longo e equilibrado como o Brasileiro, várias mudanças são possíveis. O Santos de 2004 e o Corinthians de 2005 mostraram que isso é possível. Mas vale a pena lembrar: desde 2003 apenas o Atlético-PR (em 2005) e o Palmeiras (no ano passado) conseguiram repetir campanhas pifiamente semelhantes, e livrar-se do rebaixamento. Para os críticos, como eu, de forma geral, o torneio resolve-se nos dez primeiros jogos. Ao final desta rodada, já podemos perceber quais serão os clubes que brigarão pelo título e quais serão àqueles que lutarão para não cair. Todo cuidado é pouco. Mineiros e gaúchos: é melhor abrir o olho...

4 comentários:

Arthur Virgílio disse...

Dois técnicos da nova geração e que estavam treinando times médios e que estavam certinhos, para assumir a bronca nos grandes Cruzeio e Internacional.

Tanto Gallo, quanto Júnior, enxergaram após essas três rodadas que talvez ainda não estejam prontos para assumir tamanha responsabilidade.

Além disso, ambos os elencos são repletas de estrelas que parecem estar mais preocupadas com a abertura de mercado do futebol europeu. No caso do Inter, venderia Fernandão e principalmente Pato, que só está fazendo número.

Anônimo disse...

O Inter tem de saber usar a Recopa para conseguir se reerguer. Caso contrário, a coisa vai ficar preta!

André Augusto disse...

Vamos ver até onde vai a paciência dos dirigentes.
São dois técnicos da nova safra e que podem crescer junto aos elencos.
Ainda é cedo...mas creio que os dois têm elenco pra se recuperar.

Jota Assis disse...

Com a qualidade de alguns times neste brasileiro acho que o Inter não será rebaixado. Não digo o mesmo do Cruzeiro.Quando dirigente começa a acusar jogador de baladeiro o clima nãso está bom mesmo. Se cuida Raposa.

Abraços