29.5.07

Tacos, Chili e Futebol

Não é de hoje que o México desponta como um dos países que mais cresce tecnicamente e financeiramente no cenário futebolístico mundial. A presença quase que sempre garantida nas Copas do Mundo das últimas décadas permitiram um aprimoramento dos jogadores e dos clubes mexicanos, fazendo da Liga Mexicana uma das mais competitivas competições entre clubes do continente americano.

A ascendência dos “chicanos” é fruto de um maciço investimento financeiro mantido por empresários de clubes como o Chivas Guadalajara, Tigres, Cruz Azul, Pumas, Necaxa entre outros, no intuito de transformar o futebol do México em uma potência que ameace a hegemonia de países como Brasil, Argentina, Alemanha, Itália, Inglaterra entre outros.

Na busca por visualidade e por enriquecimento de cofres, os mexicanos conseguiram convencer a Conmebol e a Concacaf que a sua participação na Taça Libertadores da América poderia ser benéfica para a continuidade da qualidade da competição, que aos poucos caia de nível técnico com a decadência de países como Colômbia, Uruguai e Peru no final dos anos 90. O trato autorizava a presença de equipes do México na competição, porém não permitia a disputa do Mundial Interclubes em caso de título, visto que a vaga do mundial destinada à Concacaf já é disputada no torneio que reúne clubes das Américas Central e do Norte.

A partir de 1998 o México entrou de fato na disputa da Libertadores sendo representado pelo Chivas Guadalajara e o América do México. Com equipes bem arrumadas e esquemas táticos ofensivos, os mexicanos sempre deram muito trabalho. Além disso, o adicional da altitude da Cidade do México sempre influi a favor dos clubes do país.

Ao longo dos nove anos de participação na Libertadores, o país levou treze clubes para a briga: América 1998, 2000, 2002, 2004 e 2007, Chivas Guadalajara (1998, 2005 e 2006), o Cruz Azul (2001 e 2003), o Pumas (2003 e 2006), o Necaxa (Pré-Libertadores 1999 e 2007) e o Tigres (2005 e 2006). Depois, com uma participação, vêm Atlante (Pré-Libertadores 2001), Atlas (2000), Monterrey (1999), Morelia (2002), Pachuca (2005) e Santos Laguna (2004) e Toluca (2007).

A melhor participação do México na Libertadores ocorreu em 2001 quando o Cruz Azul enfrentou o Boca Juniors na final e ambas as equipes venceram seus jogos fora de casa por 1 a 0. Na decisão por pênaltis, melhor para o Boca que venceu por 3 a 1 em plena La Bombonera.
Não se pode deixar de lado também a boa campanha do Chivas, que em 2005 sofreu com vários desfalques por conta da participação da seleção nacional na Copa das Confederações e foi eliminado pelo Atlético Paranaense nas semifinais.

Essa questão de desfalques voltou ao foco após a eliminação do América na semana passada, após a derrota para o Santos por 2 a 1 na Vila Belmiro. O clube priorizou a disputa do título nacional contra o Pachuca e mandou 14 reservas para enfrentar o Peixe, sendo que em seu banco de suplentes havia apenas três atletas.
Dentro de campo o time não fez feio. Pelo contrario, quase eliminou os brasileiros. Abriu o placar ainda no primeiro tempo com Bilos e se segurou com todo time atrás. Porém, a virada santista foi inevitável com gols de Jonas e Rodrigo Souto.

A priorização do campeonato mexicano acabou não rendendo muitas alegrias aos Águias, como é conhecido o time do América. Além de ter sido eliminado pelo Santos, acabou perdendo o título para o maior Pachuca após uma derrota por 2 a 1 e um empate por 1 a 1 jogo de volta.

O descaso com que os mexicanos trataram a classificação para as semifinais da Libertadores gerou polemica por parte da imprensa brasileira. O jornalista Juca Kfouri se manifestou com indignação quanto ao fato do time vir totalmente desfalcado para o confronto: "... se um time mexicano vencer a Libertadores não terá direito a ir ao Japão disputar o Mundial de clubes, absurda imposição do regulamento, que reserva tal papel apenas aos sul-americanos. Ora, então por que aceitar a participação mexicana, se seus times são considerados café com leite?”.

Não sei se a expressão café com leite é a mais apropriada, pois os mexicanos deram bastante trabalho nas edições anteriores e a postura do América não denigre a imagem de força que as equipes mexicanas firmaram ao longo dos últimos anos, porem concordo com Kfouri sobre o fato da competição não presentear o mexicano que a vencer com a classificação para o mundial. Já que eles têm o direito de disputar o campeonato, o resto que se vire para eliminá-los. Um possível título da Libertadores comprovaria o alto grau de competitividade do país para buscar a vitória do Mundial Interclubes e isso já é o bastante para justificar o mérito pela vaga assegurada.

Sou favorável à permanência das equipes mexicanas na Libertadores e acredito que suas regras devem ser revistas pela Conmebol para aumentar a disputa da competição mais famosa das Américas. O México tem tudo para se estabilizar entre as dez melhores seleções do mundo e seu campeonato tende a crescer cada vez mais através do marketing e de um possível titulo de maior importância que a Copa Ouro ou a Copa das Confederações.
Nomes como Hernandez, Blanco, Hugo Sanchez, Borgheti, Garcia Aspe e Jorge Campos já fazem parte da história do futebol e incentivam o surgimento de novos craques oriundos de suas terras “calientes”, o que faz do México um emergente de qualidade no panorama do planeta bola moderno.


7 comentários:

Anônimo disse...

Eu repudio essa atitude do América desprezar (esse é o termo) uma competição tão tradicional e competitiva qto a Libertadores.
Não questiono a garra com que os mexicanos vieram à Vila para encara o Santos, mas não ter 16 jogadores disponíveis para disputar uma competição como a Libertadores é um desrespeito ao profissionalismo vigente no futebol.
Mesmo sendo um artifício utilizável, ele é, no mínimo, anti-ético.
É saudável a presença dos mexicanos, mas se for pra não acrescentarem nada na fase que realmente vale, o mata-mata, é melhor deixar um time "mais fraco" ter a chance de disputar. Ao menos, não desrespeitarão a Copa r jogarão com vontade e profissionalismo. Voltarão suas forças máximas para vencer.

Anônimo disse...

Sou o tipo de garota que adora futebol, do tipo que vai com o namorado ao estádio e depois sai pra comer comida mexicana... Em Sampa, vale sempre uma ída ao El Kabong... bom demais!!!!!

Creco disse...

A Copa dos Campeões envolve TODA a Europa. Do lado de cá do Atlântico poderia ser o mesmo. Ou, ao menos, com os latino-americanos, sem essa distinção de ser ou não do sul.

Thiago Barretos disse...

A postura do América é lamentável já que o time deveria ter uma postura mais ética e encarar o Santos de igual para igual...
Acredito que os mexicanos sempre serão bem-vindos na competição, desde que compreendam a magnitude do torneio.
Mas uma coisa é clara: não seria mais fácil proibir os mexicanos de disputarem dois torneios intercontinentais simultaneamente e deixá-los representar a América, se forem os campeões da Libertadores?

Jota Assis disse...

Apesar de de concordar com a postura do Kfouri e do Alexandre, não acho que a atitude do América foi lamentável nem repudiosa, já que o formato da competição não permite que equipes mexicanas colham todos os "louros" da vitória (disputar o mundial).

abraços

Sidarta Martins disse...

Precisa de um "banner"!!! É facinho.

Abraços,

Flávio Benvenuto disse...

Não repudiu e nem classifico como lamentável. Tudo é ua questão de prioridades. A Copa Libertadores é importente para os sul-americanos, que com o título abocanham uma vaga no Mundial da Fifa. Tenho certeza que todos os torcedores mexicanos devem apoiar a decisão da diretoria. Certamemente, eles preferem ver o time campeão nacional que campeão de um torneio que o impede de ter os mesmo direitos dos outros clubes.
Parabéns América, você fez o que Corinthians, São Paulo, Santos fazem todos os ano com a Copa Sul-Americana. Deixaram a competição em segundo plano para priorizar o nacional. Engraçado que não vejo nenhum torcedor tricolor, corintiano ou santista se lamentando ou se rebelando contra essa atitude do clube, mesmo a competição tendo uma "visibiliadade grande" como tem a Sul-Americana.