Resgate da alma

Doce uva verde: Provocações, má fase e Morumbi lotado deixaram a polpa da fruta muito mais doce para Felipe e o Corinthians

Mais do que a classificação para as quartas-de-final da Copa do Brasil, o Corinthians resgatou algo que estava meio murcho desde a fatídica campanha rumo ao descenso para a Série B: a sincronia entre o time e a torcida. E a bela apresentação – de ambos – na partida contra o Goiás trouxe à tona o que essa parceria é capaz de fazer: desestabilizar o adversário. Fato que o próprio Caio Jr., técnico da equipe esmeraldina, retratou após a partida. "Não conseguia orientar meus jogadores dentro de campo. O barulho era ensurdecedor".

O que se viu foi um Goiás acuado, tanto pela vibração da Fiel, quanto pelo esquema ofensivista de Mano, onde Perdigão e Lulinha garantiam uma equipe mais solta e rápida. Um Diogo Rincón mais incisivo, um Herrera mais participativo e com André Santos se destacando novamente como o ponto de fuga diferencial do Timão, além de partida impecável da dupla de zaga deram o tom da classificação, conquistada no primeiro tempo. Mesmo assim, ainda há muito o que se fazer para garantir uma jornada mais tranqüila na Segundona. Mesmo com Herrera e Diogo Rincón fazendo as suas melhores partidas com a camisa alvinegra, o time ainda carece de um atacante de ofício. Também precisa de mais opções na lateral-direita e na dupla de volantes. Mesmo com muitos ajustes – o que é normal para um time que contratou quase que um elenco inteiro – o Timão descobriu bons valores como Willian e Chicão, além de André Santos (na minha opinião, o melhor lateral-esquerdo em atividade no país), vice-artilheiro da equipe na temporada com impressionantes oito gols.

Penso que o mais importante dessa vitória, além do resgate moral entre time e torcida é ver que a comissão técnica faz um planejamento correto, de acordo com a realidade que o Corinthians vive. A precoce eliminação do Paulistão e a derrota no primeiro jogo para esse mesmo Goiás trouxeram muitos questionamentos acerca do trabalho de Mano à frente do Corinthians.

Time para vencer a Copa do Brasil? Talvez, mas trata-se de uma tarefa árdua, pois o time ainda possui muitas carências, como mencionado acima. No entanto, o uníssono de mais de 50 mil vozes no Morumbi provou que mesmo na adversidade, a mística corinthiana permanece intacta. E que essa força já levou equipes consideradas ruins tecnicamente a lugares inimagináveis até então.

Esta foi uma noite de resgate da alma, importante para as pretensões da equipe para o restante da temporada. É uma mostra do que está por vir. E de quão grande o Corinthians é, onde quer que esteja.