27.5.08

Boca de sete-cabeças?

Todo mundo no Brasil que gosta de futebol, luta com unhas e dentes (no bom sentido, claro) para defender as cores do time de coração. Mas convenhamos, quando os clubes brasileiros que disputam a Libertadores sabem que têm o Boca Juniors pela frente, eles temem. E nos últimos anos, também tremem ante los Xeneizes. Mas será que esse time argentino é tão monstro assim contra os brazucas ou rola uma superestimação dos argentinos, o que acaba por trazer as derrotas como conseqüência?

O Fluminense, cheio de moral após uma vitória importante contra o São Paulo, vai até Buenos Aires pegar o Boca. Um alento aos tricolores é o fato de não jogarem a primeira partida na mítica Bombonera. Mas a pressão não será tão minimizada no estádio Juan Domingo Perón, do Racing. O importante é que o Fluminense vá com o pensamento de jogar futebol. Os argentinos possuem técnica apurada, que aliam com a tradicional catimba portenha. Quase sempre, o adversário brasileiro sucumbe, primeiro em nervos e depois no futebol dentro de campo. O Fluminense tem de tomar isso pra si, neutralizando este que é um dos elementos mais importante em jogos contra os hermanos. Prova disso é o número impressionante dos Xeneizes em mata-mata contra brasileiros: foram 10 eliminações em 12 confrontos válidos por torneios sul-americanos: entre as vítimas, clubes tradicionais como Cruzeiro, Grêmio, Corinthians, Palmeiras e Santos. Santos, aliás, que foi a última equipe brasileira que teve o gostinho de eliminar o Boca na Copa Libertadores, no longínquo ano de 1963. Os argentinos – debutando na competição sul-americana – perderam as finais para o fabuloso Santos de Pelé.

Mas vencer o Boca não é missão de outro mundo. Paysandu e Palmeiras (6-1 em 1994, maior revés do clube na história da Libertadores) já conseguiram o feito. Basta ter a cabeça no lugar e jogar bola, coisa que o bom time do Fluminense sabe fazer bem.

Talvez a fama de “boleiro” de Renato Gaúcho sirva para vacinar os jogadores nesse aspecto. Além disso, o técnico inicialmente deve explorar os contra-ataques, pois possui jogadores rápidos e com toque refinado (Thiago Neves e Conca) e um matador nato (Washington). A zaga do Boca não inspira confiança, tendo onze gols em oito jogos. Mesmo com a troca de goleiros - Migliore por Caranta - não traz segurança à aliza boquense e a defesa peca por ser lenta e ruim na jogada aérea. E é aí onde o Flu pode explorar, pois mesmo jogando com Washington centralizado, os jogadores que vem de trás podem dificultar a vida do Boca em casa. Fora as boas jogadas laterais, com os incisivos alas Gabriel e Júnior César.

Em contrapartida, o Flu deverá tomar cuidado para não tomar gol no início da partida, o que pode trazer a tão temida instabilidade. Fora que o ataque boquense é um dos melhores da América. O tridente Riquelme-Palacio-Palermo mescla características diferentes, tornando-o letal. São 12 dos 17 gols do Boca na Libertadores. O Bom meio campo ainda possui o guerreiro Bataglia e o emergente Dátolo, que está subindo de produção na equipe treinada por Carlos Ischia, ex-auxiliar técnico do competentíssimo Carlos Bianchi, o grande responsável por elevar o Boca a uma verdadeira potência na história da Libertadores.

Na bola, o Flu pode ganhar, pois tem um time tão técnico quanto o Boca. Se tentar algo diferente, o filme pode se repetir e o Fluminense pode tornar-se mais um na lista do "exterminador de brasileiros".

5 comentários:

Gerson Sicca disse...

Acho q o Flu não agüenta o tranco.
André, realmente vale a pena conhecer um templo do futebol. Quem gosta do esporte sente uma energia diferente quando entra num estádio sagrado. E o legal na Bombonera é que a gente vai chegando no estádio e vê nas ruas os botecos com as cores do Boca e reproduzindo o canto das torcidas em caixas de som. Tb vê os grafites em muros com inscrições e desenhos alusivos ao Boca, como o que tem em uma quadra de esportes("império do Boca"). Só em estar na Boca já se sente a força daquele clube.é realmente sensacional.
Abraço

Vinicius Grissi disse...

O importante é partir para cima para tentar vencer na Argentina. O Boca joga melhor fora do que dentro.

É um timaço, mas é possível vencê-los.

Filipe Araújo disse...

o boca deixará de ser este "monstro" quando alguns companheiros de imprensa aprenderem a falar apenas o que sabem, fugindo dos lugares comuns.

Abrazo!

http://gambetas.blogspot.com

Gerson Sicca disse...

O Flu deu muita sorte. Mas o Boca ainda tem chances de classificar-se.

Filipe Araújo disse...

Não, Alexandre. De maneira alguma...

Muito pelo contrário, neste trecho que eu separei do seu post dá para ver que você sabe exatamente o que acontece:

"será que esse time argentino é tão monstro assim contra os brazucas ou rola uma superestimação dos argentinos, o que acaba por trazer as derrotas como conseqüência?"

Este é o questionamento correto. Para termos uma idéia do quanto que alguns colegas nossos sabem o que falam, ontem, na transmissão do jogo, apareceu a torcida do flu comemorando o segundo gol. E um comentarista disse que essa torcida que está aparecendo aí ão para um minuto sequer. fantasticos os torcedores do Boca "Runiors". Primeiro: A torcida era do flu e basta ver as cores para saber. Segundo: É Boca Juniors e não "R"uniors. Entendeu o meu desespero? jeje...

Abrazo, compañero!!

http://gambetas.blogspot.com