19.5.08

Moscou, o quintal inglês

POR ANDRÉ AUGUSTO E THIAGO BARRETOS

Moscou, cuja história ficou marcada pelo vermelho comunista, vê o azul se juntar as cores da rotina da capital russa. Pelo menos nesses dias que antecedem à grande final da Champions League, entre Manchester United e Chelsea. Uma final que mostra, indubitavelmente, a supremacia do futebol inglês entre os clubes europeus. Tanto na liga local, onde os dois já fizeram um disputado embate até a última rodada – na qual o Manchester acabou se sagrando bicampeão, dois pontos à frente dos Blues – quanto na própria Champions, onde a Inglaterra conseguiu colocar três dos seus quatro clubes nas semi-finais. Uma supremacia que contrasta com um momento de decepção para o torcedor do English Team, que não verá sua seleção na Euro 2008.


A partida desta quarta põe frente a frente dois estilos de jogos diferentes, como veremos nos prognósticos a seguir. E qualquer favoritismo é prontamente descartado ao vermos as trajetórias dos times nesta temporada. Nas partidas disputadas até aqui, equilíbrio. Enquanto o Manchester começou sua perseguição ao Arsenal ao vencer o Chelsea em casa por 2-0, os Blues colocaram fogo na reta final do inglês ao vencer os Red Devils por 2-1 em Stanford Bridge. Rivalidade, luta pela supremacia, afirmação. Ingrdientes que farão Moscou tremer!


Manchester United
Lutando pela supremacia

O bicampeão inglês chega a essa final mais maturado e estruturado que na temporada passada. Investimentos precisos – Hargreaves, Nani, Anderson e Tevez – deram a equipe o fôlego necessário para atravessar a temporada sem grandes oscilações. Tanto é que, somando Champions e Liga Inglesa, os números dos Red Devils são impressionantes. Em 50 jogos, a equipe de Sir Alex Ferguson obteve 36 vitórias, oito empates e apenas cinco derrotas. O ataque mostrou sua força com 99 gols, sofrendo apenas 27 tentos. O equilíbrio entre sistema defensivo e ofensivo é latente e uma das maiores virtudes do Manchester.

Como observado no post, New blood, Old Devils (29/10/07), Ferguson pode dar diversas caras ao time. Uma mais ofensiva, com Anderson compondo a linha do meio campo, dando qualidade a saída de bola e ajudando a compor a marcação. Outra mais cautelosa, com Carrick e Hargreaves na marcação, auxiliados por Scholes ou mesmo o coreano Park - que vem entrando bem nas últimas partidas da equipe. Outra opção é atuar incisivamente, com o experiente Giggs pela faixa esquerda. Os laterais não avançam tanto. Enquanto Brown fecha o lado direito subindo pouco ao ataque, Evra é mais incisivo na esquerda, por vezes fazendo boa dobradinha com Giggs. A defesa é sólida, com Van der Sar, Ferdinand e Vidic atravessando ótima fase. Na frente, o tridente Ronaldo-Tevez-Rooney está entrosado. Rooney e Tevez fazem o estilo de atacantes-operários, brigando por cada bola e demonstrando qualidade no passe e no arremate, revezando-se no comando de ataque. Já Ronaldo – maior marcador da temporda européia com 38 gols e artilheiro da Liga Inglesa e da Champions – luta para se afirmar como o melhor da Europa. O que lhe falta para ratificar essa condição é decidir um grande jogo. E talvez seja este o melhor momento.

Na competição européia, o Manchester United veio atropelando seus adversários. Após uma primeira fase quase perfeita (16 pontos em 18 possíveis), o United se impôs frente a Lyon, Roma e Barcelona, respectivamente, durante o mata-mata. Mesmo quando não jogou bem, impôs seu jogo e mostrou muita força. Com todas estas qualidades, o Chelsea terá de ter muita paciência e tocar muito bem a bola para quebrar a muralha vermelha. E o Manchester vê o tri como uma realidade possível.

Time-Base: Van der Sar; Brown, Ferdinand, Vidic e Evra; Carrick, Hargreaves (Anderson), Giggs (Scholes) e Ronaldo; Tevez (Park) e Rooney. Técnico: Alex Ferguson
Campanha na Champions: 9 vitórias e 3 empates
Olho Nele: Cristiano Ronaldo, 38 gols na temporada. Precisa de um grande jogo para coroar sua condição de melhor do mundo. Nada como uma final do torneio de clubes mais importante do planeta para isso.
História: Além do técnico Ferguson, Gary Neville, Brown, Scholes e Giggs faziam parte do elenco do Manchester no jogo da notável virada conquistada frente ao Bayern na final da Champions de 1998/99. Na oportunidade, o United virou aquela partida com dois gols nos últimos instantes da partida, anotados por Solskajer e Sheringham.
Curiosidade: Se atuar na grande final, o galês Ryan Giggs completará 759 partidas pelos Red Devils, ultrapassando o lendário Bobby Charlton. Giggs está em Old Trafford desde 1990.


Chelsea
Chegou a hora?

Não foi fácil. Foi necessário que o Chelsea amargasse quatro reveses em semifinais nas últimas cinco temporadas para, enfim, disputar a final da Champions League.

Mesmo assim, em campo, os Blues vencem, mas não convencem. Durante a competição acumulou alguns tropeços e reveses. O empate na estréia contra o fraco Rosenborg em casa e a derrota para o Fenerbahçe nas quartas-de-final mostram como oscila o futebol do elenco londrino.

A fase, pelo menos, melhorou. Desde a fatídica derrota para os turcos, o Chelsea não perdeu mais. Manteve uma invencibilidade de 9 partidas e quase conseguiu, a duras penas, manter viva a briga pela Premier League, título que há muito tempo já era tido como certo para o rival. Méritos para o desconhecido treinador Avram Grant.

Parece que o israelense finalmente conseguiu montar um padrão tático. No meio-campo, Makelele atua como um clássico cabeça-de-área e faz com que Ballack e Lampard já não ocupem os mesmos espaços e rendam muito mais. Além disso, a entrada de Essien na lateral-direita fez o time melhorar, e muito, a sua saída de bola. A equipe deixou de ser pensa para o lado esquerdo, como na época de José Mourinho, que optava pela escalação de Paulo Ferreira ou Belletti e sobrecarregava os avanços de Ashley Cole.

A defesa é o ponto forte do time. Terry e Ricardo Carvalho formam uma das melhores e mais entrosadas duplas de zaga da Europa. E mesmo quando um dos dois não pode atuar, Alex entra e não compromete. No gol, Cech não passa por ótimo momento, mas ainda é um excepcional arqueiro.

No ataque o momento não é dos melhores, haja vista que o time foi apenas o 5º melhor ataque entre todos os participantes do Campeonato Inglês. Ainda assim, o trio formado pelo aguerrido Drogba, pelo inteligente Joe Cole e pelo habilidoso Malouda merece respeito. Se algum deles não estiver em um dia inspirado, no banco, opções não faltarão: Kalou, Shevchenko, Anelka

Favorito o Chelsea não é. Mas o sonho da conquista de seu primeiro título nunca esteve tão perto. Prova disso foi o futebol apresentado no dia 26 de abril quando bateu o próprio Manchester por 2 a 1. E convenhamos que, vencer a Champions em sua terra natal teria um gostinho especial para Roman Abramovich, dono do time. E como teria...

Time-base: Cech; Essien, Ricardo Carvalho, Terry (Alex) e Ashley Cole; Ballack, Makelele, Lampard e Joe Cole; Drogba e Malouda. Técnico: Avram Grant.
Campanha na Champions: 6 vitórias, 5 empates e 1 derrota
Olho nele! Didier Drogba compensa o fator de não ser um atacante com exímia habilidade com muita raça e disposição. Perigoso e decisivo, pode desequilibrar se não for marcado de perto.
História: Em 2003 o russo Roman Abramovich adquiriu o clube pela bagatela de 140 milhões de dólares. Isso todos sabem. O que poucos sabem é que em 1982, o Chelsea passou por uma enorme crise financeira. Rebaixado à segunda divisão e afundado em dívidas (que beiravam a 3 milhões de libras à época), o clube reergueu-se graças a Ken Bates, inglês que comprou o clube por apenas uma libra.
Curiosidade: O atacante ucraniano Andriy Shevchenko tem 59 gols marcados em toda história da Champions. Se fizer a rede balançar por mais duas vezes, igualará o recorde de Raúl para tornar-se o maior goleador de todos os tempos da competição.

5 comentários:

Felipe Moraes disse...

Belo preview!

Sinto que vai dar Chelsea.

Abraço,
Felipe Leonardo

Sidarta Martins disse...

Seria menos pior rolar um Chelsea campeão.

Alexandre Azank disse...

Embora o time do Manchester tenha um jogo mais envolvente e rápido, a marcação e o toque de bola do Chelsea pode surpreender e anular o adversário.
Será um jogo muito estudado, onde as equipes arriscarão muito pouco no intuito de não abri espaços.
Como o Chelsea joga muito no erro do adversário, acredito que possa sair com o título, e além disso, torço para um título dos blues na ausência dos Gunners nesta final!

Parabéns à dupla pelo post!
Abraços

Felipe Brisolla disse...

O Manchester é favorito pelo volume de jogo, pela qualidade superior do elenco, pela constância dos jogadores , pela auto-estima que está em alta e pela experiência de seu treinador...

Por todos esses motivos, o Chelsea será o grande campeão. Por que tem força e honra!

Thiago Barretos disse...

Felipe picareta...
Parafraseou o comentário do Juca Kfouri