Cadê o Gol?

A emoção do gol foi deixada de lado pela Globo

Todo torcedor que acompanha os passos do seu time, em qualquer competição que seja, odeia ser interrompido no momento em que assiste um jogo de futebol. A pessoa que passa na frente da TV, o cidadão que fica de pé e tapa a visão na arquibancada, o caminhão de gás que passa fazendo barulho na hora do jogo, a mãe que liga no seu telefone bem no início da partida, enfim, o torcedor quer acompanhar 100% da partida do seu time do coração e não aceita deixar nenhum detalhe escapar dos seus olhos.

Ontem não era diferente. Me preparei para o jogo do São Paulo contra o Nacional (URU). Comprei cervejas, aperitivos, montei o ambiente em casa, tudo para acompanhar com meus amigos a partida que valia a vaga para as quartas-de-final da Libertadores.

Como já previa, o jogo foi tenso. Poucas chances de gol, futebol burocrático, pouca inspiração mas o que não diminuía minha torcida pelo gol tricolor que valeria a classificação. Pois é, o gol. O ápice do futebol. Algo que eu, que torci, me preparei e vibrei não pude ver. Motivo: “Caso Isabella Nardoni”. Isso mesmo!

Quem acompanha os noticiários não agüenta mais ouvir falar desse assunto. Sei que é de interesse público que tudo seja solucionado e os culpados condenados, até porque é um caso que chocou o país e me revolta também, porém, a cobertura da mídia as vezes extrapola limites e tira nossa liberdade de escolher o que assistir ou quando assistir.

Em determinado momento do primeiro tempo da partida, a transmissão de Cléber Machado foi interrompida pelo noticiário que mostrava cenas da prisão do casal Nardoni em um prédio de Guarulhos. Durante mais de cinco minutos fomos obrigados a ver imagens que não mostravam muita coisa, pessoas xingando, a polícia correndo (algo que não era interessante para quem estava assistindo um jogo de futebol) e ao mesmo tempo o São Paulo marcava seu primeiro gol com Adriano, gol este, que ninguém viu ao vivo. A transmissão no Morumbi só retornou três minutos depois do gol, “brochando” o momento que esperei durante a semana toda. A Globo poderia ter colocado uma janelinha menor que mostrasse o jogo no canto da tela, mas nem isso o fez.

Não sou contra interromper transmissões para passar notícias importantes, seja qual for o momento, mas é necessário o mínimo de respeito com o torcedor que trabalhou a semana toda e no seu momento de lazer foi impossibilitado de gritar Gooooooooool! Aquele grito de gol ainda está preso na garganta, pronto para ser colocado para fora contra o Fluminense mas agora sabemos que corremos o risco de sermos interrompidos por uma notícia sobre um dossiê no governo, uma reviravolta no caso Isabellla, uma manifestação na China, queda do dólar...