26.12.06

Adiós, 2006!

Após a expulsão na final da Copa, Zidane caminha aos vestiários. A cabeçada em Materazzi foi a cena mais marcante em 2006.

Nesse período de entresafra do futebol brasileiro e mundial, nos resta lembrar dos fatos marcantes de 2006. Novas forças surgiram, equipes consolidaram as boas fases e muitas farsas ficaram pelo caminho. Não faltaram emoções e surpresas e tentaremos relembrá-las aqui, numa espécie de retrospectiva.

Na primeira grande competição de 2006, a Copa SP de Futebol Júnior nos mostrou a primeira grande surpresa do ano. Em meio a "inchada" competição, América de Rio Preto e Comercial de Ribeirão Preto fizeram a finalíssima. E o goleirão do Diabo, André Zuba, foi o grande herói da final. Dois pênaltis defendidos e um pênalti convertido por ele garantiram o título inédito ao América.

Nos estaduais, nenhuma grande surpresa. Os grandes fizeram sua lição de casa e garantiram os canecos regionais. Em São Paulo, Tricolor e Santos disputaram palmo a palmo o título, mas pesou a regularidade do time de Luxemburgo, que venceu a competição por um ponto. No Rio, o Botafogo deu um chega pra lá na zebra e derrotou o Madureira na final. O craque do Fogão era Dodô, que já retornou ao clube após seis meses no futebol árabe.
Na esvaziada Copa do Brasil, caminho aberto para as equipes cariocas. Com São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Inter na Libertadores, o nível técnico da competição caiu vertiginosamente. Vasco e Flamengo, com dois times bem parecidos, fizeram a final da competição. Depois de vencer a primeira partida por 2 a 0, o Mengo foi com grande vantagem na finalíssima. E a expulsão de Valdir Papel no início da decisão facilitou as coisas para o Flamengo, que atropelou o rival e conquistou o título. Resta saber se o rubro-negro vai fazer melhor do que sua última participação na Libertadores, quando nem passou da primeira fase.

Enquanto isso, a Europa aquecia as turbinas para a Copa 2006. E nas ligas nacionais, nenhuma grande surpresa. Barça, Chelsea, Bayern, Porto, Lyon e Juventus (título caçado posteriormente) levantaram os canecos. Mas a grande competição na Europa durante o primeiro semestre de 2006 foi a Liga dos Campeões. O futebol vistoso do Barcelona foi o foco da competição e o título dos catalães foi incontestável. Atropelando grandes forças como Chelsea, Benfica e Milan, a final entre Barça e Arsenal pois frente a frente a defesa sólida dos ingleses contra o ataque arrasador dos catalães. E o Stade de France, palco da grande final, viu a redenção do esforçado Belletti, autor do gol do título. Enquanto a estrela de Belletti brilhava, Ronaldinho, apesar do vistoso futebol apresentado durante toda a competção, falhou em se destacar nas horas decisivas, como seria de praxe neste ano de 2006.

Na Libertadores, a final colocou frente a frente as duas melhores equipes sulamericanas em 2006: o São Paulo, em busca do tetra e o regular Inter, de Abel Braga. Dois jogaços deram o clima desta disputada final. A expulsão de Josué e a vitória no Morumbi na primeira partida facilitaram o trabalho para que o Inter conquistasse o inédito título da mais importante competição sulamericana. Jogadores como Tinga, Sóbis e Fernandão comandaram a equipe ao título.

Mas a grande vedete no futebol neste ano de 2006 foi a Copa do Mundo da Alemanha. Cercada de expectativas, o Brasil surgia como o grande favorito e virtual campeão, como ocorreu com a frança e a Argentina em 2002. E o futebol mostrou novamente que título não é ganho na vespera, na lábia eufórica da imprensa. Numa Copa em que todos esperavam o futebol vistoso de Ronaldinho, Adriano, Kaká C. Ronaldo, Shvchenko e etc. vimos a consagração de defensores e volantes como Vieira, Zé Roberto, Pirlo, Materazzi, Lúcio, Lahm e Cannavaro. Comendo pelas beiradas, a Itália de Marcello Lippi conquistou o tetra na final contra a França. A Copa foi tão atípica que a cena que marcou a competição foi a cabeçada que Zidane deu em Materazzi. Quem diria...E o Brasil foi, sem dúvidas, a maior decepção dessa Copa. Badalado por toda a imprensa e patrocinado pela Rede Globo, a seleção mostrou-se um time individualista, sem comando e principalmente, sem brio algum. Era visível a "panceta" de Ronaldo, a apatia de Ronaldinho, a marra de Adriano. Esses elementos garantiram a maior decepção do futebol brasileiro desde o Maracanaço, na final de 1950. Nunca um título foi tão esperado no país.

Mas apesar do baixo nível de gols, a Copa registou os últimos suspiros de genialidade de Zidane. Cabeçadas à parte, o meia francês esteve presente quando a França precisou dele e o vice-campeonato lhe garantiu um final de carreira digno, jogando o futebol classudo que encantou a todos. E a Copa trouxe redenção à Itália, afundada na lama do escândalo do Calciocaos. Mas nem só de defesas viveu a Copa. Grandes jogos encheram os olhos dos torcedores, como Argentina X Alemanha, Itália X Alemanha, Argentina e Sérvia e Montenegro, etc. A anfitriã Alemanha fez bonito dentro e fora de campo. Com um organização impecável nos bastidores e uma seleção que cresceu dentro da competição, o NationalElf conseguiu uma honrosa terceira colocação. Antes da Copa, Klinsmann era contestado pelos maus resultados, mas cresceu junto com a equipe na hora certa. Jogadores como Klose, Lahm, Frings e Schweinsteiger comandaram a seleção, que contaminou e uniu todo um país. Coisas que só o futebol pode proporcionar.


No pós-Copa, o Brasileirão mostrava a ascensão do São Paulo. Depois de dois vices campeonatos, o Tricolor destacou-se jogando um futebol vistoso e coletivo, em uma equipe bem comandada por Muricy Ramalho. E o baixo nível técnico deste Brasileirão fez com que a organização dentro e fora de campo da equipe fizesse a diferença. Tanto que na seleção do campeonato, a maioria dos jogadores era do São Paulo. Os gaúchos fizeram bonito e garantiram boas colocações com Inter e Grêmio. Dos grandes, Corinthians, Palmeiras e Fluminense brigaram para não cair. Mas a incompetência de fracas equipes como Fortaleza, Ponte, Santa Cruz e São Caetano facilitaram as coisas aos times em perigo. Destaque também para a mobilização do Atlético/MG, que caminhou junto à sua torcida e chegou novamente a elite do futebol nacional. Sport, Náutico e América/RN garantiram a representatividade do Nordeste na elite do futebol brasileiro. A Lusa quase caiu, mais uma vitória épica deixou a equipe, que ainda está na UTI, respirando por aparelhos na Segundona.
Na última grande competição do ano, O Inter mostrou novamente, como na Copa do Mundo, que título não é ganho na véspera. O badalado Barcelona chegou ao Japão como ultra-favorito ao Mundial Interclubes. O show contra o América mexicano catalizou ainda mais o favoritismo dos catalães, frente a um Inter que jogou um futebol razoável contra o Al-Ahly. Mas o futebol-operário da equipe de Abel Braga foi o diferencial para o título. Ao invés de Ronaldinho, brilhou Iarley. E apesar da supervalorização de Alexandre Pato, bom jogador, o Inter foi uma equipe compacta, coesa, que jogou com o coração. Título merecidíssimo.

No saldo, 2006 foi um ano excepcional aos amantes do futebol em geral. Com certeza mostrou porque é o esporte mais apaixonante, por sua imprevisibilidade e competitividade. E esperamos que 2007 seja um ano melhor ainda.

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Quero aproveitar esse espaço pra desejar a todos os amigos e leitores do Opinião FC os votos de um Feliz 2007, com muita paz, prosperidade e sucesso a todos. Em apenas quatro meses de blog, foram quase 3000 visitas. A equipe do Opinião FC agradece a todos e espera que 2007 seja um ano de crescimento e maturação do blog, sempre abrindo seus canais para que todos possam participar das discussões propostas nos artigos de todos os colunistas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se alguém passou um ano em coma e quiser saber tudo o que rolou em 2006 basta ler o texto acima!
Bela retrospectiva, contou tudo o que rolou no mundo da bola sem deixar a opinião de lado.
Que venha 2007, com mais títulos tricolores!

Felipe Moraes disse...

Muito legal a retrospectiva, bem dinâmica e nem um pouco cansativa.

Ótimo 2007 para vocês do Opinião FC também!
Um Abraço, Felipe Leonardo

Tribuna dos Esportes disse...

Um feliz 2007 para vcs e que continuem com esse belo trabalho , e se possível, fica o convite para uma parceria em troca de links.Abraços.

Equipe Tribuna