26.2.09

Já é ou já era?

Mais uma vez, um clube do interior do Rio de Janeiro surpreendeu no primeiro turno do Campeonato Carioca e alcançou a final da Taça Guanabara. Prestes a completar 100 anos de existência, Resende conseguiu o maior feito de sua história ao derrotar o Flamengo por 3 a 1 no último final de semana.

Apesar da idade avançada, o Alvinegro do Interior nunca sequer firmou-se como um dos clubes que sempre estão presentes na primeira divisão estadual. Tudo mudou em 2006, quando o time assinou uma parceria com uma empresa de marketing esportivo e retomou ao futebol profissional, após 30 anos no amadorismo. Com um projeto eficiente o clube ascendeu meteoricamente. Boas campanhas na Terceirona (3ª colocação) e Segundona (campeão) credenciaram o Resende a disputar a principal divisão estadual já em 2008, quando teve participação discreta e chegou em 9º.

Neste ano, o clube decidiu formar seu elenco com um apanhado de atletas desconhecidos que já tinham perambulado sem tanto sucesso em outros clubes do Rio. Casos do goleiro Cléber, do lateral Bruno Leite, dos zagueiros Breno e Naílton, dos meio-campistas Beto, Bruno Reis e Leo e dos atacantes Fabiano e Bruno Meneghel, por exemplo. Aliados a esses nomes, apenas três nomes conhecidos: o veterano defensor Márcio Costa (ex- Corinthians e Fluminense), o limitado volante Márcio Gomes (ex-Botafogo) e o folclórico avante Viola.

E a mistura deu certo. Apesar da campanha (4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas) não “encher os olhos”, a equipe cresceu na hora certa. Bastou o Vasco ser denunciado pela utilização de um jogador irregular, para os resendenses voltarem a sonhar com uma possível vaga nas semifinais.

Com um esquema defensivo formado por três zagueiros, dois volantes e um meia que sabe marcar, o Resende começou a bater seus adversários com jogadas rápidas de contra-ataque e perigosos cruzamentos na área. Para colaborar, o ex-vascaíno Bruno Meneghel vive excelente fase e é o artilheiro absoluto da competição até o momento, marcando 8 gols em 8 partidas. É bem verdade que a presença de azarões tornou-se algo muito mais comum nas últimas edições da Taça Guanabara. Foi assim com Madureira em 2007, América em 2006 e Americano e Volta Redonda em 2005 (que fizeram a única final formada apenas por clubes do interior desde que a Taça foi criada, em 1965).

Infelizmente essas surpresas fluminenses restringiram-se apenas ao torneio local. Não à toa, o Estado vê clubes que já foram grandes, como Bangu e América, caírem no ostracismo, ou ex-emergentes, como Volta Redonda e Americano, fazerem campanhas pífias em campeonatos nacionais. Muitos dizem que isso ocorre porque o atual futebol carioca é fraco e nivelado por baixo. Talvez isso seja verdade. Não vemos mais as equipes do Rio ganhar tantos títulos nacionais como outrora. Uma aparição de novos adversários faria com que todos se preocupassem em criar melhores elencos.

Algo que acontece no futebol paulista. Há muitos times pequenos que complicam e isso estimula os grandes a se organizarem melhor. Independentemente do resultado no domingo, o futebol no Estado necessita mesmo é do surgimento de clubes organizados que simpatizem com o torcedor e sirvam de exemplo. Seria o Resende, este precursor? Já é ou já era...

5 comentários:

Anônimo disse...

A vaga na semi caiu no colo do Resende.

André Augusto disse...

Com justiça, convenhamos.

Mas vejo o Resende mais como surpresa do que um time de trabalho a longo prazo, tipo um Guaratinguetá, por exemplo.

Anônimo disse...

Infelizmente, Thiago, esses investimentos em clubes de menor porte são tão efêmeros quanto espaçados. É difícil ver empresários, entidades e empresas apoiarem tais clubes durante um longo período, com planejamento sério e consistente.

Até mesmo em São Paulo, onde o mercado do futebol amadureceu mais rápido do que no Rio, não vemos grandes "cases" de sucesso. Clubes como São Caetano, Paulista de Jundiaí e o recém-explorado Guaratinguetá, receberam investimento durante um certo período. Depois da aventura e alguns jogadores negociados, o investidor acaba abandonando o barco.

Isso aconteceu com o Volta Redonda, o Boavista, o Cabofriense, o Democrata-SL de Minas, o J. Malucelli (esse um exemplo crasso de má gestão futebolística) do Paraná e, provavelmente, será o mesmo destino de Itumbiara e Barueri, que vem recebendo investimentos pesados nos últimos anos.

Não é possível culpar apenas os investidores. Clubes e dirigentes são responsáveis pelo desinteresse do setor privado, de parceiros potenciais, muito por culpa do amadorismo com que ainda tratam o futebol. Amadorismo mesmo! Quem dera se fosse pelo menos o "amadorismo" aplicado no Flamengo, no Vasco e outros grandes desorganizados por aí.

Vamos ver até quando a Unimed segura a barra do Resende.

Pensadora disse...

É sempre bom renovar!Dar uma chance pros clubes novos!
Se puder fala alguma coisa do Palmeiras, porque apesar de mineira sou palmeirense.
Parabéns pelo blog!
Vou visitá-lo mais vezes.
Se puder,visite o meu.
TE CUIDA!!!
BOM FIM DE SEMANA PRA TI!!!
BJOS E ABRAÇOS AFETUOSOS!!!!

Rodrigo Campos disse...

Veja o que planejamento, dinheiro e marketing não faz em um time de futebol, mas apenas isso não é suficiente.

Como já disseram acima, estes pequenos times são cobaias usadas por especuladores, por assim exploradores, quando conseguem o que querem... putz sumiu...

Mais um time a bancarrota...