14.2.09

Made in Brazil

Após nove anos no futebol belga, o paulista Igor de Camargo, 25, fez sua estréia no último dia 11 pelos Diables Rouges, diante da Estônia

Que o jogador brasileiro é tipo exportação, todo mundo sabe. Cada vez mais tratado como mercadoria, o jogador brasileiro – mesmo com a falta de profissionalismo e aplicação tática de alguns – quase sempre é investimento garantido, assim como o pau-brasil, a cana-de-açúcar, a borracha e o café já foram um dia. Em 2008, as transferências de atletas brasileiros ao exterior bateram recorde: 1176 jogadores rumaram para as diversas partes do globo, mais que o dobro em relação há dez anos atrás (530) e treze vezes maior do que há 30 anos (87).

Naturalmente, alguns desses jogadores acabam fazendo carreira no exterior e acabam se incorporando ao país de destino. O sucesso fora do Brasil quase sempre traz como conseqüência a dupla nacionalidade e os pedidos de defender a respectiva seleção nacional. Maior importador de jogadores – até pela facilidade do idioma – Portugal foi responsável por 209 contratações no ano passado. E como conseqüência, dois jogadores figuram com constância na seleção nacional: o zagueiro Pepe e o meia Deco. E em processo de naturalização, está o atacante Liédson, do Sporting. Com passagem destacada no Brasil – Coritiba, Flamengo e Corinthians -, o Levezinho rumou aos Leões em 2003, sendo artilheiro do campeonato luso por duas vezes (2004/05 e 2006/07) e já é o maior artilheiro estrangeiro da história do Sporting, marca atingida em janeiro deste ano ao marcar o gol de número 159, com os três gols marcados diante do Paços de Ferreira. Algumas vezes teve seu nome cotado para defender o Brasil, mas nunca foi lembrado pelos técnicos aqui passaram. Carlos Queiróz, treinador da seleção portuguesa, espera ansiosamente que a situação de Liédson se regularize para convocá-lo, visto que Portugal tem graves problemas no ataque de sua equipe.

Liédson provavelmente seguirá os caminhos de Roger Guerreiro (Polônia), Eduardo (Croácia) e Igor de Camargo (Bélgica), citando exemplos mais recentes. A exceção de Roger, naturalizado com pouco tempo no futebol polonês, Eduardo e Igor tiveram sucesso em times importantes de seus respectivos países – Dínamo de Zagreb e Standard de Liége – o que trouxe o convite de naturalização. Roger e Eduardo firmam-se como peças importantes de seus selecionados, enquanto Igor foi chamado pelo técnico René Vandereycken para a seleção belga pela primeira vez no jogo do último 11 de fevereiro contra a Estônia. Atuando no futebol belga desde 2000, o atacante paulista é fluente em francês e holandês e fez toda a carreira no futebol belga.

Claro que deve haver critérios estabelecidos pela FIFA sobre o tema, como o “recrutamento” de jogadores para atuar em troca de dinheiro, como já acena com a possibilidade os petrodólares árabes, afim de turbinar suas seleções. Mas a identificação e o grande tempo de convivência em seus países de destino pode e deve ser premiada com a possibilidade de defender as cores do país que adotaram e os adotou. Vejo como uma espécie de gratidão.

2 comentários:

warley.morbeck disse...

O Brasil é incomparável como fábrica de craques.

Warley Morbeck

Flamengo Eternamente
Eterna Bola
Fla TV

Gerson Sicca disse...

daí André, fiz minhas indicações. Amanhã publico no blog.
Abraço!