14.11.08

Bicho

A 34ª rodada do Campeonato Brasileiro foi marcada, entre tantas outras coisas, pela suposta mala branca que a Portuguesa recebeu (ou poderia receber) para entrar em campo com mais vontade para derrotar o São Paulo. O Tricolor acabou vencendo, mas com muita dificuldade: se a Lusa jogasse sempre como atuou na derrota, certamente estaria em uma situação melhor. Do lado são-paulino, para compensar, o presidente Juvenal Juvêncio voltou a se utilizar de uma prática no futebol tão antiga que ninguém mais dava atenção: o “bicho” por vitórias. Nessa reta final, o dirigente passou a aparecer no vestiário antes da partida com uma bolada de grana, a ser dividida entre os relacionados para o confronto. Contra a Lusa, dizem que cada um levou por volta de R$ 8 mil.

Nesta semana, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Kleber Leite, anunciou que cada atleta irá receber R$ 10 mil por vitória nessa reta final, e que o quinto lugar não será premiado. Segundo o GloboEsporte.com, o valor teria subido quase 10 vezes, já que se pagava “apenas” R$ 1,5 mil. No líder do campeonato, o valor chega a R$ 15 mil.

Depois os dirigentes reclamam dos salários e da falta de recursos para manter um time competitivo. Claro que varia bastante, mas será que os atletas dos grandes times já não recebem o suficiente? Vemos qualquer jogador meia-boca recebendo míseros R$ 30/40/50 mil por mês. As estrelas então, nem é preciso falar. Será que é preciso dar esse incentivo a mais? Por isso que jogador é mimado, e está sempre querendo mais.

Ora, é a profissão do cara, e ele já recebe um polpudo salário para ganhar os seus jogos. Claro que essa prática é, como já disse, bastante antiga no futebol, não apenas no Brasil, mas pelo mundo afora. Mas é errado, na minha visão. São coisas como essa que geram o corpo mole, as panelinhas, a falta de interesse dos jogadores. Amor à camisa? Papo de torcedor mesmo. Pura ilusão, cascata, lorota.

Infelizmente isso é um problema social; a maioria dos jogadores vêm de famílias de baixa renda, com pouca estrutura, algumas vezes até inexistente. Os atletas, por causa do ritmo puxado e das condições financeiras, não têm tempo para estudar. Não são bem orientados. Claro que há exceções, mas é a regra. Com tanto dinheiro em mãos, acabam se perdendo, e esse “bicho” acaba se tornando muitas vezes a verdadeira razão de se matar em campo, dar tudo pela vitória. É uma pena.

André Dias, zagueiro do Tricolor, quando perguntando de mala branca, disse que R$ 10 mil não o fariam correr mais em campo, o que causou risada entre os jornalistas, por causa do valor. Então beleza, a gente vai levando a nossa vidinha, tentando ganhar uns trocados aqui e acolá, pra poder pagar as contas no final de mês.

PS: Uma vitória pode render R$ 10 mil em um único dia. Quantos dias do mês, por quantos meses, você consegue juntar essa grana? E o imposto? Ah, deixa quieto...

2 comentários:

Daniel Reiner disse...

(Olá,! Que tal ganhar um livro contendo a ficha técnica de 4.211 jogos de um dos maiores clubes do Brasil?
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(Visite sempre o 1982 Esporte Clube)

Forte abraço!

André Augusto disse...

O pior é que o Flamengo tava com salário atrasado etal...não dá pra sacar de onde aparecem esses recursos extras.

Acho absurdo pagar a mais prum cara ter mais motivação pro que ele é contratado pra fazer...mas está encrustado na cultura do futebol...