24.11.08

Coadjuvante e protagonista

Madson lamenta chance desperdiçada: Vasco está a um passo da Série B após derrota para o virtual campeão São Paulo.

Na luta desesperada do Corinthians para fugir do rebaixamento em 2007, além do confronto direto contra o Goiás - onde o time apenas empatou – um jogo marcou uma das estocadas finais na árdua tarefa na fuga corinthiana do rebaixamento: a partida da penúltima rodada em 28 de novembro de 2007, contra o Vasco no Pacaembu lotado. Na oportunidade, o Vasco não aspirava a mais nada no torneio. Porém, mesmo após muitas chances desperdiçadas por parte do Timão, o gol de Allan Kardec deixou o Corinthians com tarefa ingrata na última rodada: vencer o Grêmio em pleno Olímpico, além de uma derrota do Goiás para o Inter. O resto da história todo mundo já sabe.

E a grande roda gigante do futebol novamente colocou o Vasco em situação de definir os postulantes ao rebaixamento. Mas desta vez, o time da Colina está sendo o protagonista e vive uma situação tão crítica quanto a que o Corinthians viveu no ano anterior. São Januário era um caldeirão de esperança torcendo para um resultado positivo do Vasco, o qual certamente facilitaria sua tarefa de fuga contra o rebaixamento.

O jogo contra o São Paulo era capital para o Vasco. Uma vitória deixaria os cruzmaltinos empatados em número de pontos contra o Náutico, rival direto, e a dois pontos do Atlético/PR, a duas rodadas para o fim do certame. O São Paulo, como de costume, não jogou bonito. Foi cirúrgico, eficiente e teve personalidade - marcas registradas na arrancada recente do time rumo à taça - para jogar no desespero do Vasco. Um Vasco que entrou excessivamente cauteloso em sua escalação, com três zagueiros e a experiência de Edmundo no banco de reservas. E mesmo sem merecer a derrota – poderia ter conseguido ao menos um empate – o torcedor vascaíno passará as duas últimas rodadas com um terço na mão e uma calculadora na outra. Restando dois jogos contra times que não aspiram a mais nada no Brasileirão – Coritiba (f) e Vitória (c) -, o time não terá tarefa fácil. Ambos são bons times e fizeram bons jogos nesta 36ª rodada. A três pontos da zona de salvação, o Vasco terá de torcer por tropeços de Figueirense e Náutico, além de vencer os dois jogos que lhe restam. Uma combinação possível, mas que me parece pouco provável, dado o futebol que a equipe vem apresentando no torneio.

Segunda pior defesa do campeonato, treze rodadas entre os quatro últimos e o quarto time com maior média de passes errados mostram que o destino dos cariocas parece selado, mesmo com o esforço de peças importantes do time, como Mádson, Edmundo e Leandro Amaral. O falastrão Renato Gaúcho pouco pôde fazer para dar gás ao Vasco nesta reta final, pois tinha um elenco de jogadores medianos, tecnicamente falando.

Assim como o Corinthians em 2007, o Vasco tenta viver nova vida em 2008. A derrota do “eterno” Eurico nas urnas, as disputas políticas conturbadas e o fraco time montado por Eurico no início do campeonato ajudaram a piorar o ambiente, além da aposta em dois técnicos não apropriados para a situação na qual se encontrava o time – Antônio Lopes e Tita – aproximaram o Vasco de tão difícil situação. E no imediatista futebol brasileiro, talvez uma queda possa sacudir a realidade do Vasco, assim como já ocorreu com o próprio Corinthians, que está dando a volta por cima, e com Palmeiras e Grêmio, os quais figuram hoje como principais equipes do Brasil após amargarem a Série B nesta década. Talvez seja difícil o torcedor mentalizar uma temporada de “recuperação” numa divisão intermediária, pois o processo é gradual e doloroso. E vislumbrando a possibilidade, alguns torcedores pedem de volta as falcatruas e picaretagens de Eurico em prol do Vasco. Mas pode ser importante que Roberto Dinamite, ídolo e presidente vascaíno, possa pôr em prática sua competência em reerguer o Vasco como instituição, algo que Eurico fiz questão de rabiscar, e levá-lo novamente ao caminho dos holofotes e das conquistas.

Um comentário:

Arthur Kleiber disse...

E o pior é que ainda vão botar a culpa no Dinamite