3.10.08

Torcida "Organizada"

Durante o treinamento da equipe do Vasco nesta quarta-feira, membros de uma torcida organizada invadiram o local para hostilizar os atletas e exigir uma conversa com o treinador Renato Gaúcho. A equipe é o lanterna do Brasileirão, com 26 pontos. É um sério candidato ao rebaixamento para a Série B de 2009. Renato atendeu à “solicitação” e se reuniu com a facção. Na quinta, os torcedores compareceram novamente ao centro de treinamento do clube, pularam a grade que teoricamente impede o acesso ao gramado e tiveram nova conversa com o técnico e alguns jogadores que ainda não tinham ido para o vestiário.

Esse tipo de episódio não é privilégio do Vasco. Na mesma época do ano passado, o Corinthians estava enfrentando o mesmo drama, rondando perigosamente a zona da degola, e que acabou se confirmando depois com a queda do time. Antes disso, porém, os torcedores "organizados" foram até os treinamentos, exigiram mudanças no comportamento e até mesmo a saída de alguns atletas, cobraram os treinadores (Nelsinho Baptista foi o último). Sempre foram atendidos, participando de reuniões fechadas com elenco e comissão técnica. Adiantou alguma coisa?

Podemos citar inúmeros exemplos. A questão é: a burrice da torcida tem limite? Será que as chamadas "torcidas organizadas" fazem jus ao nome? Não é o que parece. Pressionando os atletas desse jeito, só tornam a situação do clube ainda mais conturbada. O próprio Vasco poderia estar em uma situação "menos pior" se ainda contasse com Morais, hoje no Timão. Mas o jogador, depois de ser ameaçado pelos torcedores, não quis mais vestir a camisa cruzmaltina. O elenco ficou ainda mais enfraquecido.

Em agosto, o uruguaio Richard Morales estava com tudo acertado no Flamengo. Sua apresentação já estava até marcada pela diretoria. Alguns dias antes, porém, torcedores invadiram o treinamento, xingaram os atletas e até jogaram uma bomba no campo. Resultado: a família de Morales assistiu às imagens do vandalismo e vetou a sua transferência para a Gávea. Logo depois, Souza e Marcinho deixaram o time, que ficou sem muitas opções no ataque. Enfim, se nós formos elencar fatos semelhantes, esse post ficaria muito longo e chato.

Mas e os clubes, ajudam a coibir tal prática? No mês passado, o presidente do Fluminense, Roberto Horcades, disse que dá ingressos de graça aos integrantes de torcidas organizadas por temer alguma represália, e afirmou ainda que é uma prática comum em todos os clubes, fato negado por outros dirigentes. Mas o problema é maior, não se limita simplesmente à distribuição de ingressos (fato lamentável, diga-se de passagem). O problema é a “moral” que dirigentes dão para esses torcedores.

A grande maioria das torcidas organizadas já mostrou que, movidas por uma suposta paixão, pode trazer inúmeros danos aos clubes. Isso envolve a questão da violência, da pressão e intimidação aos jogadores, danos estruturais e materiais em estádios rivais, entre tantos outros. Acho um absurdo um clube profissional ceder e permitir que torcidas tenham reuniões com jogadores e técnicos para cobrar isso ou aquilo. Lugar de torcedor é na arquibancada, e não dentro do vestiário.

Claro que o torcedor pode reclamar e pedir por mudanças quando o time não corresponde em campo. Mas da arquibancada. Outro fato que é lamentável é a presença dessas facções em treinamentos, que é justamente quando o treinador pode estudar alguma alteração, que é quando os jogadores precisam estar concentrados para melhorar a parte física, técnica e tática. Mas os torcedores não pensam assim. Vão até lá para protestar (qual a ocupação desses torcedores, que podem ir até o treino em plena tarde de um dia de semana?). Se não podem treinar, como esperar um rendimento melhor durante os jogos? Mas coitados, eles são tão apaixonados...

7 comentários:

Anônimo disse...

Sou vascaíno, e com profunda tristeza percebo que meu Vasco vai ser rebaixado. Fui ver o Vasco apenas uma vez no Maracanã. Não dou tanta importância assim para o futebol, mas acho que torcedores assim são muito fanáticos por quase nada. Usar a violência por um clube é falta de inteligencia.

Arthur Virgílio disse...

O pior não é isso, o pior é que esse tipo de protesto dificilmente dá resultado. O Vasco mesmo voltou a apanhar, desta vez para o Figueirense, e o jogo foi em São Januário.

Marco disse...

La visita de los hinchas (torcedores) a los entrenamientos es un clásico latinoamericano.

Saludos de Buenos Aires.

Danilo Damasceno disse...

Queiram ou não queiram os dirigentes sempre fazem vistas grossas para a organizada até porque acham que essa pressão irá ajudar a melhorar a crise.Doce ilusão.Vide A goleada sofrida para o Figueira.Abraço

Arthur Kleiber disse...

Saiu hj na Folha de S.Paulo:

Surdina. O técnico Mano Menezes, que disse que não receberia a torcida corintiana, como fizeram todos os seus antecessores, já teve encontro com membros de organizada do clube alvinegro. Ficou acertado, no entanto, que nenhuma das partes comentaria o assunto publicamente.

Felipe Brisolla disse...

Para mim, torcedor organizado é um bando de animais violentos... Não respeito nenhuma.. Quando era menino, adorava ver os jogos junto com a Independente no Morumbi... Depois que passei a perceber as coisas, vi que os caras estavam mais preocupados em brigar do que assistir o São Paulo... Lembro das vaias para o Kaká, Luis Fabiano e até para o Rogério... Quem vai nos estádio sabe que as músicas da Independente promovem muito mais a torcida do que o Tricolor...E quase sempre exaltam a violência... Uma pena.
Saber que dirigente dá dinheiro para essa cambada é simplesmente lamentável...

Anônimo disse...

Isso ai Ratão, esses cara é tudo vagabundo maloqueiro que não tem o que fazer da vida. Se prendesse todos, não ia ser nenhuma injustiça.