A volúpia ofensiva que acarretou o time após a entrada de Anderson e a expulsão de Verón – para mim, deveria ter entrado em lugar de Josué desde o início da partida – foi castigada com o contra-ataque que terminou com o gol do oportunista Cabañas. Depois, o que se viu foi uma equipe sem organização, que passou a atuar um pouco mais pelos lados e insistia nos cruzamentos. Anderson, o mais lúcido da equipe, ainda tentou remates de longa distãncia, criando as chances mais perigosas do escrete canarinho.
Dunga não fala em crise, mas
Infelizmente, com qualquer que seja o resultado que aconteça no jogo frente à Argentina na quarta, Dunga terá sua prova de fogo apenas nas Olimpíadas. Enquanto isso, os torcedores vão preferindo outros programas no horário das partidas do Brasil. Muitos prefiriram a Eurocopa, na derrota do time misto de Portugal diante dos suíços, ou mesmo a emocionante classificação da Turquia frente a República Tcheca. Toda essa situação ocasionada naquela final de Copa América, que fortaleceu Dunga no cargo mesmo após uma campanha irregular, culminada com o título.
Enquanto isso, há cinqüenta anos...
Pelé e Garrincha atuavam juntos pela primeira vez na seleção, no jogo contra a URSS, no dia 15 de junho de 1958, válido pela primeira fase da Copa de 1958, disputada na Suécia. Com os dois em ação juntos, o Brasil jamais saiu derrotado de campo. E na estréia da dupla, atuação em grande estilo. Na biografia “Estrela Solitária – Um brasileiro Chamado Garrincha”, brilhantemente escrita por Rui Castro, ele se inspira no relato da partida feita pelo repórter Ney Bianchi ao periódico Manchete Desportiva, descritos por ele como “os maiores três minutos da história do futebol”, frente ao futebol cientifico praticado pelos soviéticos, do excelente goleiro Lev Yashin. Um pouco de nostalgia em tempos de futebol tão escasso para a Seleção.
[...]”Monsieur Guigue, gendarme nas horas vagas, ordena o começo da partida. Didi centra rápido para a direita: 15 segundos de jogo. Garrincha escora a bola com o peito do pé: 20 segundos. Kuznetov parte sobre ele. Garrincha faz que vai para a esquerda, não vai, sai pela direita. Kuznetov cai e fica sendo o primeiro João* da Copa do Mundo: 25 segundos. Garrincha dá outro drible em Kuznetov: 27 segundos. Mais outro: 30 segundos. Outro. Todo o estádio levanta-se. Kuznetov está sentado, espantado: 32 segundos. Garrincha parte para a linha de fundo. Kuznetov arremete outra vez, agora ajudado por Voinov e Krijveski: 34 segundos. Garrincha faz assim com a perna. Puxa a bola para cá, para lá e sai de novo pela direita. Os três russos estão esparramados na grama, Voinov com o assento empinado para o céu. O estádio estoura de riso: 38 segundos. Garincha chuta violentamente, cruzado, sem ângulo. A bola explode no poste esquerdo da baliza de Iashin e sai pela linha de fundo: 40 segundos. A plateia delira. Garrincha volta para o meio do campo, sempre desengonçado. Agora é aplaudido.
A torcida fica de pé outra vez. Garrincha avança com a bola. João Kuznetov cai novamente. Didi pede a bola: 45 segundos. (…). Vavá a Didi, a Garrincha, outra vez a Pele, Pele chuta, a bola bate no travessão e sobe: 55 segundos. O ritmo do time é alucinante. É a cadência de Garrincha. Iashin tem a camisola empapada de suor, como se já jogasse há várias horas. A avalanche continua. Segundo após segundo, Garrincha dizima os russos. A histeria domina o estádio. E a explosão vem com o gol de Vavá, exactamente aos três minutos.” [...]
5 comentários:
Paraguai foi melhor e o Brasil não jogou nada é simples. Contra a Argentina, se o Dunga ajudar, o time pode sair dessa situação.
Legal que aqui no Opinião, Cabanas foi tratado como oportunista e não elefante.
O maior problema do Brasil é o meio-campo. Não dá para Josué e Mineiro serem titulares com Anderson e Elano no banco.
O Dunga é ridículo... além de arrogante e teimoso, ele tem paixão por um esquema mais parecido com a Grécia de 2004 do que qualquer outra seleção do Brasil...
Não gosto e não consigo torcer contra o Brasil, mas uma derrota para Argentina e a queda nas olimpíadas podem derrubá-lo da seleção..
Tomara...
Onde está o padrão de jogo? O Brasil venceu uma Copa América e não conseguiu definir como vai jogar?
Nenhum paraguaio joga na Europa? Não estão eles em início de temporada?
Cabañas e Cáceres não estão desgastados, com viagens em razão dos jogos da Libertadores e campeonatos nacionais? Em relação ao segundo, o calendário argentinonão é parecido com o europeu?
Pelo menos um alento: a Argentina não jogou nada contra o Equador.
Time amarrado, medroso, inseguro.
E hoje tem Argentina pela frente...
Abraço,
Felipe Leonardo
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