2.6.08

Barril de Pólvora

Caso André Luis: Desequilíbrio e despreparo dos envolvidos no episódio causaram cenas lamentáveis em Recife

Coloque em um estádio acanhado um jogador desequilibrado, policiais despreparados e torcedores provocados. O resultado é a palhaçada que aconteceu dentro no Estádio dos Aflitos, na partida entre Náutico e Botafogo. Para mim, está claro porque o futebol brasileiro vê seus craques irem embora as pressas, seus times estarem falidos e seus estádios, quase sempre às moscas: Toda a estrutura do “negócio futebol” é comprometida. Muitos jogadores medianos e "sem-cérebro", policiais despreparados e dirigentes “língua-grande”.

O Botafogo estava visivelmente nervoso em campo, resultado de mais uma eliminação na história recente do alvinegro. Talvez essa reação fosse normal – até certo ponto – jogando num estádio que é um verdadeiro caldeirão com um time caseiro e que vai pra cima. O número excessivo de faltas claramente enervou os ânimos, culminando com a expulsão de André Luis. O grande pivô dessa confusão foi o zagueiro botafoguense e isso é consenso. Atitudes imbecis como as que ele teve devem ser punidas exemplarmente. Por muito menos, times e jogadores já levaram ganchos exagerados. Mas a reação da polícia pernambucana foi extremamente irracional. Por mais que o jogador tenha esbravejado, ofendido ou o que quer que tenha sido o estopim para o caso, não justifica em nada o alvoroço que os policiais causaram nos Aflitos. O contingente em volta dos botafoguenses claramente poderia incitar a torcida e coisas mais graves teriam acontecido. As agressões gratuitas ao jogadores do Botafogo, como Diguinho, Alessandro e Fábio - todos desarmados e tentando ajudar - também mostra o quão estúpida foi a atitude da polícia pernambucana. Uma falha lamentável e que provavelmente não terá nenhum responsável punido, porque a polícia – não só a pernambucana, mas de qualquer outro estado brasileiro – será conivente e corporativista, deixando o caso cair no esquecimento da imprensa e dos torcedores.

Além da atitude lamentável da polícia, os dirigentes deram mostras do quanto são irracionais. Não podem treinar clubes de massa nem dirigir federações, em hipótese nenhuma. Depoimentos inflamados, bairristas e inconseqüentes puseram ainda mais lenha na fogueira. Para uns, o estado de Pernambuco não pode mais receber jogos de grande porte. Para outros, o Náutico está sendo perseguido porque é um clube nordestino e com visibilidade limitada dentro do Brasil. “Os clubes não têm nada a ver com essa história, mas peço que a CBF avalie a possibilidade de não serem realizados jogos não apenas no Estádio dos Aflitos, mas no estado todo”, disse Rubens Lopes, presidente da FERJ ao globoesporte.com. E se juntando a causa do rival, o presidente do Sport tomou as dores do acontecido, já que “ a Polícia Militar [de Pernambuco] é a melhor do Brasil. A culpa da confusão foi do zagueiro do Botafogo, que estava desequilibrado e ofendeu tanto a torcida quanto os policiais”. Opinião do presidente do Sport, Luciano Bivar. Está armado o barraco, que pode até mesmo ter reflexos na final da Copa do Brasil, que terá a finalíssima na Ilha do Retiro, e em outras partidas nas quais cariocas viajarão até Recife para encarar Sport e Náutico, com possíveis retaliações ou boicotes.

Até o fato da tenente Lucia Helena – que na minha opinião agiu equivocadamente no episódio, contribuindo decisivamente para toda a confusão – ser mulher causou diversos discursos inflamados e preconceituosos. Assim como ocorreu com a bandeirinha Ana Paula Oliveira, após os erros capitais do ano passado, “agravados” por simplesmente se tratar de uma mulher.

Apoio incondicionalmente uma Copa no Brasil, apesar de todas as críticas e dificuldades. No entanto, o Brasil deve começar a pensar além de apenas construir estádios e infra-estrutura para o evento. Devemos estar preparados psicologicamente para receber uma competição de tal porte. E o exemplo, seja qual for a situação, sempre deve vir das autoridades. Senão, vira confusão. Como nos Aflitos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cena vergonhosa que aconteceu nos Aflitos. Os policiais envolvidos tem que ser punidos, assim como o jogador botafoguense e todos os demais envolvidos.

Aliás no Linha de Passe de hoje, soube que o André Luis já foi punido diversas vezes, como quando deu uma cabeçada num juiz e depois de dar um tapa em outro jogador. Ou seja, é reincidente, a punição tem que ser muito mais grave e tem que ser cumprida, não adianta darem 120 dias de punição e liberarem os jogadores para jogar depois de 4 jogos.

Filipe Araújo disse...

é difícil apontar quem foi mais equivocado. difícil mesmo. mas diante do que vi, não entra na minha cabeça o armamento de policiais militares, dentro do gramado, em um jogo de futebol. incrível!

abrazo!

http://gambetas.blogspot.com

Felipe Moraes disse...

Vergonha. O jogo foi uma sucessão de equívocos e desequilíbrios. Acontecimentos assim me dão um frio na espinha quando lembro de que o Brasil sediará um Mundial daqui a seis anos...

Abraço,
Felipe Leonardo

Anônimo disse...

Faltou diálogo na ocasião.

Anônimo disse...

Apesar de ser Sãopaulina por (simpatia!), e futebol ser algo meio distante da minha realidade, adorei esse blog! Vc escreve de um jeito intenso, sem ser cansativo e chato! :) Parabéns! Vou te indicar para os amigos... beijos!