23.6.08

Ineditismo na América

Fluminense e LDU: Um dos dois será Campeão inédito da Libertadores da América.

No início da Libertadores, poucos apostariam em uma final entre Fluminense e LDU, por se tratarem de equipes de pouca tradição na mais importante competição sul-americana. Coincidentemente, fizeram parte do mesmo grupo – o Grupo 8, juntamente com Arsenal e Libertad -, no qual não encontraram maiores dificuldades para obter a classificação à fase de mata-mata. Apesar dos bons resultados obtidos frente à equipe equatoriana (0-0 e 1-0) , o Fluminense não deve esperar vida fácil. Maior expoente da evolução recente do futebol equatoriano, a LDU cresceu muito na competição e tem no grupo a sua grande força. Deixou bons times pelo caminho, como Estudiantes, San Lorenzo e América/MEX. Já o Flu, apenas na sua terceira participação na Libertadores, mostrou personalidade ao deixar para trás dois tradicionalíssimos clubes quando tratamos de Libertadores: São Paulo e o temido Boca Juniors, o qual não era eliminado por um brasileiro desde a década de 1960.

Moral, valores individuais e mais técnica estão pendendo para os lados das Laranjeiras. Mas o balanceado grupo da LDU, que mescla tarimbados jogadores como Urrutia, Agustín Delgado e Manso aos jovens Bolaños e Guerron, que podem armar contra-ataques perigosos em resposta ao ímpeto ofensivo do Flu. Seja como for, teremos um inédito campeão da Libertadores. Só resta saber quem será o premiado: o melhor futebol do Tricolor ou a coesão e solidariedade da LDU.

Fluminense
Esbanjando moral e personalidade

Há pouco mais de um ano, nem o mais otimista torcedor Tricolor imaginaria uma virada tão benéfica na vida do Fluminense. Quando Renato Gaúcho assumiu, em meio a uma crise, não dava pra se imaginar um trabalho tão vitorioso em tão curto espaço de tempo. E de promessa, Renato Gaúcho cravou seu nome como um dos principais treinadores brasileiros em atividade, ao levar os cariocas à conquista da Copa do Brasil e ao quarto lugar no Brasileirão em 2007. Chegando com os devidos méritos ao torneio sul-americano, viu o esforço da diretoria e do patrocinador no sentido de criar uma equipe ainda mais forte e competitiva. As aquisições de Washington, Dodô e Conca mostraram-se de grande valia. Nem mesmo a perda de Leandro Amaral (em decisão judicial) abalou a estrutura do elenco, que começou o ano com três atacantes e chega a esta final com duas opções: dois atacantes (Washington e Dodô), ou apenas Washington no comando de ataque, mas com dois meias ofensivos e um segundo volante chegando com qualidade a frente (no caso, Cícero).

A gama de opções da equipe, méritos de Renato – o qual tanto já critiquei, mas reconheço sua gradual evolução como treinador – é a principal arma do Flu frente à aplicação e a compactação dos equatorianos. O treinador confia no ótimo momento de Washington, artilheiro da equipe com cinco gols, além de boas jornadas de Conca, Júnior César e Thiago Silva, que também estão em alta no elenco Tricolor.

Time-base: Fernando Henrique; Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Júnior César; Ygor, Arouca, Conca e Thiago Neves; Dodô (Cícero) e Washington. Técnico: Renato Gaúcho
Ele é o cara! Washington. Foi importantíssimo na jornada dos cariocas até a final. Tem estrela e costuma decidir em momentos capitais.
Olho nele: As investidas do arisco Júnior César na esquerda serão um perigo constante para o lado direito da LDU. O lateral é habilidoso e arma bons momentos pela ala esquerda.
Pontos Fortes: O Fluminense tem uma boa variabilidade tática. Pode sair do 4-5-1 para o 4-4-2 facilmente, mexendo em peças como Dodô e Cícero, o qual já atuou em todas as posições do meio para a frente. E as desempenhou com qualidade. Além disso, os zagueiros são perigosos nas bolas paradas.
Pontos Fracos: A volúpia ofensiva dos laterais Gabriel e Júnior César mostra-se como o maior perigo para o Flu. A LDU tem bons e rápidos jogadores que caem pelos flancos, exatamente nas costas dos laterais. Além disso, o goleiro Fernando Henrique não é um poço de confiança.

LDU
Confirmando a evolução equatoriana

Após campanhas irregulares nos últimos anos – como a eliminação da fase de grupos no ano passado, perdendo a vaga para o Caracas – a LDU mostrou força e conjunto para chegar tão longe, após 13 participações na Libertadores. A final inédita alcançada pela LDU atesta a evolução recente do futebol equatoriano, que participou das últimas duas Copas do Mundo. Montado pelo técnico argentino Edgardo Bauza, a LDU mostrou um futebol solidário e compacto. Prova disso são os 16 gols dos Albos até aqui, marcados por nada menos que sete jogadores diferentes. Mesmo não sendo brilhante, a LDU desbancou times de porte razoável, como nos bons jogos frente ao San Lorenzo e contra o América.

A força da equipe está no meio-campo. Patrício Urrutia é um relógio, pois marca bem e ainda tem fôlego para chegar na frente. Pelas alas, o argentino Damián Manso e o equatoriano Joffre Guerrón – uma das revelações da competição, já vendido ao Getafe - trazem bom toque de bola e muita velocidade ao conectar o ataque Albo, enquanto na transição para o ataque está Luis Bolaños, de grande valia para a campanha dos equatorianos até aqui.

Uma grande exibição no primeiro jogo, no Estádio Casablanca, pode ser decisiva para que a LDU segure o ímpeto dos cariocas, no imponente Maracanã. E conquiste o título inédito para o Equador, que só chegou a duas finais de Libertadores, ambas com o Barcelona de Guayaquil.

Time-Base: Cevallos; Ambrossi, Campos, Calle e Vera; Urrutia, Manso, Bolaños (Salas) e Guerrón; Bieler (Delgado) e Vaca. Técnico: Edgardo Bauza
Ele é o Cara! O meia Guerrón é veloz e chega com qualidade ao ataque. De seus pés saem boas investidas dos Albos. Se destacou tanto na Libertadores que já está vendido ao Getafe
Olho Nele: O volante Patrício Urrutia é o ponto de equilíbrio do time. Além de marcar, chega bem a frente, fato esse demonstrado pelos três gols na Libertadores até aqui.
Pontos fortes: O meio-campo. A velocidade de Guerrón, a cadencia de Manso, a habilidade de Bolaños e a pegada de Urrutia são as maiores virtudes dos equatorianos.
Pontos Fracos: O comando de ataque não é efetivo, tanto com Bieler, quanto com Delgado. A zaga também não é das mais confiáveis.

4 comentários:

Felipe Moraes disse...

Legal o preview.
Conhecia muito pouco esse time da LDU.
Mas acho que dá Fluminense.

Abraço,
Felipe Leonardo

Gerson Sicca disse...

Dá Fluminense tranqüilo. Além de ter melhor time está com uma sorte desgraçada. Só Deus sabe como conseguiu passar por São Paulo e Boca.

Filipe Araújo disse...

os duelos na primeira fase não servem de parâmetro. Afinal, era uma estréia e um encerramento sem os titulares.

por incrível que possa parecer, não vejo o fluminense com a mõ na taça. A liga é muito bem treinada e tem qualidade.

abrazo!

http://gambetas.blogspot.com

Anônimo disse...

Esbanjando moral e personalidade...

E uma certa soberba.