Mocinho ou bandido? Vítima ou algoz? Duas faces tão diferentes de uma mesma moeda, tão valiosa num futebol carente de um camisa 10 clássico, de ofício. Como o é o chileno Valdívia, novamente personagem de polêmicas dentro do futebol nacional. Segundo estatísticas do Paulistão 2008, é o jogador que mais recebeu faltas até o final da terceira rodada. Mesmo assim, El Mago já tomou dois cartões amarelos, por faltas “injustas” segundo os palmeirenses. Já os adversários reclamam que o chileno é o famoso “asa aberta” em campo, ou seja, deixa os cotovelos à mostra quando recebe o combate do adversário. O jogador Adriano, do Santos disparou “A gente que apanha e o Valdívia sai como bonzinho”.
Os dois lados têm razão em vários aspectos. Valdívia apanha demais, mas na maioria das vezes, revida à altura, como na reta final do Brasileirão 2007, quando o camisa 10 do Palmeiras agrediu Thiaguinho e Allan Kardec na partida contra o Vasco e foi suspenso por cinco jogos. E sua ausência foi definitiva para que o Palmeiras não pegasse a última vaga brasileira na Libertadores 2008. Jogador que mais recebeu amarelos do elenco do Verdão no Campeonato Brasileiro 2007 – cerca de 20 – o Mago tem de esfriar a cabeça. Além do histórico de revide de agressões, outro fator pesa para que ele seja amplamente visado por defensores e até mesmo árbitros: a catimba excessiva. Famoso jogador cai-cai, Valdívia fica marcado e quando realmente sofre uma intervenção violenta - como a do último jogo contra o Marília, onde o zagueiro Vínicius levantou demais o pé e atingiu o nariz do chileno – o juiz simplesmente ignora, achando que é cera do meia.
Mas ainda creio que as qualidades de Valdívia se sobrepõem aos seus defeitos. Jogador diferenciado, inteligente e de visão panorâmica da partida, pode a qualquer momento decidir um jogo com um passe, um drible ou um gol surpreendente. Carrega a bola como poucos no Brasil – na minha opinião, o único que o faz com maestria, depois da saída de Zé Roberto do Santos – é cerebral, arma bem o jogo e chega com força ao ataque. Ao lado de Diego Souza, pode formar um dos melhores meio-campo do Brasil, pelo menos na parte criativa e ofensiva.
Por ser um jogador estrangeiro de destaque, Valdívia sofre nas canelas a ira dos botinudos brasileiros. A exemplo do que acontecia com Tevez, quando jogava no Corinthians, o chileno apanha muito mais do que o aceitável nas partidas. E os juízes, muitas vezes, são coniventes. Por puro preconceito, muitas vezes.
É fato que El Mago deve melhorar seu lado psicológico, para suportar as provocações que recebe durante os jogos. Por outro lado, as pancadas indiscriminadas estão podando o talento de um jogador de muitas particularidades, raro dentro do Brasil na atualidade. E com porrada, não há mágica que dê jeito.
Pra quem não leu, recomendo a coluna de ontem do Mauro Beting no seu blog, falando sobre Valdívia. É genial.
Um comentário:
:)
Postar um comentário