25.1.08

Valdívia: Cara & Coroa do Mago

No Brasileirão 2007, Gavillán agride a Valdívia. Descontrole do paraguaio ou fruto das provocações do chileno?

Mocinho ou bandido? Vítima ou algoz? Duas faces tão diferentes de uma mesma moeda, tão valiosa num futebol carente de um camisa 10 clássico, de ofício. Como o é o chileno Valdívia, novamente personagem de polêmicas dentro do futebol nacional. Segundo estatísticas do Paulistão 2008, é o jogador que mais recebeu faltas até o final da terceira rodada. Mesmo assim, El Mago já tomou dois cartões amarelos, por faltas “injustas” segundo os palmeirenses. Já os adversários reclamam que o chileno é o famoso “asa aberta” em campo, ou seja, deixa os cotovelos à mostra quando recebe o combate do adversário. O jogador Adriano, do Santos disparou “A gente que apanha e o Valdívia sai como bonzinho”.

Os dois lados têm razão em vários aspectos. Valdívia apanha demais, mas na maioria das vezes, revida à altura, como na reta final do Brasileirão 2007, quando o camisa 10 do Palmeiras agrediu Thiaguinho e Allan Kardec na partida contra o Vasco e foi suspenso por cinco jogos. E sua ausência foi definitiva para que o Palmeiras não pegasse a última vaga brasileira na Libertadores 2008. Jogador que mais recebeu amarelos do elenco do Verdão no Campeonato Brasileiro 2007 – cerca de 20 – o Mago tem de esfriar a cabeça. Além do histórico de revide de agressões, outro fator pesa para que ele seja amplamente visado por defensores e até mesmo árbitros: a catimba excessiva. Famoso jogador cai-cai, Valdívia fica marcado e quando realmente sofre uma intervenção violenta - como a do último jogo contra o Marília, onde o zagueiro Vínicius levantou demais o pé e atingiu o nariz do chileno – o juiz simplesmente ignora, achando que é cera do meia.

Mas ainda creio que as qualidades de Valdívia se sobrepõem aos seus defeitos. Jogador diferenciado, inteligente e de visão panorâmica da partida, pode a qualquer momento decidir um jogo com um passe, um drible ou um gol surpreendente. Carrega a bola como poucos no Brasil – na minha opinião, o único que o faz com maestria, depois da saída de Zé Roberto do Santos – é cerebral, arma bem o jogo e chega com força ao ataque. Ao lado de Diego Souza, pode formar um dos melhores meio-campo do Brasil, pelo menos na parte criativa e ofensiva.

Por ser um jogador estrangeiro de destaque, Valdívia sofre nas canelas a ira dos botinudos brasileiros. A exemplo do que acontecia com Tevez, quando jogava no Corinthians, o chileno apanha muito mais do que o aceitável nas partidas. E os juízes, muitas vezes, são coniventes. Por puro preconceito, muitas vezes.

É fato que El Mago deve melhorar seu lado psicológico, para suportar as provocações que recebe durante os jogos. Por outro lado, as pancadas indiscriminadas estão podando o talento de um jogador de muitas particularidades, raro dentro do Brasil na atualidade. E com porrada, não há mágica que dê jeito.

Pra quem não leu, recomendo a coluna de ontem do Mauro Beting no seu blog, falando sobre Valdívia. É genial.