6.1.08

Ele faz chover!

Numa geração de bons jogadores argentinos, onde Messi e Tevez são os mais badalados, Agüero mostra que é tão talentoso quanto eles.

Matéria originalmente redigida para a seção "Garotos Prodígios", do site Olheiros.net.

Com apenas 19 anos e jogando a sua segunda temporada pelo Atlético de Madrid, "El Kun" (apelido dado pelo fato dele imitar o famoso personagem de anime japonês Kum Kum quando criança) Agüero já figura como principal jogador do clube, que pagou a bagatela de 28 milhões de euros para contratá-lo. A bolada vai se mostrando um excelente investimento, pois Agüero vai conduzindo o Atlético rumo à Liga dos Campeões depois de muito tempo, além de ajudar a equipe a figurar como uma das principais da Copa da UEFA. Algo que nem mesmo um dos maiores ídolos da história do clube – "El Niño" Fernando Torres, transferido recentemente ao Liverpool – conseguiu dar à exigente torcida colchonera.

Atacante rápido, técnico e de muita personalidade, Agüero é precoce em diversas etapas de formação de um jogador profissional. Mas nem por isso foge da raia.

Adolescência Roja

Formado nas categorias de base do Independiente, de Avellaneda, Sergio Agüero sempre foi visto com carinho pelo clube argentino. Se destacando em qualquer que fosse a categoria, foi incorporado ao elenco principal dos "Diablos Rojos" pelo ex-jogador da seleção argentina e técnico da equipe na época, Oscar Ruggeri, em 2003. E ele não tardaria a estrear... No dia 5 de julho de 2003, aos 23 minutos do segundo tempo da partida contra o San Lorenzo, de Almagro, "El Kun", vestindo a camisa 34, escutava atentamente as instruções de Ruggeri à beira do campo. Aos 15 anos, um mês e cinco dias, ele se tornava o futebolista mais jovem a atuar no futebol argentino. Ali, já mostraria a personalidade que lhe é característica. Chamou o jogo, bateu escanteios e deu uma assistência que quase resultou em gol. Era o início de um caso de amor mútuo entre clube, jogador e "hinchas" como não se via há tempos em Avellaneda.

O primeiro gol veio em 26 de novembro de 2004, contra o Estudiantes, de La Plata. Mais tarde, "El Kun" ratificou sua condição de ídolo numa brilhante atuação no derby da cidade, contra o Racing. Dois personagens jamais esquecerão daquele clássico de 11 de setembro de 2005: o próprio Agüero – que "comeu a bola" e marcou um golaço após excelente arrancada a partir do meio-campo – e o zagueiro Crosa, vítima da habilidade do camisa 10. À medida que o garoto avançava, Crosa recuava em direção à defesa. Quando o defensor foi desarmá-lo, Agüero aplicou-lhe três dribles desconcertantes, deixando-o no chão e vencendo o goleiro Campagnolo. O caldeirão rojo fervilhava com as peripécias do novo ídolo!

Logo, ele passou a despertar o interesse dos europeus. O Atlético não titubeou e bateu o martelo: 28 milhões de euros fariam de sua transferência a mais cara da história do futebol argentino.

Atlético: sai "El Niño", entra "El Kun"

Com 18 anos recém completados, Sergio Agüero chegava a Madrid para auxiliar na montagem de uma base forte, que pudesse levar a equipe madrilenha de volta às grandes competições européias. Após cinco gols na pré-temporada asiática, o prodígio foi aclamado pela imprensa espanhola, que manchetava "é o novo Romário" e usava adjetivos como "mágico", "elétrico" e "definitivo" para exaltar o novo camisa 10 colchonero. Todos esperavam ansiosamente a parceria Agüero-Torres no comando de ataque. Inclusive o técnico Javier Aguirre.

O Atlético tentava se acertar no campeonato, e Agüero estava crescendo. Marcou seu primeiro gol na terceira rodada, na partida contra o Athletic Bilbao, e teve um quê de Maradona no segundo, quando usou a mão esquerda para dar a vitória diante do Recreativo Huelva. Seus cinco gols na primeira metade da temporada 2006/07 fizeram com que Torres não reinasse sozinho no posto de único ídolo da equipe. Tanto que, no final de 2006, "El Kun" já era responsável pela venda de 40% do total de camisas do clube.

A primeira temporada de Agüero acabou não sendo brilhante, levando em conta também os altos e baixos do Aleti, que terminou apenas em sétimo na Liga, beliscando uma vaga para a Copa da UEFA na bacia das almas. Pouco para o investimento feito e para um jogador do nível do argentino.

A venda de Torres para o Liverpool no início desta temporada aumentou a responsabilidade do garoto. Contudo, a prova da resposta positiva do atacante são os sete gols no Espanhol – onde o Atlético é quinto colocado – e os cinco na Copa da UEFA, na qual o clube está com classificação garantida para a fase de mata-mata. "El Kun" está fazendo o que "El Niño" não conseguiu em tantos anos: levar a equipe a figurar nas principais competições européias e a fazer um bom papel na Liga Espanhola.

Argentina: campeão como coadjuvante e como estrela principal

Com apenas 20 jogos pelo Independiente (dez como titular), Agüero foi convocado para integrar a seleção argentina que iria ao Mundial Sub-20 da Holanda, em 2005. Coadjuvante num time que tinha jogadores como Ustari, Paletta, Gago, Oberman, Zabaleta e Messi, "El Kun" deu sua contribuição para o título. Na final, entrou durante a segunda etapa e sofreu um pênalti, convertido por Messi e que garantiu o caneco aos hermanos.

Dois anos depois, já jogador do Atlético e mais maduro, chegou ao Mundial do Canadá com status de estrela. Após o empate sem gols contra a República Tcheca, na estréia, marcou três vezes contra o modesto Panamá, além de um gol decisivo diante dos norte-coreanos, o qual garantiu aos argentinos o primeiro lugar do Grupo E. Nas oitavas, fez dois gols que ajudaram a Argentina a virar o jogo contra os surpreendentes poloneses, até então boas surpresas daquele torneio. Na finalíssima, contra os mesmos tchecos, o gol de empate marcado pelo capitão Agüero não deixou o adversário – que marcara com Fenin um minuto antes – tomar conta do jogo. No fim, Zárate garantiu o hexacampeonato, ratificando os hermanos como os maiores vencedores de Mundiais Sub-20 da história. Único bicampeão da competição, "El Kun" teve a incumbência de levantar a merecida taça.

A artilharia com seis gols e a escolha como melhor jogador do torneio começaram a chamar a atenção de Alfio Basile, técnico da seleção principal. Sua estréia foi no amistoso contra o Brasil, no Emirates Stadium, na derrota por 3 a 0 em setembro de 2006. Nas eliminatórias para a Copa do Mundo da África do Sul, iniciou como titular na partida diante da Bolívia. Na oportunidade, "El Kun", marcou seu primeiro gol com a camisa albiceleste, além de dar mais uma perigosa opção de ataque aos hermanos, que podem, no futuro, formar um ataque com ele, Tevez e Messi.

Eleito o melhor jogador jovem de 2007 pela Tuttosport, Agüero trata-se de um atacante habilidoso, que atua pelos flancos do campo sempre rumando ao gol em diagonal. A bola parece grudada em sua perna direita, de chutes milimétricos e cortes secos. O toque por cobertura, na saída do goleiro, mostra-se uma de suas maiores especialidades.

O prodígio Sergio Agüero, amante do futebol e da cumbia, ainda compõe letras nas poucas horas vagas que tem. Na música que compôs para seu grupo favorito (Los Leales), ele demonstra a essência de seu jogo: "Llevo el fútbol en el alma".

Um comentário:

Zanfa disse...

Joga muito. =D

Olho nele...

Tá vindo um novo atacante no Grêmio, Rafael Martins. ;D